Como Pessoa Divina que é, o Espírito Santo atua no plano da redenção ao longo de seu desenvolvimento
INTRODUÇÃO
– A redenção do homem foi planejada por Deus, o único Deus subsistente em três Pessoas.
– Como Pessoa Divina que é o Espírito Santo atua no plano da redenção ao longo de seu desenvolvimento.
I – O ESPÍRITO SANTO ATUANDO NA REDENÇÃO DO HOMEM DESDE A CRIAÇÃO ATÉ A CHEGADA DO SALVADOR
– Vimos na primeira lição deste trimestre que o Espírito Santo é uma Pessoa Divina, a Terceira Pessoa da Trindade.
– Ora, se o Espírito Santo é Deus, uma das Pessoas Divinas, é evidente que está presente e atuante no plano da redenção da humanidade, que as Escrituras nos revelam que foi elaborado ainda antes da fundação do mundo (Mt.25:34; Ef.1:4; I Pe.1:20; Ap.13:8; 17:8).
– Sendo Deus, o Espírito Santo é eterno (Hb.9:14) e, portanto, já na eternidade passada, juntamente com o Pai e o Filho, já havia concebido o plano de redenção do homem que ainda haveria de ser criado.
– A propósito, já vemos o Espírito Santo atuando na criação de todas as coisas, visto que o texto sagrado nos indica que Ele Se movia sobre a face das águas, quando a terra era sem forma e vazia (Gn.1:2), a indicar que estava atuando desde aquele instante inicial do surgimento de tudo o que existe.
– É de se observar que a expressão “se movia” é a palavra hebraica “rahaph” (ףח ַרׇ), cujo significado é “chocar; (por implicação) estar relaxado;— mover-se, voejar, pairar, estremecer” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave.
Dicionário do Antigo Testamento, verbete 7363, p.1926), a nos mostrar que a criação primordial (ou o estado caótico decorrente da queda de Lúcifer, para quem adota a teoria da recriação) era como que protegida pelo Espírito Santo, por Ele guardada, por Ele preparada até que o Verbo começasse a dar forma à matéria, a partir da primeira palavra criadora – “Haja luz”.
OBS: “…Quando nós consideramos o padrão da narrativa da criação na qual Deus anuncia e cumpre Sua palavra, nós cremos que o ‘elo perdido’ no padrão entre a palavra e o cumprimento é a atividade do Espírito.
Portanto, o padrão seguinte, notado por B. W. Anderson, deveria ter uma nota descritiva adicional sob o ponto 3.
O padrão,
(1) uma fórmula declarativa,
(2) uma ordem,
(3) a execução de uma ordem e
(4) a fórmula de aprovação, é mais completa se nós notarmos que a execução da ordem é cumprida pelo ruah elohim.
A palavra e seu cumprimento realizam-se por meio da poderosa força ativa do Espírito de Deus.…” (HILDEBRANDT, Wilf. Teologia do Espírito de Deus no Antigo Testamento. Trad. de Élcio Bernardino Correia. Santo André: Academia Cristã, 2004, p.54).
– O uso do verbo “chocar”, ainda, faz com que se faça alusão da ação do Espírito Santo a um pássaro, a uma ave e, neste ponto, já se delineia a presença de dois símbolos que caracterizarão o Espírito Santo no texto sagrado: a pomba e a águia.
– O verbo “chocar” estaria aqui, também, a dar ideia do movimento de asas a fim de dar proteção aos filhotes, como se descreve em Dt.32:11 e que seria a expressão utilizada em o Novo Testamento para descrever a descida do Espírito Santo como pomba sobre Jesus na ocasião de Seu batismo por João.
– No momento da criação do homem, para dar a devida importância àquela que seria a única criatura feita à imagem e semelhança de Deus, vemos que as três Pessoas juntas, indistintamente, participam do surgimento deste ser, que haveria de ser a coroa da criação terrena (Gn.1:26).
– O que se percebe, porém, é que, tirante o ato da criação, o Espírito Santo sempre ficou com esta tarefa de executor daquilo que foi planejado pelo Pai e formalizado pelo Filho.
Ao Espírito sempre Se reservou a tarefa de “chocar” aquilo que foi gerado e produzido pelo Pai e pelo Filho, tratando de levar ao contato do ser humano tudo quanto provém da Divindade.
– Quando o homem pecou, vemos claramente como se delinearia a missão de cada Pessoa Divina. No dia mesmo da queda, Deus revela ao homem e aos anjos (inclusive Satanás) o plano da salvação.
O Pai mostra que o Filho (“a semente da mulher”) haveria de vencer o diabo e restabelecer a comunhão entre a humanidade e o seu Criador (Gn.3:15).
– Vemos, então, aqui demonstrado que o Pai havia planejado a salvação por meio do Filho (Jo.3:16); a salvação seria realizada pelo Filho, que Se faria homem e desfaria as obras do diabo (I Jo.3:8) e caberia ao Espírito Santo fazer com que o homem aceitasse e cresse nesta obra (Jo.16:8-11).
– Enquanto o Filho não Se humanizasse para consumar a obra da salvação, caberia ao Espírito Santo manter viva no homem a esperança desta vinda, “chocando” a promessa, protegendo-a, mantendo-a intacta até que chegasse a plenitude dos tempos (Gl.4:4).
– Assim, se, após o pecado, o Senhor passou a falar com o homem através da consciência, a Pessoa Divina que realizava tal diálogo era o Espirito Santo pelo que se depreende de Gn.6:3, que nos mostra que quem contendia com o homem, que quem procurava convencer o homem antediluviano de que ele estava numa vida de pecado e desobediência a Deus que estava chegando ao limite da longanimidade divina era o próprio Espírito Santo, que atuava na consciência humana.
– É o Espírito Santo quem dialoga com Caim, buscando fazer com que se convencesse de seu pecado e cresse que Deus poderia perdoá-lo, conquanto Caim não tenha crido e preferido sair da presença do Senhor (Gn.4:6-16).
– Notamos, aliás, neste gesto de Caim, que a ação do Espírito Santo pode, sim, ser resistida pelo homem e a Bíblia nos fala abertamente da resistência ao Espírito Santo (At.7:51), também chamada de “endurecimento do coração” (Sl.95:8; Hb.3:8,15; 4:7), ou, ainda, “dureza de cerviz” (Dt.10:16; 31:27; II Cr.30:8).
– É também o mesmo Espírito Santo quem convenceu a Abel que cresse no Senhor e se tornasse o primeiro justo, o primeiro herói da fé (Mt.23:35; Lc.11:51; Hb.11:4), como também a que Sete invocasse o nome do Senhor (Gn.4:26).
– A resposta, pois, a que se dá à ação do Espírito Santo que fará a diferença entre o que serve a Deus e o que não O serve, entre o justo e o ímpio.
– Mas não apenas atuou o Espírito Santo na consciência dos homens, mas também os levantou para que eles declarassem aos seus semelhantes esta mensagem que haviam recebido em seu interior.
O Espírito Santo, desde os tempos antediluvianos, levantou homens que levaram à humanidade a mensagem de arrependimento dos pecados e de necessária conversão e obediência ao Senhor.
– O Espírito Santo levantou profetas, ou seja, mensageiros, porta-vozes, que traziam aos homens mensagens da parte de Deus.
Assim é que foi levantado Enoque, que, ao dar a seu filho o nome de “Metuselá”, cujo significado é “quando isto vier, ele morrerá”, já anunciou o juízo de Deus sobre os impenitentes (Jd.14), o que efetivamente ocorreu no ano em que seu filho, o homem que mais tempo viveu sobre a face da Terra, morreu.
– Foi, também, o que o Espírito fez com Noé, que, durante cem anos, pregou a respeito do dilúvio anunciado pelo Senhor, sendo o “pregoeiro da justiça” (II Pe.2:5), a mostrar que, praticamente durante mil anos, Deus deu a oportunidade ao mundo antediluviano para escapasse da destruição.
– Apesar desta atuação do Espírito Santo, seja na consciência, seja por intermédio dos profetas, o fato é que o Espírito não podia habitar em qualquer deles, porque todos eram gerados conforme a imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3) e, portanto, possuíam a natureza pecaminosa, que impedia que houvesse a coabitação, pois o Espírito é Santo e não podia jamais viver em meio a um ambiente pecaminoso.
– Assim como, no primórdio da criação, o Espirito “chocava” sobre a face das águas, nada tendo com as “trevas que havia na face do abismo”, também vinha apenas visitar o homem, com ele contender, tentar convencê-lo, visitando-o mas jamais nele habitando, por causa do pecado em que todos os homens eram gerados, pois, desde Adão até Moisés reinou a morte (Rm.5:12-14).
– Após o dilúvio, durante o período chamado de “governo humano”, mais uma vez o Espírito Santo vai agir, não somente na consciência humana, mas também junto àqueles que governavam sobre aquela sociedade única.
Entretanto, aqui há, novamente, uma rejeição à voz do Espírito Santo. A despeito da ordem divina de povoamento da Terra, o governo estabelecido, sob o comando de Ninrode, recusa-se a obedecer ao Senhor e resolve fazer exatamente o oposto do ordenado por Deus.
– Há assim, uma nítida resistência ao Espírito Santo e, nesta ocasião, ninguém ficou ao lado do Senhor. Ante o caráter sucinto do texto bíblico, socorramo-nos do historiador Flávio Josefo para bem delinearmos como se deu tal resistência.
– Diz-nos Josefo: “…Deus ordenou que mandassem colônias a outros lugares, a fim de que, multiplicando-se e estendendo-se, pudessem cultivar mais terras, colher frutos em maior abundância e evitar as desinteligências que de outro modo poderiam ser suscitadas entre eles.
Mas esses homens rudes e indóceis não obedeceram e foram castigados pelo seu pecado, com os males que lhe sucederam. Deus vendo que seu número crescia sempre, ordenou-lhes segunda vez que formassem outras colônias.
Mas esses ingratos que se haviam esquecido de que eram devedores de todos os seus bens a Ele, e os atribuíam a si mesmos, continuaram a desobedecer-Lhe e acrescentaram à sua desobediência, a impiedade de imaginar que era cilada que se lhes armava, a fim de que, estando divididos, pudesse Deus mais facilmente perdê-los.
Ninrode, neto de Cão, um dos filhos de Noé, foi quem os levou a desprezar a Deus, desta maneira…” (Antiguidades Judaicas, I,4,16. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, pp.28-9).
– Notemos em a narrativa mais minudente do texto bíblico (que diz tão somente que todos decidiram edificar uma cidade e uma torre cujo cume tocasse nos céus e se fizessem um nome para que não fossem espalhados sobre a face da Terra – Gn.11:4), que houve uma movimentação diametralmente oposta ao que havia sido dito por Deus, uma recusa de obediência, de atendimento ao que Deus havia falado.
– Diante disto, mister se fez preparar um novo povo, no qual se pudesse cumprir a promessa da redenção e Abrão é chamado para que dele se fizesse uma grande nação (Gn.12:1-3) e vemos aqui, novamente, a ação do Espírito Santo para convencer o patriarca a crer na promessa divina e não somente nela crer,
tornando-se um justo (Gn.15:6), mas também divulgar esta promessa a outros, sendo um profeta de Deus (Gn.20:7).
– Quando Israel está formado e precisa ser libertado do Egito, como figura até da libertação que Cristo faria da humanidade, é elucidativo que o ato final da libertação, a passagem do Mar Vermelho, se dá quando um forte vento oriental durante toda a noite faz retirar o mar, secando-o (Ex.14:21).
Como diria Moisés, em seu cântico, após a travessia (e todos sabemos que os cânticos bíblicos são mensagens proféticas), “com o sopro dos Teus narizes, amontoaram-se as águas; as correntes pararam como montão; os abismos coalharam-se no coração do mar” (Ex.15:8).
– O agente executor que permite que Israel atravesse o mar e deixe definitivamente a terra do Egito, consumando, assim, a sua libertação, operada após a morte dos primogênitos, que era a última praga, é o “vento oriental”, “o sopro das narinas do Senhor”.
– Temos aqui uma bela tipologia. Após a morte de Cristo no Calvário, quando a maldição do pecado da humanidade cai sobre Ele, temos o Espírito Santo proporcionando a travessia das trevas para a luz, o transporte do mundo para o reino de Deus, pois Seu convencimento nos abre caminho para iniciarmos a nossa jornada com Deus até a chegada aos céus.
– Desde os primeiros momentos, portanto, Israel, enquanto povo, vai ser alvo da proteção e do cuidado do Espírito Santo, que mostrará ao povo de Deus qual caminho deve ele seguir para fazer a vontade do Senhor.
– No monte Sinai, quando Israel sela o pacto com o Senhor, tornando-se Seu povo e propriedade peculiar dentre os povos (Ex.19:5,6), o povo é convidado a ouvir as palavras de Deus e a assistir à Sua manifestação para depois subir ao monte e ali se unir ao Senhor (Ex.19:10-13).
– Entretanto, o povo não subiu ao monte, não crendo em Deus, tendo apenas Moisés o feito e, deste modo, o Espírito Santo passou a falar com o povo apenas por meio de profetas, a começar do mesmo Moisés, o que se daria até que surgisse “o profeta como Moisés” (Dt.18:15-19).
– Em Israel, como já ocorrera nos tempos antediluvianos, o Espírito Santo operará através de profetas que trarão a mensagem de Deus ao povo, a fim de que eles observassem a lei e bem orientassem seus caminhos a fim de que pudessem cumprir o propósito de Deus para que fossem “povo santo e nação sacerdotal”, “propriedade peculiar de Deus dentre os povos’, até que viesse o Messias.
OBS: “…Durante toda a história de Israel, o Espírito estava ativamente envolvido nas fases específicas da experiência da nação.
Por exemplo, o estabelecimento de Israel como uma nação, por Yahweh, é realizado pela intervenção do ruah. Os profetas também reconheceram o envolvimento do ruah no estabelecimento, preservação, juízo e restauração do povo de Deus…” (HILDEBRANDT, Wilf.op.cit., p.86).
– Os profetas tinham esta função primordial de trazer ao povo mensagens que o conduzissem à santidade, pois, não havendo profecia, o povo se corrompe (Pv.29:18).
– Verdade é que os israelitas sempre foram resistentes à ação do Espírito Santo (At.7:51-53), a ponto de terem chegado a sofrer a máxima pena prevista na lei para a desobediência que era a perda da Terra Prometida e a ida ao cativeiro (Lv.26:27-39; Dt.28:58-68) e mesmo ficarem sem profetas por cerca de quatrocentos anos, tendo fome e sede da Palavra de Deus (Am.8:11-14).
– No entanto, mesmo em meio a tanta desobediência e resistência ao Espírito Santo, é inegável que, durante toda a história de Israel, o Senhor Se comunicou com o Seu povo por meio dos profetas e, mesmo durante o silêncio profético do chamado período intertestamentário,
não deixou de cuidar para que o povo não se esquecesse da promessa do Messias, tanto que, embora não tivesse levantado profetas neste período, houve vários doutores da lei, que prosseguiram com o trabalho empreendido por Esdras, que manteve o ensino da lei até a chegada do Messias.
– Não havia os profetas, mas havia os justos, como é o caso de Simeão, que, inclusive, foi avisado pelo Espírito Santo, de que não morreria enquanto não visse o Messias (Lc.2:25,26), prova de que não havia um completo desamparo por parte da Terceira Pessoa da Trindade neste Seu papel de manter viva a esperança messiânica, de fazer recordar as promessas divinas a Israel.
– Veio, então, João Batista, que foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc.1:41), pondo fim ao silêncio profético e trazendo a mensagem de arrependimento para que o povo pudesse receber o Messias (Lc.1:76), que foi por ele mesmo apresentado para todo o Israel (Jo.1:29).
– No entanto, o que se verifica em todos estes períodos é que o Espírito Santo atuava por medida, ou seja, de modo limitado. Ele vinha visitar os profetas, dava-lhes a mensagem, mas não habitava nessas pessoas.
– Quando vemos a narrativa do dilúvio, notamos que Noé, após terem cessado as chuvas, depois de quarenta dias após ter a arca pousado nos montes de Ararate, ousou abrir a janela e soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra (Gn.8:8).
– Depois, Noé soltou uma pomba e aqui temos uma bela imagem tipológica que muito nos ensina sobre a atuação do Espírito Santo. É dito que a pomba, ao ser solta, não tendo achado repouso para a planta de seu pé, voltou a Noé para a arca (Gn.8:9).
Era exatamente essa a situação do Espírito Santo antes da vinda de Jesus: em virtude de o pecado ainda estar no mundo, não ter havido a satisfação da justiça divina, o Espírito Santo não achava repouso na humanidade e, em razão disto, ia e voltava para a arca, assim como a pomba, ou seja, visitava alguém, trazia a mensagem, mas depois se retirava da pessoa.
– Exemplo eloquente disso temos com o profeta Ezequiel. As Escrituras mostram-nos que Ezequiel foi emudecido pelo Senhor quando já estava ele no cativeiro (Ez.3:26,27) até a destruição de Jerusalém, quando ele voltou a falar normalmente (Ez.24:24-27; 33:21,22).
Assim, quando o Espírito Santo vinha sobre Ezequiel, ele falava, mas quando Ele Se ausentava dele, ele ficava mudo, numa prova de que, até a vinda de Jesus Cristo, a atuação do Espírito Santo era duplamente limitada:
Ele atuava somente em algumas pessoas e, nesta atuação, havia apenas a visitação, ou seja, o Espírito Santo não agia permanentemente, mas episódica e esporadicamente.
II – O ESPÍRITO SANTO AGINDO EM JESUS
– Visto como era a atuação do Espírito Santo até a vinda de Jesus, ou seja, limitada, sob medida, vamos agora ver como o Espírito Santo passou a agir quando chegou a “plenitude dos tempos” (Gl.4:4), quando o Verbo Se fez carne e habitou entre nós (Jo.1:14).
– O Espírito Santo começou a atuar desde o momento em que o Verbo, a Segunda Pessoa da Trindade, Se formou no ventre de Maria. Com efeito, é-nos dito que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo (Lc.1:35).
– Jesus já surge como homem, como ovo, sob a virtude do Espírito Santo e coberto pela Sua sombra, o que nos faz aludir, uma vez mais, à figura do “chocar”.
Jesus surge envolvido pelo Espírito Santo, que executa a encarnação, gerando, no ventre de Maria, um ser humano, um ser santo, sem pecado, tanto que por ser o Santo que haveria de nascer, é chamado de “Filho de Deus” (Lc.1:35).
– Notamos, pois, que desde o início de Sua existência humana, o Senhor Jesus está sob completo envolvimento do Espírito Santo. N’Ele irá habitar corporalmente a plenitude da Divindade (Cl.2:9).
– Não é por outro motivo que Isaías profetiza que Ele teria os “sete Espíritos” (Is.11:1,2), expressão que revela que Ele teria a plenitude do Espírito Santo.
Ele é a habitação do Espírito Santo entre os homens, tanto que dirá que Seu corpo era o verdadeiro templo (Jo.2:19-22).
– Em Jesus, portanto, temos o Espírito Santo atuando plenamente, habitando no homem, como nunca antes havia acontecido. Dirá alguém que isto também ocorreu em Adão, porque este também foi criado diretamente por Deus, mas o apóstolo Paulo nos mostra que Adão foi feito alma vivente, enquanto que Jesus, espírito vivificante (I Co.15:45).
– Adão foi formado do pó da terra, tendo, então, recebido vida pelo fôlego divino (Gn.2:7), ou seja, uma matéria que recebeu vida, enquanto que Jesus, que já existia, que já vivia (Jo.1:1), materializou-Se, sendo, pois, um espírito vivificante, que daria vida para os outros (Jo.1:4; 5:24), que é a própria vida (Jo.11:25; 14:6).
– Jesus já surge, ainda no ventre de Maria, como a habitação do Espírito Santo, como Aquele que tinha o Espírito Santo em plenitude.
– Quando vai ao templo para assumir a Sua responsabilidade perante a lei, ensina os doutores (Lc.2:46,47), a mostrar que Ele havia sido feito para nós sabedoria, e justiça, e santificação e redenção (I Co.1:30).
– Entretanto, até dar início a Seu ministério público, o Senhor Jesus, embora fosse o Santo, o Filho de Deus, sem pecado, não Se mostrou como o Cristo, como o Messias. Isto somente se deu depois que João começou a pregar e Ele foi Se batizar.
– Ali o Espírito Santo pousa sobre Ele na forma de uma pomba e aquela cobertura ocorrida no íntimo, imperceptível aos olhos de todos, passa a ser algo visível e perceptível a todos, pois João dará testemunho do significado deste pouso da pomba (Jo.1:32-34).
– Alguns discutem se todos os que ali estavam viram a pomba pousar sobre Jesus ou se só foi João que o viu.
O fato é que, tenham todos visto ou apenas João, todos ficaram sabendo que a pomba havia pousado sobre Jesus e, deste modo, ainda mais com a voz do céu que confirmou ser Ele o Filho amado, estava a nação israelita consciente de que ali estava o Messias, o Cristo, o Ungido.
– A descida do Espírito Santo sobre Jesus no dia do Seu batismo por João, além de revelar a Trindade para a humanidade, também serviu como elemento autenticador da condição de Jesus como sendo o Cristo, o profeta igual a Moisés que o povo esperava desde o encontro com Deus no Sinai.
– No dia seguinte ao batismo, aliás, João vai dizer, em alto e bom som, que Jesus era o Cordeiro de Deus que tirava o pecado do mundo (Jo.1:29) e, após esta declaração, João haveria de dizer que o Espírito Santo estava sobre o Senhor Jesus e que, por isso mesmo, Ele era o Filho de Deus, o Messias prometido.
– A plenitude do Espírito Santo em Jesus é que fará com que Ele realize o Seu ministério. Jesus havia Se humanizado e, como tal, estava feito pouco menor do que os anjos (Hb.2:9).
Somente por ação do Espírito Santo poderia, como homem, enfrentar as hostes espirituais da maldade, realizar sinais, prodígios e maravilhas, pregar o Evangelho e ensinar Seus discípulos.
– Jesus jamais fez uso de Sua divindade durante o Seu ministério público, porque deveria dar o exemplo a ser imitado, depois, pelos que cressem n’Ele (I Pe.2:21; I Co.11:1) e os Seus discípulos seriam tão somente humanos, e não divinos-humanos como Ele, de modo que, se Se utilizasse de Sua divindade para vencer o maligno, jamais poderíamos ter a esperança de vitória.
– Não é por outro motivo que o inimigo, já na sua primeira tentação no deserto, procura fazer precisamente que Jesus Se utilize de Sua divindade (Mt.4:3; Lc.4:3).
]Jesus aprendeu a obedecer (Hb.5:8) e quem Lhe deu esta lição? O Espírito Santo, que passou a conduzi-l’O em todo o Seu ministério (Mt.4:1).
– O Espírito Santo esteve presente durante toda a vida terrena de Cristo e foi Ele a Pessoa que executou a ressurreição de Jesus (Rm.8:11).
– Voltando à imagem tipológica da pomba da arca, vemos que Noé, segunda vez, soltou a pomba, sete dias depois que ela tinha voltado para a embarcação.
A pomba foi solta e voltou à tarde, com uma folha de oliveira no seu bico, o que fez com que o patriarca conhecesse que as águas tinham minguado sobre a terra (Gn.8:11).
– Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl.4:4). Era o momento de se consumar a salvação, de se abrir um lugar, em meio ao pecado, para que Deus habitasse conosco.
Jesus, o Santo, o Filho de Deus, fez-Se carne e estava “no bico do Espírito Santo”. Gerado por obra e graça do Espírito Santo, fez-Se carne, nasceu, viveu, exerceu Seu ministério, morreu e ressuscitou, sendo templo do Espírito Santo, mostrando que o pecado fora vencido e que a salvação estava disponível a todos quantos cressem no Seu nome.
– Era o Espírito Santo habitando plenamente na vida de um homem, de Deus que Se fez homem e que tomou o nosso lugar para satisfazer a justiça divina.
– Jesus mostrava ser o profeta como Moisés profetizado pelo próprio Legislador (Dt.18:15).
– Moisés era um profeta diferente dos demais que surgiram em Israel. O próprio Deus havia mostrado esta diferença (Nm.12:6-8).
Assim, o Messias seria um profeta que teria um patamar de relacionamento com Deus diferente dos demais, a exemplo de Moisés.
– Ora, Jesus era este profeta diverso dos demais. Ele era enviado de Deus e falava as palavras de Deus, como, aliás, profetizara Moisés (Dt.18:18,19), mas, e aí reside a diferença entre ele e todos os demais profetas, inclusive Moisés, n’Ele o Espírito não se Lhe tinha sido dado por medida, mas na plenitude (Jo.3:34).
– Por isso mesmo, o escritor aos hebreus vai dizer que, se Moisés era diferente dos demais profetas, porque era fiel em toda a casa de Deus (Nm.12:7; Hb.3:2), Jesus foi o próprio edificador da casa e esta casa somos nós (Hb.3:3-6).
– Assim, embora Moisés tenha subido o monte Sinai e alcançado uma comunhão especial com o Senhor, na verdade, em Meribá e Massá, deixou de ouvir a voz do Senhor, endureceu seu coração e perdeu o direito de entrar na Terra Prometida (Nm.20:7-13),
enquanto que Jesus, mesmo injuriado, permaneceu silente, ouviu a voz do Senhor e Se entregou por nós (Mt.27:39-44; Mc.15:29-32; Lc.24:39-48; I Pe.2:21-24), entregando nas mãos do Pai o seu espírito e, com isso, alcançando a redenção de toda a humanidade (I Tm.2:6; Hb.9:12).
III – ESPÍRITO SANTO DEPOIS DA CONSUMAÇÃO DA OBRA SALVÍFICA DE JESUS CRISTO
– O Espírito Santo habitou plenamente em Jesus e O ressuscitou. Ao ressuscitar, Jesus Se fez o primogênito dentre os mortos (Cl.1:18; Ap.1:5), porque recebeu um corpo glorificado, assim como todos aqueles que crerem em Seu nome receberão no dia do arrebatamento da Igreja.
– Temos, pois, que Jesus, ao ser chamado o primogênito dentre os mortos, já nos mostra que foi o primeiro a ter a plenitude do Espírito Santo, mas que, a partir da obra que havia realizado, outros haveriam de segui-l’O e de ter esta experiência, evidentemente não na mesma intensidade, já que o Senhor é Deus que Se fez homem, mas em um patamar até então nunca visto.
– Na tarde mesmo do domingo da ressurreição, Jesus Se apresentou aos Seus discípulos e sobre eles soprou e lhes disse que estavam a receber o Espírito Santo (Jo.20:22).
– Conforme o próprio Jesus havia dito, aqueles que cressem n’Ele veriam correr rios de água viva correndo do seu ventre (Jo.7:38), porque, quando Jesus fosse glorificado, o Espírito Santo seria recebido pelos Seus discípulos (Jo.7:39).
– Isto se tornou possível porque, quando Jesus morreu por nós na cruz do Calvário, como havia profetizado João, o pecado foi tirado do mundo.
O Senhor Jesus fez um sacrifício perfeito (Hb.9:26-28) e, agora, podemos entrar novamente em comunhão com Deus, pois o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado (I Jo.1:7)
– Tendo o pecado sido tirado, quando cremos em Jesus, entramos em comunhão com Deus, não há mais separação entre nós e Deus, pois o que fazia tal divisão era o pecado (Is.59:2) e, por conseguinte, o Espírito Santo pode vir habitar em nós, como habitou em Jesus desde a Sua encarnação.
– Por isso, o apóstolo Paulo diz que somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19), somos morada de Deus no Espírito (Ef.2:22). Jesus já havia dito aos discípulos que o Espírito Santo habitaria com eles e estaria neles (Jo.14:17).
– A partir, pois, da morte e ressurreição de Jesus, a ação do Espírito Santo ampliou-se entre os homens, porque o Espírito Santo passou a habitar em todos os que cressem em Jesus.
A Igreja, que é o povo formado por aqueles que creram em Jesus, passou a ser a morada do Espírito Santo. Passou a existir uma comunhão entre a Igreja e o Espírito (Ap.21:17).
– O Espírito Santo veio ficar ao lado dos discípulos de Jesus, por isso mesmo foi chamado pelo Senhor de “Paráclito” ou “Consolador”, cujo significado é precisamente “aquele que é chamado para ficar ao lado” e isto tanto é verdade que o apóstolo Paulo diz que o Espírito Santo ajuda nas nossas fraquezas, intercedendo por nós com gemidos inexprimíveis, porque não sabemos o que havemos de pedir como convém (Rm.8:26).
– O Espírito Santo veio, também, ficar no interior de cada discípulo de Jesus, de modo que Ele testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm.16) e, neste testemunho, guia-nos em toda a verdade (Jo.16:13 ), ensina-nos todas as coisas e nos faz lembrar o que Jesus nos disse (Jo.14:26), glorificando o Filho (Jo.16:14) e nos anunciando o que há de vir e dizendo tudo o que tiver ouvido (Jo.16:13).
– Vemos, pois, que, dentro de nós, o Espírito Santo impede que nos desgarremos do Senhor Jesus, como também que deixemos de prosseguir nas Suas pisadas, que, certamente, nos levarão para o mesmo lugar para onde Ele foi, ou seja, para o Seu trono de glória (Ap.3:21).
– Esta atuação do Espírito Santo torna-se assim ilimitada. Não se trata mais de uma operação episódica e esporádica mediante a visitação de alguns justos ou profetas, mas é algo que é compartilhado entre todos aqueles que creem em Jesus Cristo. Cada salvo é morada de Deus no Espírito, cada crente é templo do Espírito Santo.
– Mas isto não se daria apenas ao lado do salvo ou no seu interior. O Espírito Santo haveria de ser enviado ao mundo para que atuasse plenamente, sem qualquer limitação. Assim, no dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo para o mundo.
– Ele desceu sobre os discípulos que estavam no cenáculo. Houve, então, o “derramamento” do Espírito, que nada mais é que uma expressão que indica que o Espírito Santo veio de forma ilimitada.
– Ao revestir de poder os discípulos, que, então, foram cheios do Espírito Santo, para ficarem semelhantes ao seu Senhor e, na plenitude do Espírito, continuassem o ministério salvífico de Cristo Jesus, receberam eles a virtude do Espírito (At.1:8) e, então,
passaram a pregar com ousadia a mensagem do Evangelho, tanto que, naquele dia, em virtude da mensagem pregada, os corações de quase três mil pessoas foram compungidos e se converteram a Jesus (At.2:37).
– Começava a se cumprir, então, o que dissera o Senhor quando disse que quando viesse o Espírito Santo, Ele convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8).
– A vinda do Espírito Santo, portanto, no dia de Pentecostes, representou, para a Igreja, o revestimento de poder, mas, também, para o mundo, o início da atuação do Espírito em cada coração, em cada vida, a fim de que sejam convencidos do pecado, da justiça e do juízo.
– O Espírito Santo foi “derramado” e agora Ele está a convencer a humanidade de que os homens precisam se arrepender de seus pecados, de que Jesus é o Salvador e de que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado (Jo.16:9-11).
– Estamos vivendo, na atualidade, a dispensação do Espírito, ou seja, o período de tempo em que é o Espírito Santo a Pessoa divina que mantém o contato com a humanidade, por meio da Igreja, a fim de que se ofereça a salvação a todos os homens.
– Através da Igreja, o Espírito Santo Se mostra a todos os homens, pois a Igreja, ao pregar o Evangelho, fá-lo sob o poder do Espírito Santo, tanto que o apóstolo Paulo pôde dizer aos coríntios que foi até eles não em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4) e orava no sentido de que todos os salvos fossem corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior (Ef.3:16).
– É essencial, indispensável que casa salvo esteja cheio do Espírito Santo para que se tenha a realização a contento daquilo que Deus quer de nós na Sua obra.
Não há como cumprirmos a vontade do Senhor se não houver a ação plena do Espírito Santo em nós, se não houver o derramamento do Espírito, o contínuo derramar, como, aliás, foi visto pelo profeta Zacarias.
– Zacarias viu um castiçal todo de ouro e um vaso de azeite no cimo, com sete lâmpadas e cada lâmpada posta no cimo tinha sete canudos e, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite e outra à sua esquerda. Ao ver isto, profeta disse não saber o que era e o Senhor lhe disse que era a palavra do Senhor a Zorobabel: “nem por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito” (Zc.4:2-6).
– Sabemos que tal visão tem relação com o povo de Israel, que a Igreja era um mistério desconhecido até a sua revelação por Cristo.
No entanto, se Israel tinha de ser guiado pelo Espírito, representado pelo azeite que vinha das duas oliveiras, como não ver também esta necessidade na Igreja, o povo de Deus da atual dispensação, que é exatamente nascida da operação do Espírito Santo?
– De igual maneira, lembramo-nos da figura trazida pelo salmista no Salmo 133, quando a união dos irmãos é comparada ao derramar do azeite sobre a cabeça do sumo sacerdote, quando de sua unção, quando, derramado sobre a cabeça, o óleo ia até a orla das suas vestes.
– Assim como o Espírito Santo desceu sobre a cabeça de Jesus no início de Seu ministério público, quando Ele é ungido e separado para ser o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, tanto que, no dia seguinte ao batismo, já é apontado também como a vítima que seria imolada neste único e perfeito sacrifício (Hb.10:12),
também precisa este azeite ser derramado em todo o Seu corpo, isto é, em toda a Igreja, que é o corpo de Cristo (I Co.12:27), a fim de que se possa ter a necessária comunhão, comunhão com Deus e comunhão com os irmãos, sem o que, de modo algum, chegaremos aos céus (I Jo.1:7).
– É a presença do Espírito Santo na Igreja que faz com que sejamos sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13-16) e que impede que o maligno possa levantar o iníquo que fomentará o último império mundial e levará o mundo à apostasia generalizada e institucionalizada (II Ts.2:3-12).
– Como o pássaro que pousa com suas asas, o Espírito Santo está a guardar e a proteger a Igreja, como também a lhe dar poder para que enfrente o maligno e arrebate as almas que estão indo para a perdição, resistindo ao diabo, que tem fugido do povo de Deus (Tg.4:7).
– Se alguém, porém, afastar-se do Espírito Santo, endurecer seu coração e não deixar que Ele atue plenamente em sua vida, corre o risco de, a exemplo de Moisés, cair na tentação e perder a oportunidade de entrar na Terra Prometida (Hb.3:7-19; I Co.10:1-13).
– Voltando à imagem tipológica da pomba da arca, vemos que, pela terceira vez, Noé soltou a pomba, sete dias depois de tê-la soltado segunda vez quando ela retornou à tarde com uma folha de oliveira em seu bico.
Noé soltou a pomba, mas ela não mais voltou para ele (Gn.8:12), porque a terra estava enxuta, não mais havia as águas do dilúvio.
– Assim ocorreu com o início da dispensação da graça ou dispensação do Espírito. Jesus voltou aos céus, o Espírito Santo foi enviado, mas Ele passou a habitar com a Igreja, a estar no interior dos salvos, não mais voltando à glória. Ele veio para ficar com a Igreja para sempre (Jo.14:16). Aleluia!
IV – O ESPÍRITO SANTO DEPOIS DO ARREBATAMENTO DA IGREJA
– Esta atuação do Espírito Santo, de forma ilimitada, sem medida, faz-se, como vimos, por meio da Igreja, porque o Espírito Santo é recebido no interior de cada salvo, cada cristão passa a ser templo do Espírito Santo.
– Quando Paulo diz que “há que um que resiste até que do meio seja tirado” (II Ts.2:7), está a falar do povo de Deus aqui na Terra, da Igreja, não do Espírito Santo, porque Ele não pode ser tirado, pelo simples fato de que é Deus e, como tal, é onipresente, não pode simplesmente sair de qualquer lugar.
– No entanto, Ele e a Igreja clamam pela volta de Cristo (Ap.22:17) e, como Sua missão é glorificar a Cristo e nos fazer lembrar de tudo quanto o Senhor nos disse (Jo.14:26; 16:14), o Espírito Santo não nos deixa esquecer que Jesus virá buscar a Sua Igreja e que nós devemos espera-l’O para que nos livre da ira futura (I Ts.1:10).
– O Espírito Santo tem a missão de preservar, proteger e adornar a noiva de Cristo, que é a Igreja, atuando para que isto ocorra, inclusive dirigindo os ministros para que assim procedam (II Co.11:2).
– Neste passo, temos outra bela imagem tipológica que nos permite entender o papel do Espírito Santo a este respeito.
É a figura de Eliezer, o damasceno, o servo de Abraão, que foi encarregado pelo patriarca de buscar uma esposa para Isaque.
Foi ele enviado para Padã-Arã, onde estava a parentela de Abraão, com a missão de trazer uma mulher, que fosse sua parenta, para Isaque, tendo levado tesouros para não só entregar à família da noiva, a título de dote, como para presentear a própria escolhida, tendo, depois, trazido a jovem para se encontrar com o noivo, que ficou no seu lugar, aguardando o momento do encontro e o fazia, enquanto estava orando.
Eliezer cumpriu esta missão à risca, tendo ido buscar, feito companhia e trazido a noiva para o noivo (Gn.24).
– Pois bem, o Espírito Santo, de igual maneira, veio até a Terra, de forma especial, para cuidar da noiva de Cristo e prepará-la para o encontro com o seu noivo, que está no seu lugar, que é o céu (I Co.15:47; Jo.3:13).
Cabe ao Espírito Santo levar a Igreja ao encontro do Senhor nos ares (I Ts.4:16,17), quando, então, se encerrará este trabalho do Espírito Santo por meio da Igreja, que será tirada do meio da Terra (Ap.3:10; 12:7-12).
– Não nos esqueçamos que, quando do arrebatamento, os que tiverem morrido em Cristo ressuscitarão primeiro e os salvos que estiverem vivos serão transformados e, então, todos se encontrarão com Jesus nos ares, nos lugares celestiais que hoje são habitados pelo diabo e seus anjos, que serão, no mesmo instante, precipitados sobre a face da Terra.
– Ora, quem ressuscitou Jesus em um corpo glorificado? Já vimos supra que foi o Espírito Santo, que procederá da mesma maneira com relação aos discípulos de Jesus, porque Cristo foi as primícias dos que dormem (I Co.15:20).
– A partir de então, o Espírito Santo voltará a atuar na Terra como antes da chegada de Cristo Jesus, ou seja, por medida. Novamente, o Espírito Santo voltará a agir nos justos e nos profetas, não estará mais “derramado” e não resistirá mais à atuação do mistério da injustiça, do iníquo, do diabo e dos seus anjos.
– Ingressar-se-á no período da Grande Tribulação, um período de sete anos que será o mais terrível da história de toda a humanidade. Furioso, o diabo levantará as duas bestas e não terá qualquer resistência à sua atuação homicida e mentirosa (II Ts.2:7-12; Dn.7:23-25; 11:36-45).
– Nesse tempo, o Espírito Santo atuará por meio dos cento e quarenta e quatro mil judeus que se tornarão mensageiros do evangelho do reino (Ap.7:1-8; 14:1-5) e das duas testemunhas, que serão dois profetas levantados naquele tempo para também trazer a mensagem do reino de Cristo que estará por vir (Ap.11:1-10).
– Entretanto, tanto os judeus quanto as duas testemunhas e todos quantos crerem em Jesus por conta da pregação deles serão destruídos e mortos pelas bestas, pois, como já dissemos, não haverá resistência ao maligno (Ap.6:9-11; 11:7; 14:1-3).
– Lembremos, porém, que o fato de serem fisicamente mortos em absoluto significa que foram espiritualmente vencidos, porque quem o homicida desde o princípio jamais pode impedir a salvação daquele que crê em Jesus (Mt.10:28; Lc.12:4,5). Tanto que todos eles ressuscitarão para poder reinar com Cristo no milênio (Ap.20:4).
– Ao término da Grande Tribulação, na iminência da batalha do Armagedom, que porá fim a este período, o Espírito Santo voltará a ser derramado. Desta feita, isto ocorrerá com Israel.
O remanescente de Israel, quando estiver para ser destruído pelas bestas, clamará ao Senhor e Jesus surgirá nos ares e os israelitas crerão que Ele é o Messias (Zc.12,13).
– Neste exato instante, o Senhor derramará o Espírito Santo sobre os israelitas (Zc.12:10) e, assim, será completada a profecia do profeta Joel (Jl.2:28-32), cujo início de cumprimento se deu no dia de Pentecostes do ano 29, mas que terminará por ocasião deste evento, quando, então, Israel, crendo em Jesus, será salvo e receberá o Espírito Santo, pois terá fim a plenitude dos gentios (Rm.11:25-27).
– Cumprir-se-á, então, a revelação dada pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel e será extinta a transgressão, dar-se-á fim aos pecados, expiar-se-á a iniquidade e se trará aos israelitas a justiça eterna, tendo fim a visão e a profecia e havendo a unção do Santo dos santos (Dn.9:24).
– Recebendo o Espírito Santo, Israel, finalmente, poderá exercer o seu papel de povo santo e nação sacerdotal e, através de Israel, todo o mundo poderá servir a Deus e adorá-l’O durante o reino milenial de Cristo, que terá início logo após a vitória do Senhor sobre as bestas na batalha do Armagedom, a prisão do diabo e seus anjos no abismo e o julgamento das nações.
– Durante o milênio, o Espírito Santo atuará por intermédio de Israel, agindo com liberdade, num ambiente de justiça e de paz.
Não haverá profetas entre os israelitas (Zc.13:3-5), porque não haverá mais necessidade de os israelitas serem orientados por homens de Deus, já que serão todos templo do Espírito Santo e terão plena comunhão com o Senhor, com seus pecados removidos, fazendo jus ao novo concerto de que já terá desfrutado a Igreja gloriosa (Jr.31:31-34).
– Com relação às demais nações, entretanto, haverá a necessidade de crerem em Jesus e de adorar a Deus através d’Ele, mediante a participação no culto que será instituído em Jerusalém, onde será construído o quarto templo, que é descrito a partir do capítulo 40 do livro do profeta Ezequiel.
Os justos crerão no Senhor e terão os israelitas como exemplo e referência (Is.66:18-24; Zc.8:20-23; 14:16-21).
– No final do milênio, o diabo será solto e conseguirá enganar muitos que se rebelarão contra Jesus, mas serão destruídos com fogo que descerá do céu, tendo fim, então, a história da humanidade (Ap.20:7-9). Será a última multidão que terá endurecido seu coração e deixado de ouvir a voz do Senhor.
– Assim terá fim o plano da redenção da humanidade e o Espírito Santo terá cumprido a Sua tarefa a este respeito. Amém.
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6103-licao-2-a-atuacao-do-espirito-santo-no-plano-da-redencao-i