INTRODUÇÃO
-Encerrando o estudo sobre os relacionamentos familiares, abordaremos a necessidade da participação de Jesus em nossa vida familiar.
-A família dos irmãos Marta, Maria e Lázaro é um exemplo neste aspecto.
I – A FAMÍLIA DE BETÂNIA
-Estamos encerrando o estudo deste trimestre em que analisamos como devem ser os nossos relacionamentos em família à luz da Palavra de Deus, buscando, assim, neste primeiro ambiente de nossa vida social, servir ao Senhor e seguir a nossa caminhada rumo ao céu.
-Nesta última lição, verificaremos a necessidade de termos Jesus como participante de nossa vida familiar. O Senhor Jesus está vivo (Ap.1:18) e, portanto, tem de ser um integrante atuante em nossas famílias, sendo a cabeça de todo o varão (I Co.11:3).
-A casuística bíblica desta lição é a chamada “família de Betânia”. Betânia é uma vila até hoje existente, situada no outro lado do monte das Oliveiras, cerca de 15 estádios, ou seja, cerca de 2.700 m de distância de Jerusalém, na estrada para Jericó.
-Tratava-se, praticamente, de passagem obrigatória para quem ia às peregrinações em Jerusalém, principalmente para os que moravam na Galileia, como era o caso do Senhor Jesus, que não passavam por Samaria, mas atravessavam o rio Jordão indo para a Pereia e, depois, iam a Jericó e ali tomavam a estrada para Jerusalém, que passava em Betânia.
-A palavra “Betânia” significa “casa dos figos” ou “casa das tâmaras verdes”, indicando que era um lugar onde, particularmente, havia esta espécie de frutas em abundância no caminho para Jerusalém. Alguns entendem, também, que seu significado seja “casa da aflição” ou “casa da obediência”.
-O fato é que Jesus passava por ali quando, como varão judeu que era, em observância à lei, comparecia a Jerusalém nas três grandes festas (Páscoa, Pentecostes e Festa dos Tabernáculos) (Ex.23:17; 34:24; Dt.16:16).
-Nesta aldeia, moravam três irmãos: Maria, Marta e Lázaro. Tratava-se de uma família diferente, porque, pelo que parece, os pais haviam morrido e os filhos ainda eram solteiros. Era uma família de irmãos sem pais.
-Exsurge, aqui, logo de início, a discussão sobre as “configurações familiares”, pois, em nossos dias, há os defensores da diversidade de famílias, da multiplicidade de conformações familiares, e chegam a dar o exemplo da “família de Betânia” como uma “prova bíblica” de que são possíveis várias formas de famílias.
-Este tipo de pensamento, entretanto, advém de uma mentalidade contrária à Palavra de Deus, podemos dizer de uma mentalidade rebelde e que pretende contraditar tudo quanto ensina Deus nas Escrituras Sagradas, dentro daquela ideia lançada por Satanás ao primeiro casal de que se pode viver independentemente de Deus (Cf. Gn.3:5).
-A família foi instituída por Deus e o modelo divino de família é a união de um homem e de uma mulher pelo casamento, que passam a ter uma vida em comum independente, na presença de Deus e que geram filhos (Gn.2:24; Sl.128).
-Não há outro modo possível de se criar legitimamente e de acordo com a vontade de Deus uma família. Toda e qualquer outro modo que se invente será contrário à Palavra de Deus e não se terá uma verdadeira família.
-Desta maneira, se tivermos uniões entre homem e mulher que não sejam pelo casamento, uniões entre pessoas do mesmo sexo, uniões entre vários homens e várias mulheres, como temos visto na atualidade, não são famílias, mas, sim, manifestações de rebeldia contra o Senhor, o que não é novidade, pois isto era a característica dos dias de Noé (Gn.6:1,2; Mt.24:37-39),
e nossos dias, di-lo o Senhor Jesus, são como os dias de Noé e, portanto, a presença destas conformações pseudofamiliares e o incentivo e estímulo que recebem na sociedade e até pelo Estado são mais uma prova de que Jesus está na iminência de arrebatar a Sua Igreja.
-No entanto, a partir desta conformação única estabelecida por Deus, podem surgir outras espécies de famílias em razão das circunstâncias da vida. Foi o que ocorreu com a “família de Betânia”. Por motivos desconhecidos e não revelados, o fato é que os pais destes três irmãos haviam morrido e os três irmãos, solteiros que eram, passaram a conviver sem os pais, mas mantendo a unidade familiar.
-Por isso mesmo, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ao abordar este tema, assim afirmou:
“…CREMOS, professamos e ensinamos que a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho (s) — quando houver (…) Reconhecemos preservada a família quando, na ausência do pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos [Et.2:7,15; I Tm.5:16].
Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser condenada por Deus nas Escrituras [Lv.18:22; Rm.1:24-27; I Co.6:10], bem como qualquer configuração social que se denomina família, cuja existência é fundamentada em prática, união ou qualquer conduta que atenta contra a monogamia e a heterossexualidade, consoante o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus [Mt.19:4-6]” (DFAD XXIV, pp.203-4).
-Assim, toda formação familiar derivada da união entre um homem e uma mulher pelo casamento, mas que, pela morte ou abandono de um dos fundadores, ou até de ambos, é, sim, uma formação familiar legítima, visto que não tem origem em pecado nem procura justificá-lo.
-A falta dos pais na família de Marta, Maria e Lázaro certamente trazia muitas dificuldades e problemas para aquela família, notadamente naquele tempo em que a sociedade era “patriarcal”, ou seja, a figura do “pai de família” era fundamental para que houvesse a vida familiar e a própria convivência da família com o restante da sociedade.
-É precisamente nesta família diferente, carente, quiçá vista com desconfiança por toda a sociedade, mesmo naquela pequena vila como era Betânia, que Jesus teria um papel singular, sendo, de longe, a família que mais se aproximou de Jesus e com Ele manteve um relacionamento intenso, reconhecido por todos (Cf. Jo.11:36).
-A primeira menção que se faz desta família e seu relacionamento com Jesus é no evangelho segundo Lucas, onde se diz que, quando Jesus passava por Betânia, foi recebido por Marta em sua casa (Lc.10:38).
-Jesus resolvera entrar em Betânia, num gesto comum, pois, como já se disse, Betânia era uma passagem obrigatória para os peregrinos, e, certamente, os moradores do local aproveitavam para hospedar alguns, até pela pequena distância entre a vila e Jerusalém, que ficava lotada nos dias de festa.
-Notemos, porém, que Marta teve interesse em receber Jesus em sua casa. Deve tê-l’O convidado para tanto, muito provavelmente já sabendo da Sua fama, pois, segundo os cronologistas bíblicos, já se estava no término do segundo ano do ministério de Jesus.
-Jesus não Se dirigiu à casa de Marta, foi Marta que, sabendo que Jesus entrara em Betânia, foi ao Seu encontro para convidar-Lhe para ir à Sua casa. Foi um ato de fé, pois àquela altura já havia forte oposição a Cristo e muitos não queriam comprometer-se perante as autoridades por causa d’Ele (Cf. Jo.7:1,13).
-Entretanto, Marta creu que Jesus era o Cristo e queria recebê-l’O em casa. Jesus prontamente atendeu ao convite, não Se importando que se estava diante de uma família diferente, formada apenas por irmãos e que, naturalmente, não tinha a simpatia do local, até porque fugia aos padrões culturais da época.
-A iniciativa de Marta traz-nos uma importante lição. Precisamos convidar Jesus para entrar na nossa vida e na vida da nossa família. É preciso recebê-l’O.
Jesus nunca invade um lar, nunca será um intruso. Lembremos de Suas palavras ao anjo da igreja em Laodiceia: “eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei e ele, coMigo” (Ap.3:20).
-Como se costuma dizer, “Jesus é educado”, expressão que nos permite entender que Jesus respeita o livre-arbítrio de cada ser humano, até porque foi Ele quem criou o homem com livre-arbítrio e não é um Deus contraditório, que feriria ou anularia aquilo que Ele mesmo fez.
-Quando queremos que Jesus entre em nossa vida e na vida de nossa família, Ele prontamente atende a este pedido, aceitando-o, pois é Sua a vontade de salvar o homem e com Ele conviver para sempre.
A família foi criada por Deus precisamente para que se tivesse um ambiente de comunhão com o Senhor e, portanto, não há como Deus, que não muda (Ml.3:6), deixar de atender ao desejo de alguém de recebê-l’O em sua casa, em sua família.
-Temos convidado Jesus para entrar em nossa vida familiar, em nossa casa, em nossa família? Temos esta disposição? Ou preferimos manter Jesus fora de nossas casas, distante, afastado, uma vez que não queremos a Sua presença?
-Pode alguém não querer a presença de Jesus? A esmagadora maioria da humanidade não quer a presença do Senhor, porque isto exige o abandono do pecado, a obediência à Palavra de Deus e as pessoas querem viver ao seu modo, terem uma vida independente de Deus.
-Os próprios irmãos de Jesus, no tempo em que ainda não criam n’Ele, viviam afastados do Senhor, censurando-O e reprovando-O, precisamente porque não queriam viver uma vida diante de Deus., tinham obras más, viviam conforme o mundo, como testificou o próprio Jesus (Jo.7:1-7).
-A amizade com Jesus começa sempre com a disposição de recebê-l’O e, por conseguinte, de obedecer-Lhe e fazer-Lhe a vontade.
-Quando Jesus entrou na casa de Marta, Maria e Lázaro logo Se tornou o centro das atenções. Jesus, pelo que parece, ficou no cômodo principal da casa, passando a ministrar para Marta, e logo Maria também se assentou para ouvir o Mestre (Lc.10:39).
-Quando se recebe Jesus na família, Ele passa a ser o centro das atenções. Tudo deve ser feito em função e em razão d’Ele. A família tem de agradar a Jesus, tem de se submeter a Ele.
-As irmãs haviam se assentado para ouvir a Jesus, reconhecendo-O, pois, como Mestre. É indispensável que reconheçamos a Jesus como Mestre e Senhor (Jo.13:13) e, deste modo, quando o fazemos, estamos dispostos a aprender e a obedecer o que Jesus diz.
-Nossa família tem de ouvir a Jesus, tem de seguir-Lhe, tem de aprender com Ele, praticar aquilo que Ele manda e ensina. Não é possível construir-se uma amizade com Jesus sem aprendizado e obediência.
-Temos aprendido com Jesus em casa? Temos nos assentado para ouvir a Sua voz? Temos pedido a orientação e direção de Jesus na nossa vida familiar?
-Para aprender com Jesus, torna-se imperioso que a família conheça, estude e medite nas Escrituras Sagradas, as fiéis testemunhas de Cristo (Jo.5:39).
A Bíblia é lida e refletida em nossos lares na atualidade? Temos ensino doutrinário em nossas casas? Os pais ensinam a sã doutrina para seus filhos?
-Para ouvir a voz de Jesus, é preciso dedicarmos tempo para estarmos a sós com Jesus, a Seus pés. Há oração em nossos lares? Os familiares oram? Os familiares jejuam, para reforçar a oração? Há o culto doméstico, este instante de adoração a Deus pela família?
-Uma amizade com Jesus depende de tais atitudes e somente assim Jesus será um participante de nossa vida familiar, pois, ao nos ensinar e nos falar, seguiremos as Suas orientações e teremos sucesso em nossa jornada para o céu.
-A mesma Marta, porém, que havia tomado a iniciativa de receber Jesus em sua casa, de passar a ouvir o ensino do Senhor, num determinando momento se dispersou e deixou de ficar aos pés de Jesus, indo realizar os serviços domésticos, inclusive tomar providências para bem hospedar o ilustre convidado, preparando-lhe refeição e condições para repousar.
-O texto sagrado diz que Maria estava distraída com muitos serviços. A iniciativa dela de aproveitar a estada de Jesus para aprender as coisas espirituais cedeu lugar para a vida cotidiana, para o trato das coisas desta vida e precisamos tomar cuidado com isto, pois se trata de um dos elementos que pode fazer desaparecer a nossa vida espiritual, como ensina Cristo na parábola do semeador (Mt.13:22).
-Notadamente os provedores nas famílias podem se inclinar a esta tentação. Com a necessidade de sustentar a casa, notadamente nos dias difíceis em que vivemos, muitos, tomados pelas necessidades econômico-financeiras ou envolvidos pela mentalidade consumista e materialista vigente, acabam por sacrificar o tempo a sós com Jesus e se “distraem com muitos serviços”.
-Marta deixou Jesus falando e foi cuidar dos serviços domésticos. Jesus não ficou falando sozinho, porque Maria continuou a ouvir-lhe, mas, em muitas casas de cristãos que se dizem ser, hoje em dia, Jesus está calado, pois ninguém mais quer saber de com Ele falar.
Encontra-Se o Senhor esquecido dentro de casa (se é que ainda está dentro da casa), como estava no barco no mar da Galileia (Cf. Mt.8:24; Mc.4:38; Lc.8:23,24).
-Marta deixou de aprender e escolher fazer o que Jesus depois disse não ser a melhor parte, mas algo que poderia ser facilmente tirado de Marta.
Quando nos envolvemos com as coisas desta vida, corremos o risco de nos apegarmos a elas e, além de elas serem passageiras e passíveis de perda (Cf. Mt.6:19), com este apego fulminarmos a nossa vida espiritual, caminhando para a perdição eterna.
-Vejamos que pode muito bem ser que a maior parte, senão a totalidade daqueles serviços desempenhados por Marta estavam, direta ou indiretamente, relacionados com o Senhor Jesus, como a preparação de uma refeição para ele, dar-lhe condições para que se banhasse e repousasse, ou seja, aspectos materiais relacionados a Jesus, mas isto não era o mais importante.
-Muitas famílias, na atualidade, também estão envolvidas com um “ativismo eclesiástico”, ou seja, estão se desgastando com diversas tarefas materiais na obra do Senhor, mas não estão a aprender com Jesus, nem a “escolher a melhor parte”.
-Desgastam-se em múltiplas tarefas nas igrejas locais e, por causa delas até, não têm uma vida devocional, não oram, não meditam nas Escrituras, não cultuam a Deus.
O resultado é que, mais cedo ou mais tarde, ocorrem verdadeiras tragédias espirituais dentro destas famílias, gerando, inclusive, escândalos nas igrejas locais, já que, por seu ativismo, alcançam elas proeminência na membresia, o que fazem com que sejam mais instrumentos do maligno do que de Deus.
-Não podemos mudar as prioridades estabelecidas pelo Senhor. Ele afirmou que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, que todas as coisas materiais nos serão acrescentadas (Mt.6:33). Devemos ver as coisas materiais tão somente como acréscimos, como necessidades, sim, mas necessidades que, a exemplo de nossa vida terrena, são igualmente passageiras.
-Devemos, sim, cuidar para que haja o sustento do nosso lar. Todos os integrantes da família devem se pautar pelos princípios bíblicos do trabalho, da dedicação ao trabalho, da honestidade, buscando também os pais dar aos filhos as condições para que, uma vez crescidos, possam também viver honestamente na sociedade.
-No entanto, jamais isto deve comprometer a busca do reino de Deus e de sua justiça. Não podemos de ter nosso instante de adoração em nossas famílias, não devemos deixar de ter Jesus no centro e de seguir-Lhe a orientação, de mantermos com Ele o diálogo mediante o aprendizado nas Escrituras e a prática da oração e do jejum, como também do culto doméstico.
-A melhor parte é escolher ficar aos pés de Jesus e torná-l’O a cabeça de todo o varão em nosso lar, fazê-l’O reinar em nossa casa.
-Foi assim que Jesus Se fez amigo daquela família (Cf. Jo.11:5). Jesus os amava e eles amavam a Jesus. Amamos ao Senhor quando guardamos a Sua Palavra (Jo.14:23), quando fazemos o que Ele manda (Jo.15:14).
II – A FAMÍLIA DE BETÂNIA ENTRA EM CRISE
-Que privilégio o da “família de Betânia”! Jesus era amigo de Marta, Maria e Lázaro e, pelo que se verifica, a partir de então, passou sempre a frequentar a casa deles quando ia para Jerusalém.
-No entanto, apesar de serem amigos de Jesus, a “família de Betânia” estava neste mundo e aqui sempre nos esperam aflições (Jo.16:33).
-Lázaro, que era o chefe da família, por ser o único irmão do sexo masculino, adoeceu. A enfermidade era grave e isto muito perturbou as irmãs Marta e Maria. A morte já havia causado profundas marcas naquela família, pois os irmãos eram órfãos. Agora, justamente o principal elemento desta família já precária, encontrava-se enfermo.
-As irmãs não tiveram dúvidas. Estava-se diante de uma família que era amiga de Jesus, que tinha aprendido com Ele e que Lhe obedecia e que sabia que Ele a amava. Assim, diante desta grande dificuldade, não tiveram dúvidas, foram buscar a ajuda de Jesus.
-Assim faz toda família que é amiga de Jesus. Em meio a qualquer dificuldade, a qualquer aflição, vai ao encontro de Jesus para pedir-Lhe a ajuda, superando todos os eventuais obstáculos que o mundo queira colocar para impedir que se vá até Jesus.
-Naquele tempo, Jesus ainda estava fisicamente entre nós e, portanto, as irmãs pediram que alguém fosse levar a notícia da doença para o Senhor. Jesus não estava na Judeia, pois sabia que os judeus queriam matá-l’O e ainda não havia chegado o momento de Ele morrer.
Muito provavelmente, Jesus estava na Pereia, região que ficava do outro lado do rio Jordão, em frente a Jericó, no começo da estrada cuja última parada antes de Jerusalém era Betânia.
-Não deve ter sido fácil para as irmãs encontrarem alguém com disposição a ire até Jesus para dar-lhe a notícia da doença de Lázaro. Além de ser longe, havia o problema do comprometimento com Jesus. Mas as irmãs superaram estes obstáculos e conseguiram mandar a notícia para o Senhor.
-Em nossos dias, embora não haja esta distância física nossa com Jesus, basta orarmos e já entramos na Sua presença, não é fácil levarmos a notícia de nossas dificuldades ao Senhor.
Isto porque, para entrarmos na presença d’Ele, diz-nos o escritor aos hebreus, precisamos ter verdadeiro coração em inteira certeza de fé, purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb.10:22), ou seja, precisamos estar em comunhão com o Senhor, termos nascido da água e do Espírito e estarmos em uma vida de santificação.
-A notícia mandada revela a intimidade que havia entre Jesus e aquela família: “Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas” (Jo.11:3).
-Por primeiro, vemos que “a família de Betânia” reconhecia Jesus como Senhor. Cria que Ele era Deus, que Ele era o Messias. Nenhuma família pode ser amiga de Jesus se não tiver tal fé, se não demonstrar tal consciência. É por isso que não são famílias amigas de Jesus aqueles que cultivam e mantêm ídolos em seu lar.
-Por segundo, “a família de Betânia” tinha a experiência do amor de Deus. Sabiam que eram amados por Jesus, desfrutavam e sentiam o amor de Deus em suas vidas. A família amiga de Jesus ama a Jesus porque sabe e experimenta que Jesus os amou primeiro (I Jo.4:19).
-Quando sabemos e experimentamos que Jesus nos ama, passamos a amá-l’O e isto, como já se disse, significa fazer o que Ele manda e guardar a Sua Palavra. Jesus, pelo amor que sabia que o Pai Lhe tinha (Mt.3:17), foi obediente até a morte, e morte de cruz (Cf. Fp.2:8).
-Por terceiro, vemos que “a família de Betânia” não fugiu da realidade. Lázaro estava enfermo. Era amado de Jesus, era um fiel servo do Senhor, mas estava enfermo.
Veja que não houve sequer um pedido de cura por parte das irmãs. Elas apenas relataram que Lázaro, amado de Jesus, estava enfermo.
-No mundo teremos aflições. O fato de estarmos em comunhão com Jesus não nos impede de passarmos por dificuldades, entre as quais as enfermidades. Ninguém está imune a doenças porque ama a Jesus ou é amado por Ele, como ensina falsamente a chamada teologia da confissão positiva.
-Jesus não disse que Lázaro havia pecado, que deveria se arrepender, pois não era este o caso. O que o Senhor
Se limitou a dizer, e Seu dito era precisamente para que fosse sabido pelas irmãs, pois seria levado pelo mensageiro, era de que aquela enfermidade não era para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus fosse glorificado por ela (Jo.11:4).
-A família amiga de Jesus é instrumento para a glorificação do Seu nome, como, aliás, individualmente todo e qualquer servo do Senhor.
Embora passemos por aflições, embora tenhamos sofrimentos, tudo isto é para a glória de Deus. Quando cremos em Jesus e passemos a fazer parte da Igreja, que é o Seu corpo, passamos a compartilhar da Sua glória e tudo que nos acontece aqui é para a glória de Deus, para a glorificação do Seu nome.
-Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo diz que tudo quanto fizermos, devemos fazer para a glória de Deus (I Co.10:31). Se algo que quisermos fazer não tiver este resultado, esta consequência, mas, antes, servir de escândalo, não devemos fazê-lo (I Co.10:32,33).
-Jesus ainda ficou dois dias no lugar onde estava, para só então partir para Betânia e, quando ali chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia morrido (Jo.11:6,17).
-Ambas as irmãs, que haviam recebido aquela mensagem de Jesus de que a enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus, ao se encontrarem com o Senhor foram peremptórias em afirmar que, se Jesus estivesse lá, Lázaro não teria morrido (Jo.11:21,32).
-Notemos que, embora os dizeres das irmãs tenham sido os mesmos, as atitudes foram bem diferentes. Antes, porém, de analisar ambas as abordagens, é imperioso observar que, em momento algum, há uma demonstração de incredulidade em Jesus, como fariam alguns judeus que ali estavam (Cf. Jo.11:37).
-A família amiga de Jesus reconhece o Seu senhorio, a Sua soberania. Como já se disse, não houve pedido de cura, mas apenas a notícia de que Lázaro estava enfermo. Lógico que as irmãs queriam a cura, mas deixaram tudo na vontade e soberania do Senhor.
-Que lição que devemos aprender! Hoje em dia, muitos, notadamente em assuntos familiares, querem que o Senhor Jesus faça isso ou aquilo, e muitos desanimam na fé quando não acontece o que foi pedido.
Quantos que se desviam porque seus filhos ou pais morreram sem serem curados; outros tantos, porque seus entes queridos se desviaram dos caminhos do Senhor; outros, por causa de escândalos cometidos por familiares.
-No entanto, “a família de Betânia” pediu que o Senhor fizesse a Sua vontade. Estavam as irmãs, obviamente, confusas e sem compreender o porquê terem sepultado Lázaro, já que Jesus dissera que aquele enfermidade não era para a morte, sem saber, também, porque Jesus demorara tanto em vir, mas o fato é que não deixaram de reconhecer o senhorio de Cristo, tanto quando Lhe mandaram a notícia, tanto quando agora na Sua chegada aparentemente tardia.
-Ao saber que Jesus havia chegado a aldeia, Marta, apressadamente, foi ao Seu encontro. Apesar de todos os infortúnios e da incompreensão, Marta não deixou de ir até onde Jesus estava. Jamais devemos deixar de buscar a Jesus, de encontrar-Se com Ele. Apesar de todas as dificuldades e impossibilidades, não há outro a quem podemos recorrer.
-Marta, então, disse a Jesus que, se Ele estivesse lá, Lázaro não teria morrido. Tratava-se de um desabafo, de uma constatação. Jesus quis que Lázaro morresse e, por isso, não foi até a família. Embora reconhecendo o senhorio de Cristo, Marta mostrava uma certa mágoa, um inconformismo.
-Jesus, então, disse a Marta que seu irmão iria ressuscitar e Marta, então, disse que já sabia disto, que ele iria ressuscitar na ressurreição do último dia, como já dissera o profeta Daniel. Para Marta, Jesus quis que Lázaro morresse e revela não crer na mensagem de que a enfermidade não seria para a morte.
-Jesus, então, diz a Marta que Ele era a ressurreição e a vida e quem n’Ele cresse, ainda que estivesse morto, viveria. Jesus fez valer a Marta que Suas palavras são verdadeiras e dignas de confiança.
A família amiga de Jesus, mesmo em meio às crises e muitas delas incompreensíveis, não pode deixar de crer naquilo que Jesus disse que será, ainda que tudo indique que seja impossível vê-las cumpridas, até porque para Deus nada é impossível (Lc.1:37).
-Marta foi renovada em sua fé com as palavras de Jesus e voltou para casa, tudo entregando nas mãos do Senhor. Jesus, porém, queria falar com Maria.
-Maria demonstra que tinha uma fé superior a de Marta, e não é difícil entender porque, visto que sempre escolhera a melhor parte.
Não foi ao encontro de Jesus, porque esperou que Jesus a chamasse. Ela também não entendia o que estava acontecendo, ante as palavras de Cristo em resposta ao seu chamado, mas preferiu, de pronto, tudo deixar na dispensação do Senhor.
-Quando Jesus a chamou, então se levantou e foi até onde estava Jesus. Veja que as pessoas que ali tinham ido para consolar as irmãs acharam que ela ia ao sepulcro para chorar, mas ela foi até onde estava o Senhor.
-Marta havia sido discreta ao dar o chamado de Jesus a Maria e isto nos traz uma lição importante, qual seja, a de que devemos manter a nossa intimidade familiar com o Senhor.
No mundo romano, o local onde se fazia o culto aos antepassados, o “lar”, não era de acesso senão aos familiares e a alguns servos, que eram considerados como íntimos, quase como integrantes da família.
-Este costume, também, vemos em Abrão, que também mantinha os da sua casa separados dos demais (Cf. Gn.14:14). Devemos ter uma intimidade familiar com o Senhor, de modo que esta intimidade não seja revelada aos outros, sejam eles quem forem.
-Ao chegar até onde estava Jesus, Maria repetiu as mesmas palavras de Marta, mas a abordagem era totalmente diferente.
Maria prostrou-se aos pés do Senhor, ou seja, teve uma atitude de adoração, sem entender porque Jesus tinha permitido a morte de Lázaro, mas compreendendo o Seu senhorio e preferindo adorá-l’O do que demonstrar mágoa.
-Esta atitude de Maria comoveu Jesus que não só chorou, demonstrando todo o Seu amor para com aquela família, como também já quis ir até o sepulcro, onde ressuscitou a Lázaro e assim cumpriu o que dissera de que a enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus.
-Marta ainda resistiu, dizendo que o defunto já cheirava mal, mas Jesus lhe disse que se cresse, veria a glória de Deus.
-“A família de Betânia” mostra-nos, assim, como se devem enfrentar as crises quando se é amigo de Jesus.
III – A FAMÍLIA DE BETÂNIA EM COMUNHÃO E ADORAÇÃO
-O terceiro episódio a envolver “a família de Betânia” é o jantar que os irmãos ofereceram a Jesus poucos dias antes de Sua paixão e morte, ocasião em que Maria (sempre ela) ungiu o corpo de Jesus (Jo.12:1-11).
-Lázaro havia sido ressuscitado por Jesus e isto causou grande alvoroço, pois muitos vinham até Betânia para ver a Lázaro e constatar este grande milagre realizado por Cristo. A repercussão tinha sido tanta que os judeus também haviam resolvido matar Lázaro (Jo.12:10,11).
-A família, porém, não se acovardou diante destas circunstâncias. Eles amavam a Jesus e Lhe eram extremamente gratos e, por isso, não só não se intimidaram em demonstrar publicamente a sua fé em Jesus, em reconhecê-l’O como o Cristo, como também resolveram fazer uma ceia para Ele.
-A refeição, na cultura oriental, e na israelita em particular, simbolizava comunhão. Comer e beber juntos tinha o significado de compartilhar a vida, de estar juntos, de querem constituir um compromisso, uma vida em comum.
Não é por outro motivo, aliás, que a ceia do Senhor é uma ceia, uma refeição, onde se declara a comunhão com Cristo e com a Sua Igreja.
-Ao decidirem fazer uma ceia para Jesus, “a família de Betânia” publicamente dizia estar em comunhão com Cristo, compartilhar a sua vida com Ele, amá-l’O enfim.
-Nossa família tem comunhão com Jesus? Andamos junto com Ele? Agradamos-Lhe? Observemos que dois não andam juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3).
-A família amiga de Jesus não pode ter receio de anunciar publicamente a sua fé em Cristo. Evidentemente que um anúncio desta natureza obriga a se ter um testemunho condizente com este anúncio e, talvez por isso, muitos prefiram se calar…
-Lázaro estava à mesa com Jesus e Marta o servia. Como sempre, Marta estava cuidando dos aspectos materiais, e Lázaro estava sendo o anfitrião, como chefe da casa que era, compartilhando da comida e bebida com o Senhor, com Ele conversando.
-A família amiga de Jesus tem de ter a dimensão do serviço material, deve envolver-se nos trabalhos da igreja local, contribuindo assim para que estes elementos do mundo em que vivemos não atrapalhe a realização das obras espirituais, como a salvação de almas, a realização de sinais, prodígios e maravilhas.
-A família amiga de Jesus deve também desenvolver a comunhão com os irmãos e com os outros, visando seja a edificação espiritual mútua dos membros em particular do corpo de Cristo (a começar dos domésticos da fé), seja a salvação das almas. Era o que fazia Lázaro, estando à mesa com Jesus e os demais convidados.
-Mas, em meio a esta situação, eis que surge Maria, aquela da melhor parte, que, tendo tomado uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, avaliado em trezentos denários, ou seja, praticamente o salário de um ano de um trabalhador, ungiu os pés de Jesus e passou a enxugar-lhos com seus cabelos (Jo.12:3).
-Maria traz aqui uma outra dimensão da família amiga de Jesus, a dimensão da adoração, da devoção ao Senhor, do reconhecimento de quem Ele é, algo que não pode faltar na vida de cada um e na vida da família.
-Maria não se preocupou com a comida, nem com a bebida, nem tampouco com os convidados, mas se lançou aos pés de Jesus, para continuar a adorá-l’O, a reconhecê-l’O como seu Senhor, como a única pessoa digna de adoração e de devoção.
-A família amiga de Jesus jamais pode deixar de adorar ao Senhor, de devotar-Lhe todo o seu entendimento, todo o seu sentimento, toda a sua vontade. Temos feito assim?
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/9264-licao-13-a-amizade-de-jesus-com-uma-familia-em-betania-i