INTRODUÇÃO
É impossível fazer um estudo sincero sobre liderança sob uma perspectiva bíblica do Antigo Testamento sem levar em conta o exemplo de Moisés; afinal de contas, pouquíssimos assemelham-se a ele em riqueza quando o assunto é contribuição a ser oferecida no assunto aqui tratado.
Por essa causa, este capítulo é dedicado a tomar a Moisés como referência com o objetivo de somar aos demais exemplos aqui também elencados para a construção de um “edifício” sobre o qual os líderes cristãos possam firmar-se à medida que cumprem a sua missão em tempos atuais.
Embora seja admirado pela liderança bem-sucedida que teve e pela sua representatividade profética, Moisés foi um ser humano cujas limitações foram-lhe inerentes.
Sendo assim, ele não foi isento da necessidade de passar por um longo e intenso processo de treinamento que visou prepará-lo para que cumprisse a sua missão; do mesmo modo, Moisés foi flagrado como um homem portador de limitações nas suas mais variadas formas, conforme se vê em diferentes momentos da sua trajetória, mui especialmente na ocasião em que o seu sogro, Jetro, advertiu-o para buscar ajuda a fim de que pudesse liderar o povo de Israel.
O exemplo de Moisés ensina que o líder que delegar tarefas demonstra ser alguém que reconhece as limitações da sua humanidade, ao passo que a realidade dessas limitações é um meio pelo qual o líder é lembrado da sua dependência de Deus.
Partindo, portanto, do princípio de que uma liderança bem-sucedida é aquela que compartilha tarefas, a proposta deste capítulo fundamenta-se em refletir sobre o perigo da sobrecarga na vida de um líder cristão, a importância de encontrar pessoas com que se possa dividir as responsabilidades e de pedir a Deus que essas pessoas sejam por ele colocadas no caminho desse líder.
O PREPARO DE MOISÉS
Dentre os muitos que se encarregam de reafirmar a relevância da vida e do ministério de Moisés, as palavras do Senhor ao seu respeito ocupam uma elevada posição, conforme se lê em Números 12.6-8:
E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer ou em sonhos falarei com ele.
Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?
Diante das duras críticas que Arão e Miriã faziam a Moisés, o Senhor Deus saiu em defesa do seu servo sob os seguintes argumentos: I) Deus testemunhou que Moisés foi fiel em toda a sua casa; e II) O Senhor informou que a relação entre ele e Moisés era direta e sem intermediários. Mas, afinal, como Moisés alcançou essa estatura espiritual diante de Deus?
Inquestionavelmente, essas qualidades de Moisés foram desenvolvidas nele por intermédio de um processo de preparo a que o submeteu Deus com vistas o cumprimento de um propósito preestabelecido por Ele.
No mesmo contexto em que Deus sai em defesa de Moisés diante dos ataques de Arão e Miriã, há a seguinte informação:
“E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3).
Se levarmos em conta que Moisés assassinou um homem em um determinado momento da sua vida (Êx 2.11-3.22), a informação sobre a sua mansidão só pode fazer sentido e ser explicada com algo significativo que tenha acontecido entre esses dois fatos, e não restam dúvidas de que essa transformação deu-se como resultado desse processo de disciplina e de treinamento a que ele foi submetido.
A Infância de Moisés
O ministério de líder que Moisés exerceu não foi algo separado da sua trajetória pessoal, começando pelo seu nascimento e o desenvolvimento da sua infância. Do início ao fim, a história de Moisés foi uma providência divina e, em cada etapa, é possível identificar o processo a que ele foi submetido como treinamento para que pudesse ser exitoso na sua missão.
Moisés nasceu em um período sombrio da história de Israel, o seu povo. Faraó deu ordem para que todos os meninos hebreus recém-nascidos fossem assassinados, o que afetava e ameaçava Moisés; entretanto, Deus preservou a sua vida soberana e milagrosamente, conduzindo-o pelo rio Nilo até que chegasse à filha de Faraó, que decidiu adotá-lo e encaminhou-o para que a sua própria mãe amamentasse-o até que se tornasse grande e, então, fosse enviado ao palácio (Êx 1.15,16; 2.1-10).
Não há dúvida alguma de que Deus guiou Moisés já nos seus primeiros momentos de vida, conduzindo-o até a casa de Faraó, que, para Stanko, foi para educá-lo, já que, na sua visão, Deus projetou a educação como parte do preparo de Moisés, assim como é de fundamental importância para todo líder.
A forma como Deus conduziu a história de Moisés, principalmente no seu início, isto é, na sua infância, sublinha o fato de que a formação de um líder é processual e dinâmica.
Isso quer dizer que, de forma soberana e providencial, o Senhor utiliza-se de cada fase e de cada acontecimento da vida de um líder para treiná-lo e prepará-lo.
Moisés, portanto, foi um líder treinado por Deus em cada uma das fases da sua vida com vistas a estar pronto para a missão a que foi designado.
Moisés no Palácio
Terminado o período de ser cuidado por Joquebede, a sua mãe, era a hora de Moisés ir para o palácio, e longe de ter sido com o propósito de proporcionar conforto e tranquilidade ao jovem hebreu, a sua ida para a corte teve um propósito estratégico do ponto de vista divino, o que é confirmado pelos acontecimentos sucedentes.
Destaca-se, conforme defendido por Leo G. Cox, que o próprio nome dado a Moisés foi uma forma de impregnar no jovem o cuidado e o propósito de Deus com a sua vida, pois a própria pronúncia do seu nome serviu como meio de “lembrança constante de sua origem, pois o significado hebraico é ‘tirado para fora’ e o significado egípcio é ‘salvo da água’” e “as primeiras palavras da mãe produziram fruto que se manteve vivo no coração do rapaz”.
Moisés teve de conviver com uma “dupla identidade”, a de hebreu de nascimento e a de egípcio de criação. Ao mesmo tempo, teve de lidar com as facilidades e as oportunidades do palácio e com a triste realidade de injustiça e sofrimento que o seu povo sofria.
Esse conflito durou até que ele teve de decidir defender um dos seus irmãos hebreus ou o ignorar, e, conforme a informação bíblica, ele optou por assassinar o egípcio que maltratava um dos hebreus (Êx 2.11,12).
Aqui o que precisa receber destaque é o fato de que a sua passagem pelo palácio — ainda que haja pouca informação sobre esse período — representa uma parte importante do preparo a que Moisés foi submetido, pois ali recebeu instruções que forjaram a sua capacidade intelectual (At 7.22), além de ter tido acesso a todas as facilidades inerentes a um ambiente palaciano, pois, de acordo com as palavras do escritor da carta aos Hebreus, o líder de Israel teve de renunciar algo de elevado valor para que pudesse atender ao chamado divino (11.24).
A inserção de Moisés no palácio não objetivou o seu conforto pessoal, mas teve o propósito divino de prepará-lo em um nível que, somente naquele ambiente, isso poderia acontecer com vistas a libertação de Israel da servidão do Egito, e isso confirma duas importantes verdades:
I) O sucesso de uma liderança passa pelo seu preparo; e
II) A preparação de um líder visa o benefício dos seus liderados.
Moisés no Deserto
O processo a que Moisés foi submetido como meio de prepará-lo para a sua missão foi marcado por contrastes, ou, ainda, por “altos e baixos”.
Não é preciso muito esforço para identificar a dinâmica desse processo, pois ele foi conduzido da sua casa ao deserto, sendo este último um grande contraste, o que acentua ainda mais o fato de que, definitivamente, Deus inseriu-o num treinamento intensivo.
A compaixão e a identificação com as necessidades de pessoas vulneráveis, fragilizadas e subjugadas caracterizaram a liderança de Moisés, e isso passou a ser percebido justamente no período da sua fuga para as regiões desérticas de Midiã.
Além do interesse demonstrado em prestar auxílio aos fracos e necessitados, que é bem explicitado pelo texto bíblico, é possível notar outras duas características da liderança de Moisés e que o período em que esteve no deserto serviu para sublinhar isso, sendo elas:
I) O seu interesse pelo bem-estar do próximo, ou seja, o seu envolvimento com os problemas de outras pessoas com a intenção de ajudar a solucioná-los; e
II) O senso de justiça demonstrado pela sua atitude em defender quem estava do lado da verdade.
No deserto, Moisés pôde aprender o caminho da solidão, pois teve de enfrentar o esquecimento de muitos; teve, no entanto, condições de conhecer a Deus noutro nível e, consequentemente, ter uma visão a respeito de si mesmo, constatando com isso as suas fragilidades e conhecendo o seu próprio lugar.
Do rio Nilo para os braços da filha de Faraó; do palácio para a casa dos seus pais; da casa dos seus pais de volta ao palácio e daí direto para o deserto. Diferentes lugares e circunstâncias, porém com uma grande certeza: a presença de Deus conduzindo o líder Moisés à maturidade com vistas ao aprofundamento das suas bases sobre as quais o edifício da sua liderança seria estabelecido.
A presença de Deus e a consciência da sua missão, portanto, fez com que Moisés perseverasse diante do Senhor e do seu propósito.
O CHAMADO DE MOISÉS
Diante das dificuldades e dos desafios inerentes a uma liderança cristã, o que é capaz de sustentar o líder na sua missão?
A resposta a essa pergunta pode ser dada a partir da explanação de Lorin Woolfe na qual ele explica que a consciência de Moisés sobre a sua missão fez com que ele pudesse permanecer firme e a sua liderança não fosse abalada.3
No entanto, o que foi responsável pela clareza que Moisés teve da sua missão?
Aquilo que começou a ser gerado no coração de Moisés a partir dos relatos sobre a sua trajetória à medida que Deus trabalhava nele passou a ter uma conotação mais prática por ocasião da sua experiência quando recebeu o chamado divino.
Essa concretização representada no chamado que recebeu de Deus deu condições a Moisés para que este permanecesse firme na sua missão de liderar a Israel, não obstante os apertos que teve de enfrentar.
Essa seção é dedicada a tratar, sob a perspectiva de Moisés, a respeito da natureza de um chamado, da sua importância e a experiência vivida no ato do chamado.
A Natureza do Chamado
Até que fosse encontrado por Deus no deserto, Moisés não demonstrou interesse de ocupar uma posição em que pudesse destacar-se. Diante do desinteresse de Moisés e do fato de que recebeu o chamado de Deus, fica evidente que:
I) A iniciativa foi de Deus, e não de Moisés;
II) A escolha foi divina, e não humana; e
III) Não há mérito algum em Moisés (que foi chamado), mas, sim, em Deus (que o chamou).
O chamado de Moisés teve uma natureza divina, já que a sua fonte foi o próprio Deus. Nesse caso, destaca-se que, à sua semelhança, o líder cristão tem, no mínimo, uma tríplice manifestação:
I) Em relação a Deus, que é a natureza da autoridade espiritual sob a qual a liderança é exercida;
II) Em relação aos liderados que, à medida que identificam os traços de uma verdadeira chamada do seu líder, se submetem de forma natural e respeitosa; e
III) Em relação a si mesmo, pois, diante dos desafios a ser enfrentados, ele terá a certeza de que foi Deus quem o chamou, razão pela qual Ele mesmo se encarregará de sustentá-lo e de garantir-lhe a vitória.
A compreensão sobre a natureza divina do seu chamado deu a Moisés condição necessária para compreender que o objetivo de uma liderança espiritual não deve restringir-se a interesses pessoais.
Moisés foi um líder desprendido, cujo interesse nunca foi a promoção do seu próprio nome, mas sempre se dedicou a glorificar a Deus e a abençoar os seus liderados, como se vê no episódio em que Moisés prefere ter o seu nome riscado do livro de Deus a ver o povo ser destruído e o nome do Senhor ser envergonhado entre os outros povos (Êx 32.9-14,30-35).
O exemplo da liderança de Moisés reafirma que a natureza de um chamado à liderança é determinante para as suas motivações, as suas ações e as suas expectativas.
A Importância do Chamado
A certeza do chamado é algo imprescindível ao líder espiritual. Isso é consoante ao conceito exposto diante de Deus por Moisés de que o povo não o ouviria sob o argumento de que o Senhor não havia aparecido a ele (Êx 4.1).
Definitivamente, está claro que o povo só daria ouvidos a alguém que comprovadamente esteve na presença de Deus e dEle recebeu orientações e autorização para liderá-lo.
Estar na presença de Deus implica ter sido chamado para isso, de onde procede toda a autoridade para o exercício de uma liderança espiritual.
Falar e liderar em nome de Deus sem ter sido por Ele chamado e designado é muito mais insano do que falar ao telefone sem que haja uma chamada real.
Exercer a liderança cristã sem um chamado divino é, inquestionavelmente, uma tragédia anunciada. Moisés apresentou as suas dificuldades e até mesmo as suas desculpas diante do chamado divino, e, embora isso confirme a seriedade e o cuidado com que ele relacionou-se com a tarefa para a qual foi designado, foi o propósito de Deus que prevaleceu no fim.
À semelhança de Moisés, o profeta Jeremias também hesitou diante do seu chamado, e, com base nisso, Eugene Peterson afirma que “as desculpas que apresentamos são plausíveis e, com frequência, são fiéis aos fatos, mas, no entanto, ainda não passam de meras justificativas e são proibidas por nosso Senhor”.
A hesitação de homens como Moisés e Jeremias, verdadeiramente chamados por Deus, deve ser levada em alta conta, principalmente diante do triste fato de que há muitos que lidam com isso de forma irresponsável e até leviana. Liderar o povo, em qualquer nível, é algo pesado e deve ser feito com temor e reverência, mas somente com uma consciência cativa ao chamado divino isso poderá realmente acontecer.
Esse episódio da vida de Moisés mostra, portanto, a importância do chamado na vida de um líder em dois aspectos:
I) As limitações humanas não anulam o propósito de Deus demonstrado em um chamado; e
II) O chamado é uma garantia dada por Deus de que, não obstante os desafios, o líder por ele estabelecido será exitoso na sua missão, terá autoridade diante do povo e poderá descansar na bondade daquEle que o chamou.
A Experiência do Chamado
Outro aspecto muito importante a ser levado em consideração no chamado que Moisés recebeu de Deus é o registro detalhado que a Bíblia faz da experiência que o marcou permanentemente.
Três verdades a ser sublinhadas aqui:
I) A experiência de um chamado não é um fim em si mesmo, mas o meio por que Deus cumpre o seu propósito de chamar a atenção e a transmissão do seu propósito a quem Ele está chamando;
II) A experiência não pode ser transformada em algo sagrado ao ponto de ser colocada acima da verdade da Palavra de Deus;
III) A experiência contribui com a reafirmação das verdades eternas, inclusive a respeito de quem Deus é.
A experiência de Moisés, no entanto, marcou-o e mudou o rumo da sua vida para sempre. Não há quem se encontre com Deus e receba dEle um chamado para permanecer o mesmo. Aliás, o ato de chamar alguém implica ser convocado a sair de um lugar para ir a outro, ou, ainda, a deixar uma direção para seguir noutra.
Foi exatamente isso que aconteceu com Moisés, já que, quando recebeu o chamado divino para liderar o seu povo na sua libertação do Egito, ele levava uma vida calma e tranquila nas regiões de Midiã, quando, de repente, teve a sua realidade radicalmente transformada.
Conclui-se, portanto, que o líder cristão deve ter clareza sobre a sua missão, e é somente por meio de uma convicção forte do seu chamado que isso será possível.
Tal convicção, por sua vez, cumpre um papel fundamental para o sucesso dessa liderança, primeiro porque a certeza do chamado contribui com a manutenção das convicções pessoais, a autoridade espiritual e a confiança de que o Senhor irá preservá-lo em tempos difíceis; e, por fim, o chamado cumpre o papel de moldar o caráter desse líder no sentido de nortear as suas motivações, os seus métodos e os seus objetivos.
DELEGANDO TAREFAS
Por mais capaz que Moisés tenha sido e a sua liderança bem-sucedida, ele nunca deixou de ser humano, sujeito às mesmas condições de qualquer outro mortal. É possível perceber a humanidade de Moisés em vários momentos da sua trajetória, principalmente no episódio em que Jetro, o seu sogro, percebeu o quanto o seu genro estava sobrecarregado e aconselhou-o a dividir a carga com outros líderes.
Aqui a limitação de Moisés acentua-se em duas situações:
I) Na sua incapacidade de perceber a sua própria condição de sobrecarga;
II) Na sua limitação demonstrada na incapacidade de realizar tudo sozinho.
Esta seção está encarregada de mostrar o perigo da sobrecarga na vida de um líder e de enfatizar que, na obra que Deus está realizando no mundo, há espaço para todos atuarem, o que significa que o líder não só pode como também deve envolver outras pessoas no seu trabalho, evitando as consequências das muitas atividades e possibilitando que outros também sejam úteis.
O conselho de Jetro a Moisés demonstra o espírito da “liderança compartilhada”, que começa a ser percebida no Antigo Testamento e alcança o seu ponto alto no Novo, e isso indica o que Deus idealiza para a liderança espiritual.
O propósito aqui não é o de detalhar cada uma das funções ministeriais de liderança eclesiástica, mas apenas mostrar que, além de ser impossível, um líder liderar sozinho contraria o modelo deixado
O Líder Sobrecarregado
Jetro não precisou de muito tempo e nem de fazer muito esforço para perceber que o seu genro, Moisés, estava sobrecarregado e que, caso aquilo não fosse mudado, as consequências seriam trágicas e irreversíveis (Êx 18.13-18). Urge-se o fato de que Jetro percebeu o que Moisés não percebeu; aliás, um líder sobrecarregado geralmente está tão ocupado que não consegue perceber os excessos no trabalho e os perigos inerentes a isso.
O excesso de trabalho e a ausência de equilíbrio no exercício da liderança podem trazer consequências profundas e negativas, como, por exemplo, a fadiga, a estafa, a ansiedade, a Síndrome de Burnout e, por fim, a depressão.
É preciso, no entanto, ir além dos possíveis efeitos da sobrecarga de trabalho de um líder e apontar os elementos que causam esses excessos. Assim sendo, o que geralmente causa a sobrecarga num líder cristão?
Destaca-se que a liderança cristã possui particularidades, pois também lida com questões espirituais, e a tentativa de conduzir essas questões com métodos humanos ou na “força do braço humano” sempre causará desgastes que poderão ser fatais.
Além disso, a mutualidade cristã deve predominar nas relações entre os que exercem liderança cristã com vistas a dividir a carga (Gl 6.2-5), e esse é um princípio a ser observado e cumprido por aqueles que desejam viver em paz e cumprir com fidelidade a sua missão.
Um líder cristão de sucesso também é caracterizado pela sua capacidade de manter-se equilibrado e não sobrecarregado, e, para isso, ele depende de Deus para operar as mudanças necessárias, além de ser alguém que saiba quando e como usar as armas certas para as batalhas certas, além de ter a humildade de reconhecer que não conseguirá fazer tudo sozinho, razão pela qual deve ser alguém que divide as tarefas com outras pessoas.
Fazendo isso, o líder cristão preservará a sua qualidade de vida, e Deus será glorificado, pois este é o padrão que Ele deixou.
O Líder que Ouve
Na sua carta, Tiago deu a seguinte advertência: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar […]” (1.19). Paralelo à leitura desse texto, leia a informação bíblica sobre a reação de Moisés ao conselho de Jetro, o seu sogro: “E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro e fez tudo quanto tinha dito” (Êx 18.24).
Todo cristão tem o dever de atentar e de obedecer a esse princípio, e não é diferente para os que se encontram em posição de liderança; aliás, muitas tragédias seriam evitadas se houvesse uma disposição maior nos líderes cristãos para ouvir outras pessoas.
É evidente que o líder deve selecionar bem a quem ouvir; no entanto, esse cuidado não deve sobrepor-se à necessidade de ter alguém a quem recorrer em momentos decisivos e importantes.
Jetro tinha, pelo menos, duas vantagens em relação a Moisés:
I) Ele era mais velho e, por isso, mais experiente que o seu genro;
II) Ele pôde analisar a situação a partir de uma perspectiva diferente da de Moisés.
Entretanto, de que adiantaria Jetro falar se Moisés não fosse alguém disposto a ouvir? Ouvir outras pessoas é um ato de obediência e de humildade.
Essa virtude é fundamental para o líder cristão, pois, ao ouvir os seus liderados, o líder cristão permite-se ser corrigido.
Moisés foi um líder de sucesso, e isso não foi acidental e nem tampouco coincidência, mas foi resultado de uma combinação de qualidades e atitudes pelas quais ele alcançou o posto de um dos maiores líderes da história de Israel. Dentre essas qualidades e atitudes, está — sem dúvida — a humildade, virtude que deu a ele a disposição de ouvir o seu sogro, Jetro.
Um verdadeiro líder não é conhecido somente quando e como ele fala, mas também é identificado pela sua capacidade de ouvir outras pessoas. Além de falar (comunicar-se) bem, o líder cristão deve ouvir bem.
Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. Liderança na Igreja de Cristo: Escolhidos por Deus para servir. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/10/14/licao-3-a-lideranca-de-moises/