Passarão os céus e a terra mas as palavras de Deus não hão de passar.
INTRODUÇÃO
-Na conclusão do estudo sobre as promessas de Deus, estudaremos sua infalibilidade.
-Passarão os céus e a terra mas as palavras de Deus não hão de passar.
I – A INFALIBILIDADE DAS ESCRITURAS
-Estamos a terminar mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical, agradecendo ao Senhor porque, ainda, conseguimos, em liberdade, estudar a Palavra de Deus.
-Terminando o estudo a respeito das promessas de Deus, temos uma lição conclusiva, em que nos debruçaremos sobre a sua infalibilidade.
-Conforme dissemos no início do trimestre, a promessa é o ato de prometer e prometer, uma afirmação que se faz para frente, tanto que, no latim, o verbo “promittere” significa “lançar, atirar longe, deixar crescer para diante a barba”.
-Trata-se, portanto, de uma afirmação que diz respeito a um fato futuro, a algo que ainda não ocorreu. Como afirma J.W.L. Hoad, “…promessa é uma palavra que se prolonga por um tempo indeterminado. Estende-se para além daquele que a faz e daquele que a recebe, assinalando um encontro entre os dois no futuro…” (HOAD, J.W.L., op.cit., p.1330).
-A promessa é a afirmação de que se fará ou se dará alguma coisa, é um anúncio, uma palavra que diz respeito ao futuro. A nós, seres humanos limitados no tempo, temos que a promessa exige uma espera, pois a sua afirmação não coincide com o acontecimento.
-Temos, portanto, que a promessa é uma “afirmação”, uma “palavra” dita por Deus, cuja realização não é observável no momento de sua revelação ao homem, mas que sabemos que, invariavelmente, se tornará um fato no futuro, já que o tempo é uma dimensão que só existe para a criação terrena, não para o Criador.
-Aliás, aqui, tem-se uma situação similar com os “mandamentos” divinos, porquanto, o que se costuma traduzir por “mandamento”, notadamente no que concerne aos famosos “Dez Mandamentos”, no texto original bíblico encontramos “Dez Palavras”, ou seja, os mandamentos também são palavras proferidas pelo Senhor que, no caso, apontam, anunciam comportamentos que o Senhor espera ver observados no meio do Seu povo.
-Como ensina a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…Os Dez Mandamentos são chamados também de ‘Decálogo’. São oito proibições e duas ordens que, em hebraico, recebem a denominação de ‘as dez palavras’.
A Septuaginta, antiga versão grega do Antigo Testamento, emprega o termo decálogo, ‘decálogo, dez palavras’. (…). O sentido de ‘palavra’ na Bíblia é amplo; indica a comunicação de um conteúdo completo e também o portador linguístico de um significado.…” (DFAD. XVIII, pp.155-6).
-As promessas, assim como os mandamentos, são palavras de Deus e, assim como os mandamentos, por ordem divina, foram reduzidas a escrito na Bíblia Sagrada e, portanto, a mesma infalibilidade das Escrituras repercute nas promessas divinas, até porque, como nos ensinou o Senhor Jesus, são as Escrituras Suas fiéis testemunhas (Jo.5:39).
-Sendo, como o é, a Palavra de Deus, temos que a Bíblia, além de ter a suprema autoridade em matéria espiritual, é inerrante, ou seja, algo que não tem qualquer erro, que não apresenta qualquer equívoco, como também infalível, ou seja, algo que não pode ser sujeita a qualquer falha, a qualquer erro, ou seja, que tudo quanto afirma, inevitavelmente ocorreu ou ocorrerá.
Como a Bíblia foi comunicada diretamente pelo Espírito Santo a homens que estavam em comunhão com Ele, não há como ter havido qualquer erro, falha ou equívoco na transmissão da mensagem e na sua redução a escrito.
-A inerrância e a infalibilidade da Bíblia Sagrada, além do mais, são sustentadas pelo Espírito Santo ao longo dos séculos, pois, como sabemos, não existem originais do texto sagrado, visto que os textos primeiramente recebidos pela “inspiração verbal plenária” foram, pelo próprio poder de Deus sobre o povo, reconhecidos como autoritários e, a partir de então, copiados geração após geração, conforme as técnicas e os meios existentes naquele tempo, como o são hoje em dia, como podem testemunhar não só as bíblias impressas aos milhares diariamente, como também as bíblias lançadas, a cada dia, pelos mais sofisticados e avançados meios telemáticos.
-Pode alguém dizer: como podemos crer que não tenha havido erro nas cópias feitas ano após ano, década após década, com tanta dificuldade e em condições tão precárias, como na Antiguidade? Como podemos aceitar que o texto bíblico que temos em nosso poder, em pleno século XXI, era o mesmo texto revelado a Moisés no Sinai mais de mil e quinhentos anos antes do próprio nascimento de Cristo?
-Por primeiro, devemos observar que a inerrância das Escrituras não é matéria que se possa provar por meio da razão.
Assim como o conteúdo da Bíblia deve ser apreendido pela fé, de igual maneira, somente pela fé podemos crer que o conteúdo da Bíblia é inerrante e tem sido mantido e sustentado pelo Senhor ao longo da história, até porque é promessa Sua velar pelo cumprimento da Sua Palavra e este zelo impõe, primeiramente, a manutenção da mensagem tal qual ela foi revelada a cada um dos escritores.
-“…Que as Escrituras são de origem divina é assunto resolvido. Deus, na Sua Palavra, é testemunha concernente a Si mesmo.
Quem tem o Espírito de Deus deposita toda sua confiança nela como a Palavra de Deus, sem exigir provas nem argumentar.
Aquilo que ele não entende, aceita por fé. Portanto, sob o ponto de vista legal, a Bíblia não pode estar sujeita a provas e argumentos. Apresentamos algumas provas da Bíblia como A Palavra de Deus, não para crermos que ela é divina, mas porque cremos que ela é divina.
É satisfação para nós, crentes na Bíblia, podermos apresentar evidências daquilo que cremos internamente — no coração. Não precisamos provar que ela é a Palavra de Deus. Já cremos nisso. Os inimigos é quem terão de provar que ela não é a Palavra de Deus.…” (GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical. 5. ed. melhorada e aumentada, p.48).
-Como afirma a Declaração de Chicago de 1978 sobre a inerrância bíblica em seu introito:
“…As Escrituras Sagradas, sendo a própria Palavra de Deus, escritas por homens preparados e supervisionados por Seu Espírito, possuem autoridade divina infalível em todos os assuntos que abordam: devem ser cridas, como instrução divina, em tudo o que afirmam; obedecidas, como mandamento divino, em tudo o que determinam; aceitas, como penhor divino, em tudo que prometem.…” (http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_chicago.htm Acesso em 06 nov. 2021)
-A despeito de a fé ser a única forma pela qual possamos aceitar a inerrância das Escrituras, o Senhor tem feito o homem descobrir e verificar vários fatos e episódios que são indicadores seguros e irrefutáveis de que a Bíblia Sagrada não é um livro comum, mas uma obra totalmente distinta de tudo quanto tem se produzido pela humanidade.
-Assim, por exemplo, em 1947, quando se descobriram os famosos manuscritos do Mar Morto, textos bíblicos quase quinhentos anos mais antigos que os manuscritos mais antigos até então conhecidos, se revelou como havia uma incrível e intensa semelhança entre os textos, inclusive com a superação de diversas “contradições” ou “suspeitas” que se levantaram com relação a textos da versão grega da Bíblia, que se mostrou perfeitamente consonante com estes textos encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto.
Temos, então, aí, uma comprovação científica de que como o texto bíblico foi mantido praticamente intacto durante meio milênio.
-Se isto se dá com o Antigo Testamento, é inegável que o Novo Testamento é o documento antigo de maior confiabilidade da humanidade, porquanto seus manuscritos mais antigos, datados de apenas décadas dos textos originais, igualmente apresentam uma semelhança e uma irrelevância nas variações que não se encontram em qualquer outro texto conhecido. Como comparação, as obras de Platão, que são as que mais se conservaram no mundo antigo, têm seus manuscritos mais antigos com diferença de alguns séculos com os escritos originais.
A propósito deste tema, sugerimos que se assista aos vídeos “Podemos confiar no Novo Testamento?” do pastor adventista e arqueólogo Rodrigo Silva no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=AQi6htE63ps e https://www.youtube.com/watch?v=TSrTizbZXUY ).
-Como se não bastasse isso, as profecias bíblicas revelam sua extrema veracidade, pois diversos episódios preditos com séculos de antecedência cumpriram-se fielmente, não se tendo exemplo algum de profecia bíblica que não tenha se cumprido. Ou a profecia já se cumpriu ou ainda não se cumpriu, mas nenhuma profecia bíblica foi desmentida até hoje pelos fatos. Como, então, não reconhecer a sua infalibilidade?
-É um filósofo da ciência, Karl Popper (1902-1994), que diz que a ciência deve considerar como verídica toda e qualquer teoria enquanto ela não for desmentida. Por que, então, há esta recusa de se admitir a infalibilidade (ou pelo menos, a verdade provisória, como diz Popper) das Escrituras?
-Por fim, dia após dia, pessoas têm sido regeneradas e mudado completamente de vida por causa de sua crença em Deus segundo as Escrituras.
Enquanto outros escritos sagrados têm, quando muito, tornado algumas pessoas em devotas e religiosas exemplares, a Bíblia Sagrada, bem ao contrário, tem reconstruído vidas, restaurado lares, modificado, inclusive, cidades e países inteiros.
A Bíblia mostra que não é apenas uma explanação teórica a respeito do homem, mas um poderoso instrumento de transformação do ser humano. Assim, as promessas constantes de seus textos têm se cumprido e se concretizado na vida de milhões de pessoas, sem qualquer desmentido, a provar que ela é infalível.
-Entretanto, temos de entender que a inerrância e a infalibilidade estão relacionadas diretamente com a inspiração das Escrituras e, portanto, dizem respeito à mensagem originariamente transmitida aos homens inspirados pelo Espírito Santo e que foram sendo copiadas e transmitidas geração após geração.
-Evidentemente que, num ou outro manuscrito, há, e têm sido encontrados, um ou outro erro de cópia, erro, porém, que, contrastado com outro número de manuscritos, é perfeitamente identificado e mesmo, em muitos casos, perfeitamente explicado.
Tais descobertas, que abrangem, em grande número de casos, elementos absolutamente secundários do texto bíblico, são verdadeiras comprovações do zelo que o Espírito Santo tem para com a Bíblia Sagrada, algo que jamais se encontra em quaisquer outras obras.
-Não nos esqueçamos de que a cópia de um texto é algo feito pelo homem, e um homem que não está sob a inspiração verbal plenária, e que, por isso mesmo, neste ato de copiar não estão envolvidos os conceitos de inerrância nem de infalibilidade.
Entretanto, na descoberta dos equívocos e na pesquisa meticulosa e extremamente detalhada que, ao longo da história, milhares de estudiosos fazem para manter ou comprovar a inerrância e infalibilidade do texto sagrado, vemos a evidente atuação do Espírito Santo, a zelar pela integridade da Palavra de Deus.
-Outro fator que não está sob o império da inerrância e da infalibilidade é o da tradução e versão da Bíblia.
Aqui, também, não temos a atuação da “inspiração verbal plenária” e, portanto, tais atividades podem ter erros ou equívocos, como também necessitam, de tempos em tempos, de revisões e atualizações, pois são ações humanas e, como tal, sujeitas ao tempo e ao espaço.
-A primeira versão da Bíblia Sagrada em língua portuguesa a ser levada para a imprensa, a de João Ferreira de Almeida (1628-1691), que continha o Novo Testamento, ainda antes de ter sido lançada, teve, pelo próprio tradutor apontados cerca de 1.000 erros de tradução.
Aliás, é por isso que esta Versão, após terem sido feitas as correções, é conhecida como Almeida Revista e Corrigida, ou seja, foi objeto de uma correção e, se foi corrigida, é porque continha erros. Sua publicação se deu em 1681.
O Antigo Testamento foi traduzido por Almeida até Ez.48:21, tendo sido completa pelo pastor holandês Jacobus op den Akker (1647-1731) e publicado apenas em 1751. A Bíblia toda só foi publicada em 1819, mas a edição que alcançaria divulgação seria a de 1898, sempre pela Sociedade Bíblica Britânica. Desde então, já foram feitas quatro edições pela Sociedade Bíblica do Brasil: 1949, 1969, 1995 e 2009.
-Na década de 1940, a Sociedade Bíblica do Brasil efetuou uma atualização desta Versão que, feita no século XVII, se encontrava extremamente defasada e era de difícil compreensão da população da metade do século XX, surgindo, então, a Versão Almeida Revista e Atualizada, que só foi publicada em 1959.
-A Versão Revista e Atualizada, por sua vez, sofreu nova atualização e, em 2017, surgiu a Nova Almeida Atualizada, que se tornou, juntamente com a Versão Almeida Revista e Corrigida, versão oficial das Assembleias de Deus em 2019.
-Tudo isto é possível e até necessário porque versões e traduções são obras humanas, feitas segundo a vontade de Deus, no sentido da tarefa da Igreja, mas sem a “inerrância e infalibilidade”.
OBS: “…Antes que saísse do prelo sua tradução, em 1º de janeiro de 1681, Almeida publicava uma lista de mais de mil erros em seu Novo Testamento, e Ribeiro dos Santos afirma serem mais. Estes erros eram devidos ao trabalho de revisão feito por uma comissão holandesa que procurou pôr a tradução de Almeida em harmonia com a versão holandesa.
Algumas razões levam-nos a crer sido esta uma versão pobre, no dizer de Ribeiro dos Santos. O texto grego do qual ele traduziu não era bom, embora fosse o melhor do seu tempo. Sua linguagem não era boa, não só por haver deixado Portugal bem cedo, mas também porque tentou fazer uma tradução literal, seguindo muito de perto a versão holandesa de 1637 e a castelhana de Cipriano de Valera de 1602. Também o trabalho de revisão, feito por seus colegas holandeses, piorou ainda mais o seu trabalho.…” (P. JÚNIOR, Isaías L. A história da tradução da Bíblia em português. Disponível em: http://jbbiblia.blogspot.com/ Acesso em 26 out. 2006).
-Devemos, portanto, ver quais são os limites da inerrância e da infalibilidade das Escrituras, não acolhendo os entendimentos da chamada “teologia liberal”, que tem negado veementemente a infalibilidade e inerrância das Escrituras, algo que é inadmissível, mas também não elevando atividades meramente humanas, ainda que dirigidas pelo Espírito Santo e do agrado do Senhor, a uma infalibilidade e inerrância que somente a ação divina possui.
Assim agindo, certamente não seremos enganados pelos falsos doutores destes dias finais da dispensação da graça nem tampouco nos decepcionaremos com a nossa fé quando encontrarmos erros e problemas que não são das Escrituras mas do trabalho de abnegados servos do Senhor na divulgação da Bíblia Sagrada.
-O Salmo 119, praticamente o meio da Bíblia Sagrada, fala dela própria. Este salmo tem como tema as próprias Escrituras e nos revela de forma sublime o valor da Palavra de Deus e a necessidade que temos de colocá-la como nosso guia, como a lâmpada para nossos pés, como luz para o nosso caminho, como a preciosa joia que devemos esconder em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor.
-Esta Palavra que temos prazer em estudar em cada Escola Bíblica Dominical, esta Palavra que temos a graça divina de ouvir, meditar e seguir, este tesouro que o Senhor nos dá de dia e de noite, deve ser cada vez mais valorizada em nosso meio, pois num mundo onde os fundamentos se transtornam, onde não há mais absolutos,
verdades ou certezas, somente aqueles que conhecem e praticam a Palavra de Deus poderão ter esperança, a esperança de um novo céu e uma nova terra onde habitam a justiça.
II – A BÍBLIA É NOSSA REGRA INFALÍVEL
-Ao verificarmos o item 1 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus diz que a Bíblia é “nossa única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão”.
-Queremos aqui dar destaque à palavra “infalível”. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “infalível” é “que não comete erros, que nunca se engana ou se confunde; indefectível”; “que não pode deixar de produzir o resultado esperado; “que não se pode evitar; fatal, impreterível”; “que não deixa de comparecer; garantido”; “que marca o tempo com exatidão (diz-se de relógio ou similar)”.
-O mesmo dicionário, ao analisar a origem desta palavra, a sua etimologia, diz que vem do prefixo “in”, que significa “contrário” e do elemento mórfico “falec”, que, por sua vez, vem do verbo latino “fallo”, verbo impessoal que significa “enganar, escapar a”. Assim, etimologicamente falando, “infalível” é aquele que é “incapaz de enganar, de escapar a algo”.
-Assim, diante de todos estes significados, que queremos dizer quando afirmamos que a Bíblia é nossa regra infalível?
-Por primeiro, estamos a dizer que a Bíblia “não comete erros”. A Bíblia não erra. Ela é a Palavra de Deus, “a revelação de Deus à humanidade”, a “definição canônica mais curta da Bíblia”, como afirma o pastor Antônio Gilberto. Ora, Deus não comete erro e, portanto, a Sua revelação igualmente não tem qualquer erro.
-Por isso mesmo, uma das ações mais correntes dos inimigos da Bíblia e, portanto, inimigos de Deus é procurar erros nas Escrituras Sagradas, pois, se encontrassem algum, certamente feririam de morte a credibilidade da revelação divina.
Sabemos que isto é impossível, mas é sempre este o esforço feito por parte daqueles que estão a serviço do inimigo do Senhor, do príncipe deste século.
-A Bíblia não erra. Tudo quanto fala é verdadeiro. O Senhor Jesus mesmo a chama de “verdade” (Jo.17:17), pois, sendo a revelação de Deus que é a verdade, ela somente poderia ser verdadeira e verídica. Como afirma o teólogo Michael J. Kruger, “…De forma simples, a doutrina da inerrância é a crença de que a Bíblia é verdadeira.…”
-Como afirma a já mencionada Declaração de Chicago, em seu artigo XI: “…Afirmamos que as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras e confiáveis em todas as questões de que tratam. Negamos que seja possível a Bíblia ser, ao mesmo tempo infalível e errônea em suas afirmações. Infalibilidade e inerrância podem ser distinguidas, mas não separadas.…” (end. cit.)
-Os diversos “erros” apontados na Bíblia Sagrada, ao longo dos séculos, jamais foram comprovados, sendo, no mais das vezes, distorções do que efetivamente se encontra no texto sagrado. Ao contrário, diversas “teorias” ou “hipóteses” apresentadas, que contrariam o texto bíblico, têm sido cabalmente desmentidas ao longo da história.
-A Bíblia é infalível, porque ela é “incapaz de enganar”. Tudo quanto ela fala é verdadeiro. Os fatos por ela narrados realmente ocorreram ou ainda vão ocorrer.
As orientações que ela dá podem e devem ser seguidas e tudo quanto ela afirma sucede. Como dizia o saudoso pastor Severino Pedro da Silva (1946-2013), “nem todos cumprem a Palavra de Deus, mas ela se cumpre na vida de todos”.
-Como não deixar de observar, por exemplo, os textos do profeta Isaías a respeito da vida de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que se cumpriram cabalmente apesar de terem sido escritos com mais de 700 anos de
antecedência? Textos estes, aliás, que se mostraram preservados num período de mais de 500 anos, como se constatou nas descobertas dos manuscritos do Mar Morto?
III – A INFALIBILIDADE DAS PROMESSAS DE DEUS
-Tendo visto a inerrância e infalibilidade das Escrituras, onde se encontram todas as promessas bíblicas, temos a inevitável conclusão de que as promessas de Deus são igualmente infalíveis.
-Entretanto, a infalibilidade das promessas de Deus não repousa apenas na infalibilidade da Bíblia Sagrada.
-Por primeiro, cumpre observar que a promessa é uma afirmação que contém em si um compromisso, ou seja, trata-se de uma vinculação, de um comprometimento de que algo irá acontecer nos exatos termos ditos.
-Quando há uma promessa, tem-se a geração de uma obrigação de quem prometeu, que, deste modo, tem de cumprir com o que foi dito.
-Ao se falar em promessa de Deus, temos que o Senhor Se compromete a realizar, a fazer algo.
-Isto é suficiente para que saibamos que esta promessa se cumprirá, pois é impossível que Deus minta (Hb.6:18). Se Deus, que é a verdade (Jr.10:10), declara algo, isto é a verdade e, portanto, irá inevitavelmente acontecer.
-Deus é um ser que é a própria verdade, Ele não pode mentir, isto é impossível, e, desta maneira, tendo Deus falado algo, isto irá ocorrer, queiram, ou não, os homens, porque “…Deus não é homem para que minta” (Nm.23:19).
-O pai da mentira é o diabo (Jo.8:44) e ele nada tem em Cristo (Jo.14:30), Cristo que é o Verbo, ou seja, a Palavra (Jo.1:1,14). Assim, sendo Jesus a verdade (Jo.14:6), tudo quanto fala irá acontecer.
-Sendo a promessa uma afirmação de Deus, devemos observar que Deus é imutável (Hb.6:17), que Deus não muda (Ml.3:6), que n’Ele não há mudança nem sombra de variação (Tg.1:17).
-A palavra que procede da boca de Deus jamais volta atrás, nunca volta para o Senhor vazia, antes faz o que apraz ao Senhor e prospera naquilo para o que foi enviada (Is.55:11).
-Aquilo que é dito pelo Senhor jamais pode ser alterado ou modificado e, portanto, temos, por este aspecto outro do caráter divino mais uma demonstração da infalibilidade das promessas divinas.
-Mas o Senhor, além disso, é fiel (I Co.1:9). Ele Se apresentou como o Deus fiel, que guarda o concerto até mil gerações (Dt.7:9).
-Esta fidelidade divina é apresentada pelo Senhor como a prova de que a salvação chegaria aos gentios, mas que também promoveria a restauração de Israel, tanto física quanto espiritual (Is.49:7,8).
-Ora, é inegável que a salvação alcançou os gentios e que Israel está em pleno período de restauração enquanto país e povo de Deus, de modo que não há como duvidar da fidelidade divina e, portanto, que Suas promessas são infalíveis.
-O apóstolo Paulo, ao escrever sua segunda carta aos coríntios, diz que, por Jesus ser fiel, Sua Palavra é sempre sim e não, sim e não (II Co.1:18-20). Deste modo, tudo quanto dito pelo Senhor se cumprirá, ante a Sua fidelidade.
-A fidelidade divina é a garantia de que Deus falou será feito, pois, como afirma o apóstolo Paulo: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (I Ts.5:24).
-A fidelidade divina manifesta-se no conforto que recebemos do Senhor e na guarda do maligno (II Ts.3:3).
-Como afirma o apóstolo dos gentios, o Deus de toda consolação nos consola em toda a nossa tribulação para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus (II Co.1:3,4).
-Ora, quando somos confortados, apesar das muitas aflições deste mundo (Jo.16:33), temos mais uma demonstração da fidelidade divina.
-Também é dito que a fidelidade divina se comprova com a guarda que temos do maligno e isto, como já visto em lição anterior sobre a promessa da proteção divina, é algo que temos visto diariamente não só em nossas vidas mas nas vidas dos nossos irmãos em Cristo.
-Num mundo de multiplicação da iniquidade, que caracteriza esses dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja (Mt.24:12), temos sido testemunhas de que o Senhor tem nos guardado do maligno, o que demonstra a Sua fidelidade e nos permite considerar que Suas promessas são, mesmo, infalíveis.
-Paulo, escrevendo a seu filho na fé Timóteo, diz que Deus é fiel e, se formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
-A fidelidade divina, portanto, é algo da própria essência do Ser Supremo. Ele Se identificou como “Eu sou o que sou” para Moisés (Ex.3:14) e, ao dizer ser esse o Seu nome, garante que Suas promessas são infalíveis, pois, se Ele é o que é e não pode negar-se a Si mesmo, tudo quanto prometeu se cumprirá. Aleluia!
-Bem por isso o escritor aos hebreus diz que devemos reter firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é O que prometeu (Hb.10:23).
-A esperança que nos leva a confiar e descansar nas promessas divinas, em reconhecer a sua infalibilidade, é resultado daquele conforto e guarda do maligno já mencionados anteriormente.
-A esperança, que não traz confusão, é resultado de um processo que iniciado pela fé em Cristo Jesus, prossegue na firmeza e na esperança da glória de Deus, que se desenvolvem nas tribulações, gerando paciência e a paciência, por sua vez, a experiência, que também dá nascedouro a esta esperança (Rm.5:1-5), esperança que não é mais apenas o aguardo da manifestação da glória de Deus em nós, mas também a âncora que permite que, ao longo da nossa peregrinação terrena, não nos demovamos da nossa obediência e fidelidade a Deus até a morte (Hb.6:19; Ap.2:10 “in fine”).
-O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa identifica “fidelidade” como sendo “característica, atributo do que é fiel, do que demonstra zelo, respeito quase venerável por alguém ou algo; lealdade”.
-Percebe-se, portanto, que a ideia de fidelidade está vinculada à ideia de compromisso, ou seja, a uma persistência num acordo, num pacto que foi firmado entre duas partes.
-É da essência divina a fidelidade, de forma que não há como aquilo que foi compromissado pelo Senhor não venha a se realizar. Como bem diz o apóstolo, Deus opera em nós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade (Fp.2:13).
-Se Deus opera tanto o querer como o efetuar em nós, evidentemente que, no que concerne às Suas palavras, há também a perfeita e indissolúvel relação entre o Seu querer e o efetuar, de modo que aquilo que promete se torna fato inevitavelmente.
-Não fosse suficiente o próprio caráter divino para que tenhamos a garantia da infalibilidade de Suas promessas, também ainda temos demonstrações divinas que reforçam esta circunstância.
-O escritor aos hebreus diz que, para que Abrão não tivesse qualquer sombra de dúvida quanto às promessas a ele feitas, o Senhor Se interpôs com juramento, a fim de que o patriarca ficasse seguro a respeito da infalibilidade do que havia sido prometido (Hb.6:13-18).
-Esse episódio mencionado pelo escritor está narrado em Gn.15:7-21, logo após Abrão ter sido justificado pela fé ao crer que sua descendência seria tão numerosa quanto as estrelas que contemplara fora de sua tenda (Gn.15:5,6).
-Notemos que o Senhor, mesmo depois de Abrão ter crido, quis dar ao patriarca uma garantia a mais, porque Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33a). Abrão já havia crido, mas o Senhor queria Se comprometer com Suas promessas, a fim de dar ao Seu servo a necessária segurança.
-Abrão queria saber como teria a garantia de que herdaria a terra de Canaã e o Senhor, então, interpôs-Se com juramento, realizando um ritual muito comum naquele tempo, em que as pessoas publicamente se comprometiam em algum contrato, que era o de passar entre metade de animais previamente mortos e divididos, querendo, com isto, assumir a irrevogabilidade do pacto firmado entre as pessoas.
-Aliás, dizem alguns que os contratantes são chamados de “partes”, exatamente porque eles se comprometiam entre “as partes dos animais”, sacrificados para confirmação do quanto prometido.
-Após toda uma noite, o Senhor, posto o sol, passou Ele próprio entre as metades dos animais, representado por um forno de fumaça e uma tocha de fogo, ocasião em que reafirmou que daria a terra de Canaã aos descendentes de Abrão (Gn.15:17-21), o que ocorreu praticamente 500 anos depois, ao término do governo de Josué.
-Esta interposição com juramento não se referiu apenas à promessa dada a Abrão. O escritor aos hebreus aplica esta garantia também aos descendentes de Abrão, sejam os descendentes étnicos, que são os israelitas, sejam os descendentes espirituais, que é a Igreja (Gl.3:29), “os herdeiros da promessa” (Hb.6:17).
-Nesta interposição de juramento, vemos que Abrão não somente creu, como também, diante de uma tal demonstração, viu-a de longe e a abraçou (Hb.11:13).
-Mas, além de tal eloquente demonstração a confirmar a infalibilidade das promessas divinas, temos, ainda, a circunstância de que Deus vela pela Sua Palavra para a cumprir, como deixou claro na chamada e primeira visão dada ao profeta Jeremias (Jr.1:12).
-A primeira visão dada ao profeta Jeremias foi a de uma “vara de amendoeira” (Jr.1:11). A amendoeira é a primeira árvore que floresce depois do inverno, é o sinal do início da primavera, do “ressurgimento da vida”, pois, no inverno, nas regiões climáticas ditas temperadas (como é a região onde fica Israel), as estações são bem pronunciadas e, no inverno, a vegetação desaparece, em muitos lugares, a água congela e os animais, ou migram para outras regiões do planeta ou hibernam em suas tocas, dando a nítida impressão de que a vida cessou.
-Quando a amendoeira floresce, porém, tem-se o cumprimento daquela promessa dada por Deus a Noé, logo após o sacrifício oferecido pelo pai da família sobrevivente ao dilúvio em gratidão ao Senhor, de que, enquanto a terra durasse, nunca mais se teria um dilúvio e se teria a sequência das estações do ano (Gn.8:21,22).
-A amendoeira era um sinal insofismável de que Deus é fiel, de que cumpre o que promete e, assim, ano após ano, o Senhor tem mantido a sequência das estações do ano, permitido a semeadura e a sega, apesar da maldade ínsita à natureza decaída do homem, para que a humanidade possa observar que as promessas de Deus são infalíveis.
-Há um zelo divino, um cuidado do Senhor para que a Sua Palavra se cumpra e isto é mais uma garantia de que Suas promessas são infalíveis, pois, além de serem a expressão do caráter divino, são ainda, podemos assim dizer, um “ponto de honra” para Deus, que está sempre zelando, tomando todos os cuidados para que Suas promessas se tornem fatos, sejam ocorrências.
-Como disse o profeta Isaías: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de Ti, que trabalhe para aquele que n’Ele espera” (Is.64:4).
-Sem fazer espetáculos, como diz o profeta nesta passagem, o Senhor executa todo um trabalho, todo um serviço para honrar a esperança que se tem n’Ele, esperança que é resultado da fé e da demonstração de fidelidade por parte do Senhor.
– Este empenho, trabalho e esforço do Senhor é como que a “cereja do bolo”, que nos permite descansar e, assim, como o poeta sacro, o missionário sueco Samuel Nyström (1891-1960), primeiro presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB):
“De Deus mui firmes são as promessas, mais firmes que as montanhas são, quando o socorro terrestre cessa, os de Deus não falharão. De Deus mui firmes são as promessas, falhando tudo, não falharão; se das estrelas o brilho cessa, mas as promessas brilharão!” (primeira estrofe e estribilho do hino 459 da Harpa Cristã).
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11111-licao-13-as-promessas-de-deus-sao-infaliveis-i