INTRODUÇÃO
Ao estudarmos a oração de Neemias, deparamo-nos com princípios admiráveis e que devem fazer parte da vida de todos nós.
São lições acerca da oração, da sensibilidade para com a dor do nosso próximo, da disponibilidade em ajudar a quem precisa, da fidelidade à soberania do Senhor e da integridade do homem que serve a Deus.
Neemias estava em uma condição muito confortável e que lhe garantia uma relativa segurança: ser copeiro pessoal do monarca mais respeitado de sua época lhe proporcionava muitos privilégios.
Porém ele tinha prioridades mais elevadas, e seu olhar era direcionado por Deus.
Com plena convicção, Neemias deixou o conforto e estabilidade da corte e foi em direção a uma Jerusalém em ruínas, rodeada por povos pagãos, sedentos por terras e poder.
Vamos, com alegria no coração, abraçar o exemplo de vida deixado por Neemias: um homem que, em constante oração, se permitiu ser usado por Deus para abençoar vidas, construir uma verdadeira fortaleza, restaurar a identidade de um povo e produzir frutos em abundância.
I – A Tristeza de Neemias diante da Miséria de seu Povo
No ano de 445 a.C., o irmão de Neemias, Hanani, retornou de Judá juntamente com alguns companheiros (Ne 1.1-3).
Da terra desolada trouxeram, na bagagem, mais do que pertences pessoais: vívidas nas memórias vieram as imagens de desgraça, desapontamentos e desesperança.
A respeito do que viram em Jerusalém, aqueles jovens relataram destruição e tristeza por todos os cantos da cidade.
A reconstrução é um processo envolvendo diversas ações e memórias nem sempre felizes. Em primeiro lugar, se algo é reconstruído, é porque um dia já estivera em plena forma.
É um elemento que, por diversos fatores, foi desfragmentado e perdeu a sua função e vigor.
Aquilo que cumpria uma função, já não a cumpre mais. Segundo, a destruição de algo traz também a tristeza e o sofrimento daqueles que ali depositaram seus esforços.
Essa “destruição” vem carregada de memórias e perdas, e as pessoas envolvidas também precisam ter seus sentimentos restaurados.
Terceiro, e último, o próprio processo de reconstrução requer um grande esforço, pois é um trabalho feito sobre algo já existente.
Restaurar uma casa antiga, por exemplo, é bem mais trabalhoso do que construir uma nova.
Quando falamos da reconstrução dos muros de Jerusalém, não podemos tratar esse episódio como uma simples obra de engenharia civil.
Na verdade, tratava-se da reconstrução da identidade de um povo sofrido e já sem esperanças.
Aqueles que haviam permanecido em Judá, eram pessoas tristes e desgastadas pelas investidas inimigas.
A glória de séculos atrás apenas sobrevivia nas histórias contadas envolta em lágrimas.
Ao povo, restava a oração, a fé e a esperança de dias melhores, de renovação espiritual e da retomada da consagração a Deus.
No livro de Neemias, encontramos o relato em relação aos fatos ligados ao retorno a Judá no ano de 444 a.C. (o terceiro de três retornos sucessivos).
Essa história começa quando o povo de Judá é levado cativo para o exílio e passa a viver um dos períodos mais tristes de sua longa história.
Conforme o relato: “Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo” (Ne 1.3).
Jerusalém é destruída e o povo que ficou em Judá passa a ser cada vez mais humilhado, explorado e ameaçado pelos povos vizinhos.
Não bastasse, entre os próprios judeus havia aqueles que, por serem mais ricos, exploravam e impunham sofrimento aos mais pobres e desfavorecidos.
As injustiças eram muitas e traziam grande pesar ao coração dos que serviam ao Senhor e sonhavam com o retorno à grandiosa e histórica Jerusalém de outrora, agora rodeada apenas em sombras e amargas lembranças.
A restauração era uma necessidade latente e o tempo finalmente havia chegado.
Ao analisarmos os nomes bíblicos e seus significados, percebemos que eles possuem uma relação muito curiosa: eles revelam muito acerca das pessoas que os possuem.
Vejamos alguns exemplos: Abraão — pai de multidão; Moisés — tirado das águas; Ana — cheia de graça; Samuel — pedido ao Senhor; entre tantos outros.
O mesmo acontece com Neemias, cujo nome significa “Yahweh [o Senhor] tem compaixão”.
Que preciosa é essa tradução e o seu sentido! Não só o nome, mas o exemplo deixado por esse homem também impressiona e mostra-nos como deve ser um governante que serve a Deus:
sábio, corajoso, com fé, sensível ao sofrimento dos próximos, íntegro, determinado, justo e humilde.
Aos olhos de muitos, Neemias não deveria se envolver com os problemas e dramas vividos em Judá e Jerusalém.
Por que preocupar-se com algo tão distante se a vida no palácio trazia tantos confortos? Como copeiro do rei, Neemias gozava de muita comodidade e estabilidade.
Essa função era desejada por muitos e era a “garantia” de uma vida longe das confusões, com privilégios e status dos quais poucos podiam usufruir.
Entretanto, Neemias pensava muito diferente. Ele possuía duas qualidades extremamente preciosas e que devem fazer parte da vida de todos os servos de Deus: sensibilidade e empatia.
A sensibilidade é a condição desenvolvida pelo ser humano de captar informações do universo que o cerca, atribuindo sentido a esses dados, sendo então orientado a interagir com esse meio.
Podemos dizer ainda que sensibilidade é a habilidade de possibilitar o ato de sentir e, a partir desse sentimento, expressar-se e agir.
Já a empatia é a capacidade de desenvolver em si mesmo a sensibilidade do outro.
Através da empatia, o ser humano pode colocar-se no lugar de seu próximo e, em certa medida, viver em si o sentimento de quem está a sua frente.
A sensibilidade permitia a Neemias olhar as coisas que o cercavam e percebê-las em seus detalhes e nuances, atribuindo uma sólida reflexão sobre delas.
Já a empatia lhe dava a capacidade de sentir a dor do outro e, prontamente, disponibilizar-se em auxiliá-lo na solução do sofrimento pelo qual se está passando.
Foram essas duas qualidades, associadas às características acima citadas a respeito de como deve ser um governante que serve a Deus, que fizeram Neemias tomar uma importante decisão:
pedir ao rei a permissão para deixar o conforto, a solidez e a opulência da corte para ir até Jerusalém viver uma nova história entre as ruínas que sobraram e as pessoas que sofriam e clamavam por misericórdia.
Assim como no tempo de Neemias e da Jerusalém desolada, a atualidade também é marcada por eventos dramáticos e histórias lamentáveis.
Ao abrirmos um site de notícias, ao assistirmos a um jornal ou, simplesmente, ao andarmos pelas ruas, deparamo-nos com um mundo surpreendentemente caótico.
Nos dias hodiernos, o mundo agoniza e clama diante das multidões vitimadas pelas doenças e epidemias, da violência nas ruas alcançando números inéditos e impressionantes,
da miséria e fome tragando vidas sem esperança, dos abismos socioeconômicos ampliados descontroladamente e do desespero motivado pelas doenças da alma, promovendo o isolamento, a desesperança e a morte.
Outro terrível problema dos dias atuais que provoca grandes danos é com relação ao estilo de vida pecaminoso que tem se multiplicado de forma assombrosa em todos os lugares.
Muitas são as formas encontradas pelo nosso inimigo para destruir vidas: a sexualidade deturpada; o uso das drogas destruindo corpos, mentes e almas; o vício em jogos, bebidas e inúmeras práticas que ampliam um abismo afetivo, moral e espiritual; o hedonismo; a ganância e a soberba; entre tantas outras.
Diante de um quadro tão assustador, qual tem sido a nossa postura? Conseguimos, diante de tanta miséria e sofrimento, sensibilizar-nos com o cenário apresentado?
A empatia nos permite uma mudança de olhar partindo do prisma que está a nossa frente?
É importante frisar que, como Corpo de Cristo, nós somos chamados a fazer a diferença em um mundo sofredor e anunciar o Reino de Deus em palavras e ações.
Não podemos ficar trancados dentro dos templos apenas vivendo uma rotina de cultos e encontros “saudáveis”.
Se assim procedermos, em pouco tempo não mais perceberemos que devemos ser “sal e luz” (Mt 5.13-14) e fazer a diferença.
Somos chamados por Jesus para frutificar (Jo 15.1-8) e trazer uma mensagem de amor e esperança às pessoas que sofrem neste mundo.
Todavia, lembremo-nos de uma importante questão: devemos falar de amor, como também manifestar o amor.
II – Neemias Ora e Jejua em Favor do seu Povo
Uma prática muito comum de nosso tempo é a busca pelo empoderamento do “eu”.
Ao olharmos as redes sociais, encontramos, com grande frequência, palavras como “Coaching” e “Coach”, e também convites em frases de efeito com letras destacadas dizendo:
“Acredite em você”, “Querer é poder”, “Você é um vencedor”.
À primeira vista, são teorias e convites legítimos, bons e bem-vindos, no entanto, se formos fazer uma análise mais criteriosa, perceberemos que eles não são efetivos e representam um grave problema da atualidade.
Uma tendência do ser humano é mostrar sua autonomia e independência de decisões e posturas, contudo há algo errado nessa postura: ela exclui Deus do processo.
Não fomos criados para nos separar do Senhor, mas sim para andarmos com Ele e, com nossa existência, glorificar o seu santo nome (1 Co 10.31).
Quando tentamos fazer as coisas do nosso jeito, somos levados a uma série de insucessos.
Somos falhos e imperfeitos e, quando fazemos as coisas do nosso jeito, elas, frequentemente, saem repletas de falhas e imperfeições.
Sigamos o exemplo de Neemias, que, diante de um grande desafio, trouxe Deus para “linha de frente”.
Ao ouvir o relato relacionado a Judá e Jerusalém, ele jejuou e orou buscando direção divina e, no tempo certo, levantou-se e foi cumprir exatamente aquilo que Deus havia colocado em seu coração.
Assim que retornou de Judá, Hanani, irmão de Neemias, trouxe informações as quais causaram uma tristeza muito grande.
A miséria e o desprezo do povo somavam-se à situação lamentável da cidade cujos muros estavam destruídos e com as portas queimadas. A gloriosa cidade de outrora agora agonizava em cinzas e pó.
Os cânticos das vitórias e celebrações dos tempos de Davi e Salomão, agora cediam espaço ao pranto e ao desconsolo.
Diante desse relato, seguiu-se no copeiro um grande e profundo pesar, levando-o a chorar muito e lamentar por alguns dias (Ne 1.4).
Podemos constatar, ao lermos a Bíblia, que Neemias era um homem de muita oração e de atitude.
Não obstante, há algo muito importante que precisa ser destacado aqui: ele era também alguém que sabia o valor das lágrimas e do pranto.
O ser humano tem um lado emocional bastante desenvolvido e precisa dar liberdade para essa área.
A necessidade de abrir o coração e se entregar ao choro é tão importante quanto seguir em frente e agir, mas tudo no tempo certo!
No período atual, é comum as pessoas afirmarem ser o choro um sinal de fraqueza, incapacidade e descontrole. Esse é um dos maiores e mais injustos enganos.
A Bíblia nos ensina que, para todas as coisas, há um tempo determinado: nascer, morrer, plantar, colher o que plantou, ferir, curar, derrubar, edificar e, inclusive, tempo de chorar e de prantear (Ec 3.1-8).
No Novo Testamento, há relatos das vezes em que Jesus também chorou.
Ele chorou junto ao túmulo de Lázaro, quando presenciou a dor de Marta e Maria, expressando a sensibilidade para com o sofrimento daquela família (Jo 11.17-37).
Outro momento em que Jesus chorou foi sobre Jerusalém, a cidade amada e impenitente, que em breve passaria por grandes problemas e perseguições com um alto custo de vidas humanas (Lc 19.41-44).
Ainda há o registro sobre as lágrimas e súplicas de Jesus durante a agonia do Getsêmani (Hb 5.7) onde, além do suor de sangue, o peso da culpa humana já castigava o Cordeiro que estava na iminência do sacrifício.
Que possamos, semelhantes a Neemias, também chorar e lamentar as injustiças do mundo que nos rodeia, as dores das pessoas sofredoras e a miséria daqueles que mal têm o que comer (Mt 5.4).
Assim como Jesus, que possamos ter o coração dilatado ao sofrimento do próximo e, simplesmente, chorar (Jo 11.32-36)!
O choro e o lamento são sinais de que somos sensíveis ao sofrimento do próximo e também que estamos prontos para sermos impelidos por Cristo a estender a mão (Sl 126.5-6).
Como já falamos anteriormente, há tempo para todas as coisas. Sobre isso, é preciso entender a necessidade de viver o tempo de cada etapa, como também devemos destacar que esse período sempre deve se findar no momento certo com prudência e equilíbrio.
O choro ocupou um período necessário na narrativa de Neemias, porém logo uma nova etapa teve início: o tempo de jejum e oração.
Não podemos fazer do choro e do lamento um estilo de vida, isso não agrada a Deus e não nos levará a lugar algum.
Há pessoas que passam a vida chorando, lamentando-se e não chegam a lugar algum.
Passado esse primeiro momento, chegou a vez da ação e, para um homem de Deus, a verdadeira ação começa com o jejum e a oração. Além da oração, Neemias jejuou se preparando para a demanda que se aproximava.
Diversas dúvidas sobre o jejum surgem em muitas rodas de conversa, entretanto, como deixar de lado a alimentação poderá influenciar na qualidade da nossa vida espiritual e do nosso relacionamento com Deus?
O motivo é simples: quando jejuamos, submetemos nossas vidas a uma dependência total de Deus e passamos a nos alimentar apenas da ação do Espírito Santo em nosso ser.
Ao abrirmos mão da ingestão de alimentos, nosso ser não recebe mais o maior alvo dos desejos da carne, que é a comida, e então nossos anseios são redirecionados para as necessidades espirituais.
É a nossa vida buscando vida no alimento espiritual, e não na comida física. Jesus nos deixou importantes instruções acerca do jejum:
“Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mt 6.17-18).
O jejum é algo íntimo, pessoal e que, preferencialmente, só deve ser falado ao nosso Deus em oração. Se jejuamos, buscamos o Espírito.
A informação da prática do jejum apenas deve ser compartilhada quando se trata de uma campanha de jejum coletivo, como acontece com frequência nas igrejas, onde todos nós, por um período determinado, fazemos juntos o jejum por um propósito único.
Há alguns jejuns bem conhecidos na Bíblia. Vejamos:
Jesus, no deserto, por 40 dias e 40 noites (Mt 4.2);
Moisés, no monte, dois jejuns de 40 dias e 40 noites (Dt 9.9-18);
Elias, apenas com dois pães e duas botijas de água dadas por um anjo, por 40 dias e 40 noites (1 Rs 19.3-8);
Daniel, parcial só com legumes e água, por três anos (Dn 1.3-20);
Josafá e todo o Judá (2 Cr 20.3);
Esdras no rio Aava (Ed 8.21); e tantos outros.
É importante destacar que a oração deve fazer parte do período que estaremos em jejum.
Você poderá separar momentos em que buscará um espaço para fazer suas orações mais à vontade e, nos demais horários, deverá estar conectado com Deus em uma constante disponibilidade para a ação do Espírito Santo em sua vida.
Se, porventura, jejuarmos em um dia de trabalho normal, devemos permanecer em constante oração, porém, é ideal separar alguns momentos para estarmos mais “à vontade” com Deus em um devocional especial: pode ser em qualquer horário de intervalo previsto em seu dia a dia, por exemplo.
Também devem ser observadas duas orações especiais: uma abrindo o jejum e afirmando o propósito em questão, e outra entregando o jejum.
Na presença do rei Durante a audiência com o grande Artaxerxes I (464 a 424 a.C.), imperador da Pérsia, o monarca lhe faz uma pergunta:
“Que me pedes agora?” (Ne 2.4).
Esse fragmento do texto bíblico revela muito sobre a vida de Neemias: ele era um homem de oração.
Veja bem: antes de fazer o seu pedido, o copeiro fez uma pausa. Em uma fração de segundos, ele fez mais uma “pequena oração” e, finalmente, fez seu pedido ao rei.
Em constante oração, Neemias teve sua trajetória marcada também por orações espontâneas, revelando uma contínua dependência da direção divina.
A oração é, sem dúvidas, uma disciplina espiritual essencial das pessoas que se permitem ser conduzidas por Deus.
O momento específico narrado no versículo em questão aponta a prioridade dada à direção espiritual em todos os momentos da vida do copeiro.
O rei, diante de sua corte, olha para o copeiro e o questiona, esperando uma resposta imediata, todavia, em questão de segundos, talvez na mais curta oração da Bíblia, Neemias ora ao Deus dos céus e responde à pergunta feita.
Esse ato denota intimidade, prioridade e confiança de um homem para com o seu Deus.
Quando fazemos da oração uma constante em nossas vidas, não existem desafios intransponíveis nem batalhas que não possam ser vencidas.
Na presença do imperador, Neemias teve ousadia para fazer o seu pedido, e, fortalecido pelas orações que fizera antes, a vitória foi certa.
III – Os Resultados da Oração de Neemias
A oração é um importante instrumento que evidencia o quanto o ser humano confia e depende de Deus.
O fruto da oração será sempre diretamente proporcional ao real significado, atribuído por aquele que ora, ao seu relacionamento com o Senhor.
Como esperar que a oração seja um diálogo se não buscamos a Deus com inteireza de coração? Será que a oração de um incrédulo é, de fato, uma “oração”? São perguntas importantes ao propormos essa reflexão!
Neemias tinha um relacionamento pessoal com Deus, e a oração era algo real na vida desse servo valoroso; dessa forma, os resultados não poderiam ser diferentes.
Depois de um importante período de preparação com jejum e oração, chegara a tão esperada hora. Neemias finalmente estava diante do imperador Artaxerxes.
Foi um dia de muita apreensão, contudo o copeiro real estava confiante. Como chegar diante do monarca e introduzir o assunto? Jamais poderia ser tão atrevido.
Era necessário esperar a oportunidade e confiar em Deus. Chegado o grande dia, o rei olhou a face do simples copeiro e imediatamente se preocupou com o semblante triste.
Por fim, perguntou: “Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isso senão tristeza de coração” (Ne 2.2).
Neemias fez uma breve oração e abriu o seu coração. Como servo do Deus altíssimo, fez a sua parte.
Já o Senhor soberano tocou o coração do imperador e o milagre aconteceu.
O rei deu a permissão, colocou Neemias na função de governador sobre Judá e redigiu os decretos reais que viabilizariam a construção da obra.
O trabalho de Neemias não foi nada fácil diante das inúmeras dificuldades.
Não só os povos vizinhos traziam problemas, bem como a própria comunidade judaica resistia, com furor, às ações de reconstrução e demais reformas necessárias.
No entanto, já no começo dos trabalhos, opositores se levantaram, entre eles: Tobias, Sambalate e Gésem. Inicialmente, zombaram de Neemias e seus ajudantes.
Em um segundo momento, levantaram uma série de calúnias (Ne 2.10-20) que insinuavam a intenção de rebelião frente ao imperador persa, Artaxerxes.
Qual a resposta de Neemias? Ele simplesmente orava e trabalhava com ainda mais intensidade. Havia uma grande obra a ser feita (Ne 6.3)!
Também grande dificuldade foi encontrada dentro da própria comunidade judaica: a ambição dos ricos impunha a dor e o sofrimento aos mais pobres, que eram explorados e humilhados.
Neemias combateu ardentemente essas injustiças e agiu com grande generosidade para com o povo (Ne 5.1-13).
Neemias também se empenhou em uma reforma, buscando a purificação da nação quanto aos abusos do casamento misto.
Ao final da reconstrução do muro, era notória a surpresa e considerável a impressão causada tanto nos apoiadores quanto nos adversários do projeto.
Uma tendência natural do ser humano seria colher os méritos para si, porém com Neemias era totalmente diferente.
Ele sabia que toda a glória pertencia a Deus e enfatizou o reconhecimento da edificação como uma obra do Senhor.
Sigamos esse exemplo e tenhamos sempre viva, em nossa mente, a convicção de que a “obra” é de Deus, assim como o nosso chamado, a capacitação, as condições e as forças.
Louvado seja o nosso amado Deus! Além do muro, grandes outras restaurações foram realizadas nos tempos de Neemias. Deus o honrou e o usou de forma poderosa em Judá. Em conformidade com Bentho (2019, p. 302):
Neemias termina o seu livro fazendo um resumo de suas grandes contribuições para o bem-estar do seu povo (13.30,31).
Além do marco que havia deixado, a reconstrução dos muros, também havia promovido profundas reformas civis, morais e religiosas.4
Neemias nos ensina com sua vida de oração e comprometimento com a obra de Deus que a verdadeira adoração não se restringe apenas ao exterior, mas, principalmente, é fruto de uma grande transformação no coração daqueles que buscam a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23).
Fonte: :: Portal da Escola Dominical – Lição 5 – Neemias: A oração de um construtor