INTRODUÇÃO
– Na conclusão do estudo do livro do profeta Ezequiel, veremos a descrição da nova terra de Israel, no capítulo 48.
– Israel convertido será o reino sacerdotal e o povo santo no reino milenial de Cristo.
I – A VISÃO DA NOVA TERRA DE ISRAEL COMEÇA PELO TEMPLO
– Já temos visto que o profeta Ezequiel não só foi o escolhido por Deus para trazer o aviso do iminente juízo de Deus sobre os judaítas por causa de sua impenitência, bradando no exílio a mesma mensagem que Jeremias já estava a bradar há anos em Jerusalém, como também lhe foi incumbido trazer visões referentes à restauração nacional e espiritual de Israel.
– O Senhor não só mostrou o nível de apostasia existente entre os judaítas, notadamente no templo de Jerusalém, mas também como se daria a transformação deste povo idólatra e impenitente no reino sacerdotal e povo santo que haviam aceitado ser após a proposta divina no monte Sinai (Ex.19:5,6).
– Ezequiel, que era sacerdote, foi o homem de Deus escolhido pelo Senhor para mostrar aos israelitas como se daria esta mudança radical, tendo visto o novo templo, o seu serviço, como também as próprias águas purificadoras, que também restaurariam a própria terra de Israel.
– É esta nova terra de Israel, então, que o Senhor mostra a Ezequiel, naquela que seria a sua última visão, o término de sua mensagem.
O profeta pôde ver o reino sacerdotal e povo santo pretendidos pelo Senhor, todo um povo em perfeita comunhão com Deus, e não mais aquele trágico espetáculo que também presenciaria em arrebatamento de sentidos em Jerusalém, quando também foi testemunha ocular da retirada da glória de Deus daquele santuário.
– Vemos, por primeiro, como a sequência das visões dadas ao profeta são extremamente elucidativas para nós que servimos ao Senhor e que sabemos que tudo que está escrito, está escrito para o nosso ensino (Rm.15:4).
– As visões do profeta começam com o templo. No capítulo 40, no vigésimo quinto ano do exílio de Ezequiel, ele foi posto num monte muito alto e pôde ele avistar um edifício, que era o templo (Ez.40:1).
– Tudo começava com o templo, o templo era o centro de tudo quanto haveria o profeta de ver no Israel espiritualmente restaurado. O templo era o centro de tudo, a base de tudo quanto lhe seria revelado.
– Não é à toa que o primeiro e grande mandamento da lei é amar a Deus sobre todas as coisas (Mt.22:37,38). Deus tem de ocupar o lugar prioritário em nossas vidas, temos de viver em função do Senhor.
– Jesus, nosso exemplo, disse que Sua comida era fazer a vontade d’Aquele que O enviara e realizar a Sua obra (Jo.4:34). Foi esta a oração que fez ao deixar a glória e Se encarnar no ventre de Maria (Hb.10:5-7).
– O desejo do Senhor era habitar com o Seu povo (Ex.25:8) e como o povo havia se recusado a subir ao monte após o longo sonido da buzina (Ex20:18-21), como ficara combinado no encontro de Deus com Israel monte Sinai (Ex.19:13), o Senhor, então, mandou construir o tabernáculo para que pudesse ficar junto ao povo, tabernáculo que depois foi substituído pelo templo.
– No entanto, o templo, que era o local da habitação de Deus, onde Ele manifestara a Sua glória, seja na inauguração do tabernáculo no deserto (Ex.40:34), seja do templo, nos dias de Salomão, em Jerusalém (I Rs.8:10,11; II Cr.7:1,2), passou a ser local de abominações, de modo que a glória de lá se retirou.
– Ezequiel, como dissemos já, foi testemunha destas abominações e da retirada da glória de Deus, mas, agora, podia contemplar um novo templo em que esta glória estaria presente uma vez mais, um templo que seria uma habitação de Deus e onde todo o povo de Israel estaria em comunhão com o Senhor, instituída assim aquela união que não fora possível no Sinai.
– Somente o “príncipe e pastor Davi” (Ez.34:24; 37:24), que é Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (At.2:29-32), o profeta como Moisés (Dt.18:15-19), que levará o povo a subir o monte, estabelecerá a comunhão entre Deus e Israel, permitindo, então, que se cumpra o desígnio divino de fazer Israel Seu reino sacerdotal e o povo santo.
– Quando cremos em Jesus, portanto, temos de “subir o monte”, estabelecer uma comunhão com o Senhor e isto somente é possível se passarmos a ser “habitação de Deus”, “morada de Deus no Espírito” (Ef.2:22), “templo do Espírito Santo” (I Co.6:19,20). Jesus mesmo Se denominava templo de Deus (Jo.2:19-22).
– Não é por outro motivo que o Pai procura verdadeiros adoradores, que O adorem em espírito e em verdade (Jo.4:23,24). A vida espiritual tem seu centro na adoração ao Senhor. Como diz o item 8 do Cremos da
Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “[CREMOS] Na Igreja, que é o corpo de Cristo, coluna e firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus (I Co.12:27; Jo.4:23; I Tm.3:15; Hb.12:23; Ap.22:17).”
– O Israel restaurado tinha de ter início no templo e é por isso que Ezequiel é levado para lá em primeiro lugar.
II – A VISÃO DO LUGAR SANTO DA TERRA
– Depois que Ezequiel vê o templo e lhe são mostradas as fronteiras da terra, ao profeta é apresentado o
“lugar santo da terra” (Ez.45:1).
– No Israel restaurado, haveria uma porção do território que seria separado para que fosse dedicado ao uso exclusivo do Senhor e da função sacerdotal. Israel tinha de ser um “reino sacerdotal” e todo reino tem um território e, neste território, deveria haver uma porção especial e central para Deus.
– Veja que, como o povo não quis ter comunhão com o Senhor no monte Sinai, que, mui propriamente, o pastor Aldery Nelson Rocha denominou de um “tabernáculo natural” (Cf. Santa Bíblia Versão Di Nelson, p.165), o Senhor teve de mandar edificar um tabernáculo para que nele ficasse no meio do povo.
– Quando, porém, o povo passou a habitar na Terra Prometida, o tabernáculo, que era móvel, acabou sendo edificado e mantido em Siló, cidade situada cerca de 32 km a nordeste de Jerusalém, pertencente a tribo de Efraim, ao norte de Betel (Jz.21:19).
– Este tabernáculo foi alvo de profanação, notadamente nos dias de Eli, por causa de seus filhos Hofni e Fineias (I Sm.2:12-17, 22-26), de modo que o Senhor dele Se afastou, permitindo a sua destruição (Sl.78:56-64).
– O Senhor, então, escolheu Jerusalém e Sião como sendo o local para a construção do templo (II Cr.3:1), na eira em que Davi havia sacrificado ao Senhor para aplacar a ira divina sobre a cidade (I Cr.21:15,16).
– Agora o templo fora alvo de abominações (Ez.8) e, por isso, também a glória de Deus se retirara (Ez.10) e o templo tinha sido destruído, assim como a cidade, cidade que seria pisada pelos gentios até o tempo que agora era contemplado pelo profeta (Lc.21:24).
– Agora, não se teria apenas o templo como lugar de Deus, mas a própria Terra Prometida seria um
“tabernáculo”, a habitação de Deus com Israel e haveria agora um espaço reservado, no centro, para ser o “lugar santo da Terra”, lugar onde ficariam os sacerdotes, os levitas e o próprio templo.
– Durante o tempo em que Israel esteve ocupando a Terra Prometida, tanto antes como depois do cativeiro da Babilônia, a tribo sacerdotal, a tribo de Levi ficou espalhada na terra, sem herança, porque a sua herança seria o Senhor (Nm.18:20).
– Esta era uma demonstração que, por causa da incredulidade do povo, o Senhor não podia ter um lugar próprio na Terra. Mas, agora, tendo havido a fé em Cristo, a comunhão, o Senhor teria uma porção no meio dos filhos de Israel.
– Este “lugar santo” terá doze quilômetros e meio de comprimento e largura de cinco quilômetros, ou seja, uma área de 62,5 km², dentro do qual ficará o templo, numa área quadrada de 250 metros por 250 m, ou seja, 62.500 m², com uma área aberta em torno dele de 25 m de largura.
– O “lugar santo” será destinado aos sacerdotes, aos ministros do santuário que dele se aproximam para servir ao Senhor e lhes servirá de lugar para casas e de lugar santo para o santuário.
Aqui vemos os sacerdotes todos próximos do templo, não mais espalhados, como ocorria, precisamente porque há agora comunhão de Deus com o Seu povo.
– Nesta área do lugar santo, os levitas poderão construir suas cidades e ali morar, mas uma área deste lugar santo será reservada para toda a casa de Israel, a nos mostrar, portanto, que o desejo de Deus é que todos d’Ele se aproximem, porque todo Israel será reino sacerdotal, embora sacerdotes e levitas sejam ministros do templo (Ez.45:4-8).
– Haverá também uma área reservada para o príncipe (Ez.45:7), que já dissemos entender tratar-se aquele que administrará o templo.
– Neste ambiente de comunhão e de fraternidade, não haverá mais opressão dos príncipes sobre o povo, como acontecia nos dias de Ezequiel, como aconteceu no período do Segundo Templo.
– Haverá a prática da justiça e do juízo, serão afastadas a violência e a assolação, haverá honestidade, não se terá imposição ao povo e o povo voluntariamente oferecerá o necessário para as ofertas e sacrifícios no templo pelo príncipe de Israel (Ez.45:9-16).
– Não se terá apenas uma nova conformação física na terra de Israel, mas uma nova conformação social, onde reinarão justiça e paz, onde haverá a prática da justiça e do juízo, onde a lei de Deus será por todos observada.
– Tendo o Senhor Jesus à frente, o governo finalmente cumprirá o papel para o qual foi criado por Deus logo após o dilúvio, ou seja, uma estrutura feita para fomentar a paz e o bem, para louvar os obedientes ao Senhor e castigar os desobedientes, amplificando as condições para que todos possam servir a Deus e cumprir o papel que o Senhor destinou a cada ser humano.
III – A VISÃO DAS FRONTEIRAS DE ISRAEL E DAS TRIBOS
– Depois de ter visto o rio das águas purificadoras, o profeta é apresentado às fronteiras da nova terra de Israel, onde vê o cumprimento da promessa de Deus a Abraão, pois a terra teria exatamente as dimensões ditas ao patriarca (Ez;47:13-20, compare com Gn.15:13-17).
– Nunca, em toda a história de Israel, os israelitas chegaram a ter toda a terra prometida a Abraão para si. Desobedeceram a Deus e permitiram que alguns dos habitantes nativos se mantivessem em suas cidades, quando deveria tê-los destruído (Jz.1:17-36), o que causou a indignação do Senhor que, como reação, impediu que fossem eles expelidos totalmente (Jz.2:1-5).
– Nem mesmo durante o reinado de Davi foram todos os estrangeiros expelidos da Terra, embora, neste tempo, tenha Israel mais se aproximado das fronteiras queridas por Deus, fronteiras estas mantidas no pacífico e próspero reinado de Salomão.
– Entretanto, após a divisão do reino, pouco a pouco Israel foi perdendo as terras conquistadas, até ter perdido completamente a posse da terra, só parcialmente recuperada após o cativeiro da Babilônia e, mesmo assim, sob o governo de gentios, situação que, no ano 135 d.C., acabou por significar a perda completa da Terra, uma vez mais, o que somente passou a mudar com o movimento sionista. Mesmo assim, hoje o Estado de Israel tem apenas parte do território que lhe foi prometido por Deus, pois só Jesus irá estabelecer as fronteiras prometidas a Abraão.
– Não apenas o Senhor terá Sua porção, mas o próprio estrangeiro que ali peregrinasse, também terá a sua porção (Ez.47:23).
– Apesar de ser o povo santo e reino sacerdotal do Senhor, Israel jamais poderá desamparar ou discriminar os gentios que queiram vir servir a Deus entre eles.
Não há aqui qualquer sentimento nacionalista ou xenófobo, mas, bem ao contrário, um sentimento de fraternidade, de amor fraternal. Tanto assim é que haverá, inclusive, gentios que servirão no templo (Is.66:21).
– Notamos, pois, que, ao contrário do que tem vigorado no sistema gentílico desde que teve início o “tempo dos gentios”, precisamente nos dias do profeta Ezequiel, o reinado de Cristo não será tirânico, nem dominador, nem tampouco um “império de dominação”, mas, sim, um reino de justiça, paz e harmonia entre os povos.
– O homem, então, mostra ao profeta pormenorizadamente toda a disposição da terra de Israel, dividida entre as doze tribos, pois será novamente Israel unificado, visto que a idolatria terá cessado e a divisão dos reinos se deveu precisamente à idolatria (I Rs.11:9-13).
– A primeira porção na parte extrema do norte era o termo de Dã. Na antiga terra, Dã ocupou também uma parte extrema do norte, mas não por sorteio e, sim, por conquista, tendo sido, pois a primeira tribo a ocupar um território que não lhe tinha sido dado (Jz.18:1-18). Também foi a primeira tribo a apostatar da fé, adotando a idolatria (Jz.18:27-31).
– Por isso mesmo, Dã é a tribo que simboliza a apostasia espiritual, tanto que, entre os 144.000 judeus que pregarão o Evangelho durante a Grande Tribulação, não há ninguém desta tribo (Ap.7:4-8).
– Como bem explica o pastor José Serafim de Oliveira: “…O porquê da ausência da tribo de Dã, não se sabe, não há nem um texto bíblico que o diga.
Apesar de haver algumas especulações a respeito. Veja a profecia de Jacó em relação a Dã (Gn.49:17,18), atentando para o versículo 18, onde o patriarca Jacó fez uma oração parecendo estar angustiado. Veja também uma história curiosa da tribo de Dã em Jz. 18:41-31. Parece ter sido esta a primeira tribo a ter aderido coletivamente à idolatria.
Há quem reúna estes fatos para afirmar que o Anticristo será um judeu da tribo de Dã. Não convém fazer tal afirmação porque faltam elementos comprobatórios.
Que a tribo de Dã está risca da relação dos cento e quarenta e quatro mil israelitas fiéis, selados com o selo de Deus, está claro, como está clara a oração do patriarca Jacó em Gn.49:18. São dois elementos que despertam nossa atenção…” (A revelação do Apocalipse. 1.ed., pp.51-2).
– Com a descoberta do DNA e o início dos testes genéticos, a primeira tribo perdida a ter sido identificada foi precisamente a tribo de Dã.
O rabino-chefe de Israel reconheceu como sendo israelitas e remanescentes da tribo de Dã os “falashas” da Etiópia, que, inclusive, foram repatriados para Israel.
– A menção, em primeiro lugar, da tribo de Dã é bem elucidativa. Mostra-nos como Deus realmente restaurará o povo de Israel e a primeira tribo a ser mencionada é precisamente a que primeiro abandonou o Senhor adotando a idolatria. A obra de Deus é completa.
A tribo que nem mesmo teve alguém que pregasse o evangelho do reino durante a Grande Tribulação é a que primeiro é mencionada ocupando a nova terra de Israel. Nosso Deus é Salvador, nosso Deus é restaurador! Aleluia!
– A segunda tribo mencionada é a tribo de Aser, “a tribo do pão abundante e das delícias reais” (Gn.49:20), que “agrada seus irmãos e banha seus pés em azeite” (Dt.33:24), tribo que tinha remanescente fiel desde a divisão do reino, tanto que a profetisa Ana que profetizou a José e Maria quando Jesus foi apresentado no templo era desta tribo (Lc.2:36).
– Ao lado da tribo apóstata, temos uma tribo de fidelidade, que, desde cedo, sempre teve um remanescente fiel e que “banhava os pés em azeite” e “agradava seus irmãos”. Em Cristo, tornamo-nos irmãos, seja qual tenha sido a nossa história pregressa, a nossa conduta, o nosso comportamento. Em cristo, somos novas criaturas, as coisas velhas passaram, tudo se faz novo (II Co.5:17).
– A terceira porção pertencerá à tribo de Naftali, a “cerva solta, que dá palavras formosas” (Gn.49:21), o “farto de benevolência e cheio da bênção do Senhor, o possuidor do Ocidente e do meio-dia” (Dt.33:23).
– Naftali é a tribo em que o Senhor Jesus esteve em boa parte do Seu ministério, pregando e ensinando, onde brilhou a luz do Evangelho (Is.9:1). Agora, que haviam dado ouvido às palavras do Meigo Nazareno, que sobre eles reinava, a tribo realmente experimentaria a plenitude da bênção do Senhor.
– Em seguida, vinha o termo de Manassés, um dos filhos de José (Gn.46:20), pois José recebeu dupla porção na terra (Ez.47:13), pela sua fidelidade ao Senhor m meio a seus irmãos que não haviam se esmerado em sua vida espiritual (Gn.37:2), tendo sido o instrumento divino para a própria preservação na formação do povo (Gn.45:5; 50:20). Ademais, Jacó havia como que adotado os filhos de José (Gn.48:15,16) e eles já haviam participado da divisão da terra antiga (Js.14:4).
– Manassés, na antiga terra de Israel, fora dividido pela metade, tendo uma herança do outro lado do Jordão e uma do lado de cá do Jordão (Nm.32:33; Js.17:15). Agora, entretanto, estará unido, pois não há mais divisão no reino milenial de Cristo.
– A porção seguinte foi da tribo de Efraim, o outro filho de José, que era a tribo mais numerosa do antigo reino do Norte, de onde veio, inclusive, o primeiro rei das dez tribos, Jeroboão.
Efraim havia liderado a idolatria dos bezerros de ouro, que ocasionara o fracasso espiritual do reino do norte, mas agora estava restaurado como as demais tribos, servindo ao Senhor. Voltara a ser a tribo fiel que tinha dado Josué, o conquistador da própria terra.
– A sexta porção era da tribo de Rúben, a tribo cujo patriarca havia perdido a primogenitura por conta de seu comportamento pecaminoso (Gn.49:3,4) e de onde eram Datã Abirão e Om, os rebeldes que se aliaram a Corá contra Moisés (Nm.16:1), mantendo a inconstância como marca desta tribo.
– Agora, entretanto, estava Rúben bem no meio da Terra Prometida, perfeitamente integrado e entrosado com o resto do povo na submissão ao Rei Jesus.
– Ao lado de Rúben, estava a porção de Judá, a tribo de Davi, a tribo a que pertence o Rei Jesus A porção de Judá fará fronteira com o “lugar santo”, pois é a tribo que Deus escolheu para que viesse Seu Filho, é a tribo que deu o Rei que é também o Sumo Sacerdote.
– Então, após a porção de Judá, ter-se-á o “lugar santo” de que já falamos supra, porção em que se situará o templo, bem como a morada dos sacerdotes e dos levitas.
A tribo de Levi continuará tendo por herança o Senhor, mas esta herança agora sem qualquer espalhamento, em união e comunhão com o Senhor, bem próximo a Ele para servir no altar.
– Ali também estará a cidade santa, a Jerusalém terrestre do milênio, cujo nome será “O Senhor está ali” (Jeová Samá) (Ez.48:35).
O Senhor Jesus não estará mais a visitar Jerusalém nos dias festivos, como fez durante o Seu ministério terreno, mas habitará na “cidade de Davi”, que mudará de nome precisamente porque passará a ser habitação do Senhor, a Sua residência.
– Quando dois ou três estão reunidos hoje em nome do Senhor Jesus, Ele Se faz presente no meio deles (Mt.18:20) e todos nós sabemos os efeitos maravilhosos e extraordinários que advêm da presença do Senhor Jesus no meio do Seu povo.
– Podemos imaginar como será o ambiente desta cidade, onde o Senhor Se fará presente, não apenas porque dois ou três estejam reunidos em Seu nome, mas por que todo o Israel estará reunido em Seu nome?
– Como bem afirmou o apóstolo Paulo (Rm.11:15), se a rejeição e desobediência de Israel trouxeram tantas bênçãos e maravilhas para a Igreja, que é sal da terra e luz do mundo, a coluna e firmeza da verdade, a intercessora de toda a humanidade perante o Senhor, o que não proporcionaria este ambiente de obediência, comunhão, fraternidade e união que terá Israel para a Terra nos dias do milênio?
– A cidade terá 5,0625 km² e os seus arredores, 15.625 m², sendo que a área paralela à região sagrada da cidade terá 25 km², sendo uma cidade autossustentável, pois tudo o que produzir será para o próprio sustento dela, produção esta que será realizada por trabalhadores de todas as tribos de Israel. A área sagrada terá 156,25 km² (Ez.48:15-20).
– A cidade terá doze portas, cada uma com o nome das tribos de Israel, porque é a cidade que é a capital deste único reino, do reino sacerdotal e povo santo que foi restaurado por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Três portas para o norte: Rúben. Judá e Levi; três portas da banda do oriente; José, Benjamim e Dã; três portas da banda do sul: Simeão, Issacar e Zebulom e três portas para o ocidente: Gade, Aser e Naftali (Ez.48:31-34).
– Vemos que será uma cidade construída sob a arquitetura divina, bem superior às cidades planejadas que temos ao redor do mundo, mas, mesmo assim, ainda é infinitamente inferior à Nova Jerusalém, cidade descrita por João no livro do Apocalipse, a morada da Igreja e a cidade do Estado Eterno, dos novos céus e nova terra (Ap.21,22).
– Aliás, a Nova Jerusalém estará pairando sobre “Jeová-Samá” durante todo o milênio, pois ela descerá das regiões celestiais, onde estará quando o Senhor Jesus celebrar as bodas do Cordeiro, para ficar sobre a cidade santa da nova Terra, pois passou a ser a morada da Esposa do Cordeiro, que nunca mais se separará de seu marido, que terá voltado à Terra para reinar sobre Israel e sobre as nações.
– Depois do lugar santo, vem a porção da tribo de Benjamim, a menor das tribos de Israel, formada por pessoas de todas as tribos, depois que praticamente foi dizimada numa guerra civil (Jz.21) e que deu o primeiro rei de Israel e que se ligou umbilicalmente à tribo de Judá, tanto que ficou ao seu lado na divisão do reino.
– Ela está aqui, também, como Judá, fazendo fronteira ao lugar santo, prova de que, embora se esteja numa nova terra de Israel, Deus leva em conta a individualidade de cada um e manteve aqueles que se mantiveram fiéis à casa de Davi próximos da cidade santa e do templo. Deus não esquece as nossas boas obras (Hb.10:32-35; Ap.22:12).
– A nona porção era de Simeão, outra tribo que ficou espalhada na antiga terra de Israel, recebendo herança no meio da herança de Judá. Agora, esta tribo estaria unida, servindo ao Senhor.
– A décima porção era de Issacar, o “jumento de ossos fortes, deitado entre dois fardos” (Gn.49:14), “destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer” (I Cr.12:32). Agora já havia chegado o tempo da redenção, onde não se fazia mais necessário aguardar a plenitude da comunhão com o Senhor.
– A décima primeira porção era de Zebulom, que agora estava distante de Naftali, com quem havia dividido boa parte do palco do ministério público de Nosso Senhor e Salvador na Galileia dos gentios (Is.9:1).
– Na antiga terra, era a sua porção o “porto dos mares” e “o porto nos navios” (Gn.49:13), que deveria se alegrar “nas suas saídas” (Dt.33:18). Agora, embora não fosse ficar longe do ribeiro e do Mar Grande, com eles não faria fronteira.
– A décima segunda e última porção era de Gade, a mais meridional das porções, que fará fronteira com o ribeiro e o Mar Grande, que “acometeria uma tropa ao final, depois de ter sido acometido” (Gn.49:19) e que Moisés abençoou quem o dilatasse, pois ele habitava com a leoa e despedaçava o braço e o alto da cabeça (Dt.33:20).
– Gade foi o escolhido para ser a “porta de entrada” dos gentios à terra de Israel, fazendo fronteira com o Mar
Mediterrâneo, razão por que deve ser o que primeiro será atacado na rebelião final.
– Esta é a nova terra de Israel que foi vista por Ezequiel, o reino sacerdotal e povo santo sediados na Terra Prometida, que servirão ao Senhor durante mil anos, levando toda a Terra a adorar ao Senhor.
– O ponto alto das celebrações de adoração a Deus será, neste tempo, a Festa dos Tabernáculos (Zc.14:16,18,19), que é, precisamente, a festa que tem como finalidade o agradecimento a Deus pela colheita (Lv.23:33-36; Nm.29:12-40), a última das festas do calendário da lei.
– Tipologicamente, a Festa dos Tabernáculos simboliza precisamente o milênio, o tempo em que Deus habitará (“tabernáculo” significa “habitação”) com o Seu povo na terra de Canaã, sem qualquer separação, sem qualquer indignação, em perfeita comunhão, em que Israel será Seu reino sacerdotal e povo santo.
– A Festa dos Tabernáculos celebra o término do ano agrícola, ou seja, o final da colheita, a consumação do tempo da produção.
Em Israel, esta festa, então, celebrará, no milênio, a obra salvadora de Cristo sobre Israel, a salvação dos israelitas, algo completo e acabado, ao mesmo tempo que se oferecerá às demais nações esta mesma vida espiritual, esta mesma comunhão.
– A Festa dos Tabernáculos também é uma manifestação de gratidão a Deus pelo sustento da terra, o reconhecimento de que toda a Terra é do Senhor (Ex.19:5; Sl.24:1) e de que Ele é quem sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder (Hb.1:3).
– Por isso mesmo, o texto sagrado diz-nos que a nação que não vier agradecer a Deus em “Jeová-Samá” na Festa dos Tabernáculos não terá chuva, bem como haverá praga e ferimento da terra sobre o seu território no ano seguinte, como reação à sua ingratidão (Zc.14:17-19).
– Não podemos nos esquecer que, no milênio, por ser época de justiça e paz, não haverá qualquer impunidade, com pronto castigo a qualquer violação da lei (Is.11:4,5).
Um dos grandes males de nossos dias é a demora na punição e no castigo dos ímpios, que é um grande incentivo e estímulo à criminalidade e à violência.
– Mas a Festa dos Tabernáculos é celebrada no dia quinze do sétimo mês, quando se iniciou a construção do tabernáculo, no qual Deus Se fez presente entre o povo, ou seja, é a memória do período em que Israel, depois de ter ofertado com os materiais para o tabernáculo, demonstrou a sua decisão de ter Deus com ele, mesmo depois do triste episódio do pecado do bezerro de ouro.
– Por isso, a Festa dos Tabernáculos é a festividade apropriada do reino milenial, que celebra a habitação de Deus com o Seu povo.
– Mas a Festa dos Tabernáculos é celebrada com o povo ficando sete dias em cabanas, relembrando a sua passagem no deserto mas também nos alertando de que a morada na Terra Prometida, mesmo no milênio, será temporária, passageira, como foi o deserto na peregrinação de Israel.
– Os israelitas convertidos, assim como a Igreja, devem lembrar que são filhos de Abraão e que Abraão foi peregrino na Terra e que ansiava por uma pátria celestial (Hb.11:9,10.13-16) e esta busca pela pátria celeste e permanente foi evidenciada pelo fato de ter sempre habitado em tendas, nunca ter jamais construído um edifício na terra de Canaã.
– Assim também nós não podemos nos prender às coisas desta vida terrena (Cl.3:1-4), e os próprios israelitas deveriam saber que, após o pleno cumprimento da promessa de que seriam reino sacerdotal e povo santo, haveriam de adentrar em novos céus e nova terra, onde, unidos à Igreja e aos gentios que forem fiéis, formariam a única grei com Cristo e Seu Pai na dispensação da plenitude dos tempos (Ef.1:10).
– “O Senhor está ali” é o nome que darão a Jerusalém no milênio, neste ambiente maravilhoso de comunhão e adoração a Deus. Mas nós somos chamados para algo bem melhor.
Façamos como Paulo e digamos “não sou eu mais quem vivo, mas é Cristo que vive em mim” e, sendo isto uma realidade em nossas vidas, o “Senhor estará aqui”, em nós e, quando vier nas nuvens, levar-nos-á para que onde Ele estiver, estejamos nós também (Jo.14:1-3) e não precisaremos morar em “Jeová-Samá”, mas nós mesmos seremos a Nova Jerusalém e nela já seremos introduzidos. Amém!
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/8524-licao-13-o-senhor-esta-ali-i