INTRODUÇÃO
-Na sequência do estudo entre os embates entre a Igreja de Cristo e o império do mal, hoje veremos como se procura destruir a masculinidade bíblica.
-O mundo quer destruir a distinção entre homem e mulher.
I – A DISTINÇÃO ENTRE HOMEM E MULHER
-Na sequência do estudo dos embates entre a Igreja de Cristo e o império do mal, abordaremos, em três lições, a respeito das distorções que o mundo tem procurado fazer em relação à sexualidade.
-Deus, ao criar o homem, fez com que ele fosse o único ser moral que fosse sexuado, ou seja, ao contrário d’Ele próprio e dos anjos, que não têm sexo, os seres humanos foram feitos “macho e fêmea” (Gn.1:27).
-Ao fazer isso, o Senhor quis que o homem se reproduzisse, a fim de que se multiplicasse e enchesse a Terra (Gn.1:28), bem como necessitava de alguém do sexo oposto não só para a procriação mas para que formasse uma unidade (Gn.2:24), exatamente porque não poderia ser solitário (Gn.2:18).
-Deus, portanto, ao fazer o homem sexuado reforçou o caráter social do ser humano, inclinando-o a viver em relacionamento não só com o seu Criador, mas também com o próximo.
-A complementaridade entre homem e mulher faz, naturalmente, que homem e mulher sejam diferentes, pois, se não fossem diversos, não poderiam se completar, pois dois seres somente se completam se agregarem um ao outro o que lhes falta.
-Esta distinção entre homem e mulher já se nota na própria narrativa da criação de cada um. Enquanto o homem foi criado do pó da terra (Gn.2:7), a mulher foi criada a partir de uma costela do homem (Gn.2:22).
-Esta diferença na própria formação de um e de outro mostra que o Senhor fez uma nítida distinção entre homem e mulher, que ambos são diferentes, até para que sejam complementares e que, portanto, não se pode querer igualá-los, torná-los indistintos.
-Esta diferença entre homem e mulher é natural, ou seja, decorre da própria natureza, é uma distinção feita pelo próprio Criador e que não pode, em absoluto, ser alterada pelos seres humanos.
-Entretanto, dentro da rebelião que caracteriza “o espírito da Babilônia”, é um dos pontos em que sempre o adversário quis trazer modificações e, como vivemos tempos de multiplicação da iniquidade, tais distorções têm ganhado guarida e grande progresso em nossos dias, tempos trabalhosos que são (Cf. II Tm.3:1).
-O inimigo busca atuar nesta área levando os homens a uma confusão, que é a de considerar como o mesmo fenômeno a distinção natural e a distinção decorrente do pecado.
-Homem e mulher são complementares e, portanto, têm de ser necessariamente diferentes e suas diferenças são tais que permitem que, quando se unem numa vida em comum, formem uma unidade. Por isso, temos dois
“sexos”, pois “sexo” significa “parte”, “porção”.
-Estas diferenças são notadas pela própria diferença entre os dois corpos, diferença esta, aliás, que, posteriormente, a ciência descobriu que não se resume a diversidade de órgãos, mas a própria existência de hormônios e metabolismos diversos, como também a própria estrutura psíquica distinta.
-Esta distinção decorre da natureza, é imutável, não pode ser alterada, porquanto é obra divina. Foi Deus quem fez o homem macho ou fêmea, cada qual com sua peculiaridade.
-Coisa diferente foi a distinção como consequência do pecado. Antes do pecado, é dito que homem e mulher viviam em completa transparência e igualdade, não escondendo nada um do outro (Gn.2:25).
-Tanto assim é que, logo após ter pecado, a mulher imediatamente vai a procura do homem para também lhe dar do fruto proibido e ele peca juntamente com ela (Gn.3:6).
-Pois bem, em virtude do pecado, o Senhor impôs ao primeiro casal algumas penalidades tanto à serpente, quanto ao homem e à mulher. A penalidade imposta à mulher foi a grande multiplicação da dor do parto e o domínio do homem sobre ela (Gn.3:16).
-Tendo sido a mulher o canal pelo qual o pecado entrou na humanidade, visto que, depois de tentada, passou ela mesma à condição de tentadora, levando seu marido a também pecar com ela, e sendo o pecado iniquidade (I Jo.3:4), gerou-se uma situação de injustiça e de desigualdade por causa do ambiente pecaminoso que se criou, pois onde há pecado, há injustiça.
-A mulher, então, passou a viver num ambiente hostil a ela própria, em que o homem haveria de dominar sobre ela, em que se criariam estruturas sociais que, em tudo, seriam desfavoráveis à mulher.
-Este domínio do homem sobre a mulher, consequência do pecado, é, sim, uma injustiça, uma distinção que gera desigualdade e uma inferioridade social à mulher que causa repulsa ao senso de justiça que, embora não vivido nem experimentado, está na mente e na própria essência do ser humano, pois o homem, mesmo tendo a natureza pecaminosa, possui uma consciência que lhe mostra o que é certo e o que é errado, mesmo que não consiga fazer o bem (Rm.2:12-16; 7:14-24).
-O adversário, pai da mentira que é, procura transmitir a imagem de que esta distinção entre homem e mulher é esta situação de inferioridade social da mulher, que é uma desigualdade e injustiça que devem ser combatidas e, a partir daí, começa a defender que não pode haver qualquer distinção entre homem e mulher.
-Temos, então, a confusão entre a “distinção natural” e a “inferioridade social da mulher” e a defesa de uma “indistinção”, da “completa igualdade entre homem e mulher”, onde o que se busca, como diz o título de nossa lição, é tão somente a “desconstrução” seja da masculinidade, seja da feminilidade, como se não houvesse distinção entre homem e mulher.
-Este discurso, mais um que advém do obscurecimento do coração insensato e da recusa de glorificação a Deus (Cf. Rm.1:21), apresenta-se, assim, como mais uma manifestação de rebeldia contra o Senhor, na medida em que é a recusa e o confronto de que “Deus macho e fêmea os criou” (Gn.1:27).
-Cria-se toda uma ideologia contrária à distinção entre homem e mulher e, a partir daí, a se defenderem comportamentos e condutas que igualem ambos os sexos, que descaracterize tanto a masculinidade como a feminilidade, tal como criadas por Deus e cujos contornos se encontram na Bíblia Sagrada, que é a revelação de Deus ao ser humano.
-Esta rebelião contra a sexualidade estatuída por Deus, elemento tão ínsita à própria natureza de cada indivíduo, é mais um degrau de afastamento de Deus que o mundo impõe à humanidade, resultado do próprio abandono de Deus que leva os homens a se deixarem levar por paixões infames, um passo além à “desonra dos corpos entre si”, consequência da idolatria, e que levam à “mudança do uso natural da mulher e a inflamação da sensualidade”, que leva, inclusive, ao homossexualismo (Cf. Rm.1:26,27).
-Dentro deste espírito, o mundo tem levado as pessoas à “desconstrução” seja da masculinidade, seja da feminilidade, como também da própria ideia de “sexo” e são estes três pontos que estaremos a analisar no bloco deste trimestre, cada um em uma lição, começando, nesta, pela “desconstrução da masculinidade”.
-A própria expressão “desconstrução” nada mais é que uma manifestação deste “discurso desvanecedor” e enganoso do maligno. “Desconstrução” soa como algo bonito, como algo positivo. Tratar-se-ia do desmantelamento de algo para a construção de algo novo. Soa muito melhor que “destruição”, mas a “desconstrução” nada mais é que a destruição.
-O inimigo de nossas almas, que é homicida desde o princípio (Jo.8:44), montou um sistema cujo único objetivo é levantar pessoas e estruturas que matem, roubem e destruam tudo quanto foi criado, provido e construído por Deus (Jo.10:10).
-A palavra “desconstrução” surgiu na filosofia da linguagem, criada pelo filósofo argelino Jacques Derrida (1930-2004), é o “…desmantelamento, através de uma análise intelectual, de uma certa estrutura conceitual. A desconstrução é realizada destacando as ambiguidades, falhas, fraquezas e contradições de uma teoria ou de um discurso.
O desconstruído, nesse contexto, é desmontado ou desfeito. Ao desmontar a estrutura da linguagem utilizada por um texto, seus diversos significados são expostos. A desconstrução demonstra, nesse contexto, que existem várias leituras possíveis.…” (Equipe editorial de Conceito.de. (19 de Maio de 2020). Atualizado em 8 de Julho de 2022. Desconstrução – O que é, conceito e definição. Conceito.de. https://conceito.de/desconstrucao).
-Como se pode observar, portanto, a própria ideia de “desconstrução” está vinculada à ideia de “desmantelamento”, de “desmonte”, ou seja, é a “destruição”. Na filosofia da linguagem, trata-se de uma expressão que busca retirar a ideia de que existem “verdades” transmitidas na comunicação, que há sempre uma “oposição”, uma “contradição” a ser “descoberta” e “revelada”.
-Assim, “desconstrução” nada mais é que “destruição” e, por isso, até preferimos assim mesmo tratar o que o mundo busca fazer com a masculinidade ou a feminilidade.
II – A MASCULINIDADE BÍBLICA
-Devemos, pois, para tratarmos da questão, partir da constatação de que homem e mulher são diferentes, foram feitos distintos por Deus: “macho e fêmea os criou”.
-Toda e qualquer ação que vise “igualar” homens e mulheres, tratá-los indistintamente deve, portanto, ser repudiada pelos servos de Deus, pois é medida que tem por finalidade negar a realidade criada pelo Senhor, ou, o que é pior, confrontá-la, desafiá-la, modificá-la, o que consiste em nítida rebelião e desobediência.
-Assim, deve-se repudiar a tendência, cada vez mais presente na atualidade, de se adotar o “unissex”, ou seja, a utilização das mesmas coisas por ambos os sexos, promovendo a indistinção entre eles.
Notemos que este termo e esta tendência se iniciaram na década de 1960, precisamente quando tem origem a chamada “contracultura”, movimento que, inspirado na Escola de Frankfurt (grupo de filósofos marxistas que defendia que a revolução somente viria com a destruição da cultura vigente, que “favorecia o capitalismo”), buscava contrariar as normas e padrões estabelecidos socialmente.
-A indistinção entre homem e mulher, portanto, é uma ação de rebelião, que busca desfazer aquilo que foi criado por Deus.
O unissex iniciou-se na vestimenta e, depois, se espraiou para várias outras áreas, havendo, hoje, inclusive, um grande movimento para se eliminarem os banheiros masculinos e femininos, criando tão somente banheiros unissex.
-Não é à toa que, aliás, que o unissex tenha se originado na vestimenta, pois o vestuário é um aspecto relevante da vida humana, a partir da queda do homem, e o Senhor estabeleceu a diferenciação entre roupas masculinas e roupas femininas (Dt.22:5).
-Um dos argumentos utilizados pelos defensores de tal indistinção é que a diferenciação é “cultural”, ou seja, é obra humana, trata-se de convenções, decisões feitas pelas sociedades ao longo dos séculos e nos lugares, e, como tal, algo que é mutável, passageiro e que não reproduz senão a “opressão” e a “desigualdade e injustiça” dos diversos sistemas sociais surgidos ao longo da história humana, história esta que, segundo o pensamento marxista, caminha inevitavelmente para o “comunismo”, onde se terá um “verdadeiro paraíso na Terra”.
-Temos aqui, mais uma vez, uma confusão típica do discurso enganador inspirado no pai da mentira. Não resta dúvida de que, ao se espalharem pela terra, no episódio da torre de Babel (ainda que contra a vontade, por conta da confusão das línguas), os seres humanos, criando as diversas nações (no início, setenta, como se vê em Gn.10), adaptando-se às diversas regiões do planeta, cada uma com características próprias, criam modos de vida diferentes, hábitos, costumes, alimentação, aproveitamento dos recursos naturais, que fizeram surgir as diversas culturas que hoje existem.
-No entanto, estas diversas culturas se desenvolveram a partir daquilo que foi criado por Deus, Já no Éden, o Senhor disse ao homem que, pelo domínio que tinha sobre a criação terrena, poderia ele “lavrar” a terra, ou seja, cultivá-la, isto é, modificá-la conforme a inteligência, a criatividade com que fora dotado pelo Criador.
-Desta maneira, por exemplo, com relação à vestimenta, poderia, e deveria, criar seus próprios modelos, suas próprias roupas, usando dos materiais que lhe eram disponíveis em determinada região, desenvolvendo-os conforme o domínio que fosse tendo da natureza, com a tecnologia.
No entanto, isto não o autoriza a querer desfazer o que Deus fez ou determinou, que a distinção entre homem e mulher, que deve ser observada no vestuário.
-Tendo em vista a distinção estabelecida entre homem e mulher, já vemos, como primeiro ponto, que a Bíblia repudia toda e qualquer atitude que vise unir e tornar igual a masculinidade e a feminilidade, são dois os sexos criados por Deus, com características peculiares, que devem ser respeitadas e preservadas por homens e mulheres, que devem se amoldar ao padrão estabelecido por Deus para cada qual.
-Somos criados homens ou mulheres e, deste modo, devemos, consoante a determinação divina, seguirmos aquilo que foi estabelecido por Deus. Devemos cada um ter a consciência de que Deus é o Senhor e se Ele nos quis homem ou mulher, devemos atender à vocação com que somos chamados (I Co.7:20).
-Com relação ao homem, devemos observar que foi ele criado primeiro que a mulher (I Tm.2:13). Tal circunstância já nos mostra que ao homem cabe a iniciativa, o comando.
-O homem foi feito para ter a iniciativa, tomar as decisões. É próprio da masculinidade a ação, a busca, o planejamento e a atividade. Espera-se do homem a atividade, a desenvoltura, o ponto de partida.
-Os homens, portanto, devem ser criados de maneira a que, desde cedo, enfrentem desafios, tomem atitudes, avancem, sejam destemidos, desenvolvam a criatividade e promovam os meios pelos quais alcancem a sua sobrevivência.
-A masculinidade está ligada à atividade, ao empreendimento, à assunção de tarefas e de desafios, porque ele foi formado primeiro.
-Observemos que o Senhor trouxe a Adão todas as criaturas terrenas para que ele lhes desse nome. Coube a Adão a iniciativa de nomear os seres, pois é ao homem que cabe tomar as atitudes para que venha a cumprir os propósitos estatuídos por Deus à humanidade.
-Por força desta iniciativa dada ao varão, cabe ao homem a liderança, pois líder é aquele que leva os demais a um determinado comportamento, que imprime um rumo a um determinado grupo.
-Ora, se cabe ao homem esta tomada de iniciativa, este comando, é a ele que foi destinada a liderança. Daí, porque, numa família, é o marido quem deve liderar, é ele a cabeça do casal (I Co.11:3; Ef.5:23).
-Este princípio bíblico tem sido alvo de questionamento e de repúdio nos dias hodiernos, sendo considerado um dispositivo “machista” e muitos, inclusive, fazem questão de afirmar que a Bíblia Sagrada é “machista”, fruto de uma “sociedade patriarcal” e que, por isso mesmo, seria um texto “retrógrado e ultrapassado”.
-Entretanto, sabemos que as Escrituras são a verdade (Jo.17:17) e que a verdade é única e imutável, de modo que o que ali está estabelecido deve simplesmente ser observado.
-A questão da liderança da masculinidade é decorrência da própria cronologia da criação e, em nada, diminui a figura feminina.
Trata-se, tão somente, de distinção, até porque há necessidade de haver uma liderança para que se possa fazer algo, máxime em se tratando do ser humano, que é um ser gregário, que não pode viver solitariamente.
-Quis Deus que a liderança ficasse com o homem, e liderança significa comando, direção, impressão de rumo, em absoluto, significa autorização para opressão, maltrato ou coisa similar, como procuram confundir deliberadamente os inimigos da sã doutrina.
-Sem que haja uma liderança, não se terá como levar avante a própria sobrevivência do ser humano, não se terá como organizar-se a convivência. Quando se ataca a liderança que tem o varão, na verdade, está-se a querer alterar a liderança, não eliminar a figura do líder.
-Por exemplo, na regra atualmente vigente no direito civil brasileiro, de que marido e mulher compartilham a liderança do casal, o que se verifica, na prática, é a submissão da família ao Estado, na medida em que o mesmo dispositivo que traz a “igualdade entre marido e mulher” diz que, nos casos de dissensão, quem deve tomar a decisão é o juiz, ou seja, o Estado, em flagrante contrariedade à própria natureza das coisas e à Palavra de Deus, já que é a família quem gera a sociedade e não vice-versa, e é a sociedade que gera o Estado e não vice-versa.
-Esta tomada de iniciativa e liderança se mostram como a adequada divisão de tarefas entre os sexos, máxime na família, quando se observar que o corpo físico do homem é mais forte e robusto que o da mulher. Em virtude desta condição física, é o homem o escalado para efetuar a proteção e defesa da família diante dos perigos e das adversidades que se apresentam ao longo de nossa existência terrena.
-Aliás, a palavra “varão” vem do latim “vir”, cujo significado é o de “força”. Ao homem está reservada pois a “virilidade”, ou seja, a força, a robustez, o valor.
Oportuno aqui consignar que a palavra hebraica utilizada para “varão” é “’iš” (שיא), que é utilizada para as pessoas do sexo masculino, não para a humanidade, a nos mostrar, claramente, a distinção que há entre homem e mulher, entre macho e fêmea.
-Ao varão cabe a defesa da prole, é ele quem tem de proteger os filhos e a mulher das intempéries, dos predadores naturais, dos adversários. Por isso mesmo tem uma compleição física que lhe confere força e amplas condições para embates em relação aos outros seres e à própria natureza.
-Nesta liderança e iniciativa, cabe ao homem a providência da família, ou seja, é ele quem deve prover o lar, buscar o alimento e a fonte de sustento para a prole e a mulher.
-Nos primórdios da humanidade, vemos que tanto Caim quanto Abel desempenhavam tarefas de produção para a sobrevivência da casa (Gn.4:2), pois é ao homem que se incumbe esta tarefa de providenciar o sustento do lar, de ir ao encontro dos recursos naturais para que dali venha a extrair, no embate que se estabeleceu entre homem e natureza por causa do pecado (Gn.3:17-19).
-Vejamos que foi ao homem que Deus deu esta tarefa de obter, com penosidade, dos recursos naturais o necessário para a sobrevivência.
-Por isso mesmo, os varões, assim que se crescem, têm, necessariamente, de quebrar o vínculo doméstico, o convívio com a mãe, para iniciar seu aprendizado no ambiente externo ao lar, precisamente para que venham a ser dotados de iniciativa própria e de condições para eles próprios serem líderes de suas famílias, tendo, neste passo, a necessária convivência e aprendizado com seu pai e com outras figuras masculinas que vão surgindo ao longo da vida.
-Em nossos dias, tudo isto é considerado “ultrapassado” e “retrógrado”, como se a natureza tivesse sido modificada.
Dizer que o homem deve “tomar a iniciativa”, “ser o provedor” e o “protetor” é entendido como “patriarcalismo” e “machismo”, quando, na verdade, é o que decorre pura e simplesmente da criação divina.
– Como bem afirma o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior: “…O homem (…) consegue lidar melhor com coisas práticas, com questões estratégicas.
Por isso, se o menino quiser tornar-se um homem, ele precisa separar-se da mãe para conviver com o pai. O homem precisa fazer esforço para ser homem. Você nunca verá uma mulher dizer para sua amiga: ‘Seja mulher”, como os homens normalmente dizem uns aos outros: ‘Seja homem’.
Embora haja um substrato biológico – os níveis de testosterona, o temperamento mais agressivo, a baixa inteligência emocional – o menino precisa de um exemplo de virilidade para estruturar a sua masculinidade. Isso não significa, como supõe a ideologia de gênero, que a masculinidade seja uma construção social, mas que ela depende de uma interação entre corpo e vontade, entre instinto e razão…”
(Pai, seja homem! Disponível em: https://padrepauloricardo.org/episodios/pai-seja-homem Acesso em 22 maio 2023) (destaques originais).
-Não é por outro motivo, aliás, que Jesus veio ao mundo como varão. Ele nos amou primeiro (I Jo.4:19), ou seja, ele tomou a iniciativa no processo da salvação e, como tal, só poderia assumir a condição de varão sobre a face da Terra.
-Ele é a cabeça da Igreja (Ef.5:23), tendo, portanto, de assumir uma posição de liderança em relação ao povo que estava a edificar e isto somente seria possível, dentro do esquema divino traçado pela humanidade, se Cristo fosse um varão.
-Ele é o provedor da humanidade, não só sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder (Hb.1:3), como também sendo o próprio “pão da vida” (Jo.6:48) e este papel somente se poderia dar entre nós se Ele fosse um varão.
-A propósito, como varão, Jesus deixou a companhia da mãe para Se fazer companheiro de seu pai social, José, a ponto de ter aprendido o ofício paterno de carpinteiro (Mt.13:55; Mc.6:3).
-Neste ponto, aliás, vem um outro importante aspecto da masculinidade, que é a doação heroica, ou seja, o homem é aquele que, por ter a iniciativa, a liderança, a incumbência da proteção e da provisão, é alguém que deve se entregar pela família, se entregar pelo próximo. Ao homem é exigido este sacrifício em prol do próximo, como diz o já mencionado padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior:
“…O homem precisa derramar seu sangue se quiser ter autoridade sobre sua esposa e filhos. Se o poder não é vivido como doação, ele se torna uma tirania.…” (op.cit.).
-Foi, precisamente, o que fez o Senhor Jesus, derramando Seu sangue na cruz do Calvário, para cumprir a missão que Lhe foi dada pelo Pai, provando o seu amor para conosco sendo nós ainda pecadores (Rm.5:8).
-Uma das características da masculinidade é esta doação heroica, estar entregar-se em prol do outro, e que explica a força física maior, a agressividade maior que a da mulher, dá razão de ser à liderança.
O varão mostra, por meio destas ações concretas em favor do outro, o seu amor ao próximo, a sua dedicação, há como que um aspecto externo de demonstração deste amor, ao contrário da mulher, em que prevalece o interior, a emoção, o sentimento.
-Esta doação heroica evoca-nos a figura do soldado, do militar, não por acaso uma das atividades quase que exclusivamente masculinas e que só recentemente tem tido participação feminina e, mesmo assim, em número ainda bem reduzido.
O soldado é aquele que põe em risco a sua própria vida em prol da defesa dos seus concidadãos, daqueles que compartilham dos mesmos valores, da mesma maneira de viver.
-O soldado é aquele que se dispõe a derramar o seu sangue para que seja preservada a sua casa, a sua cidade, a sua pátria. Esta é a índole da masculinidade, o seu sentido, o seu papel na existência terrena da humanidade.
-A figura do soldado bem explica o que se aguarda de um varão: coragem, determinação, renúncia, iniciativa, objetivo e empenho.
-Reside aqui, aliás, um importante fator da destruição da masculinidade bíblica, visto que esta doação heroica é deixada de lado, é ignorada deliberadamente e, aí, a força, a agressividade são apresentadas como “fator de violência”, como “opressão”, a ser “eliminada” dos homens.
-Desenvolve-se, portanto, toda uma teoria que tem por finalidade retirar dos homens estas características tipicamente masculinas, buscando retirar dos homens a iniciativa, a liderança, o sentido de proteção e de provisão.
-Defende-se hoje que os homens não se utilizem de sua força física bem como que não assumam uma postura de protetores e provedores.
Os que assim se comportam são apresentados como “machistas”, “opressores”, como “violadores dos direitos das mulheres”.
-Um marido que queira, por exemplo, que sua mulher fique em casa cuidando dos filhos enquanto ele se incumbe de prover o sustento do lar é visto como “um castrador da liberdade da mulher”, como um “machista”, um “opressor”.
-Um homem que faça questão de externar as suas características masculinas é visto como um “ogro”, como um “retrógrado”, um “machista”, ainda que não seja violento ou desrespeitador, mas, bem ao contrário, promova a doação heroica.
-Podemos dizer que um soldado que se acovarde, que se negue a usar a força que possui para defender sua nação, seja um bom soldado, esteja a cumprir o seu papel, ainda que diga estar a serviço da paz e da harmonia entre os povos? Evidentemente que não!
-Um soldado que se negue a lutar, que não utilize a força que tem, que não proteja o seu povo estará deixando de cumprir o seu papel e contribuindo para que seu povo seja subjugado ou destruído.
De igual modo, quando as características da masculinidade são abandonadas, temos a destruição deste vigor, da defesa dos valores e da família, que é, exatamente, o que se deseja no império do mal.
-Aliás, a perda da virilidade é algo muito desejado numa sociedade em que se tem uma intensa burocratização, em que se pretende um total controle das pessoas, pois é fundamental que, numa administração globalizada, imensa e gigantesca, as pessoas não tenham substância, sejam volúveis, amoldáveis, sigam modismos, em suma, não tenham convicções nem voz própria e é tudo isto que a virilidade traz no ambiente familiar, que é o ambiente que constitui toda a sociedade.
OBS: O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho (1947-2022) analisa esta circunstância à luz do livro “A multidão solitária” de Davi Riesman em trecho de uma de suas aulas do Seminário de Filosofia – https://www.direita.tv/olavo-carvalho-perda-virilidade/ .
-O mundo tem exaltado homens que têm negado tais características. Assim, em relação à compleição física superior a da mulher, é ela direcionada não para atividades de provisão e proteção, mas para o culto ao corpo, para o embelezamento (em especial, os esportistas), desvirtuando a própria razão de ser desta diferença em relação à mulher.
É a figura do “metrossexual”, aquele narcisista das grandes cidades que gasta tempo e somas consideráveis de dinheiro com a aparência e seu estilo de vida.
-Deste modo, a doação heroica é substituída pelo narcisismo, pelo egoísmo; a força física voltada para a construção de um lar e para o benefício da mulher e dos filhos, para uma autoveneração, para o culto ao próprio corpo.
-A ideia de proteção e de provisão é deixada de lado e o homem é estimulado a ter uma vida sem responsabilidade, em que, no máximo, se tem uma parceria com a mulher na formação e sustento do lar e dos filhos, sustento este, aliás, que, no mais das vezes, é considerado apenas como contribuição financeira, até porque, ao lado desta “retirada de responsabilidade pela provisão e proteção”, vem também a ideia de “divertimento e entretenimento”, que, para os homens, é muito mais fácil do que para as mulheres, principalmente quando se tem filhos.
-Os homens, então, são levados a um hedonismo, ou seja, a uma busca incessante do prazer, e, com este substrato ideológico, tornam-se os principais clientes da indústria do sexo (um dos maiores negócios do planeta) e de todas as suas nefastas consequências, como a intensificação da imoralidade sexual e o aviltamento da figura feminina, que passa a ser considerada um mero objeto de satisfação carnal.
-Não nos esqueçamos do que ocorreu nos tempos antediluvianos, em que os filhos de Deus (homens da linhagem setita) consideraram formosas as filhas dos homens (as mulheres das demais linhagens) e acabaram tomando para si todas as que escolheram (Gn.6:1,2), dando início ao círculo vicioso de corrupção e violência que levou ao juízo divino do dilúvio (Gn.6:5,11,12).
-Hoje não é diferente. Retirados de sua responsabilidade que decorre da masculinidade, os homens passam a desviar as suas características peculiares para o que não convém e, como é próprio de tudo que
é arquitetado por Satanás, aquilo que foi feito para tirar a “violência, agressividade e opressão”, gera precisamente violência, agressividade e opressão.
-Davi é uma personagem que bem demonstra esta virilidade nas páginas sagradas. Era um líder guerreiro e sua vida esteve tão ligada à guerra e ao derramamento de sangue, que o Senhor não o permitiu de construir o templo em Jerusalém (I Cr.22:8) e, até os dias de hoje, é a referência de heroísmo para o povo de Israel.
-Ao término da sua vida, quando dá seus últimos conselhos a seu filho e sucessor Salomão, o rei foi bem claro: “esforça-te, pois, e sê homem” (I Rs.2:2). “Homem” aqui é precisamente a palavra “varão” constante de Gn.2:23.
-Para que Salomão pudesse bem liderar Israel, ser bem sucedido em seu reinado, deveria, antes de tudo, ser “homem”, ser “varão”, ter as mesmas características de virilidade que tão presentes estiveram na vida de seu pai.
-E Salomão, efetivamente, foi “homem”, mantendo, durante quarenta anos, o território conquistado por seu pai, a situação de prosperidade construída por Davi e que trouxe a Israel o período mais próximo em prosperidade e sucesso que terá quando do reino milenial de Cristo.
-Notemos que, ao contrário de seu pai, Salomão foi um homem pacífico, que reinou durante quarenta anos sem qualquer guerra, mas não deixou de ser viril, de imprimir sua liderança, ainda que, posteriormente, precisamente por ter deixado a desejar neste quesito, tenha permitido que seu coração fosse pervertido por suas mulheres e, com isso, a idolatria se reintroduzisse em Israel e o país acabasse, após o reinado de Salomão, sendo dividido (I Rs.11:3,4,31-33).
-É isto precisamente o que o império do mal tem feito. Retirado a virilidade dos homens para perverter-lhes o coração, para imergi-los no pecado e na perdição eterna. Que Deus nos ajude a preservar a distinção estabelecida pelo Senhor entre homem e mulher e que cada varão na Igreja de Cristo seja um homem.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/9353-licao-6-a-desconstrucao-da-masculinidade-biblica-i