INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo dos dons ministeriais, passaremos a estudar as funções eclesiásticas, começando pela de presbítero, bispo ou ancião.
– O presbítero, bispo ou ancião é uma atividade tipicamente pastoral na igreja local.
I – AS FUNÇÕES ECLESIÁSTICAS
– Após termos estudado a respeito dos dons ministeriais, vamos, nas duas próximas lições, analisar as chamadas “funções eclesiásticas”, ou seja, as funções estabelecidas na igreja local, que são as funções de presbíteros e de diáconos.
– O saudoso pastor Severino Pedro da Silva (1946-2013) considerava que a Igreja possui “sete colunas”, consoante nos dá conta Salomão em Provérbios 9:1, onde se verifica que a “casa da Sabedoria”, ou seja, a
Igreja do Senhor Jesus Cristo (Hb.3:3), tem sete colunas, que são os cinco dons ministeriais (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres) e as duas “funções eclesiásticas”, a saber, os presbíteros e os diáconos.
– Para entendermos o papel das “funções eclesiásticas”, torna-se necessário rememorar os dois conceitos de “igreja”.
– A palavra “igreja” surge, pela vez primeira, nas Escrituras, no evangelho segundo Mateus (Mt.16:18), quando é declarada pelo próprio Jesus que, assim, revela o “mistério de Cristo”, como o apóstolo Paulo chamou a “igreja” na epístola aos efésios.
É a palavra grega “ekklesia” (εκκλησια), cujo significado é “reunidos para fora”, “chamados para fora”. A palavra “ekklesia”, porém, já havia sido utilizada na Versão Grega do Antigo Testamento (a chamada Septuaginta)
para traduzir a palavra hebraica “qahal”(ל ָה),ָק que as nossas versões em língua portuguesa costumam registrar como “congregação”, nome pelo qual era conhecida a reunião do povo de Israel, principalmente no tempo da peregrinação no deserto,
quando Moisés costumava chamar todo o povo para algumas reuniões solenes à frente do tabernáculo que, por isso mesmo, era denominada de “tenda da congregação” (Nm.10:1-3).
– Notamos, pois, de início, que a palavra “igreja” fala de uma “reunião”, ou seja, um grupo de pessoas. Igreja não é um indivíduo, não é uma pessoa solitária, mas, sim, um grupo de pessoas, um conjunto de pessoas.
Desta forma, ficamos sabendo, já pela etimologia da palavra, que a salvação proporcionada por Jesus Cristo cria um novo grupo de pessoas, um novo povo.
Não se pode, pois, biblicamente falando, ser salvo e permanecer isolado, solitário na vida sobre a face da Terra.
Este novo povo, esta “igreja”, vem, portanto, realizar, concretizar aquilo que Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6) era apenas uma figura, um símbolo, uma sombra (Hb.10:1).
– Mas “igreja” não é apenas uma “reunião”, mas é o conjunto dos “reunidos para fora”, ou seja, daqueles que foram chamados, convocados, para sair do lugar onde estavam, da sua habitação, como, aliás, acontecia toda vez que Moisés tocava as duas trombetas de prata no deserto, sinal de que todo o povo deveria sair das suas habitações e comparecer até a frente do tabernáculo.
A “igreja”, pois, não é um povo que se formou por vontade própria, mas que foi resultado de um chamado, de uma ação divina. Por isso, Jesus diz que edificaria a Sua igreja e o apóstolo Paulo a denomina de “lavoura de Deus” e “edifício de Deus” (I Co.3:9). A igreja não
é uma criação humana, mas, sim, divina, é algo que se construiu pela vontade do Senhor. É uma “reunião” que não é obra de homem algum, mas do próprio Deus.
– A igreja não é uma reunião a esmo, sem propósito nem tampouco lugar. A igreja é o conjunto dos “reunidos para fora”, ou seja, é um povo que está “fora”, que se encontra em um lugar distinto e diferente do dos demais povos.
Ora, sabemos que a humanidade, por causa do pecado, encontra-se longe de Deus (Pv.15:29; Is.46:12; Mc.7:6), mas, quando aceita o chamado do Senhor, crendo em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, pelo sangue de Cristo deixa de ficar longe e passa a estar perto do Senhor (Dt.30:14; Sl.145:18; At.2:39; Ef.2:13,14).
Por isso, a igreja é formada por aqueles que estão “fora” do pecado, “fora” do mundo, “fora” das trevas. Há, portanto, uma verdadeira oposição entre a “igreja” e o “mundo”.
– Não é por outra razão que a “igreja” é denominada pelos estudiosos como a “agência do reino de Deus na Terra”, precisamente porque é se distinguindo dos demais homens, saindo para “fora do mundo” que se passa a pertencer a ela, o que nos faz lembrar as palavras de Jesus a Nicodemos a respeito do novo nascimento, sem o qual não se pode ver nem entrar no reino de Deus (Jo.3:3,5).
A igreja é um povo que se encontra na face da Terra mas que pertence a um reino que não é deste mundo (Jo.18:36 “in initio”).
– Este primeiro significado de “igreja” é o que se chama, também, de “igreja universal”, entendida esta como a reunião de todos os homens que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da obra redentora na cruz do Calvário, a “universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a),
ao “corpo de Cristo” (I Co.12:27; Ef.4:12),
a “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (I Pe.2:9),
o conjunto de todos os que creram em Jesus Cristo ao longo da história e que se reunirá, pela vez primeira, quando do arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo Filho com as seguintes palavras:
“Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.”(Hb.2:13 “in fine”).
– Neste “corpo de Cristo”, nesta “igreja universal”, como temos visto aos longo das cinco últimas lições, o Senhor levanta “ministros”, pessoas especialmente chamadas pelo Senhor para servir o povo de Deus, promovendo o “aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef.4:12).
Vemos, portanto, que os dons ministeriais são dados à “Igreja universal”, ao “corpo de Cristo”, independentemente de reconhecimento social.
– Mas, além deste significado primeiro da palavra “igreja”, também encontramos um outro significado nas Escrituras, notadamente a partir do livro de Atos dos Apóstolos, quando nos deparamos com a chamada
“igreja local”, ou seja, a igreja que se encontra em um determinado lugar, significado este que surge, pela vez primeira, em At.8:1, quando se fala na perseguição que se iniciou contra “a igreja que estava em Jerusalém”, para, logo em seguida, dizer que os membros desta igreja foram dispersos, com exceção dos apóstolos, passando a pregar a Cristo em todos os lugares, começando a narrativa por Samaria, para onde fora Filipe.
– Neste significado, encontramos a palavra “igreja” no plural, como se lê, por exemplo, em At.9:31, que fala das “igrejas em toda Judéia, e Galileia, e Samaria”.
– A “igreja local” nada mais é que um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo e que professam a Sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade.
É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar.
A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “igreja universal”, do “corpo de Cristo”.
– O crescimento da igreja, a evangelização, o cumprimento do “ide” de Jesus fez com que a igreja, o corpo de Cristo, passasse a ser maior do que a “igreja local”, que, era, então, restrita a Jerusalém (ainda que, em verdade, desde o dia de Pentecostes, que é o início da evangelização desta dispensação, já tenhamos pessoas que tenham aceitado a Cristo e não tenham ficado em Jerusalém, vez que estavam na cidade apenas para aquela festividade).
Passou a haver muitas “igrejas”, cada uma em um local, em um lugar, mas todas unidas espiritualmente pela comunhão com o único e verdadeiro Deus, pelo Espírito Santo que os mantinha em unidade com o Pai e o Filho.
– Tem-se, portanto, na Igreja, que é o Corpo de Cristo, a reprodução da própria dupla natureza que encontramos em Cristo Jesus.
Assim como Jesus é homem e Deus simultaneamente, sendo uma unidade e uma diversidade a um só tempo, também o Seu corpo, isto é, a Igreja, por Ele edificada, é, ao mesmo tempo, uma unidade, vez que se trata de o corpo de Cristo, o povo adquirido, a nação santa (I Pe.2:9), mas também é uma pluralidade, pois são várias as igrejas, cada uma em um determinado lugar, em um determinado local.
O único povo de Deus apresenta-Se sob muitas formas, demonstrando que o único Deus (Rm.16:27; I Tm.1:17; Jd.25) é, também, multiforme (Ef.3:10; Hb.1:1; I Pe.4:10).
– Deus, que criou o homem como um ser social (Gn.2:18), providenciou para que esta unidade espiritual desde já instaurada pelo perdão dos pecados e pela salvação em Cristo Jesus não se mantivesse apenas como uma nação espiritual,
pois isto seria insuficiente para a obra da evangelização e do aperfeiçoamento dos santos, tratando de estabelecer que a vida espiritual sobre a face da Terra, até a chamada individual de cada um para a eternidade, ou o arrebatamento da Igreja, com o término desta dispensação, se desse por meio da criação de um grupo social, onde os homens pudessem uns aos outros ajudar na dura e espinhosa jornada da fé:
a “igreja universal” depende, pois, da “igreja local” para chegar, em bom termo, à sua “inauguração”, o que se dará no dia do arrebatamento da Igreja.
– Ora, em razão desta realidade social da igreja, da “igreja local”, tornou-se necessário que o governo da Igreja fosse exercido, em termos de grupo social, por salvos que, tendo os dons ministeriais, assumissem, também, “funções eclesiásticas”, que nada mais são que atividades para organizar o funcionamento da “igreja local”, a fim de que ela possa exercer, em sua localidade, as missões que o Senhor Jesus deixou para a “igreja universal”.
– As “funções eclesiásticas”, portanto, são atividades exercidas na igreja local por pessoas chamadas pelo Senhor Jesus, a fim de que se cumpram as tarefas que o Senhor determinou para os salvos, para os membros em particular de Seu corpo.
– Os que desempenham tais “funções” são chamados de “oficiais”, como nos ensina o pastor Altair Germano, citando o teólogo Wayne Grudem, “in verbis”:
“…Os oficiais da igreja são pessoas publicamente reconhecidas como detentoras do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.…” (Eclesiologia: o governo eclesiástico na perspectiva bíblica, histórica e denominacional assembleiana. Disponível em: http://www.altairgermano.net/2014/01/eclesiologia-o-governo-eclesiastico-na.html Acesso em 28 mar. 2014).
– Vemos bem esta realidade no livro de Atos dos Apóstolos, quando, ao ter conhecimento da salvação de pessoas em Antioquia, os apóstolos tenham mandado para lá a Barnabé que passou a exercer a liderança naquela igreja, tanto que trouxe Paulo para que, durante um ano, ambos ensinassem aquela gente (At.11:22-26).
– De igual forma, Barnabé e Paulo, ao abrirem igrejas em sua primeira viagem missionária, enviados que foram pela igreja de Antioquia, também, antes de regressarem para Antioquia, também cuidaram de promover a eleição de “anciãos” em cada igreja (At.14:23), a fim de que coordenassem todo o trabalho de serviço a Deus naquelas localidades.
– É bem por isso que o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714), ao falar sobre os sete dons assistenciais elencados em Rm.12, entende que eles são relacionados com as funções eclesiásticas, já que exercidos na igreja local, entendendo aquele comentarista que o que Paulo a respeito de profecia, seria relacionado aos “bispos”, incluindo-se aqui o ensino, a exortação e a presidência, enquanto que o que se denomina de “ministério”, caberia aos diáconos, incluindo-se aí a repartição e a misericórdia.
OBS: “…Sete dons particulares ele especifica (Rm.12:6-8), o que parece dizer muitos ofícios distintos, usados pela constituição prudente de muitas das igrejas primitivas, especialmente as maiores.
Há dois dons gerais aqui expressos por profecia e ministério, aquela, trabalho dos bispos, este, trabalho dos diáconos, os dois únicos ofícios existentes, Fp.1:1.
Mas o trabalho peculiar a cada um poderia ser, e parece que era, dividido e repartido por comum consentimento e acordo, para que pudesse ser feito mais eficazmente, pois o trabalho de todo o corpo é o trabalho de ninguém…” (HENRY, Matthew. Comentário completo sobre a Bíblia toda. Com. Rm.12:6-21. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/romans/12.html Acesso em 27 mar. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
– Duas são as “funções eclesiásticas”, consoante verificamos em o Novo Testamento: os presbíteros e os diáconos.
Os diáconos surgiram ainda na igreja de Jerusalém, quando os apóstolos, não tendo condições de cuidar das necessidades materiais do povo, o que estava gerando murmuração, criaram esta função, que será objeto da próxima lição (At.6:1-6).
Esta estrutura foi reproduzida em todas as igrejas locais, como se verifica da igreja em Filipos, consoante a saudação que dá o apóstolo Paulo em Fp.1:1.
– A função de “presbítero”, também chamado de “bispo” ou de “ancião”, também surgiu logo na igreja primitiva. Como já vimos, Barnabé e Paulo instituíram “anciãos” nas igrejas locais que haviam fundado na Ásia, reproduzindo, também, algo que já havia em Jerusalém, visto que também se nota que, em Jerusalém, havia também “anciãos”, conforme se verifica de textos como At.11:30, onde se verifica que a igreja de Antioquia ajudou os crentes de Jerusalém numa época de fome, tendo mandado a ajuda para os anciãos daquela igreja.
– São, portanto, estas as duas “funções eclesiásticas” criadas pelos apóstolos para existirem nas igrejas locais, funções estas que não podem ser confundidas com “títulos” e “cargos” que, ao longo da história da igreja, foram surgindo, numa “burocratização” que até se compreende diante do crescimento da igreja enquanto organização. No entanto, todos os títulos surgidos ao longo da história se resumem a estas duas “funções”.
II – PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
– O objeto de nosso estudo é a função de presbítero. De pronto, salientemos que as palavras “presbítero”, “bispo” e “ancião” são sinônimas, designam a mesma função. Isto é importante porque, na
“burocratização” acima aludida, nas diversas organizações religiosas surgidas ao longo da história, estes termos passaram a “designar” “cargos diferentes”, a terem diversos significados, mas, na verdade, na Bíblia Sagrada, não há diferença entre estes termos, que denotam a mesma função.
OBS: “…Os termos ‘ancião, presbítero e bispo’ são sinônimos em o Novo Testamento [At.20:17,28; I Tm.5:17], até mesmo os apóstolos apresentam-se, às vez4s, como presbíteros, como ocorreu com Pedro [I Pe.5:1] e João [ III Jo.1].…” (DFAD XIV.4, pp.137/8).
– Por primeiro, cumpre observar que a palavra “presbítero” é uma palavra de origem grega, a saber, “presbyterous” (πρεσβυτερους), cujo significado outro não é senão “mais velho”. Assim, a palavra “ancião” e a palavra “presbítero” têm exatamente o mesmo significado, ou seja, de “pessoas mais velhas”, de “pessoas mais maduras”.
– Assim, quando encontramos, no texto bíblico, em o Novo Testamento, as palavras “ancião” e “presbítero”, em língua portuguesa, via de regra, elas são a mesma palavra grega “πρεσβυτερους”, de forma que a diferenciação é meramente de tradução.
Assim, v.g., em At.11:30; 14:23; 15:2,4,6,22,23; 16:4; 20:17; 21:18, onde temos, na Versão Almeida Revista e Corrigida a palavra “ancião”, mas a palavra grega original é “presbítero”.
– Em I Tm.5:9,17; Tt.1:5; Tg.5:14; I Pe.5:1 e III Jo.1, temos, em nossa versão em língua portuguesa, a palavra “presbítero”, que é precisamente a mesma palavra grega “πρεσβυτερους”, de modo que a diferença existente é meramente de opção de versão, sendo que o texto original se refere a “anciãos” e “presbíteros”, com a mesma palavra, a indicar que se trata da mesma função, da mesma coisa.
– Mas além dos termos “presbíteros” e “anciãos” que, a rigor, são a mesma palavra no original grego, também temos uma outra denominação dada a esta função no texto bíblico, que é a de “bispo”, aqui, sim, uma outra palavra grega, a saber, “épískopos” (έπίσκοπος), cujo significado é o de “observador”, “aquele que olha sobre os demais”.
– Apesar de aqui nós termos uma palavra diferente, ela não tem um significado diferente do de “presbítero” ou de “ancião”. Senão vejamos.
– A primeira vez que a palavra aparece no texto sagrado é em At.20:28, na fala de Paulo aos obreiros da igreja de Éfeso, que ele mandara chamar para se encontrar com ele em Mileto.
Ora, uma simples análise do texto nos permite verificar que Paulo mandou chamar os “anciãos da igreja” de Éfeso, como se vê em At.20:17.
Ora, é a estes “anciãos” (em grego, “presbyterous”), que o apóstolo chama de “bispos” (épískopos”) em At.20:28, ou seja, “presbítero”, “ancião” e “bispo” constitui na mesmíssima função, apenas com uso de palavras diferentes.
– Quando escreve sua carta aos filipenses, o apóstolo Paulo se dirige aos “bispos e diáconos” da igreja de Filipos, ou seja, chama os “anciãos” e “presbíteros” de “bispos”.
Em I Tm.3, Paulo fala dos requisitos para a escolha tanto de bispos quanto de diáconos e os requisitos que considera como sendo dos “bispos” (I Tm.3:1-7), repete na sua carta a Tito, dizendo serem os requisitos exigidos aos “presbíteros” (Tt.1:5-9), inclusive utilizando tanto da palavra “presbítero” (Tt.1:5), quanto da palavra “bispo” (Tt.1:7), a mostrar que tanto um quanto outra palavra se referem à mesma função.
– Portanto, a função de “presbítero”, “ancião” e “bispo” é exatamente a mesma, não havendo, no texto bíblico, qualquer diferença entre elas, pois se referem ao mesmo trabalho na igreja local.
– Como dissemos, ao longo da história da igreja, criou-se uma “burocratização”, elaborou-se uma
“hierarquia eclesiástica”, por causa do próprio crescimento da igreja e se acabou adotando uma diferenciação entre “bispo” e “presbítero”, de tal sorte que o “bispo” passou a ser a autoridade maior, o responsável pela igreja local, enquanto que os “presbíteros” passaram a ser os auxiliares desta autoridade maior. Criou-se, então, a “forma episcopal de governo”, em que os “bispos” passaram a ser “superiores” dos “presbíteros”.
– Esta passou a ser forma de governo adotada pelas organizações surgidas na Igreja, como a Igreja Romana, a Igreja Ortodoxa, ainda que contestada por um ou outro movimento alternativo surgido ao longo dos tempos e que, via de regra, era considerado como herético e combatido.
– Com a Reforma Protestante, porém, esta forma episcopal foi contestada por alguns e surgiram duas outras formas de governo na igreja: a forma presbiteriana e a forma congregacional.
– Na forma presbiteriana, o governo da igreja passou aos “presbíteros”, ou seja, aos “anciãos”, aos crentes mais maduros e que assim eram eleitos pela congregação.
O governo passou a ser exercido pelo “presbitério”, que é o conjunto dos presbíteros, que, inclusive, tinham o poder de escolher o “pastor”, aquele que haveria de cuidar do rebanho do ponto-de-vista espiritual.
Foi a forma adotada pela Igreja Presbiteriana, que, aliás, foi assim chamada precisamente por esta sua forma de governo.
OBS: Mesmo os presbiterianos fazem distinção entre presbíteros, como se pode verificar no seguinte artigo: A distinção entre presbíteros docentes e regentes – parte I – http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com.br/2011/03/distincao-entre-os-presbiteros-docentes.html e parte II – http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com.br/2011/03/distincao-entre-os-presbiteros-docentes_7181.html.
Aliás, o documento intitulado “Forma de Governo Presbiterial da Igreja, aprovado na Assembleia de Westminster, é claríssima ao dizer que os oficiais ordinários e perpétuos da igreja eram pastores, mestres, outros governantes da igreja e diáconos.
Estes outros governantes da igreja são, precisamente, os presbíteros, “in verbis”: “…Assim como houve na igreja judaica anciãos que unidos aos sacerdotes e levitas no governo da Igreja, assim Cristo, que instituiu o governo e os governantes eclesiásticos na igreja, forneceu alguns na Sua Igreja, além dos ministros da palavra, com dons para governo, e com comissão para executar o mesmo que aqueles, para se unir ao ministro no governo da igreja.
Estes oficiais são comumente chamados nas igrejas reformadas de presbíteros.…” (Disponível em: http://www.reformed.org/documents/wcf_standards/index.html?mainframe=/documents/wcf_standards/p395-form_presby_gov.html Acesso em 01 abr. 2014) (tradução nossa de texto original em inglês)
– Na forma congregacional, o governo da igreja passou à “congregação”, ou seja, à própria assembleia dos membros, que escolhem eles próprios o “pastor”, o responsável pelo rebanho.
Existe um corpo de obreiros, entre os quais os “presbíteros”, que são auxiliares do pastor, mas quem detém o governo da igreja é a “congregação”, a reunião de todos os membros da igreja local. É a forma adotada pelos anabatistas e pela Igreja Batista.
– É bom salientar, porém, que mesmo movimentos oriundos da Reforma Protestante ou dela decorrentes mantiveram a forma episcopal de governo, como a Igreja Anglicana e a própria Igreja Metodista.
– Em todas estas formas de governo, portanto, faz-se uma diferenciação entre “presbíteros” e “pastores” ou “bispos”, mas se trata de uma distinção surgida ao longo da história, que não tem respaldo no texto bíblico, onde estes termos são intercambiáveis.
– Nas Assembleias de Deus não foi diferente, como nos dá conta Isael de Araújo, citado pelo pastor Altair Germano, “in verbis”:
“…As bases teóricas e argumentativas para a distinção nas Assembleias de Deus no Brasil, entre os que são chamados de “Ministros” (pastores e evangelistas), diferenciando-os dos presbíteros, foram lançadas pelo missionário e evangelista sueco Nils Kastberg:
O missionário sueco Nils Kastberg escreveu, em seu artigo “Os presbíteros”, publicado no Mensageiro da Paz de agosto de 1936, p. 2, 2ª quinzena, que a Bíblia mostra, “com toda clareza”, que há duas qualidades de presbíteros. Uma qualidade é a de apóstolos, pastores e ensinadores que também são presbíteros, com base em Ef 4.11 e 1 Pe 5.1, e nos “anjos” das sete cartas do apocalipse, que, em primeiro lugar, tinham responsabilidade pelo trabalho na igreja.
Esta classe de presbítero mencionada nestes textos bíblicos, segundo Kastberg, é a que, em geral, representa os que são chamados inteiramente para o ministério, e que têm o seu sustento, completo ou em parte, da igreja onde trabalham, ou de outra igreja que queiram, por algum motivo, auxiliar, ou seja, aquela que o presbítero dirige como pastor.(ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 716).
O pensamento de Kastberg veio a influenciar as resoluções convencionais em torno da questão. Em 1937, na Assembleia de Deus em São Paulo-SP, após intensos debates, os convencionais compreenderam, com base nos textos de 1 Pedro 5.1, Atos 20.28 e 1 Timóteo 5.17, que,
em certos casos, parecia haver uma diferença entre anciãos e anciãos com chamada ao ministério, e estabeleceram, assim, a hierarquia eclesiástica que até hoje prevalece nas Assembleias de Deus no Brasil (DANIEL, Silas. História da Convenção geral das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 135).…”
(GERMANO, Altair. end.cit.)
– A Declaração de Fé das Assembleias de Deus assim enfrenta esta questão: “…CREMOS, professamos e ensinamos que existe hierarquia no céu e na terra e também na Igreja, pois todos nós estamos sob autoridade; todos nós prestamos contas a alguém, à autoridade [Rm.13:1; Hb.13:7](…).
A forma de governo da Igreja é bíblica e define quem exerce autoridade no que diz respeito ao serviço do culto coletivo e às questões doutrinárias e administrativas.
Nossa estrutura constitui-se de pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos e cooperadores, estes últimos identificados também como auxiliares ou trabalhadores de acordo com a região.
O termo ‘obreiro’ é genérico e usamos praticamente para todos os cargos e funções na igreja. Nosso modelo de governo de igreja tem por base as Escrituras Sagradas.” (DFAD XIV, p.135).
– “…Embora seja comum haver muitos pastores numa mesma igreja, apenas um dele é o que preside [I Ts.5:12]. Pastores e evangelistas são indicados por ministérios locais em convenções e ordenados perante a Igreja(…).Os pastores auxiliares e os evangelistas cooperam com o pastor-presidente nas igrejas e congregações…” (DFAD XIV.3, p.137).
“…Em nossa estrutura de governo, presbíteros e diáconos são cargos locais; eles são consagrados ou separados nas igrejas locais [I Tm.4:14]. Os presbíteros são auxiliares dos pastores; eles constituem o corpo auxiliar no governo da igreja sob a presidência de um pastor [I Tm.5:19]…” (DFAD XIV.4, p.138).
– Cabe aqui fazer um breve comentário sobre as organizações e denominações que fazem questão de dizer que não possuem “pastores”, mas apenas, “anciãos”, uma vez que Jesus seria o único pastor.
Já vimos na lição 9 que tal entendimento não tem qualquer respaldo bíblico, uma vez que as Escrituras nos dizem que Jesus é o “Sumo Pastor”, a nos mostrar que existem outros, que são Seus auxiliares. Além do mais, o texto bíblico em Ef.4:11 é claríssimo ao dizer que o Senhor deu pastores à igreja.
– Como se isto fosse pouco, vemos, com absoluta clareza, que os “anciãos” nada mais são que “pastores”, ou seja, pessoas incumbidas de dirigir, de cuidar do rebanho do Senhor.
Assim, chamar alguém que exerça a função de pastor de “ancião” nada mais é que “chover no molhado”, como costuma dizer um conhecido dito popular.
– A instituição de “anciãos”, “bispos” ou “presbíteros” na igreja local decorreu de dois fatores principais. O primeiro deles é que a igreja local, assim como a igreja universal, precisava de governo, pois nosso Deus é Deus de ordem e não de confusão (I Co.14:33).
– Jesus é a cabeça da Igreja, ou seja, o Seu governante, o Seu rei, o Seu comandante (Ef.1:22; 5:23). Jesus foi constituído Senhor sobre todas as coisas (Mt.28:18; Rm.14:9) e não deixaria de sê-lo com relação à Sua Igreja, que Ele comprou com o Seu próprio sangue (At.20:28).
Tendo criado a Igreja, nada mais natural que seja o seu Senhor, o seu Rei, o seu Governante. Por isso, todos os membros da Igreja, por maior autoridade que tenham, não passam de ministros de Jesus, ou seja, de Seus servidores (Mt.20:25-28; Mc.10:34-37; Jo.13:13-17;Ef.3:7).
OBS: As versões mais novas das Escrituras em língua portuguesa têm utilizado a expressão “o cabeça da Igreja” ao invés da expressão “a cabeça da Igreja” que constava das versões mais antigas. Deploramos esta modificação, pois não corresponde a uma correta tradução.
A expressão “o cabeça” tem a conotação de “líder rebelde”, de “líder de revolta” e, evidentemente, não é este o significado que as Escrituras trazem a respeito de Jesus diante da Igreja. Ele é o líder legítimo e natural da Igreja.
Além do mais, a expressão “a cabeça” está em perfeita consonância com a figura da Igreja como “corpo”, que é encontradiça e predominante na epístola aos efésios, onde aparecem as duas referências de Cristo como “cabeça da Igreja”.
– Por ser a cabeça da Igreja, é nas mãos do Senhor Jesus que está o governo da Igreja, o comando, a palavra final. Por isso mesmo a Bíblia nos diz que é Ele quem constitui os ministros na Igreja (Ef.3:7; 4:11).
– Jesus não delegou a pessoa alguma a liderança da Igreja. Diz a Escritura que Ele é a cabeça da Igreja. Mandou-nos o Espírito Santo, Deus como Ele, para estar conosco e em nós, sendo esta Divina Pessoa responsável pela importante tarefa de não nos deixar esquecer o que foi anunciado pelo Senhor Jesus (Jo.16:13,14).
É, pois, na condição de Revelador de tudo quanto o Filho quer fazer na Sua Igreja, que o Espírito seleciona homens para o ministério (At.13:2) ou prescreve orientações para a Igreja (At.15:28).
Assim, se nem a uma Pessoa Divina é dada autonomia para dirigir a Igreja do Filho do Deus vivo, como ousam alguns homens querer arrogar para si a liderança da Igreja?
OBS: Não falemos do Papado, que se arroga o direito de ser “a cabeça visível da Igreja”, como se fosse possível a Igreja ter mais de uma cabeça, ou dos Presidentes mórmons, que se arrogam o título de Profetas e detentores atuais do Sumo Sacerdócio, ou, ainda, do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová.
Falemos dos “pastores-presidentes”, “apóstolos”, “querubins”, “anjos de fogo” e “bispos” que têm querido dominar o rebanho de Deus nos nossos dias, misturando suas vaidades, lascívias, ambições políticas e tantas outras coisas com a Palavra de Deus e buscando uma autoridade sobrenatural para impor suas sandices por sobre os servos do Senhor.
Vigiemos, estamos nos últimos dias, onde proliferam estes falsos cristos, falsos apóstolos e falsos profetas a tentar nos levar com eles para o fogo do inferno.
– Jesus estabeleceu na Igreja um governo, de modo que a existência de um governo na igreja (e tal governo só pode ser na igreja local) não se constitui em invenção humana nem em distorção doutrinária, mas no estrito cumprimento do modelo bíblico prescrito pela cabeça da Igreja.
Por isso, se o “mandonismo humano” não tem respaldo das Escrituras, também não tem guarida na Palavra de Deus outras iniciativas dos nossos tempos de um verdadeiro “anarquismo cristão”, que defende um modelo de igreja onde não haja governo algum, onde “todos são iguais”, onde “não haja ministério” nem qualquer disciplina ou ordem de qualquer natureza.
Isto nada mais é que afronta à Palavra de Deus, verdadeira rebeldia, rebeldia esta que as Escrituras dizem ser do mesmo valor que o pecado de feitiçaria (I Sm.15:23).
OBS: Por isso, sem qualquer sentido o “localismo” defendido por Watchmann Nee, que tem angariado tantos adeptos na atualidade e cuja literatura perniciosa tem encontrado guarida em nossas livrarias e editoras. Também se encontram dentro desta distorção iniciativas como o gedozismo e suas variações no movimento celular.
– O segundo fato é que, tendo surgido dentro de um ambiente cultural judaico, a igreja, desde logo, adotou o mesmo parâmetro de governo que existia no povo de Israel.
Israel, tendo surgido da multiplicação da família de Jacó (Ex.1:7), desde cedo se organizou em torno da figura dos anciãos, ou seja, dos pais das famílias surgidas da família de Jacó (Ex.3:16,18; 4:29; 12:21; 17:5),
pessoas mais idosas e experientes que tinham evidente ascendência sobre os seus filhos, netos e bisnetos e que, portanto, eram as verdadeiras autoridades no meio do povo. Eram os “zaqen” (ֽ ז ֵקָז),que a Septuaginta traduz precisamente por “presbyterous”.
– Esta forma de repousar o governo sobre os mais idosos, os mais maduros, os pais de família não era distintiva dos israelitas, nem tampouco da Antiguidade Oriental.
Vemos esta mesma forma de governo na República Romana, onde o poder se encontrava nas mãos do “Senado”.
E o que é o “Senado”? É a reunião dos “senadores”. E o que significa a palavra “senador”, em latim, “senator”? Nada mais, nada menos que “mais velhos”, pois “velho” em “latim” é “senex”.
– Temos, então, que nada mais natural que o governo na igreja, naquele contexto cultural, fosse construído a partir daqueles que tinham maior maturidade, mais idade num primeiro momento e, posteriormente, maior maturidade espiritual, sempre, porém, dentre aqueles que eram efetivamente chamados pelo Senhor para o exercício dos dons ministeriais.
II – AS FUNÇÕES E OS REQUISITOS PARA SER PRESBÍTERO, ANCIÃO OU BISPO
– Visto, portanto, que “presbítero”, “ancião” e “bispo” dizem respeito à mesma função eclesiástica, podemos perguntar, então, qual é o teor desta função e quais os requisitos para exercê-la.
– Vemos, de pronto, que o “presbítero”, “ancião” ou “bispo” tem, como função, exercer o pastorado, o ministério pastoral na igreja local. Sua função nada mais é senão a de “apascentar o rebanho do Senhor”, como diz, claramente, o apóstolo Pedro em I Pe.5:1.
Foi para isso que Barnabé e Paulo constituíram anciãos nas igrejas que haviam fundado na Ásia (At.14:23) e isto que Paulo lembrou aos anciãos de Éfeso, chamados por ele de bispos, quando deles se despediu em Mileto (At.20:28).
– Dentro deste contexto, conforme já salientamos, Matthew Henry, em seu Comentário Bíblico sobre a Bíblia Toda, ao comentar Rm.12, diz que é tarefa dos presbíteros, anciãos ou bispos o desempenho dos dons assistenciais de ensino, exortação e presidência (Rm.12:7,8).
OBS: “…Pastores e mestres são o mesmo ofício (Ef.4:11) (…) Deixe aquele que deve exortar, fazê-lo. Este é o trabalho do pastor. (…). Os que presidem com cuidado. Parece que ele está a dizer sobre aqueles que são auxiliares dos pastores no exercício da disciplina da igreja …” (HENRY, Matthew. end.cit.).
– Portanto, vemos que os “presbíteros”, “anciãos” ou “bispos” nada mais são que os que detêm o ministério pastoral, concedido por Cristo Jesus, e que devem ser reconhecidos pela igreja local, que deve, então, separá-los para tal exercício.
– Como já tratamos de quais são as funções do ministério pastoral, na lição 9, apenas nos deteremos sobre os requisitos bíblicos para que alguém seja separado para o presbitério.
OBS: “…Os deveres destes oficiais [presbíteros, observação nossa] em relação à Igreja eram muitos, entretanto, os que se destacaram foram estes:
cuidar do rebanho juntamente com os apóstolos e pastores das Igrejas locais (At.20.17,28; Fp.1.1; Tt.1.5; Tg.5.14; I Pe.51-3);
colaborar com os dirigentes locais, na hospedagem dos irmãos e obreiros (I Tm.3.2; Tt.1.8; 3 Jo vv.9,10);
cuidar bem de suas famílias e das Igrejas a que eles pertencem (I Tm.3.4,5);
ungir as pessoas doentes quando fossem solicitados por seus familiares e amigos (Tg.5.14);
velar ao lado dos apóstolos e pastores pela sã doutrina (Tt.1.9); e,
acima de tudo: adorar a Deus (cf. Ap.4.10).…” (SILVA, Severino Pedro da. A Igreja e as sete colunas da sabedoria, p.233).
– Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo deixou instruções a respeito dos requisitos que deveriam ter aqueles que fossem separados para o exercício do ministério pastoral, sendo constituídos como “presbíteros”, “anciãos” ou “bispos”.
Tais instruções foram deixadas em duas de suas chamadas “cartas pastorais”, escritos que deixou para Timóteo (I Tm.3:2-7) e Tito (Tt.1:6-8), exatamente para que não houvesse engano no instante da separação de tais pessoas na igreja local.
– O primeiro requisito para o exercício do presbitério é a irrepreensibilidade. Diz o apóstolo Paulo que o bispo deve ser irrepreensível (I Tm.3:2), denotando, assim, explicitamente que a irrepreensibilidade deve ser uma característica indispensável para que alguém seja presbítero.
– Ser irrepreensível é não ser capaz de ser repreendido e isto é uma característica que só tem quem está em comunhão estreita e íntima com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Não poder ser repreendido é não poder ser objetado por quem quer que seja, crente ou ímpio, por conta dos atos que têm praticado.
É ter uma vida cujas ações e atitudes denotam um caráter de santidade e de obediência à Palavra de Deus que não permita qualquer oposição, a não ser a natural oposição do adversário de nossas almas.
– O segundo requisito trazido pelo apóstolo para que alguém possa ser guindado ao ministério é que seja marido de uma mulher (I Tm.3:2).
O que se está a exigir aqui é que o candidato ao ministério tenha um bom porte familiar, ou seja, que seja reconhecidamente um “pai de família”, um “chefe de família”, ou, para se utilizar de uma típica expressão popular que já está fora de moda, “gente de família”.
– Para se ser “marido de uma mulher”, é preciso ser alguém que seja amoroso, tenha uma afetividade evidenciada e genuína, pois, caso contrário, sempre estará só na sociedade, pois sua mulher não quererá acompanhá-lo.
– O amor que a Palavra de Deus exige do marido, ademais, não é qualquer amor, mas um amor intenso e que seja de renúncia. Com efeito, o marido deve amar sua mulher como Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela (cf. Ef.5:25).
O candidato a ministro deve amar sua mulher e estar pronto a se entregar por ela. Reside aqui, aliás, um dos grandes equívocos que têm sido cometidos pelos obreiros nos nossos dias, a saber, o de menosprezo da família em favor da obra de Deus. Não pode ser presbítero quem não esteja disposto a se sacrificar por sua família.
– O obreiro deve ser o primeiro a zelar pela sua própria casa, deve ser o primeiro a instituir o culto doméstico e a gerar, em seus filhos, o prazer no serviço a Deus, a conseguir a cumplicidade e o apoio de sua mulher no exercício de suas funções na casa do Senhor.
– O obreiro deve ter uma vida familiar própria e peculiar, que não se misture com a casa de Deus, pois o texto bíblico é claro ao apresentar estes dois ambientes como ambientes paralelos, que não se misturam, mas que trazem, reciprocamente, vigor e autoridade ao ministro.
– Aqui também se tem uma outra característica inafastável do texto bíblico: a de que o presbitério é algo privativo de homens, pois só homens podem ser “maridos de uma mulher”.
Não há, portanto, qualquer base bíblica para que mulheres sejam separadas para tal ofício. O aparecimento de “presbíteras”, “pastoras” e até “episcoposas” em igrejas locais, inclusive algumas Assembleias de Deus, é nítida afronta ao texto bíblico, não tem qualquer embasamento doutrinário, é mais uma das heresias e falsos ensinamentos que têm adentrado no meio da igreja nestes dias de apostasia espiritual.
OBS: Registremos, aliás, que se fala muito em “bispas”, palavra que, entretanto, tem sido indevidamente utilizada. “Bispa”, conforme nos ensina o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “uma variedade de manga”. O feminino de “bispo” é “episcopisa”.
– O pastor Antonio Gilberto assim se manifestou sobre o ministério pastoral feminino: “…Não, não e outra vez não! Não existe! Ordenação… Mulheres no Santo Ministério, tanto venham.
Inclusive muitas vezes elas fazem o trabalho melhor do que os homens. Mas ordenar para o Santo Ministério, não tem base nas Escrituras.
E como é que isso está acontecendo? É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres.
O apóstolo Paulo que é um paradigma, não separou, nunca ordenou mulheres. …” (Os desvios doutrinários e a importância da doutrina bíblica para a Igreja. Entrevista ao Seara News. 27 nov. 2012. Disponível em: http://searanews.com.br/pr-antonio-gilberto-a-importancia-da-doutrina-biblica-para-a-igreja/#.UzRThKIqN2Y Acesso em 27 mar. 2014).
– Merece também menção o pronunciamento do pastor Ciro Sanches Zibordi, a respeito do assunto: “…Amadas irmãs, peço-lhes que não fiquem bravas comigo. Talvez, se eu fosse uma mulher, as irmãs aceitariam melhor o que tenho exposto.
Mas quero lhes dizer que as irmãs podem e devem pregar o evangelho, orar pelos enfermos e desempenhar todas as tarefas de um seguidor de Jesus (Mc 16.15-18), pois também são cooperadoras de Deus (1 Co 3.9).
O que lhes é vedado, não por mim, mas pela Palavra de Deus, é o desempenho de funções reservadas aos ministros …” [O que a Bíblia diz( ou não diz) sobre o chamado ministério pastoral feminino. Disponível em: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2008/05/o-que-bblia-diz-ou-no-diz-sobre-o.html Acesso em 27 mar. 2014).
– O terceiro requisito para que alguém seja separado ao presbitério é a vigilância. O obreiro deve, como crente que é, ser uma pessoa vigilante.
– O crente deve ser vigilante, estar sempre atento a todos os movimentos que estão à sua volta, a fim de que não seja apanhado de surpresa pelo adversário, devendo, pois, de modo geral, estar vigiando, que é o que o Senhor recomenda expressamente a toda a Igreja (cf. Mc.13:37).
– Pois bem, se para o crente a vigilância já é um imperativo, que dirá para o obreiro, que se encontra em posição de eminência e com maiores responsabilidades na Igreja, pois, como afirma a Palavra do Senhor, “…a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.”(Lc.12:48).
– Estando em posição de destaque diante do povo de Deus e da sociedade, o obreiro deve ter redobrada vigilância, buscando viver aquilo que ensina e propala na pregação e ensino da Palavra do Senhor, sob pena de retirar toda a credibilidade de sua pregação.
– O obreiro deve ser vigilante na transmissão da doutrina para o povo de Deus. Os ministros do Senhor têm a incumbência de transmitir a Palavra de Deus, de ensiná-la e devem ser transmissores fiéis, meros condutores da Palavra que é de Deus e não deles. Muitos não têm vigiado e, por causa disso, a doutrina não tem sido transmitida devida e corretamente para o povo.
– Muitos não têm sido vigilantes e acabam transmitindo ao povo doutrinas de homens, pensamentos seus e até doutrinas de demônios, colocando veneno na panela, causando grande prejuízo espiritual ao povo do Senhor.
– O quarto requisito para o presbitério é a sobriedade, ou seja, o estado segundo o qual a pessoa não se encontra enebriada, embriagada, ou seja, encontra-se dentro de um perfeito reconhecimento da realidade que a cerca.
A sobriedade é, precisamente, a noção de onde se está, do que se é, do que se pode, ou não, fazer. Ser sóbrio é, sobretudo, não se deixar levar pela sensação do poder.
– Ser sóbrio é não se deixar enebriar pelo poder, é não ceder à tentação de ter domínio sobre o povo de Deus (I Pe.5:3), é compreender que somente seremos alguém relevante e proeminente na casa do Senhor se agirmos como o homem que o próprio Jesus disse que foi o maior profeta dentre os nascidos de mulher, João Batista (Lc.7:28).
A qualidade que fez com que o Senhor considerasse João Batista o maior de todos os seres humanos pecadores foi somente uma: a humildade, pois, em pleno vigor de seu ministério, João soube, exatamente, qual era o seu lugar, ao afirmar que deveria diminuir para que Cristo crescesse (cf. Jo.3:30).
– O quinto requisito para o presbitério é a honestidade. A versão do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, a primeira versão em português feita pela Igreja Romana, datada de 1842, traduziu esta característica do obreiro como sendo “concertado”, ou seja, compromissado, comprometido, responsável por força de um pacto.
Parece-nos interessante trazer esta outra expressão para demonstrar a amplitude do termo “honesto”, que assume uma conotação, nos nossos dias, mais voltada ao aspecto financeiro, visão que não corresponde ao alcance do texto em foco.
– Ser honesto é ser comprometido com obrigações e responsabilidades assumidas, é cumprir rigorosamente com o que prometeu, com o que se comprometeu.
A Ver~soa King James Atualizada traduz a palavra grega, que é “kósmios” (κόσμιος), como “respeitável”, ou seja, alguém que se dá ao respeito, que tem credibilidade, que vive aquilo que prega e ensina.
– O sexto requisito para o presbitério é a hospitalidade, que, inclusive, alguns estudiosos das Escrituras entendem ser um dom assistencial.
Esta qualidade era fundamental nos tempos apostólicos, ante a total falta de infraestrutura para a acolhida de irmãos, já que o precário sistema de estalagens e de hospedagens daqueles dias confundiam-se com a prática do meretrício e de toda sorte de prostituição.
– Esta característica, nos nossos dias, onde a urbanização excessiva e a violência urbana fazem com que se tenha uma realidade totalmente distinta daquela vivida nos primeiros tempos da igreja, tende a ser negligenciada e até desprezada nas nossas igrejas locais, postura, entretanto, que não pode ser tolerada, se é que cremos que a Palavra de Deus é atemporal e que, portanto, não podem as mudanças sócio-culturais invalidá-la.
– Não deixamos de reconhecer que a exigência da hospitalidade, nos nossos dias, não tem o mesmo caráter que tinha nos tempos de Paulo e de Timóteo, mas, também, é inegável que a hospitalidade deve ser uma qualidade presente, notadamente, entre os ministros, a quem cabe, em primeiro lugar, acolher os irmãos e os visitantes em geral nas igrejas locais, algo que, lamentavelmente, tem sido totalmente desvirtuado atualmente.
– Ser hospitaleiro é muito mais do que estar disposto a receber alguém para dormir ou tomar uma refeição na sua casa.
Ser hospitaleiro é estar disposto a acolher e acolher envolve mais do que suprimento de necessidades físicas ou higiênicas, mas significa poder transformar seu lar e sua pessoa num refúgio para quem está cansado, atribulado, angustiado e aflito.
– Ser hospitaleiro é ter condições de ser um verdadeiro “hospital”, ou seja, ser alguém que possa amainar a dor, o sofrimento, a doença, a necessidade do próximo.
– O sétimo requisito é a aptidão para o ensino. É fundamental que o presbítero seja pessoa que tenha condições de ensinar a Palavra de Deus e tem sido este um requisito que tem sido deixado de lado pelas igrejas locais, para grande prejuízo da Igreja do Senhor, em especial no Brasil, onde o vertiginoso crescimento da Igreja tem sido, indevidamente, aliado a um espontaneísmo e a um anti-intelectualismo que se confunde com a ação do Espírito Santo.
– Para quem alguém esteja apto para ensinar, é preciso, em primeiro lugar, que esteja disposto a aprender.
Ser discípulo de Jesus é ser Seu aluno, pois a palavra “discípulo” quer dizer aluno. Jesus disse que os apóstolos deviam “fazer discípulos” (Mt.28:19-ARA e NVI), ou seja, pessoas que quisessem aprender.
– Então, o primeiro ponto que devemos observar no candidato a obreiro é se frequenta as reuniões de ensino da igreja local (culto de oração e doutrina, escola bíblica dominical, seminários, palestras etc.), se está aprendendo.
Em seguida, devemos testá-lo no exercício do ensino da Palavra, dando-lhe oportunidades para que venha a fazer estudos bíblicos, a fazer explanações da Palavra do Senhor. Somente assim teremos observado se o crente está em condições de ser guindado ao ministério.
– O oitavo requisito para o presbitério é o de não ser dado ao vinho, ou seja, não pode ser portador de vício de qualquer espécie. O que Paulo está aqui a advertir é que observe não a história do candidato ao presbitério, mas, sim, o seu momento espiritual presente, o atual instante de espiritualidade do candidato a obreiro.
– Quando o candidato se batizou em águas, ele dava frutos de arrependimento, ele demonstrava estar liberto de todo e qualquer vício (assim se espera que tenha ocorrido…), mas, e agora, como é a vida do candidato ao ministério?
Tem ele sido um instrumento nas mãos do Senhor, ou tem se deixado dominar por algum vício, seja ele qual for?
– Não basta observar se o candidato ao ministério bebe, fuma, usa drogas, joga ou algo similar, o que é muito improvável que esteja ocorrendo, mas é preciso verificar se algo não lhe tem dominado, se ele não consegue se desvencilhar de certos vícios adquiridos durante a jornada de fé.
– Será que o candidato ao ministério não está preso a certas práticas que denotem certos vícios, tais como a avareza, ou o descontrole desmedido no consumo e na ostentação?
Será que não tem demonstrado descontrole em aspectos morais, particularmente de moral sexual, não conseguindo resistir aos apelos da mídia no que respeita a pornografia ou sensualismo?
Será que não tem se tornado um “workaholic”, sendo viciado em trabalho, a ponto de ter deixado, em segundo plano, suas relações familiares e, até mesmo, a obra do Senhor?
Será que não tem se prendido a certas práticas, como assistir a certo programa de televisão ou participar de certo evento, que não é pecaminoso em si, mas que leve para o segundo plano tudo o mais, inclusive a adoração ao Senhor?
– “Não dado ao vinho” é, portanto, uma característica muito mais ampla do que, simplesmente, certificar-se se o candidato ao ministério é um alcoólatra.
É a necessária verificação se o indivíduo tem cumprido o primeiro mandamento, que é o de amar a Deus sobre todas as coisas e se pode repetir, com sua vida, as próprias palavras do apóstolo, escritas à igreja de Corinto:
” todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (I Co.6:12).
– O nono requisito para o presbitério é o de não poder ser “espancador”, ou seja, não pode ser uma pessoa violenta, agressiva, que não hesite em ofender a integridade física do seu semelhante.
Não se pode querer que pessoas que estejam à frente do povo de Deus possam valer-se da brutalidade ou da força física para que sua vontade prevaleça.
Como afirmou o profeta, a Igreja deve estar consciente que sua prevalência sobre o pecado e o mal não é por força nem por violência, mas pelo Espírito do Senhor (cf. Zc.4:6b).
– Impõe-se, também, com redobrada atenção, verificar como é o falar deste candidato, como ele trata o próximo, se atinge, ou não, com suas palavras, a integridade moral e psíquica do semelhante.
Às vezes, embora não se espanque fisicamente, espanca-se impiedosamente com palavras, deixando marcas e cicatrizes profundas, que não saram tão rapidamente como se fossem ferimentos físicos.
– É imperioso que o obreiro seja manso e humilde de coração, assim como é seu Senhor (cf. Mt.11:29b), sendo equilibrado em suas palavras, que não vise ao “linchamento moral” de quem quer que seja, mas que busque, mesmo nas repreensões e correções, a edificação do errado, a cura do doente, a restauração do caído.
– O décimo requisito para o presbitério é o de não ser cobiçoso de torpe ganância, mas moderado. O obreiro deve ser alguém que tenha equilíbrio, que tenha moderação, não só sob o aspecto individual, mas, também, coletivo.
É preciso observar como o pretendente ao presbitério tem se comportado em relação à comunidade, se tem sido um extremista, um fundamentalista, alguém que não encontre qualquer objeção em assumir uma atitude radical e desequilibrada.
– A moderação envolve a ponderação, a ausência de pressa na tomada desta, ou daquela decisão, um discernimento espiritual aguçado e que revele o intuito de sempre conseguir a edificação e o aperfeiçoamento dos santos nas suas atitudes.
O equilíbrio, a moderação é algo que tem faltado muito em nossas igrejas locais, sendo qualidade que devemos buscar intensamente junto ao Senhor, Ele próprio um exemplo de equilíbrio, de sensatez e de temperança.
– O décimo primeiro requisito para o presbitério é que a pessoa não seja contenciosa, ou seja, deve ser uma pessoa que seja pacificadora, que seja conciliadora, inimiga de contendas, ou seja, que não tenha prazer, antes abomine as intrigas, as discussões, as polêmicas, os debates, as lutas, as porfias e as pelejas.
– O décimo segundo requisito para o presbitério é que a pessoa não seja avarenta, ou seja, que não tenha o “amor do dinheiro, (que) é a raiz de toda a espécie de males “( I Tm.6:10).
Com efeito, se o candidato ao ministério tiver seu coração nas coisas materiais, for avarento, será um sério candidato a se tornar um falso mestre, que faça do povo de Deus mercadoria e negócio (cfe. II Pe.2:1-3).
– O décimo terceiro requisito para o presbitério é que a pessoa governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia. Já se falou aqui sobre a necessidade da verificação da vida familiar do candidato ao presbitério.
– Cabe, aqui, aliás, uma última observação, relativa à expressão do apóstolo, segundo a qual deve o obreiro ter “seus filhos em sujeição”(I Tm.3:4).
Aqui, o original “filhos” diz respeito a filhos em tenra idade, ou seja, crianças que não têm ainda o discernimento nem a capacidade de escolher. Assim, não pode o obreiro ser penalizado porque um filho, já atingida esta capacidade de discernimento, escolha o caminho da perdição, pois isto é resultado do livre-arbítrio de cada um e não pode o pai responder pelos pecados de seus filhos.
– O décimo quarto requisito é que a pessoa não seja neófita, para que, ensoberbecendo-se, não caiam na condenação do diabo (II Tm.3:6).
Ser neófito é ser iniciante na fé, é ser um novato, uma pessoa que está dando os seus primeiros passos na vida espiritual.
– Aqui estamos diante de uma constatação do próprio significado de “presbítero”, que significa “mais velho”, ou seja, a pessoa para exercer o presbitério precisa ter maturidade e, “in casu”, mais do que questão de idade biológica, falamos em “maturidade espiritual”. Somente os maduros podem exercer o presbitério, somente aqueles que já são crescidos espiritualmente.
– Por isso, o obreiro não pode ser uma pessoa que não tenha maturidade espiritual, pois, não tendo ainda uma experiência madura com o Senhor, facilmente, por causa de sua posição, será enganado pelo adversário de nossas almas e, inevitavelmente, será tomado pela soberba, que foi o pecado que levou o querubim ungido (cf. Is.14:13-15; Ez.28:2-10) e nossos primeiros pais (Gn.3:5,6) à perdição.
– Uma pessoa precisa ter adquirido maturidade espiritual para ser guindado até o ministério e a maturidade espiritual evidencia-se por uma vida que demonstre total dependência do Senhor, que produza não só frutos para arrependimento, mas um crescimento espiritual contínuo.
Não se deve, portanto, confundir maturidade espiritual com idade ou com tempo de conversão, pois, o escritor aos Hebreus chama de meninos crentes que, pelo tempo, já deviam ser considerados maduros na fé, mas não o eram (Hb.5:12).
– O décimo quinto requisito é que a pessoa tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.
É preciso, portanto, que o candidato a ministro não seja, apenas, alguém que seja bem visto nas quatro paredes do templo, alguém que se destaque como pessoa de grande espiritualidade, digna e honesta durante os cultos ou as demais reuniões e atividades da igreja local, mas, muito mais do que isto, que seja uma pessoa que tenha um bom conceito, uma boa reputação entre os incrédulos, entre os ímpios, entre os que não aceitam a Cristo como Senhor e Salvador.
– O obreiro deve ser uma pessoa bem conceituada porque tem de transmitir, pelo seu porte, credibilidade às suas palavras, pessoa cujo falar seja considerado crível e respeitável entre os incrédulos que, afinal de contas, serão o principal alvo das pregações e das declarações que forem feitas pelo ministro no seu cotidiano como anunciador destacado do Evangelho de Jesus Cristo.
– Em Tt.1:6-9, Paulo volta a falar sobre os requisitos para o presbitério ou para o episcopado, praticamente repetindo o que escrevera em I Tm.3:1-7.
Talvez, tenhamos aqui apenas mais um requisito, que seria o décimo sexto, referente a ser “despenseiro da casa de Deus”, reafirmando, assim, que o presbítero está a serviço dos irmãos da igreja local, é alguém que está a serviço de Cristo, a fim de que possa bem cuidar do rebanho do Senhor.
– Vemos, portanto, que o presbitério é uma função eclesiástica da maior importância, pois é por meio dela que se exerce o ministério pastoral, exigindo uma qualificação toda especial que, lamentavelmente, não tem sido rigorosamente observado nas igrejas locais em nossos dias, muito contribuindo para o quadro de apostasia espiritual que vivemos e para o sem-número de escândalos de que somos testemunhas em nossos dias. Que tal voltarmos, então, aos ensinos das Escrituras?
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6497-licao-11-o-presbitero-bispo-ou-anciao-i