INTRODUÇÃO
-Na sequência do estudo do livro de Ester, estudaremos hoje o trecho entre Et.3:7-15.
-O povo de Deus é sempre perseguido neste mundo.
I – A CONDUTA DE HAMÃ
-Continuando a estudar o livro de Ester, analisaremos hoje o trecho entre Et.3:7-15, quando Hamã consegue convencer Assuero e obtém a permissão para exterminar o povo judeu.
-“Hamã” significa “grande”, “magnífico”, “celebrado” ou, ainda, “fortaleza”. Isto já nos mostra um pouco sobre o caráter desta personagem: alguém que se considerava grande, magnífico, que considerava que devia ser celebrado e que era uma fortaleza, alguém que é forte por si mesmo.
-Ao longo da narrativa do livro de Ester, indubitavelmente vemos que a soberba era a principal característica de Hamã. O soberbo é aquele que se considera acima de tudo e de todos, que entende que não há qualquer criatura que lhe seja superior.
-Este foi o pecado do querubim ungido, que o fez perder o lugar de destaque que possuía nos céus e se tornou o diabo. Diz-nos o texto sagrado que o querubim ungido, movido por soberba, disse no seu coração que subiria ao céu e acima das estrelas de Deus e exaltaria o seu trono (Is.14:11,12), elevou o seu coração por causa da sua formosura e corrompeu a sua sabedoria por causa do seu resplendor (Ez.28:17).
-A soberba caracteriza-se, pois, como um sentimento vindo do interior da criatura (“coração”) no qual ela se considera “o máximo”, despreza completamente a Deus e tem como factível alcançar uma posição absoluta de poder em que todos, inclusive o Senhor, devem a ela se submeter.
-Agostinho (354-430) considerava a soberba como o primeiro dos pecados e Tomás de Aquino (1225- 1274) concordou com ele na sua Suma Teológica, em passagem que vale a pena reproduzir:
“…Muitos movimentos podem concorrer para um mesmo pecado; entre os quais é por natureza o primeiro pecado aquele no qual primeiro se manifesta a desordem.
Ora, é claro, que a desordem se manifesta primeiro no movimento interior da alma, que no ato exterior do corpo; pois, como diz Agostinho; não perde o corpo a sua santidade enquanto a alma conserva a sua. Ora, entre os movimentos íntertores, primeiro se move o apetite para o fim do que para os meios, buscados por causa do fim.
Por onde, o homem praticou o seu primeiro pecado pelo primeiro desejo que pode ter de um fim desordenado. Ora, o homem estava posto num estado de inocência em que nenhuma rebelião havia da carne contra o espírito. Portanto, o seu primeiro desejo desordenado não podia
ter tido por objeto um bem sensível, ao qual tendesse a concupiscência da carne, fora da ordem da razão. Donde se conclui, que o primeiro apetite humano desordenado consistiu no desejo desordenado de um bem espiritual.
Ora, este não o teria ele desejado desordenadamente se o tivesse desejado na medida conveniente estabelecida pela lei divina. Donde resulta que o primeiro pecado do homem consistiu no deseja de um certo bem espiritual fora da medida conveniente. Ora, isto constitui a soberba.
Por onde é manifesto, que o primeiro pecado do primeiro homem foi a soberba.…” (Suma Teológica II.II.163,1. Disponível em: https://permanencia.org.br/drupal/node/4355 Acesso em 13 jun. 2024).
-Hamã era soberbo, muito provavelmente lutou com unhas e dentes para chegar à posição a que fora posto por Assuero. É uma das características da pessoa soberba a sede insaciável por poder, exatamente para concretização do seu sentimento de superioridade.
-Notamos isto quando lemos Et.5:11, onde se verifica o que havia no coração de Hamã, como ele buscava sempre a glória de suas riquezas e toda a pompa e circunstância que envolvia a sua posição no reino, como ele tinha como objetivo de vida o desfrute do poder e a sua superioridade sobre todo o corpo administrativo persa.
-Não é esta, porém, a conduta que o Senhor espera do ser humano. Bem ao contrário, precisamos ser “mansos e humildes de coração” (Cf. Mt.11:29), aprendendo com Nosso Senhor e Salvador, pois só os mansos, isto é, aquele que se aceitem domar, conduzir por Deus, herdarão a terra (Mt.5:5), ou seja, terão a bem- aventurança de viver nos novos céus e nova terra onde habita a justiça (II Pe.3:13), como também só os “pobres de espírito” (Mt.5:3) terão a bem-aventurança de ser do reino dos céus, os “humildes de espírito” (Mt.5:3 ARA).
-O soberbo quer o poder “aqui e agora”, pensa tão somente na “glória dos reinos deste mundo”, e, em razão disto, é iludido e acaba por perder a vida eterna. Foi esta a situação de Hamã, sua sede insaciável de poder acabou levando-o à forca que ele mesmo havia mandado fazer.
-É dito que Alexandre, o Grande, exatamente o homem que venceu o Império Persa e se tornou o dono do mundo, da Índia até a Grécia, ao morrer, com apenas 33 anos de idade, teria determinado que seu esquife fosse feito de tal maneira que seus braços ficassem do lado de fora, à vista de todos, para mostrar que, embora tivesse conquistado o mundo, nada teria levado para o mundo do além. Pensemos nisto!
-Hamã não percebera que, apesar de todo seu esforço, havia sido, como diz o texto bíblico, engrandecido por Assuero (Et.3:1), ou seja, deveria ter percebido que devia pelo menos ao monarca a sua posição, mas o soberbo não enxerga ninguém superior a ele.
-Hamã era, também, uma pessoa que nutria ódio ao próximo. Ele não levava em conta as pessoas, detestava-as, na verdade, como, aliás, é próprio de todo soberbo, para quem as pessoas devem servir apenas de instrumento para satisfação de seus desejos. A soberba leva ao egoísmo, à egolatria.
-Tanto assim é que, ao saber que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, desejou, de imediato, a sua morte, mas não apenas a morte dele mas de todo o povo judeu (Et.3:6).
-Hamã era, assim, um legítimo descendente de Amaleque, o povo que nutria um ódio gratuito e total contra Israel, tanto que o Senhor, que conhece os corações (I Sm.16:7), determinou, logo após a guerra contra os amalequitas, que este povo deveria ser exterminado pela sua maldade (Ex.17:14-16).
-Quem não ama a Deus, não ama o próximo; quem não ama o próximo, não ama a Deus, pois os dois mandamentos estão indelevelmente interligados, como nos ensinou o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Mt.22:36-39; Mc.12:28-31).
-Hamã tinha um coração mau, maquinava em seus pensamentos como prejudicar os outros. Arquitetou não só a morte de Mardoqueu mas de todo o povo judeu.
Não podemos ter esta malignidade, este desejo de fazer o mal. Como diz o profeta Miqueias: “Ai daqueles que, nas suas camas, intentam a iniquidade e maquinam o mal: à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão!” (Mq.2:1).
-Tanto assim era que não conseguiu nem dormir e, ainda de madrugada, já estava querendo obter a autorização real para enforcar Mardoqueu (Et.5:14; 6:4)
-Muitos que estão a praticar a maldade, a prejudicar o próximo, terão duras consequências quando forem levados perante o Juiz Supremo de toda a Terra. Que Deus nos guarde!
-Hamã era tão soberbo que conseguiu do rei a ordem da prostração e inclinação perante si, uma divinização que nem mesmo o rei da Pérsia arrogava para sua pessoa. A soberba é sempre o homem querendo ser Deus, é resultado da crença na mentira satânica contada desde o jardim do Éden.
-Hamã era um péssimo exemplo para a sua família, tendo envolvido tanto sua mulher quanto seus filhos nesta maldade e neste desejo de poder.
Foi sua mulher quem sugeriu que ele fizesse uma forca para enforcar Mardoqueu (Et.5:14), mostrando que ela concordava com aquele ódio que Hamã tinha em relação ao que se assentava à porta do rei.
-O fato de seus filhos terem sido também enforcados, assim como Hamã, mostra-nos que eles agiam em conjunto com seu pai, como, aliás, fica demonstrado em Et.5:11,m pois eles também participaram da sua vanglória.
-Bem ao contrário de Mardoqueu, que se guiava pelo amor e ensinou sua filha adotiva no temor do Senhor, Hamã ensinou seus filhos e mulher a odiarem o próximo, a quererem as coisas terrenas, a ambicionar o poder, e, por causa disto, Hamã acabou por levar toda sua família à morte.
-Não são poucos os que têm se portado como Hamã, em nossos dias, levando à perdição de toda a sua família por causa de sua prática maligna. Fazer o mal já é ruim, mas levar os outros a esta conduta trará mais duro juízo.
-Deve-se aqui, aliás, reproduzir feliz pensamento constante do Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, no “Pirkei Avot” (Tratado dos Pais):
“Todo aquele que causa com que muitos tenham méritos, não haverá pecado que venha por sua causa; mas aquele que causa o pecado de muitos não se concederá a ele a oportunidade de arrepender-se.
O próprio Moshé [Moisés, observação nossa] foi meritório e fez com que muitos obtivessem méritos, [motivo pelo qual] o mérito de muitos é atribuído a ele, conforme foi dito: Ele [Moshé] cumpriu a justiça de Hashem e Suas ordens junto com Yisrael. Yaravám ben Nevat [Jeroboão, filho de Nebate – observação nossa], pecou e causou o pecado de muitos, [motivo pelo qual] o pecado de muitos é atribuído a ele, conforme foi dito: Pelos pecados de Yaravam, que ele cometeu e fez Yisrael cometer” (5:18).
-Embora não tenhamos como afirmar categoricamente, tudo indica que todos os agagitas, remanescentes dos amalequitas, tenham sido mortos por ocasião da execução do decreto real de destruição dos inimigos dos israelitas, de sorte que podemos dizer que Hamã não só levou à morte sua família mas toda a sua nação. Quanto mal faz aquele que pratica o mal!
-Hamã, também, era presunçoso, como o é, via de regra, todo soberbo. Ele se considerava o máximo e não podia sequer achar que alguém merecesse algo que não ele. A sua presunção é demonstrada quando o rei Assuero lhe indaga o que se deveria fazer para honrar aquele de quem o rei se agrada. Hamã não teve dúvidas de achar que o monarca se referia a ele, e, então, cuidou para que este homem fosse tratado como se fosse o rei e foi grande a sua decepção quando Assuero lhe mandou fazer tudo aquilo com Mardoqueu.
II– A CONSPIRAÇÃO DE HAMÃ
-Hamã soube que Mardoqueu, um judeu, não se inclinava nem se prostrava diante dele, quando o primeiro- ministro passava pela porta do rei.
-Há, inclusive, quem ache que esta ordem era específica à porta do rei e que Hamã, sabendo da nacionalidade de Mardoqueu, criara esta situação exatamente para poder destruir os israelitas, de quem os amalequitas eram inimigos mortais há séculos.
-Alertado da desobediência de Mardoqueu, Hamã passou pela porta do rei e confirmou que Mardoqueu não se prostrava nem se inclinava diante dele, e isto o enfureceu (Et.3:5).
-A ira e o furor são características de pessoas ímpias. A ira é fruto da carne (Gl.5:20) e, bem por isso, não queria o apóstolo Paulo encontrá-la entre os crentes de Corinto (II Co.12:20).
-A ira destrói o louco, que é precisamente quem se ira (Jó 5:2). É ela o próprio abrigo dos tolos (Ec.7:9).
-O homem temente a Deus tem de se desviar da ira e abandonar o furor, porque eles levam à prática do mal (Slç.37:8).
-A ira é a esperança do ímpio (Pv.11:23), esperança vã, que não se concretiza, exatamente porque leva à prática do mal, enquanto o desejo dos justos é somente o bem e, por isso, terão eles a felicidade de verem a sua esperança tornada em realidade (Rm.8:24).
-A ira é pesada (Pv.27:3), ou seja, cria uma opressão, um peso, uma série de desconfortos emocionais, sentimentais, que, inclusive, geram males físicos, tudo porque é um caminho para a prática do pecado que gera um fardo pesado e um jugo acerbo, trazendo cansaço para a alma, exatamente o contrário do que é prometido pelo Senhor Jesus (Cf. Mt.11:28-30).
-O furor traz os castigos da espada (Jó 19:29), ou seja, quem se enfurece lança para si mesmo o juízo, exatamente o que ocorreu não só com Hamã, mas com Davi, quando este estava a falar com o profeta Natã (II Sm.12:5-7).
-O furor é um mensageiro da morte (Pv.16:14), porque, ao nos levar a pecar, leva-nos à morte, vez que o salário do pecado é a morte (Rm.6:23; Tg.1:15).
-Ao tomar conhecimento de que Mardoqueu não cumpria a ordem real, poderia Hamã, com certa facilidade, obter do rei a ordem para matar o porteiro do rei. Mas a sua malignidade o impediu de fazê-lo, viu que poderia não só destruir uma pessoa mas todo o povo judeu.
-Hamã soube que Mardoqueu era judeu (Et.3:6) e aí se pode dizer o adágio popular: “juntou a fome com a vontade comer”. Amalequita como era, detestava os israelitas e, agora, tinha a oportunidade, para se usar outra expressão do povo: “matar dois coelhos com uma cajadada só”.
-Flávio Josefo afirma exatamente isto em trecho que vale a pena transcrever: “…Um amalequita chamado Hamã, filho de Hamedata, desfrutava então tal prestígio que quando ele entrava no palácio os persas e os estrangeiros eram obrigados, por ordem do rei, a se prostrar diante dele. Mardoqueu era o único que não lhe prestava essa homenagem, porque a lei de Deus o proibia. Hamã, tendo notado isso, perguntou-lhe de que nação ele era.
Sabendo que era judeu, ficou muito irritado e exclamou: “Ora! Os persas, que são livres, põem o joelho em terra diante de mim, e esse escravo não se digna fazer o mesmo!” Como ele era por natureza inimigo mortal dos judeus, porque os amalequitas haviam sido outrora vencidos por eles, o seu furor cresceu tanto que seria muito pouco, para a sua vingança, mandar matar Mardoqueu: seria necessário exterminar toda a nação judaica.…” (Antiguidades Judaicas XI.6. In: História dos hebreus. Trad. Vicente Pedroso. ebooksgospel.com, p.502. Disponível em: https://archive.org/details/josefo-historia-dos-hebreus-obra- completa/page/n501/mode/2up Acesso em 14 jun. 2024).
-Não nos esqueçamos de que a desobediência de Mardoqueu era decorrência da observância da lei, do cumprimento do primeiro mandamento dito no monte Sinai, algo que caracterizava Israel como nação distinta das demais, algo que era inegociável.
-Ao tomar conhecimento de que esta negativa de Mardoqueu seria a conduta de todo o povo judeu, por causa da lei, Hamã decidiu, então, destruir todos os israelitas e tinha um argumento fortíssimo junto a Assuero: a existência de um povo distinto, separado dos demais, com “modus vivendi” próprio era uma ameaça ao Império Persa, que pretendia dominar sobre tudo e todos.
-Em nossos dias não é diferente. A Igreja, a nação santa (I Pe.2:9), é a luz do mundo e o sal da terra (Mt.5:13- 15) e, por isso mesmo, traz enorme incômodo para este mundo, que está no maligno (I Jo.5:19) e vive em trevas (At.26:18; I Pe.2:9), como também em estado de putrefação moral e espiritual (Rm.1:24-28).
-O resultado disto é que o poder político, exercido atualmente por aqueles dez dedos dos pés da estátua do sonho de Nabucodonosor (Dn.2:33,42) que, mui brevemente, entregarão o poder ao Anticristo (Dn.7:20,24; Ap.17:12,13), também tem sido utilizado para exterminar os servos do Senhor, proibir a pregação do Evangelho, porque se trata de um povo que é uma ameaça, um obstáculo aos projetos de dominação ampla, geral e irrestrita fomentados por esta elite governante.
-Este povo é o que resiste ao mistério da injustiça (II Ts.2:7), resistência que durará até quando ele for tirado, para ir morar com seu Senhor (Jo.14:1-3), quando, aí, então, não haverá mais obstáculos para que o mal domine sobre esta Terra, ainda que por um período.
-Tendo decidido destruir todo o povo judeu e não só Mardoqueu, Hamã recorreu à superstição para determinar a data em que isto deveria acontecer. Vemos aqui que o ímpio, ainda que voltado completamente para as coisas desta vida, não deixa de ter uma noção de que existe algo além desta vida, algo além deste mundo.
-O homem foi feito para ter comunhão com Deus e para ser o elo entre o mundo material e o mundo espiritual. Foi criado para administrar a Terra e, nesta administração, ter um relacionamento com o seu Senhor, pois o mordomo tem de ter contato tanto com os servos quanto com o Senhor.
-Faz parte, pois, da natureza humana esta ligação com Deus. O ser humano somente se completa, atinge a sua perfeição, quando estabelece uma convivência com oi seu Criador.
-Eis a razão porque, em toda civilização, em todo tempo, em todo lugar, em toda sociedade sempre se encontra uma religiosidade entre as pessoas, uma busca para se estabelecer um contato, uma comunicação com o ser que está além de todos nós, como dizem alguns, “a procura do além”.
-Mesmo os que se dizem ateus ou materialistas apresentam esta religiosidade. Se formos observar, por exemplo, os comunistas, veremos que eles apresentam alto grau de religiosidade.
O país mais comunista do mundo, a Coreia do Norte, instituiu verdadeiro culto aos seus líderes máximos, mesmo os que já morreram, tendo, inclusive, erigido, em todo o país, estátuas dos mesmos, o que os equipara aos povos da Antiguidade, que igualmente idolatravam seus governantes.
-Não há, portanto, como fugir-se desta característica da natureza humana: a busca para uma religação com o seu Criador, que gera as milhares e milhares de religiões surgidas ao longo da história humana.
-O fato é que não é possível ao homem chegar-se a Deus, pois os caminhos e os pensamentos do Senhor são mais altos que os caminhos e pensamentos do homem, mais altos do que os céus em relação à terra (Is.55:8,9).
-Explica-se, aliás, porque são milhares e milhares as religiões, porque sempre são vãs tentativas da mente humana para estabelecer uma ligação com o Criador, como se o homem estivesse no mesmo nível do Senhor, tratando-O “de igual para igual”, ditando as regras de que como se deveria ter este relacionamento.
-A mente humana, por recusar a glorificar ao Senhor, é cegada pelo diabo (II Co.4:3), gerando discursos vazios e inócuos, diante do obscurecimento de seu coração insensato (Rm.1:21).
-A imaginação humana, dominada pelo mal (Gn.8:21), cria doutrinas, filosofias e crenças que não têm qualquer contato com a realidade e, em meio a estes discursos vazios, mantém a sua “loucura espiritual”, a sua submissão ao pecado pensando que, por seus méritos próprios e por atendimento a suas ideias, conseguirá atingir a felicidade, superar esta separação com o mundo-do-além e, de certo modo, ao seu modo, manipular a Deus a fim de conseguir seu bem-estar para todo o sempre.
-Dentro desta “loucura espiritual”, surgiu, então, a idolatria e a feitiçaria, com os homens criando deuses à sua imagem e semelhança, como bem disse, a respeito, o filósofo grego Xenófanes de Colofão (560-478 a.C.):
“Mas se os bois, os cavalos e os leões tivessem mãos, / ou pudessem desenhar com as mãos e fazer obras como as dos homens, / representariam os deuses, o cavalo semelhante aos cavalos, / o boi aos bois, e fariam corpos / como os seus próprios”.
-O apóstolo Paulo bem esclarece isto ao dizer que, no obscurantismo do coração insensato do homem, transformaram as criaturas em divindades, adorando à criatura em vez do Criador (Rm.1:22-25).
-Hamã, sendo um dos tais, não poderia fugir à regra e, embora tivesse sua mente voltada para as coisas desta vida e para a manutenção e conquista de poder, era também religioso e, por isso, quando decidiu destruir todo o povo judeu, foi lançar sortes para saber qual a data favorável para a execução de tal plano.
-Nesta atitude de Hamã vemos bem como se desenvolve a religiosidade humana, a falsa religiosidade. Nela, embora se tenha uma crença no mundo invisível, em algo além do material, mantém-se a soberba, persiste a ilusão de que se pode viver independentemente de Deus, que foi a mentira satânica lançada ao primeiro casal (Gn.3:5).
-Hamã não quis consultar “os deuses” ou “o sobrenatural” sobre se deveria, ou não, destruir o povo judeu. Queria apenas saber qual seria a melhor data, a “data favorável”, o momento em que os deuses lhe fossem propícios para executar o seu plano.
-Uma das características da falsa religiosidade é, precisamente, a ideia de que os deuses, o além estão à disposição do homem, estão a seu serviço, prontos para satisfazer os desejos humanos, o que é a completa inversão da realidade espiritual, que diz que Deus é o Senhor, inclusive de cada um de nós (Sl.24:1).
-Bem por isso, aliás, é oportuno aqui observar que as falsas teologias da confissão positiva e da prosperidade bebem deste mesmo veneno, pois ensinam que o Senhor é obrigado a satisfazer os nossos caprichos e que podemos manipular-Lhe a vontade, bastando para isto “exigir o cumprimento das promessas”, “colocar Deus contra a parede”, “fazer sacrifício”, porque Deus estaria “preso” pela “aliança”. Quanta tolice!
-O lançamento de sortes para a descoberta do “momento propício” ou para ter orientação de qual era a vontade dos deuses era prática costumeira nas religiões, mas alcançou um desenvolvimento na Babilônia, onde quase tudo se fazia mediante tais consultas, das mais variadas formas, como, por exemplo, a análise de entranhas de animais (Ez.21:21).
-Esta atitude caracteriza a feitiçaria. A palavra feitiçaria vem do latim “facticius”, cujo significado é “não pertencente ao mundo natural, artificial, imitação” (Origem da palavra. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/feiticaria/ Acesso em 14 jun. 2024).
-A palavra “feitiçaria”, na Versão Almeida Revista e Corrigida – 3ª edição, aparece em I Sm.15:23, correspondendo à palavra hebraica “qesem” (ֶ֙ם ֶס ֶֶ֙ק ), cujo significado é “sorte; também adivinhação (incluindo o seu preço), oráculo…” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Dicionário do Antigo Testamento. Verbete 7081, p.1907), como vemos em I Sm.15:23
-Notemos, portanto, que Hamã estava no mais puro exercício da feitiçaria, buscando manipular as “forças sobrenaturais” a seu favor, como se o caco pudesse contender com o seu Criador (Cf. Is.45:9).
-Hamã, então, manda lançar sortes para que se mostrasse qual a data favorável para o extermínio dos judeus. Isto se deu no primeiro mês do calendário judaico, que é o mês de Nisã ou Abibe, que corresponde aos nossos meses de março/abril.
-O calendário judaico foi estabelecido por Deus a Israel por ocasião dos preparativos para a Páscoa e a consequente libertação no Egito.
Ao instituir a festividade da Páscoa, o Senhor disse aos israelitas que Abibe (depois chamado de Nisã) seria o primeiro dos meses e que, no dia quatorze daquele mês, seria sempre celebrada a Páscoa (Ex.12:1-6).
-Este calendário, a propósito, foi o primeiro ponto distintivo entre os filhos de Israel e os demais povos. Naquele tempo, cada povo tinha o seu próprio calendário e o fato de ter sido criado um calendário para Israel era mais um elemento de que seria um povo, uma nação que se distinguiria das outras.
-O calendário judaico é ainda observado pelos judeus até os dias de hoje, sendo oficial no Estado de Israel e adotado por todas as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo afora.
-Hamã lançou a sorte, isto é, “pur” em hebraico (ר˚ ּפּו), tendo, então, a sorte indicado que o momento apropriado para a ação seria o duodécimo mês, o último mês do calendário judaico, que é “Adar”.
-Aqui já vemos, uma vez mais, a Divina Providência em ação. Hamã estava sedento para exterminar os judeus, mas a sorte determinou que isto só se desse onze meses depois, dando, assim, o devido tempo para que esta maligna intenção do agagita trouxesse benefícios para os filhos de Israel.
-Deus dava, assim, um ano para que Israel fosse preservado, sendo que, na verdade, enquanto Hamã achava que a sorte tinha dado um ano para o fim do povo judeu, o Senhor estava dando um ano para que os inimigos de Israel se arrependessem deste seu ódio para com a Sua propriedade peculiar dentre todos os povos e se livrassem da destruição.
-Este ano lançado na sorte simboliza a longanimidade divina. Deus é tardio em irar-Se (Na.1:3) e quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4).
-Deus sempre dá oportunidade para que o ímpio se arrependa e venha a desfrutar da vida eterna. Fez assim com Caim, pondo-lhe um sinal que o impediu de ser morto até o final de sua vida, embora saibamos que ele não aproveitou tal oportunidade (Gn.4:15,16).
-O Senhor deu praticamente mil anos para que a geração antediluviana se arrependesse, levantando Enoque e Noé para que o povo tivesse a oportunidade de retornar à comunhão, mas todos desprezaram este convite, morrendo submersos nas águas do dilúvio (I Pe.3:20).
-No próprio “pacto palestiniano” firmado com os israelitas (Js.8:30-35), Deus mostrou que, se iria abençoá- los de imediato, caso fossem fiéis, mandaria paulatinamente os castigos, a fim de que o povo tivesse tempo de se arrepender, para só, então, dar o castigo máximo que seria a perda da Terra Prometida (Lv.26; Dt.28-30).
-Deus é longânimo (Nm.14:8; Sl.103:8; Jn.4:2; II Pe.3:9) e, por isso mesmo, devemos aproveitar a oportunidade que se nos dá para que nos arrependamos dos nossos pecados e vivamos sempre em santidade, antes que seja tarde demais, como foi para todos os que resistiram a este convite divino.
-Oportuno aqui considerar que Flávio Josefo interpreta o nome “pur” como sendo “conservação”, em trecho que é importante transcrever: “…Os judeus deram àquele mesmo dia o nome de Purim, isto é, “dia de conservação”, porque eles haviam sido milagrosamente preservados.… (op.cit., p.512, end. cit.).
-A longanimidade divina é sempre uma oportunidade que se dá a cada um para que seja preservado, conservado, ou seja, para que entre em comunhão com o Senhor e, desta forma, obtenha a vida eterna, permaneça para sempre.
-Hamã deveria ter observado que o fato de a sorte ter caído no último mês era um sinal do desagrado das forças espirituais com respeito a seus intentos, deve, mesmo, ter sido alertado pelos magos e adivinhos da corte, mas ele estava irredutível, era animado por aquele ódio vindo diretamente do coração, sua consciência estava cauterizada (I Tm.4:2) e, diante da sorte lançada, decidiu que seria no mês de Adar a data do extermínio dos judeus.
-Era o duodécimo ano de Assuero no trono (Et.3:7) e, como Assuero deve ter desposado Ester entre o sétimo e oitavo ano do seu reinado, fazia por volta de quatro anos que Ester era rainha quando Hamã tomou tal deliberação. Era o ano de 474 a.C.
III– HAMÃ CONSEGUE O DECRETO REAL PARA EXTERMÍNIO DOS JUDEUS
-Decidida, pela sorte, a data para o extermínio dos judeus no mês de Adar, tratou Hamã de obter do rei a ordem para que isto se fizesse.
-Muito habilmente, o primeiro-ministro disse ao monarca que havia, no Império Persa, um povo que vivia espalhado por todas as províncias, mas que tinha leis próprias e que não obedecia às leis do rei e que, por isso mesmo, não era conveniente que continuasse a existir.
-Por primeiro, observemos que o que incomodava Hamã era o fato de os judeus terem um “modus vivendi” diferente do dos demais povos, de ser um povo distinto, de ser o povo santo exigido pelo Senhor.
-Esta é a principal característica do povo que pretende ser propriedade peculiar do Senhor dentre os povos: uma identidade própria, uma maneira de viver estabelecida por Deus e que, por isso mesmo, difere de todas as maneiras de viver recebidas por tradição das gerações anteriores (I Pe.1:18), nascidas na rebelião contra Deus na torre de Babel (Gn.11:4-6).
-Isto ocorre com Israel mas também deve ocorrer com a igreja, que é a nação santa (I Pe.2:9). Temos de ser diferentes dos demais, porque estamos libertos do pecado, não pertencemos ao mundo, embora estejamos nele, devendo ser parecidos com Nosso Senhor e Salvador, cada dia mais conformes à Sua imagem (Rm.8:29).
-Certamente que tal conduta despertará o ódio do mundo contra nós (Jo.15:18-20), mas isto é mais uma comprovação de que estamos caminhando para o céu, seguindo a direção do Espírito Santo.
-A existência de um povo com leis próprias e que não admitia a assimilação era completamente contrária aos desejos e desígnios de Assuero. Todo projeto de poder pretende a dominação total, a submissão
completa e isto somente se torna possível quando há uma uniformização, quando há a imposição de um mesmo “modus vivendi”, a fim de que as pessoas percam as suas identidades nacionais.
-Todos os impérios mundiais sempre tiveram este objetivo, pois se trata de um elemento fundamental para que se mantenha o poder conquistado.
Não é diferente em nossos dias em que vemos clarividentemente o ressurgimento do Império Romano, que será o reinado do Anticristo e, a olhos vistos, temos observado quando há a busca de um governo mundial, que elimine as identidades dos povos e imponha uma uniformidade, ainda que à base da força e da mentira.
-Neste passo, a Agenda 2030, que está sendo implementada pela Organização das Nações Unidas, é, precisamente, a imposição deste “modus vivendi” a todos os povos, e, como sabemos, a partir de uma perspectiva anticristã, completamente contrária ao que Deus nos revela nas Sagradas Escrituras.
-Eis a razão por que os cristãos são, desde sempre, o povo mais perseguido sobre a face da Terra, perseguição hoje que não alcança tão somente o extermínio físico, mas que tem se estendido como extermínio social, moral e cultural.
OBS: Oportuno, aliás, transcrever a respeito o que disse o Papa Bento XVI (1927-2022) em um discurso proferido em Londres:
“…Na nossa época, o preço que deve ser pago pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado, afogado e esquartejado, mas muitas vezes significa ser indicado como irrelevante, ridicularizado ou ser motivo de paródia.…” (Discurso na vigília de oração para a beatificação do Cardeal John Henry Newman. Hyde Park, Londres. 18 set. 2010. Disponível em: https://www.vatican.va/content/benedict- xvi/pt/speeches/2010/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20100918_veglia-card-newman.html Acesso em 14 jun. 2024).
-Com uma tal argumentação, Hamã sensibilizou Assuero, que estava há muito empenhado em criar uma “consciência nacional” entre os diversos povos de seu Império com vista a conseguir a expansão de seus domínios, desejo que havia sido frustrado com sua derrota militar para os gregos.
-A existência deste povo certamente poderia ser um dos fatores que impedia a unificação do império e, portanto, o monarca aquiesceu com a proposta de seu primeiro-ministro, autorizando a destruição dos judeus.
-Deu o seu anel para o primeiro-ministro, como que dando “carta branca” para que Hamã escrevesse o que bem entendesse no decreto que, ao ser selado com o anel real, tornava a ordem irrevogável, pois era costume dos medos e persas que as leis vindas do soberano eram irrevogáveis, ou seja, não poderia ser canceladas (Dn.6:8,12; Et.1:19; 8:8).
-Assuero foi bem claro ao dizer que Hamã poderia fazer o que quisesse com aquele povo e ainda concedia a ele o valor pretendido para custear a operação, a saber, dez mil talentos de prata, ou seja, 340.194 quilogramas de prata, o que, na cotação do dia 14 de junho de 2024, daria R$ 148.587.280,00.
-Eis o texto do decreto segundo Flávio Josefo: “O grande rei Artaxerxes [lembrando que Josefo confunde os reis persas], aos cento e vinte e sete governadores que constituímos desde as Índias até a Etiópia, saudação.
Muitas e várias nações estão sujeitas ao nosso império, e estendemos o nosso domínio sobre a terra o quanto quisemos, porque, em vez de tratar os nossos súditos com rigor, não temos mais prazer que lhes dar todas as demonstrações de nossa estima e bondade, fazendo-os desfrutar muita paz.
E, para isso, envidamos os maiores esforços para que a sua felicidade seja eterna. Por isso, tendo sido avisados por Hamã, a quem honramos mais que a qualquer outro com o nosso afeto, pela sua fidelidade, probidade e sabedoria, de que há um povo espalhado por toda a terra o qual é inimigo de todos os outros e possui leis e costumes próprios e tem por inclinação natural um grande ódio aos reis, não tolerando dominação alguma, nem a nossa, nem a prosperidade do nosso império, desejamos e ordenamos que quando Hamã, a quem consideramos como pai, vos der a ordem, extermineis inteiramente esse povo, com as suas mulheres e filhos, sem poupar um sequer e sem que a compaixão seja mais forte sobre o vosso Espírito que a obediência.
O que entendemos seja feito no décimo terceiro dia do décimo segundo mês do presente ano, a fim de que, sendo mortos num mesmo dia esses inimigos públicos, possais passar em paz e tranquilidade o resto de vossas vidas” (op.cit., pp.502-3. end. cit.).
-Hamã, então, imediatamente, no dia 13 de Nisã, véspera da Páscoa, convocou os escribas e mandou que se escrevessem cartas a todos os sátrapas das 127 províncias, para que, no dia 13 de Adar, os judeus
fossem destruídos, mortos e lançados a perder, todos, em só dia, fossem velhos, crianças ou mulheres e que fossem confiscados todos os seus bens (Et.3:13).
-O Império Persa, como temos dito ao longo do trimestre, era muito eficiente em termos de comunicações e de fluxo das informações, de modo que os correios apressadamente entregaram as cartas contendo a ordem real de destruição e puderam, então, os sátrapas se preparar para que Israel tivesse sua memória riscada de debaixo dos céus, ou seja, o que o Senhor disse que faria a Amaleque, Hamã queria fazer exatamente o contrário (Cf. Ex.17:14).
-Na atualidade, não é diferente. O sentimento de Hamã está muito presente na humanidade, o chamado “antissemitismo”, que, inclusive, levou ao holocausto ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje não faltam governos, governantes e povos que desejam “lançar Israel ao mar”. Em vez de Hamã, temos, por exemplo, o grupo terrorista Hamas…
-Este “antissemitismo”, que é o ódio aos judeus, só tende a aumentar, pois será uma das tônicas do governo do Anticristo, que também procurará destruir todo o povo judeu, e somente não o fará porque o próprio Jesus, em pessoa, virá salvar Israel na batalha do Armagedom.
-Logo após terem celebrado a Páscoa, lembrando o livramento que o Senhor lhes dera no Egito e completando a sua formação como nação, os judeus viram-se prontos para serem destruídos diante do decreto real de Assuero. Nunca antes o povo de Israel estivera numa situação tão iminente de completa destruição.
-Para os judeus que viviam em Susã, entre eles Mardoqueu, a situação foi ainda pior, porque a lei se fez conhecer no mesmo dia em que saiu o decreto, ou seja, na véspera da Páscoa, de modo que os judeus celebraram aquela Páscoa em extrema aflição, pois, segundo o édito do rei, aquela seria a última Páscoa, pois, antes da próxima, Israel já teria sido totalmente destruído.
-Imaginemos a dor e desespero do povo judeu que morava em Susã. Em vez de glorificar ao Senhor pela libertação no Egito, cumprindo um mandamento a eles imposto, um estatuto perpétuo (Ex.12:14), estavam consternados e confusos diante daquela ordem que, afinal de contas, destoava completamente da atitude sempre benfazeja que tinham tido diante dos persas desde o início do Império.
-A confusão não era apenas dos judeus, mas toda a cidade de Susã ficou confusa, não entendendo a ordem do rei (Et.3:15). Parecia que a história de Israel tinha realmente chegado ao fim.
-Enquanto os judeus estavam desesperados e confusos e a população de Susã, igualmente confusa, Hamã e Assuero se assentaram para beber.
-O primeiro-ministro estava exultante porque, finalmente, mataria Mardoqueu e o povo judeu e Assuero achava ter escolhido bem seu principal auxiliar, que tanto zelava para que ele pudesse executar os seus projetos.
-Flávio Josefo bem descreve este paradoxo: “Depois que essa carta em forma de edito foi publicada por toda parte, todos se prepararam para exterminar os judeus no tempo determinado e se dispuseram a fazer a mesma coisa na cidade de Susã, capital da Pérsia, que por isso estava muito agitada. No entanto, o rei e Hamã passavam os dias em banquetes” (op.cit., p.5045. end, cit.).
-O que ninguém sabia, nem os judeus, nem o povo de Susã, muito menos Assuero e Hamã é que “Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor” (Sl.34:15).
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/10797-licao-9-a-conspiracao-de-hama-contra-os-judeus-i