Prezado(a) professor(a), para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio da semana. O conteúdo é de autoria do pastor Silas Queiroz, comentarista do trimestre.
INTRODUÇÃO
Depois da sua primeira incursão à Judeia no exercício do seu ministério, Jesus volta, passando por Samaria.
Foi ali que teve o encontro com a mulher samaritana em Sicar (4.1-10). Depois de evangelizá-la, aten¬de ao pedido dos samaritanos que vieram conhecê-lo e ouvi-lo, e detém-se junto com eles por dois dias (4.40). Muitos creram nEle como o Cristo, o Salvador do mundo (4.42), demonstrando, portanto, fé salvífica perfeita.
Ao deixar a Judeia, o destino de Jesus era a Galileia, como registrado em João 4.3: “deixou a Judeia e foi outra vez para a Galileia”.
Ocorre que Samaria ficava justamente entre essas duas regiões; por isso, a narrativa joanina afirma: “E era-lhe necessário passar por Samaria” (4.4). Assim, as três regiões, do Sul ao Norte, são, pela ordem: Judeia, Samaria e Galileia.
No capítulo 5 de João, veremos que Jesus retornará outra vez a Jerusalém, para, somente depois, iniciar uma nova jornada na Galileia dos gentios. Esse é, precisamente, o período que foi amplamente coberto pelos Evangelhos sinóticos, com duração de aproximadamente um ano.
Quanto ao momento ora em estudo, em que cura o filho do oficial do rei, será seguido por outra viagem ao centro político e religioso de Israel, para uma festa judaica que João não especifica (5.1). Trataremos disso no próximo capítulo.
Após essa nova viagem a Judeia é que se dará o tempo maior do ministério de Jesus entre os galileus, assunto para os capítulos 7 e 8.
Sobre a motivação do retorno de Jesus à Galileia, alguns estudiosos consideram que fora evitar um acirramento maior do ânimo dos judeus contra Ele, já que a sua fama alcançara até mesmo a alta liderança judaica, como se vê do testemunho dado por Nicodemos (3.2).
Agora a notícia que se espalhara e tinha chegado aos fariseus era de que Ele “fazia e batizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas, sim, os seus discípulos)” (4.1,2).
Como os fariseus tinham uma grande preocupação com a influência e poder que exerciam sobre o povo, viam em Jesus uma ameaça, e essa informação de expansão do seu ministério poderia precipitar a fúria dos religiosos de plantão.
Isso motivou Jesus a deixar a Judeia e retornar para a Galileia, a sua pá¬tria, onde o seu ministério não teria a mesma explosão de popularidade ou, pelo menos, não estaria perto da casta religiosa que pretendia perpetrar o domínio das massas.
Ao falar do retorno do Mestre à Galileia, João menciona exatamente o fato de que “Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria” (4.44). Daí se entende que foi essa a intenção de Jesus ao voltar para o território galileu, embora a sua recepção tenha sido muito expressiva.
João 4.45 registra: “Chegando, pois, à Galileia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que fizera em Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa”.
Os judeus galileus também estavam em Jerusalém por ocasião da Páscoa e viram Jesus realizar ali muitos sinais, que não estão registrados, aliás, nem em João, nem nos sinóticos: “E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, du¬rante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” (2.23).
Nota-se que o próprio João, que se refere a sinais realizados em Jerusalém por ocasião da primeira viagem, também não os registra, o que somente fará a partir da cura do paralítico de Betesda, narrada no capítulo 5. De fato, João apresenta apenas uma seleção de milagres, por meio dos sete sinais miraculosos que registra.
O OFICIAL DO REI
Não há consenso em torno da identidade desse personagem que João apre¬senta apenas como “um oficial do rei”.
Na opinião de Matthew Henry, era “assim chamado, ou pela grandeza de suas propriedades, ou pela extensão de seu poder, ou pelos direitos pertencentes à sua casa”.
Há praticamente um consenso de que servisse a Herodes Antipas, tetrarca da Galileia de 4 a.C. a 39 d.C., mas há afirmações distintas sobre a sua nacionalidade; se gentio ou judeu. Pode-se afirmar que não pertencia ao clericato judaico e que não era um judeu devoto.
O texto informa-nos de que ele foi ao encontro de Jesus em Caná. Apesar da expressão “havia ali”, contida no versículo 46, o mais provável é que o oficial tenha-se deslocado de Cafarnaum, onde morava, especificamente por causa da gravidade da doença do seu filho.
Mesmo porque, era em Cafarnaum que esse oficial morava. O versículo 47 é claro ao afirmar que: “Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele”. Ou seja, pode-se entender que houve um deslocamento concomitante tão logo o oficial soube que Jesus estaria se dirigindo para Caná, para onde também foi.
A notícia do poder que havia em Jesus para realizar milagres espalhara-se também pela Galileia e atingira a alta classe, como se vê desse exemplo de alguém ligado ao paço real.
O oficial demonstrou fé em Jesus para curar o seu filho, porque foi exatamente esse o pedido direto que fez: “[…] rogou¬-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte”4 (4.47). Não se trata, naturalmente, de uma fé consciente de quem era Jesus, mas apenas no poder que tinha de curar.
Embora seja valiosa a opinião de Hernandes Dias Lopes, o texto joanino não afirma que a fé desse terceiro estágio tenha sido específica e tão profunda como a dos samaritanos, que afirmaram, com firmeza, que haviam crido que Jesus era “verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (4.42).
Em relação ao oficial do rei, João diz apenas: “[…] creu ele, e toda a sua casa”. É bem provável que tenha sido quanto a Jesus ser o realizador do milagre. Não há um registro escriturístico que nos permita ir além disso com segurança.
Outrossim, é bem relevante dizer isso porque a fé salvífica somente é gerada quando Jesus é efetivamente apresentado como o Cristo, o Filho de Deus encarnado para salvar a humanidade. A mensagem da redenção precisa ser exposta (Rm 1.16; 10.14-17).
Refletir sobre isso nos faz considerar quanto é importante ser testemunha de Jesus; falar de quem Ele é; do que fez e faz por nós.
Isso tem fenecido bastante nos últimos tempos. Precisamos estreitar nossa comunhão com Ele para que estejamos movidos pelo Espírito de Cristo para uma ardente proclamação.
Em oração, podemos receber ousadia para testemunhar (At 1.8; 4.31), sem esquecer-nos, jamais, que o principal e maior testemunho é nossa vida (Mt 5.14-16).
FÉ: CONVICÇÃO E ATITUDE
Mesmo que o oficial do rei não tenha tido fé salvífica, a sua atitude releva uma confiança de valor inspirativo, que é a fé no poder da palavra de Jesus.
O texto joanino é claro ao dizer que ele “creu na palavra que Jesus lhe disse”, o que está totalmente fora do campo do natural. Estando ele em Caná e o filho em Cafarnaum, a 24 quilômetros, se fosse cético jamais acolheria aquela palavra e empreenderia imediata viagem de volta para casa em busca do filho.
A sua fé foi demonstrada com atitude, precisamente como nos diz as Escrituras sobre a forma como deve ser manifestado esse atributo espiritual. É nesse sentido que fala Tiago, ao dizer que, se a fé não tiver as obras é morta em si mesma (Tg 2.17).
Não se trata de acreditar que as obras tornam-nos aceitáveis diante de Deus, como já abordamos no capítulo anterior, mas, sim, de que elas são uma consequência direta da existência da verdadeira fé.
Observe que Paulo fala a mesma coisa aos efésios quando diz: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
De forma que não há contradição ou antagonismo algum entre Paulo e Tiago na questão relativa entre graça, fé e obras — ou em qualquer outra.
Se o oficial do rei tivesse ouvido a palavra de Jesus e permanecido inerte, sem atitude condizente com o que ouviu, não teria crido na declaração feita por Cristo, de que o seu filho estaria vivo, ou seja, curado e livre da morte, já que o seu quadro era gravíssimo (4.47).
Ele agiu porque creu. Sempre que recebermos uma palavra de Deus, precisamos agir pela fé para que experimentemos o poder divino.
A verdadeira fé produz em nós convicção e disposição para atitudes que não tenham explicações racionais ou cartesianas. Para o que a lógica explica, não é necessário ter fé. Agir pela fé é fazer como o oficial: “[…] creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se” (4.50).
O oficial não tinha evidência alguma de que o milagre havia ocorrido. Ele estava em Caná, e o seu filho, em Cafarnaum, distante 24 quilômetros, como já anotamos. Jesus não foi com ele à sua cidade, como lhe pedira.
Ele apenas disse que o seu filho vivia, ou seja, que não morreria, como imaginava o pai (4.47). Bastou para que o oficial tomasse a atitude de empreender viagem em busca do filho e do milagre que havia pedido a Jesus.
Quando chegou à sua casa, encontrou-o curado. Comprovando que a cura fora realizada no mesmo momento em que estivera com Jesus, creu nEle, juntamente com toda a sua casa (4.51-54).
Esse e outros exemplos da Bíblia ensinam-nos que, sempre que pedirmos alguma coisa a Deus, o Pai, em nome do Senhor Jesus, precisamos confiar nEle e estar prontos para atitudes que desafiem nossa lógica. Isso é fé.
OS HERÓIS DA FÉ
Confirmando o conceito prático da fé, temos o registro das experiências dos heróis da fé, em Hebreus 11.
Eles receberam esse título porque agiram em obediência à ordem de Deus, confiando na sua palavra. Por isso, afirmamos que fé não é um mero assentimento mental, mas, sim, uma convicção firme, gerada em nosso coração e que nos leva a atitudes condizentes com ela.
Como consta no Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, “A verdadeira fé sempre se manifesta em obediência para com Deus e atos compassivos para com os necessitados”.
Não é fácil elaborar um conceito rigoroso para fé, principalmente por tratar-se de um atributo espiritual. Do grego pistis, a palavra aparece no Novo Testamento como “confiança” (Mc 11.22; Rm 3.22,28), mas também como “fidelidade” (Rm 3.3; Gl 5.22).
Para defini-la, geralmente recorremos a Hebreus 11.1, que diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem”.
Fé não é incerteza ou dúvida, mas uma virtude espiritual que gera prontidão de espírito e que nos leva a agir de acordo com a vontade de Deus.
A fé produz entendimento do que não podemos compreender pela razão (Hb 11.3) e impulsiona-nos a agir para além dos limites de nossa própria visão (Hb 11.8).
É exatamente isso que vemos na vida dos heróis da fé. Eles são identifi¬cados pelas atitudes que tomaram: Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim; Noé preparou a Arca; Abraão saiu sem saber para onde ia e ofereceu Isaque quando foi provado; Moisés recusou ser chamado filho da filha de Faraó (Hb 11.4,7,8,17,24).
Há sempre um verbo, uma ação. Que Deus nos dê uma vida assim, de plena atuação espiritual. Pela fé e na força do Espírito Santo.
A sua fé foi demonstrada com atitude, precisamente como nos diz as Escrituras sobre a forma como deve ser manifestado esse atributo espiritual. É nesse sentido que fala Tiago, ao dizer que, se a fé não tiver as obras é morta em si mesma (Tg 2.17).
Não se trata de acreditar que as obras tornam-nos aceitáveis diante de Deus, como já abordamos no capítulo anterior, mas, sim, de que elas são uma consequência direta da existência da verdadeira fé.
Observe que Paulo fala a mesma coisa aos efésios quando diz: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
De forma que não há contradição ou antagonismo algum entre Paulo e Tiago na questão relativa entre graça, fé e obras — ou em qualquer outra.
Se o oficial do rei tivesse ouvido a palavra de Jesus e permanecido inerte, sem atitude condizente com o que ouviu, não teria crido na declaração feita por Cristo, de que o seu filho estaria vivo, ou seja, curado e livre da morte, já que o seu quadro era gravíssimo (4.47). Ele agiu porque creu.
Sempre que recebermos uma palavra de Deus, precisamos agir pela fé para que experimentemos o poder divino.
A verdadeira fé produz em nós convicção e disposição para atitudes que não tenham explicações racionais ou cartesianas.7 Para o que a lógica explica, não é necessário ter fé. Agir pela fé é fazer como o oficial: “[…] creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se” (4.50).
CONCLUSÃO
Não podemos não ceder a nenhum extremo: nem ao racionalismo, que gera incredulidade, nem ao emocionalismo ou ao sensorialismo, que abandonam a maturidade e a centralidade da fé nas Escrituras e guiam-se apenas por emoções ou sensações.
Nossas experiências são importantes e necessárias, mas devem sempre ser submetidas ao crivo da Palavra de Deus. O verdadeiro Pentecostalismo está firmado nas Escrituras e no poder de Deus (Mt 22.29). Toda emoção religiosa é bem-vinda quando originada dessas fontes por ação do Espírito Santo (Gl 5.22).
Sejamos, pois, crentes cheios de fé, expressando, por intermédio de atitudes, a confiança e a viva esperança que temos em Deus, por Cristo Jesus, nosso Senhor.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: QUEIROZ, Silas. Jesus, o Filho de Deus: Os Sinais e Ensinos de Jesus Cristo no Evangelho de João. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.00
Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/01/24/licao-05-segundo-sinal-a-cura-do-filho-do-oficial/
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kl54qbOOaXA