LIÇÃO Nº 12 – O DIACONATO

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo das funções eclesiásticas, estudaremos a função de diácono.

– O diácono é um homem espiritual que é escolhido pelo Senhor para servir na igreja local, notadamente em assuntos de ordem material.

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I – A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO

– No estudo dos dons ministeriais, passamos, desde a lição anterior, a analisar as “funções eclesiásticas”, ou seja, as posições sociais na igreja local mediante as quais se exercem os dons ministeriais com reconhecimento de todos os membros daquele grupo social.

– Conforme já visto, duas são as funções eclesiásticas na igreja local: presbíteros e diáconos (Fp.1:1). Já tendo estudado a função de presbítero, passaremos a analisar a função de diácono.

– O diaconato surgiu na primeira igreja local, a igreja de Jerusalém, conforme é relatado no capítulo 6 de Atos dos Apóstolos.

– A igreja de Jerusalém vivia sob a direção dos apóstolos e havia um grande avivamento espiritual, com uma intensa evangelização que fez com que crescesse o número de discípulos daquela igreja.

– Os crentes em Jerusalém viviam uma perspectiva de que o Senhor Jesus retornaria a qualquer momento, pois aguardavam “os tempos da restauração de tudo” (At.3:21), estando vívida na mente dos discípulos a perspectiva da restauração do reino de Israel, ocasião que o Senhor não havia mencionado quando se daria (At.1:6,7).

– Por isso, os crentes, tendo recebido a salvação em Cristo Jesus, passaram a se desfazer de seus bens, pois entendiam iminente a volta do Salvador, passando a ter tudo em comum (At.2:44,45), o que fez com que a sobrevivência destas pessoas passasse a ser uma função da própria igreja, já que os recursos econômico-financeiros eram entregues aos apóstolos, após a venda das propriedades (At.4:34).

– Isto fez com que os apóstolos tivessem de dedicar algum tempo para a questão da distribuição dos recursos existentes para o sustento dos crentes, como também para que fossem, também, sustentadas as viúvas que, quando se tornavam cristãs, deveriam ser igualmente mantidas, já que, com a adesão à fé, estavam elas notoriamente apartadas das sinagogas, que, via de regra, eram as responsáveis pelo seu sustento, dentro dos parâmetros ditados pela lei de Moisés.

– O aumento do número de crentes, porém, e a prioridade que os apóstolos davam para o ministério da palavra e para a oração, fez com que os apóstolos não dessem conta deste trabalho, de modo que, não demorou muito, passou a haver problemas nesta distribuição de recursos entre as viúvas, e, o que era mais grave, iniciou-se uma murmuração porque havia um desprezo das viúvas dos gregos, ou seja, bem se entenda aqui, as viúvas que eram judias que tinham vindo de colônias judaicas situadas fora da Palestina.

– Devemos aqui verificar, aliás, que devemos ter sempre cuidado com as “transferências culturais” que sempre há nas igrejas locais que, por serem grupos sociais surgidos no meio de uma determinada sociedade, jamais conseguirão extirpar de vez circunstâncias e mentalidades existentes naquela sociedade.

– Entre os judeus, havia uma certa discriminação dos chamados “judeus da diáspora”, também chamados de “judeus gregos”, ou seja, judeus que viviam e habitavam nas diversas colônias judaicas existentes em vários países, judeus que eram descendentes de pessoas que ou não voltaram do cativeiro da Babilônia, ou que, num determinado período após o retorno do cativeiro, resolveram morar fora da terra de Canaã.

– Os “judeus gregos” eram vistos pelos “judeus hebreus”, ou seja, aqueles que haviam retornado do cativeiro da Babilônia, como “renegados”, pessoas que se mantinham fora da terra que o Deus havia dado a Israel, pessoas incrédulas, que mais prezavam pelas coisas terrenas do que pelas promessas de Deus. Basta ver, aliás, que tais “judeus gregos” tiveram de passar por uma “burocracia” criada pelos próprios discípulos para poderem ver a Jesus (Jo.12:20-22).

– Este desprezo com relação às viúvas dos gregos gerou uma murmuração, a primeira que se tem notícia no seio da igreja de Jerusalém, o que levou os apóstolos, zelosos pelo bem-estar espiritual e material do rebanho do Senhor, a fazer uma autocrítica e a reconhecer que toda aquela situação era decorrência do acúmulo de funções que estavam a ter e que isto contrariava o propósito de Deus.

– Os apóstolos tinham a plena consciência de que haviam sido chamados para exercer o ministério da palavra e a oração, que tinham de se dedicar para o exercício dos dons ministeriais de evangelista, pastor e mestre e que não lhes cabia cuidar do chamado “ministério cotidiano”, da distribuição de recursos econômico-financeiros para a subsistência não só das viúvas mas de todos quantos viviam com tudo em comum na igreja de Jerusalém.

– Os apóstolos reconheceram que, diante do crescimento do número de discípulos, era necessária uma descentralização de atribuições, a criação de um novo corpo de obreiros que pudesse levar a cabo este “ministério cotidiano”, que era um “importante negócio”,

pois além de cuidar da própria sobrevivência dos crentes, não só das viúvas, ressalte-se, mas de todos os que haviam se privado de todos seus bens para servir ao Senhor, isto seria fundamental para mostrar a própria existência do amor de Deus entre os cristãos, o que era indispensável para que se tivesse um testemunho a ser dado e que seria um fator primordial no êxito da própria evangelização.

– Os apóstolos, então, reconhecendo primeiramente os seus próprios erros, convocaram a igreja para discutir o assunto, mostrando aos crentes que eles haviam sido chamados para o ministério da palavra de Deus e que não era razoável deixarem esta função para se dedicarem ao “serviço das mesas”.

– Quando vamos ao texto original grego, notamos que a expressão “ministério cotidiano” é tradução de “diakonía té kathemeriné” (διακονία τή καθημερινή), enquanto que “servir às mesas” é tradução de “diakonein trapedzais” (διακονειν τραπέζαις), de modo que se sobressai em ambas as expressões a palavra “diakonía” ou “diakonein”, que têm, respectivamente, os significados de “servidor” ou “servo” e de “servir”.

– O papel do “diácono”, portanto, é o papel de “servidor”, “daquele que serve”.

No Léxido do Novo Testamento Grego/Português de F. Wilbur Gingrich e de Frederick W. Danker, é dito que “diákonos” significa

“servo” (Mt.20:26; 22:13; Mc.9:35);

especificamente “garçom” (Jo.2:5,9);

“agente” (Rm.13:4; Gl.2:17);

“auxiliar”, pessoa que presta serviço como cristão:

a) a serviço de Deus, Cristo ou a outro cristão (II Co.6:4; 11:23; Ef.6:21; Cl.1:23,25; I Tm.4:6);

b) em caráter oficial ou semioficial (Rm.16:1; Fp.1:1; I Tm.3:8,12).…” (op.cit., p.53).

– Notamos, portanto, que os apóstolos, ao convocarem a multidão, propuseram que este trabalho de distribuição de recursos necessários à subsistência das viúvas e, por extensão, a própria distribuição dos recursos entre os cristãos que tinham tudo em comum ficasse em outras mãos, fosse responsabilidade de pessoas que se dedicassem a este serviço, que servissem às mesas, ou seja, ficassem responsáveis pelo sustento daquelas pessoas.

– Segundo alguns estudiosos, entre os quais o pastor Severino Pedro da Silva, os apóstolos teriam se inspirado na estrutura existente nas sinagogas, onde havia os chamados “parnasim”, aqueles encarregados da provisão, do sustento e da alimentação dos integrantes da sinagoga, auxiliares diretos do “principal da sinagoga” (Mc.5:35,36,38; At.18:8,17).

– Notamos, portanto, de pronto, que não havia uma hierarquia entre o trabalho dos apóstolos e o trabalho dos diáconos. Eram tarefas de natureza diversa.

Os apóstolos tinham de se dedicar ao ministério da palavra e à oração, enquanto que os diáconos deveriam “servir às mesas”, ou seja, preocupar-se com o sustento material dos crentes.

Tarefas importantes e necessárias, tanto que os próprios apóstolos disseram que o trabalho dos diáconos era um “importante negócio”, tarefas que se complementariam na produção de ambiente propício à evangelização e à edificação do corpo de Cristo.

– Há, portanto, uma descentralização de tarefas, uma dissociação de funções: de um lado, os presbíteros (e os apóstolos eram, em Jerusalém, os pastores daquela igreja local, naquele momento histórico), que deveriam cuidar do ministério da palavra e da oração, ou seja, do sustento espiritual do povo de Deus; de outro, os diáconos, que deveriam “servir às mesas”, cuidar do “ministério cotidiano”, cuidando da sobrevivência física, do sustento material do povo de Deus.

Como afirma a “Forma de Governo Presbiterial da Igreja”, um dos documentos da Assembleia de Westminster: “…As Escrituras estabeleceram os diáconos como oficiais distintos na igreja, cujo ofício é perpétuo.…” (tradução nossa de texto original em inglês, disponível em: http://www.reformed.org/documents/wcf_standards/index.html?mainframe=/documents/wcf_standards/p395-form_presby_gov.html Acesso em 01 abr. 2014).

– É importante verificarmos esta realidade na instituição do diaconato, porque, lamentavelmente, em virtude do que já denominamos “burocratização” que se processou na Igreja, ao longo da história, os diáconos passaram a ser considerados como o “primeiro degrau da carreira ministerial”,

como o “grau inferior da hierarquia”, como o denomina o Catecismo da Igreja Romana (§ 1569 CIC), de sorte que não há esta visão de que são tarefas distintas que se exercem e que, portanto, se complementam e não se tem esta noção hierárquica, que se construiu ao longo da história da Igreja.

– Os apóstolos fizeram questão de mostrar que se estava diante de um “importante negócio”, de uma tarefa importante e que, por isso mesmo, merecia que fosse cuidada por pessoas especialmente escolhidas para ela, evitando-se, assim, o acúmulo de funções nos apóstolos, que levaria a uma situação de mal-estar espiritual para a igreja.

– O acúmulo de funções fizera surgir no seio da igreja de Jerusalém a murmuração, esta erva daninha que, em se alastrando, compromete a salvação do povo de Deus, como, aliás, ocorreu em Israel, levando ao fracasso espiritual da geração do êxodo.

Para se evitar isso, os apóstolos, então, decidiram escolher pessoas que se dedicassem integralmente a este trabalho, promovendo, assim, o amor fraternal, a saúde espiritual e, ao mesmo tempo, não permitindo a perda do foco dos ministérios dos apóstolos.

– O diaconato não veio, portanto, para ser o primeiro degrau de uma carreira ministerial, como é visto hoje em dia, mas, sim, para que se desse às questões materiais da igreja o devido tratamento, bem como não se permitisse que o acúmulo de funções prejudicasse as questões espirituais do rebanho de Deus.

OBS: A já mencionada Forma de Governo Presbiterial da Igreja é bem clara a respeito: “…A este ofício não pertence a pregação da Palavra nem a administração dos sacramentos, mas o cuidado especial na distribuição das necessidades dos pobres…” (tradução nossa de texto original em inglês) (end.cit, acesso em 01 abr. 2014).

– Esta providência tomada pelos apóstolos em conjunto com toda a igreja então existente deve ser o norte a guiar cada igreja local, visto que se trata de uma decisão tomada por todo o corpo de Cristo e, ante o “poder das chaves” (Mt.18:18; Jo.20:23), algo que foi confirmado pelo Senhor, tanto que foi inserida no livro de Atos que, como sabemos, não é apenas um livro histórico, mas um livro que nos mostra qual é o modelo de igreja que o Senhor quer.

– Em nossos dias, vivemos um evidente menosprezo e desvio da função diaconal em nossas igrejas locais. Estamos, de certo modo, repetindo o mesmo erro da Igreja Romana, que havia transformado o diaconato em mero estágio para se atingir o presbitério e que, no Concílio Vaticano II, reviu a sua posição, reconhecendo que o diaconato é um “grau permanente da hierarquia”.

OBS: Reproduzimos o que diz o Catecismo da Igreja Romana a respeito: “Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o diaconato “como grau próprio e permanente da hierarquia”, a passo que as Igrejas do Oriente sempre o mantiveram.

Esse diaconato permanente, que pode ser conferido a homens casados, constitui um importante enriquecimento para a missão da Igreja.

De fato, ser útil e apropriado que aqueles que cumprem na Igreja um ministério verdadeiramente diaconal, quer na vida litúrgica e pastoral, quer nas obras sociais e caritativas, “sejam corroborados e mais intimamente ligados ao altar pela imposição das mãos, tradição que nos vem desde os apóstolos. Destarte desempenharão mais eficazmente o seu ministério mediante a graça sacramental do diaconato”. (§ 1571 CIC) (destaque original).

– Na Igreja Presbiteriana, não é diferente. Também ali se encontra um certo menosprezo da função diaconal, apesar do entendimento diverso de João Calvino, como se pode verificar no artigo de Alderi de Souza Matos a respeito, intitulado “Os oficiais da igreja no sistema presbiteriano”, disponível em http://www.mackenzie.com.br/7064.html, onde o autor afirma ser um desafio para hoje,

“…preservar a antiga ênfase calvinista no diaconato como um ofício voltado para o exercício da beneficência cristã motivada pelo amor”.

– Por causa deste menosprezo do diaconato, acabamos por ter o acúmulo de funções que foi sabiamente evitado pelos apóstolos em Jerusalém, gerando, assim, a situação de insatisfação que produz murmuração no meio dos crentes na igreja local e um prejuízo imenso no exercício do ministério da palavra e da oração.

– “…O obreiro deve ser atuante, preocupado em ganhar almas e, evidente, firmá-las na doutrina dos apóstolos; não preocupado com questões secundárias, coisas que outras pessoas podem fazer.

Eis a razão pela qual houve a instituição do corpo diaconal na casa de Deus: exatamente para auxiliar o ministério e o ministro da palavra…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem-sucedido, p.167).

II – OS PRESSUPOSTOS PARA O DIACONATO

– Os apóstolos, então, apresentaram quais seriam os pré-requisitos exigíveis para o exercício desta função: que fossem varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. Também estipularam que, diante das necessidades existentes na igreja, deveriam ser sete os diácoos.

– Notamos, portanto, logo de inicio, que, embora os diáconos fossem cuidar de assuntos de ordem material, deveriam ser homens espirituais.

O diácono exerce uma função eclesiástica de grande importância e, portanto, deve ser pessoa que se destaque na sua comunhão com Deus, pois a Igreja é o corpo de Cristo e nada pode ser feito no seu interior sem a direção e orientação do Espírito Santo.

– Costumamos dizer, portanto, que, para se exercer o diaconato, consoante a própria instituição desta função, são necessários três pré-requisitos, três pressupostos, sem os quais não se pode ter a função diaconal, que o saudoso pastor Severino Pedro da Silva (1946-2013) chamou de “a sétima coluna da Igreja”, a saber: a boa reputação, a plenitude do Espírito Santo e a sabedoria.

– O primeiro pressuposto para o exercício do diaconato é que fosse um varão. O diaconato, como função eclesiástica, deve ser exercido tão somente por varões.

Temos aqui, uma vez mais, a demonstração que o texto bíblico não permite o exercício de funções eclesiásticas por mulheres. Homens e mulheres são diferentes e têm papéis diferentes e complementares na vida terrena, como também na igreja local.

– O texto bíblico é claríssimo ao destinar o diaconato somente para varões, tendo o apóstolo Paulo reafirmado este entendimento em I Tm.3:12, quando afirma que os diáconos devem ser “maridos de uma mulher”.

– Não há, portanto, qualquer espaço no texto bíblico para que se admita a separação de “diaconisas”, questão que, sabemos, causou sempre grande discussão nos meios eclesiásticos, inclusive nas próprias Assembleias de Deus.

– Costuma-se justificar a figura das “diaconisas” com Rm.16:1, quando Paulo saúda a irmã Febe, que é descrita como “a que serve na igreja que está em Cencreia”.

A expressão “que serve”, no texto original grego, é “ousan diákonon” (ουσαν διακονον), ou seja, “que é ‘servidora’ “. Não faltou, então, que traduzisse o texto por “diaconisa da igreja em Cencreia”, como faz a tradução francesa de Louis Segond.

– Entretanto, devemos lembrar, como já vimos supra, que a palavra “diácono” em grego significa “servo”, “servidor”, não se referindo sempre à função eclesiástica de “diácono”, até porque esta função surgiu tão somente em Jerusalém.

Assim, nem toda vez que o termo “diácono” aparece no texto bíblico se refere à função eclesiástica, mas, sim, tem muitos outros sentidos, como o de “servo”. Como afirma o saudoso pastor Severino Pedro da Silva (1946-2013):

“…Em o Novo Testamento, a palavra diácono é usada de várias maneiras, e subentende ‘serviço’ de qualquer espécie, espiritual ou material. Paulo aplica-o a si mesmo (I Co.3:5); a Jesus Cristo (Gl.2:17) e aos governantes humanos (Rm.13:4)…” (A Igreja e as sete colunas da sabedoria, pp.240-1).

– Em Mt.20:26, por exemplo, o Senhor Jesus diz que quem se fizer grande seja servo e a palavra aqui utilizada no grego é “diákonos”, a mesma palavra usada em Rm.16:1.

O mesmo se dá em Mc.9:35. Portanto, o que se está a dizer em Rm.16:1 não é, em absoluto, que a irmã Febe fosse “diaconisa”, mas que ela servia, era servidora na igreja em Cencreia, tendo, ademais, o apóstolo Paulo especificado qual o principal serviço que ela desempenhava naquela igreja, a saber, a hospitalidade (Rm.16:2).

– Assim, a utilização deste texto é uma falácia, um desvirtuamento completo do significado da passagem bíblica. E, ainda que o texto pudesse ser interpretado da forma como se tem aventado para justificar a separação de “diaconisas”, o fato é que um texto isolado jamais pode dar respaldo a uma doutrina, ainda mais quando se verifica que o apóstolo Paulo, ao orientar Timóteo, manda que se separem apenas varões para o diaconato, e num escrito posterior à carta aos romanos.

– Com a palavra o pastor Antonio Gilberto: “…Mas irmão Gilberto, e diaconisa? Lá no livro de Romanos o apóstolo Paulo disse que aquela irmã era diaconisa na igreja de Cencreia. Onde está isso no original? Não existe!

Sim, mas o comentário que eu li diz que era diaconisa. Conversa! No grego está na forma masculina, ou seja, Paulo deixou aquela mulher ali provisoriamente, ou então o trabalho era novinho e não tinha homem nenhum para exercer o diaconato, ele disse vem cá “fulana” (Febe), faz o trabalho aqui, a obra de Deus não pode parar por causa de problema humano. Está no masculino.

Uma vez um pastor presidente de uma grande e renomada convenção, nós estávamos juntos em Goiânia ministrando, e ele no hotel conversando comigo, disse: “estou agora na presidência, vou incentivar, irmão Gilberto, o diaconato das mulheres que está praticamente parado. O que o irmão diz?”

Eu prefiro primeiro que o senhor que é o chefe, me dê alguma coisa. Ele disse: “eu me baseio lá em Rm 16, Febe, aquela irmã que era um tesouro na igreja de Cencreia (inclusive quando os irmãos forem a Grécia visitem as ruínas de Cencreia.

Eu fui lá visitar, só tem ruínas, e eu fiquei pensando onde é que ficaria aqui a casa dela, porque tudo indica que era uma mulher de muito dinheiro. Paulo disse:

“ela me hospedou muitas vezes, e hospedou a muitos”), que era diaconisa, a Bíblia em português diz: que serve ao Senhor na igreja de Cencreia, outra versão que eu tenho diz que ela servia como diaconisa”.

Eu me calei, e ele disse: “uma segunda passagem, irmão Gilberto, que eu tenho em mente é lá em Timóteo quando a Bíblia diz: e as mulheres…”

Eu disse: Pastor, a passagem de Romanos no original está no masculino, pode pegar qualquer manuscrito bíblico.

Ou seja, ou o trabalho era novinho e não tinha homens habilitados, e o apóstolo Paulo um homem cheio do Espírito Santo, a obra de Deus não ia parar por causa de problema humano.

Vem cá, Febe, exerce aqui enquanto não se prepara um homem, ou então não sei a razão, a Bíblia não explica, mas está no masculino. “E lá em Timóteo?” Pode pegar o termo original que a oração no grego para, e quando diz as mulheres, são as esposas dos obreiros.

Ele parou, e parou até hoje.…” (Os desvios doutrinários e a importância da doutrina bíblica para a Igreja. Entrevista com o pastor Antonio Gilberto. 27 nov. 2012. Disponível em: http://searanews.com.br/pr-antonio-gilberto-a-importancia-da-doutrina-biblica-para-a-igreja/#.UzrcGqJSt2Y Acesso em 01 abr. 2014).

– O segundo pressuposto para o diaconato é a boa reputação. Como disse Júlio César, “á mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”.

Para ser chamado para cuidar dos assuntos materiais do povo de Deus, a pessoa precisa ter uma reputação ilibada, ser uma pessoa “acima de qualquer suspeita”, a fim de que tenha credibilidade no instante em que lidar com um assunto tão sensível, que, muitas vezes, trata da própria sobrevivência física dos crentes.

– Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo, ao tratar na sua primeira epístola a Timóteo, a respeito do diaconato, exige que os candidatos a tão importante função “…sejam primeiro provados, depois, sirvam, se forem irrepreensíveis…” (I Tm.3:10).

– O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) sempre nos dizia que, em todas as igrejas que dirigiu, avisava publicamente a congregação de que tinha em vista separar certos irmãos para o diaconato e que, por isso, pedia que todos os observassem e, se necessário, fizessem apreciações ao ministério a respeito dos mencionados irmãos, prática salutar e que está perfeitamente de acordo com o texto sagrado.

– A boa reputação é pressuposto indispensável para que alguém venha a lidar dos assuntos materiais na igreja local. O apóstolo Paulo fazia questão de encarregar das coletas que fazia nas igrejas em favor dos crentes pobres da Judeia pessoas que tinham esta característica, como, por exemplo, o chamado “irmão louvado” de II Co.8:18,19.

– O terceiro pressuposto para o exercício do diaconato é a plenitude do Espírito Santo. Os diáconos têm de ser “cheios do Espírito Santo” e esta expressão, em Atos dos Apóstolos, não tem outro significado senão o de ser “batizados com o Espírito Santo”.

É absolutamente necessário que o diácono tenha sido revestido de poder, pois sua função é uma função ministerial, estará à frente do povo no cuidado dos assuntos materiais e, para tanto, é indispensável que tenha sido devidamente credenciado para esta tarefa pelo Senhor por meio do batismo com o Espírito Santo.

– Sabemos que há discussão sobre a sinonímia entre “cheio do Espírito Santo” e “batizado com o Espírito Santo”, mas, no livro de Atos, voltamos a insistir, estas expressões são equivalentes, como se verifica a partir de At.2:4. Portanto, quando se diz que o diácono, para ser escolhido, tem de ser “cheio do Espírito Santo”, está-se a dizer que ele tem de ser batizado com o Espírito Santo.

– As Escrituras não deixam dúvida alguma de que era esta a situação dos sete que foram escolhidos pela igreja de Jerusalém, pois, ao longo da própria narrativa do livro de Atos, vemos que dois destes diáconos eram não só batizados com o Espírito Santo, como, também, portadores de dons espirituais, a saber, Estêvão e Filipe (At.6:8; 8:6,7).

– É inadmissível que se defenda que não haja necessidade de os diáconos serem batizados com o Espírito Santo. Quem assim age está dentro da mentalidade de menosprezo da função diaconal e da sua consideração como um grau inferior da hierarquia, algo de somenos importância, o que já vimos é algo que não tem qualquer respaldo bíblico.

– O diácono é um ministro na igreja local, é alguém destacado dentre os demais irmãos para promover a correta administração dos bens materiais da igreja, o que é um importante negócio, um assunto que deve ser bem tratado para se evitar o escândalo e a falta de credibilidade que serão fatais no exercício da evangelização e da edificação do corpo de Cristo, de modo que, para tanto, é absolutamente indispensável que ele seja revestido de poder, que se tenha deixado envolver plenamente pelo Espírito Santo.

– O quarto pressuposto para o exercício do diaconato é a plenitude da sabedoria, o que acaba sendo mais uma confirmação de que o diácono deve ser batizado com o Espírito Santo.

– Como se sabe, a plenitude do Espírito Santo traz para o seu portador algumas características indeléveis, algumas marcas que o diferenciam dos demais homens na face da Terra.

Jesus, que é o Cristo, ou seja, o Ungido, Aquele que teve em grau máximo o Espírito Santo, foi dotado de todas estas características distintivas em seu máximo grau, como profetizou Isaías, em Is.11:2, a saber:

pertencimento ao Senhor,

sabedoria,

inteligência,

conselho,

fortaleza,

conhecimento e

temor do Senhor, o que a doutrina católico-romana denomina de “os sete dons do Espírito Santo”, considerando-os como “disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do mesmo Espírito…” (§ 1830 CIC), que seriam o sustento da vida moral dos cristãos.

– Ora, ao se exigir que o candidato ao diaconato seja alguém dotado de “sabedoria”, tem-se aqui erigido como pré-requisito da função diaconal o envolvimento do Espírito Santo na vida da pessoa, que ela seja revestida de poder, pois um dos efeitos do batismo com o Espírito Santo é, precisamente, o aumento destas características na vida daquele que recebe “a virtude do Espírito Santo” (At.1:8).

– A sabedoria inicia-se com o temor do Senhor (Sl.111:10), de modo que, ao se exigir sabedoria ao candidato ao diaconato, também se está a dizer que deve ser uma pessoa temente a Deus, ou seja, obediente à Palavra de Deus e que é um homem de oração, pois através da vida de oração perceberemos este temor ao Senhor, já que Deus somente ouve a quem O teme (Jo.9:31).

– A sabedoria, bem sabemos, é a ação correta que se faz no momento certo, da maneira certa, de modo que o candidato ao diaconato precisa ser provado para que, em suas decisões, seja verificado se tem, ou não, a sabedoria que se exige para se candidatar a tal função.

– De tudo o que se disse, vê-se, pois, que o candidato ao diaconato, embora vá tratar precipuamente de assuntos de ordem material, deve ser, sobretudo, um homem espiritual, entendido “homem espiritual” aqui como aquele que foi devidamente descrito pelo apóstolo Paulo em I Co.2:6-16, ou seja, alguém que seja dotado da “sabedoria de Deus”, que é oculta à mente natural, mas que permite aos homens adentrar às “profundezas de Deus”, pelo Espírito Santo, e faz com que seja possível a comparação das coisas espirituais com as espirituais e o discernimento espiritual de tudo quanto ocorre.

– Para cuidar das coisas materiais, o candidato ao diaconato tem de ter este discernimento espiritual, pois somente quem tem acesso aos “mistérios de Deus” poderá identificar, no “ministério cotidiano”, no “serviço às mesas”, o que deve ser feito em prol do reino de Deus e da edificação do corpo de Cristo.

– O diácono não será jamais um mero administrador de recursos econômico-financeiros, um mero gerente ou gestor, mas um homem espiritual, que tem a mente de Cristo, que, mesmo nos assuntos materiais, saberá identificar e cumprir a vontade de Deus, para que o nome do Senhor seja glorificado neste importante negócio.

– Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…Os diáconos. São pessoas que desenvolvem a função de servir nas atividades da Igreja.

Para o exercício dessa função, é necessário ser separado oficialmente perante a Igreja para receber o reconhecimento público de sua função no corpo de Cristo.

Os diáconos servem nas diversas atividades da Igreja: eles cooperam como porteiros e recepcionistas, na ordem do culto e na distribuição dos emblemas da Ceia do Senhor.

As suas atividades, porém, não são restritas a isso; eles também cooperam como professores e superintendentes ou dirigentes de escola dominical, líderes de jovens e adolescentes, atuando também em diversos outros trabalhos nas igrejas, desde que autorizados por seus superiores…” (DFAD XIV.5, pp.138/9).

III – OS REQUISITOS PARA O DIACONATO

– Vistos os pressupostos para o diaconato, ou seja, as exigências para que alguém seja considerados como possíveis candidatos ao diaconato, vamos, agora, analisar os requisitos para o exercício da função diaconal, ou seja, o que um candidato deve ter para ser efetivamente separado.

– Pressuposto ou pré-requisito é uma condição de possibilidade de ser candidato ao diaconato, enquanto que os requisitos são condições para uma efetiva separação.

Quem não preenche os pressupostos não pode sequer ser considerado um candidato a ser diácono. Mas o preenchimento dos pressupostos não é suficiente para que alguém seja separado ao diaconato, pois é mister que sejam atendidos, também, os requisitos.

– Os requisitos para a separação ao diaconato encontram-se em I Tm.3:8-10,13, no mesmo texto em que o apóstolo Paulo fala, também, dos requisitos para a separação ao presbitério.

– Muitos dos requisitos exigidos para o presbitério são repetidos para o diaconato, de modo que, quando houver repetição, não os analisaremos detidamente, pois já o fizemos na lição anterior.

– O primeiro requisito que se exige para o diaconato é a honestidade. Aqui a palavra empregada é diferente da utilizada em I Tm.3:2 para os presbíteros, cujo significado, consoante vimos na lição anterior, era “respeitável”. A palavra aqui é “semnous” (σεμνούς), cujo significado é “digno de respeito, sério, dignificado, acima de reprovação”.

Tem-se aqui uma intensidade na “boa reputação” que é um pressuposto para a função. Como já se disse, quem vai lidar com assuntos materiais, que, não raro, envolve valores econômico-financeiros, precisa não só ser honesto, mas parecer honesto.

– O segundo requisito para o diaconato é que “não seja de língua dobre”, ou seja, “de uma só palavra”. Como bom cristão, o diácono deve ter um falar digno de confiança, alguém cujo falar seja “sim,sim; não,não”, outra característica indispensável para quem trata de assuntos materiais. Somente a firmeza de palavra pode evitar a murmuração e a desconfiança em um grupo social como é a igreja local.

– O terceiro requisito para o diaconato é que “não seja dado a muito vinho”, expressão que tem causado alguma dificuldade, vez que, na literalidade do texto, permitiria que o diácono bebesse algum vinho, o que, ao contrário, não é permitido em absoluto ao presbítero, como se vê de I Tm.3:3.

– O texto original grego, em I Tm.3:3, é “paroinos” (πάροινος), cujo significado é “bêbado”, “viciado em vinho”, ou seja, exige-se do presbítero que ele não beba vinho em hipótese alguma, que não tenha este vício e, conforme visto na lição anterior, o que se exige aqui é que o presbítero não tenha qualquer vício, não se deixe dominar por qualquer concupiscência, por qualquer paixão.

– O texto original em I Tm.3:8 é “mé oinó polló prosechontas” (μή οινω πολλω πρσέχοντας), que a Bíblia de Jerusalém bem traduz como “não inclinado ao vinho”, ao mostrar, portanto, que o que aqui se exige é também a ausência de vícios, ainda que se admita um menor rigor para com o diácono do que para com o presbítero, a demonstrar que a maturidade para o presbitério é um tanto maior do que para o diaconato, nada porém que justifique uma hierarquização ou um menosprezo para a função diaconal, como se tem verificado em nossos dias.

– O quarto requisito do diaconato é não ser ele cobiçoso de torpe ganância, mesma exigência feita para o presbitério. É evidente que quem cuida dos assuntos materiais não pode ser alguém que se deixe levar pela ganância, pelo desejo de enriquecimento, o que, certamente, é incompatível com a administração de bens materiais na igreja local.

– O quinto requisito do diaconato é a guarda do mistério da fé em uma pura consciência. O diácono deve ser um homem espiritual, cuja consciência é pura, limpa, de modo que pode, sempre, ingressar na presença de Deus (Hb.10:19-22).

– A espiritualidade do diácono, portanto, é algo que deve ser sem qualquer sombra de dúvida. Ele possui uma consciência pura, porque seu coração foi purificado da má consciência, porque ele efetivamente experimentou a salvação na pessoa de Jesus Cristo, teve perdoados os seus pecados e agora tem livre acesso ao Senhor.

É alguém que é certo da sua salvação e que transmite esta certeza no dia-a-dia com os seus irmãos em Cristo.

– Como afirma o escritor aos hebreus, quem tem esta convicção retém firmemente a confissão da esperança, considera os outros para os estimular à caridade e às boas obras, não deixa a sua congregação, admoesta e deixa ser admoestado (Hb.10:23,24).

– Portanto, o candidato ao diaconato deve ter este testemunho na igreja local, para que possa ser separado para tão importante função.

Deve ser alguém que demonstre ter fé em Deus, ser alguém que está a guardar esta fé com devoção e dedicação, que estimule os irmãos a praticar o amor e a fazer boas obras, condição “sine qua non” para quem vai exercer, como vimos na lição anterior, dons assistenciais como o ministério, a repartição e a misericórdia.

– O diácono deve, ademais, ser alguém que não deixa a congregação, ou seja, um membro que não seja volúvel, que, por qualquer motivo, deixa de congregar, de participar das reuniões, que não se engaja nos projetos da igreja local, mas alguém que é participativo.

– Por fim, o diácono deve ser uma pessoa que tenha diálogo com os demais irmãos, que aceite receber críticas, que saiba ouvir, pois isto é fundamental para quem tratará com questões como a assistência social, a ajuda aos necessitados, a distribuição dos recursos materiais na igreja local.

– Por isso, os candidatos ao diaconato, como se disse supra, devem ser primeiramente provados para ver se satisfazem estes requisitos, para que, então, possam ser inseridos no exercício da função, caso não sejam reprovados, pois aqui também se exige a irrepreensibilidade, requisito de que já falamos na lição anterior.

– O sexto requisito do diaconato é que seja marido de uma mulher, governando bem a seus filhos e a suas próprias casas. Tem-se aqui a reprodução da mesma exigência que se faz ao presbitério. O diácono também deve ser um “pai de família”, alguém que tem uma vida familiar exemplar, pois, não sabendo governar bem a sua própria casa, como poderá administrar os assuntos materiais da casa de Deus?

– Neste ponto, aliás, de se censurar o comportamento de se separar, com cada vez mais intensidade, diáconos solteiros, mais uma consequência desta mentalidade que diácono nada mais é que um primeiro degrau da carreira ministerial. A separação de pessoas solteiras para o diaconato deve ser sempre uma exceção que confirme a regra bíblica.

– Após analisar os requisitos para o diaconato, o apóstolo Paulo diz que os que servem bem como diáconos adquirem para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus (I Tm.3:13).

– Esta afirmação do apóstolo confirma que não há uma hierarquia entre diáconos e presbíteros, mas que ambos exercem funções igualmente importantes na igreja local.

Tanto assim é que o exercício tanto de uma função quanto de outra exige a oração com imposição das mãos (At.6:6), a mostrar que são atividades igualmente dignas e revestidas da mesma solenidade.

– Quem exerce a função diaconal adquire, desde já, uma “boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”, ou seja, não diz o texto sagrado que o diácono, por servir bem, está pronto para “subir na escala hierárquica”, para “ser promovido”. Não, não e não!

A função diaconal, por si só, já é uma “boa posição” e traz para aquele que a exerce “muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”.

– O diácono que serve bem é um referencial de fé em Cristo Jesus, é uma pessoa de confiança que estimula, pelo seu porte e comportamento, os demais a servirem a Deus com fidelidade.

Que mais pode um membro querer na igreja de Cristo Jesus? O diácono que serve bem é luz do mundo e sal da terra, cumpre o propósito de Deus na salvação daqueles que creem em Jesus.

– Um diácono, então, não pode ser levado ao presbitério? Lógico que isto pode acontecer, mas isto não se dá por causa de uma “promoção”, como hoje se faz, mas, sim, porque o Senhor o escolhe para exercer tal função, alterando, deste modo, o seu ministério.

– Filipe, após a morte de Estêvão, diante da dispersão dos discípulos por causa da perseguição, teve de deixar a igreja de Jerusalém e, naturalmente, não podia mais exercer ali o diaconato.

O Senhor, porém, impeliu-o para Samaria, onde Filipe passou a exercer um outro ministério, o de evangelista, tendo sido ricamente abençoado pelo Senhor (At.8:5-13), que, depois, o mandou para Cesareia (At.8:40), onde acabou por permanecer, sendo reconhecido por todos como um evangelista (At.21:8).

– Como bem afirma o pastor e teólogo Jormicezar Fernandes da Rocha: “…Pode o diaconato ser uma chamada fixa, exclusiva ou progressiva.

No primeiro caso, deverá rejeitar as propostas de promoção. No segundo, deverá seguir até ao centro da vontade de Deus em sua vida, pois afinal de contas, os que servirem bem como diáconos adquirirão para si boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo, I Tm.3:13…” (A excelência do ministério cristão: valorizando o que é excelente, EBOADERON 2013, p.60).

– Tem-se, portanto, que é perfeitamente possível que um diácono acabe por se transformar num presbítero, mas o que não se pode admitir é que se entenda que o diaconato é apenas um estágio para se atingir o presbitério.

– Este falso entendimento decorre, como já dito supra, do total desvirtuamento da função diaconal em nossos dias. O diácono é, em quase todas as igrejas locais, tão somente um porteiro, um coletor de ofertas e um servidor da ceia do Senhor, nada mais que isto. No entanto, não é este o papel do diácono.

– O diácono é aquele que deve administrar os assuntos materiais da igreja local, que deve exercer os dons de ministério, repartição e misericórdia.

– Assim, o diácono deve ser um pronto auxiliar dos presbíteros na igreja local, de modo a não permitir que assuntos de ordem material possam prejudicar o ministério da palavra e da oração por parte destes, estando pronto para tratar de toda e qualquer questão administrativa, logística ou qualquer outra de ordem material na igreja local, como pagamentos, almoxarifado, manutenção das instalações, higiene, atendimento a normas e posturas municipais etc. etc. etc.

OBS: O pastor batista Djalma C. Filho faz uma interessante relação de atividades que podem ser desenvolvidas pelos diáconos, que vale a pena ser verificada em sua exposição em slides que se encontra em http://pt.slideshare.net/DjalmaCabralFilho/ibcj-junho-30-2013-sermo-diconos acessada por nós em 01 abr.2014.

– O diácono deve estimular os membros da igreja local à contribuição, como também promover o correto gerenciamento dos recursos obtidos, sempre alertando a direção das dificuldades e perigos na gestão financeira.

– O diácono deve, também, se dedicar à assistência social, ao monitoramento dos necessitados, à obtenção de recursos para diminuir as necessidades e carências materiais dos irmãos, ao exercício da misericórdia, promovendo a realização das obras de misericórdia espirituais e corporais entre os irmãos.

OBS: “As obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência.

As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos. Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna.…” (§ 2447 CIC).

– A subutilização dos diáconos em nossas igrejas locais é evidente e tem trazido enormes prejuízos para a obra do Senhor. Que retornemos ao texto bíblico e, assim fazendo, voltando ao modelo das Escrituras, tenhamos diáconos que usem todo seu potencial em prol do crescimento da Igreja.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/6513-licao-12-o-diaconato-i-e-apendice-n-2-as-formas-de-governo-na-igreja

Glória a Deus!!!!!!!