INTRODUÇÃO
-Encerrando o estudo sobre as missões transculturais, abordaremos hoje a relação entre missões e a volta do Senhor Jesus.
-Missões leva-nos a desejar a volta do Senhor Jesus.
I– A PREGAÇÃO DO EVANGELHO TEM ELEMENTO ESCATOLÓGICO
-Concluindo o estudo sobre missões transculturais, trataremos hoje do relacionamento entre as missões e a volta do Senhor Jesus.
-Num primeiro instante, quando se fala nos acontecimentos últimos da história da humanidade, cuja doutrina é chamada de “escatologia” (doutrina das últimas coisas), tem-se a impressão de que se trata de assunto profundo, referente a profecias bíblicas e que trariam apenas um conhecimento maior à Igreja, preparando-lhe melhor para sua vida cristã.
-Dentro deste pensamento, a perspectiva das últimas coisas, que se iniciam com o arrebatamento da Igreja, seria um elemento que não precisaria estar presente na pregação do Evangelho ou, quando muito, um aspecto secundário, já que o importante é falar que Jesus salva, que é necessário o arrependimento e a confissão dos pecados a fim de se obter a vida eterna.
-Aliás, dentro deste contexto, não são poucos os que cristãos se dizem ser que evitam abordar temas escatológicos, inclusive até não querendo estudá-los, precisamente porque há muita controvérsia sobre o assunto (e não é para menos pois é a parte doutrinária que ainda não se cumpriu, que se encontra ainda no campo da predição) e porque seria “assunto irrelevante para a salvação”.
-Tal pensamento, conquanto se possa dizer que seja não só presente mas até predominante entre os cristãos (e, até o avivamento pentecostal, hegemônico até), não corresponde ao que encontramos na Bíblia Sagrada.
-O primeiro profeta a ser levantado para conclamar o povo ao arrependimento, Enoque, já trouxe uma mensagem escatológica, referente ao juízo divino sobre os impenitentes (Jd.14,15), no que foi seguido por seu bisneto Noé (II Pe.2:5), tendo o próprio Senhor Jesus lançado em rosto, no Hades, a incredulidade daquela geração (I Pe.4:19,20).
-O último profeta da lei (Mt.11:13; Lc.16:16) e precursor de Cristo (Mt.3:1-3), João Batista, não foi diferente. Ao conclamar o povo ao arrependimento, não deixou de pregar que o Messias haveria de separar os justos dos ímpios, castigando estes com o fogo eterno (Mt.3:12).
-Nosso Senhor não discrepou desta linha. Ele veio pregar o Evangelho do reino de Deus e o “reino de Deus” nada mais era que o anúncio de todas as profecias existentes a respeito da “era messiânica”, o tempo de justiça e paz que haverá no mundo, quando Israel assumir a sua condição de nação sacerdotal e todas as nações virem adorar ao Senhor.
-Jesus disse que o tempo estava cumprido e o reino de Deus estava próximo e que era necessário se arrepender e crer no Evangelho (Mc.1:14,15). Na própria mensagem do Senhor vemos claramente que se findava o tempo da expectativa do Messias, que Ele já havia vindo e que, com isto, se iniciavam os últimos dias.
-Durante todo o Seu ministério, Jesus sempre pregou a respeito do tempo do fim, da necessidade de estarmos devidamente preparados para enfrentar a eternidade e de que a proposta da salvação é a concessão da vida eterna, de um estado de comunhão com Deus para todo o sempre, mediante o abandono do pecado e a assunção de uma vida santa.
-Na parábola do joio e do trigo, por exemplo, retomando o mesmo tema de João, o Senhor fala de que haverá uma consumação deste mundo, quando ocorrerá a separação entre os justos e os ímpios (Mt.13:40-43).
-Quando o Senhor revela o mistério da Igreja em Cesareia de Filipe (Mt.16:13-19), começa a mostrar aos discípulos que não se daria o imediato cumprimento das profecias a respeito do reino do Messias. Embora Ele fosse o Cristo, haveria, isto sim, de padecer, morrer e ressuscitar ao terceiro dia.
-Com a revelação da Igreja já ocorria a dissociação entre o cumprimento das profecias sobre o reinado do Messias e a Igreja, algo que os discípulos ainda não compreenderiam (Mc.9:31,32; Lc.9:43-45) e de que só teriam plena ciência após a ressurreição do Senhor.
-A partir daí, o Senhor começa a descortinar o cenário escatológico, tanto no Seu sermão profético quanto nas Suas últimas instruções, quando faz a promessa de que viria buscar a Sua Igreja, em dia que jamais seria revelado, tendo os discípulos de serem achados servindo fiel e prudentemente ao Senhor para que pudessem ser levados às mansões celestiais, para onde iria primeiro o Salvador.
-Quando o Senhor estabelece a Grande Comissão, presente está o elemento escatológico. Logo depois de ter mandado os discípulos pregar o Evangelho por todo o mundo e a toda criatura, faz questão de afirmar que quem cresse e fosse batizado seria salvo, mas quem não cresse, seria condenado (Mc.16:15,16), ou seja, temos aqui a retomada da notícia do juízo sobre os impenitentes, que o Espírito Santo já mandava anunciar desde Enoque, o sétimo depois de Adão.
-Na formulação da Grande Comissão dada por Mateus, não se tem situação diversa. Embora ali a ênfase tivesse sido dada ao ensino doutrinário, o Senhor não deixou de lembrar que estaria com Seus discípulos todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20), o que é mais uma retomada do tema escatológico que se utilizara em Seus ensinos, como na parábola do joio e do trigo há pouco aludida.
-Esta dissociação entre a esperança messiânica de Israel e a realidade vivida com o surgimento da Igreja fica notória quando os discípulos, no dia da ascensão do Senhor, pergunta ao Mestre se seria por aqueles dias que o reino seria restaurado a Israel, tendo, então, o Senhor dito que deveriam eles se preocupar em receber a virtude do Espírito Santo e ser-lhes testemunha tanto em Jerusalém, como na Judeia e Samaria e até os confins da Terra (At.1:7,8).
-Já na pregação primeira da Igreja, no dia de Pentecostes, Pedro já começa seu sermão afirmando que já estávamos nos últimos dias, tanto que começava a se cumprir a profecia de Joel sobre o derramamento do Espírito Santo (At.2:16,17).
-O primeiro sermão evangelístico da história da Igreja já se inicia com um tema escatológico e já a mostrar aos ouvintes que se estava nos últimos dias e que Jesus é o Senhor e Cristo e que importa salvar-se desta geração perversa antes que venha o inevitável juízo sobre os impenitentes.
-A pregação do Evangelho não pode deixar de ter este elemento escatológico, pois é necessário crer em Jesus e se arrepender dos pecados enquanto é tempo, porque não tarda vir o juízo sobre os impenitentes, pois já estamos nos últimos dias.
-No segundo sermão não é diferente. Após a cura do coxo que ficava na porta Formosa do templo de Jerusalém, Pedro faz outro eloquente sermão, onde convida todos ao arrependimento dos pecados para que “venham os tempos do refrigério pela presença do Senhor e envie Ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, O qual convém que os céus contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de Seus santos profetas, desde o princípio” (At.3:19-21).
-Já vemos aqui que os apóstolos, revestidos de poder, ensinados pelo Espírito Santo, que os fazia lembrar de tudo quanto Jesus tinha dito (Jo.14:26), ao pregar o Evangelho, já afirmavam que aqueles que se arrependessem de seus pecados e alcançassem a salvação em Cristo Jesus deveriam aguardar o Mestre, que deveria ficar no céu até chegar o tempo do Seu reinado, quando se cumpririam as profecias a respeito de Seu reino milenial.
-Entendiam, assim, que o tempo agora era de arrependimento e de aguardo da vinda do Senhor, que, antes de reinar sobre a Terra, ocupando o trono de Davi, haveria de buscar aqueles que haviam crido n’Ele, a fim de que estivessem para sempre com Ele (Jo.14:1-3; I Ts.4:16,17).
-Não é por outro motivo que, na igreja em Jerusalém, os discípulos começam a se desfazer de seus bens (At.2:45), precisamente porque pensavam que era iminente o retorno do Senhor, ainda que tal pensamento não se coadunasse com os ensinos trazidos tanto por Cristo quanto pelos apóstolos, que, ainda que não houvesse qualquer demarcação de tempo, não deixavam de proclamar que seria, antes, necessário que o evangelho fosse pregado a todas as nações (Mc.13:10), bem como que haveria “muito tempo” entre a partida do Senhor e o encontro d’Ele com Seus servos (Mt.25:19).
-Esta expectativa, aliás, ganhara grande reforço com a disseminação da notícia de que o mais jovem dos apóstolos, João, não morreria antes da volta do Senhor, o que, em seu evangelho, o apóstolo do amor fez questão de desmentir (Jo.21:23), ou seja, ainda por volta dos anos 90, no final do século I, ainda havia a ardente expectação da volta do Senhor para aqueles dias.
-Diante deste quadro, Paulo, no que parece ser o primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito, a saber, a sua primeira epístola aos tessalonicenses, vai afirmar que a vida cristã é a conversão dos ídolos a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro e esperar dos céus a Seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, a Jesus, que nos livra da ira futura (I Ts.1:9,10).
-Esta esperança não era apenas mencionada por Paulo, mas ele mesmo a possuía (Fp.3:20; II Tm.4:8) e ensinava aos seus filhos na fé (Tt.2:11-13).
-Neste mesmo sentido é o ensino de Tiago, o irmão do Senhor, que alguns estudiosos entendem ser o autor do primeiro livro do Novo Testamento. O pastor da igreja de Jerusalém, em seu ensino aos crentes judeus dispersos, faz questão de recomendar que sejam pacientes até a vinda do Senhor (Tg.5:7), vinda que já estava próxima (Tg.5:8), a comprovar que o horizonte vivido pela igreja primitiva era a volta de Jesus, era esta a sua esperança.
-O mesmo João, embora tenha desmentido aquele boato de que não morreria, era também alguém que não só aguardava a vinda do Senhor, como recomendava a todos que assim também procedesse (I Jo.3:2,3).
-Desta maneira, vemos clarividentemente que a síntese da pregação formulada pelos missionários pentecostais, o chamado “evangelho quadrangular”, “evangelho quádruplo” ou “evangelho pleno” nada mais é do que a reprodução desta realidade já vivida nos tempos apostólicos: “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e BREVEMENTE VOLTARÁ”.
-A retomada da pregação da volta de Cristo, o ressurgimento do elemento escatológico na pregação do Evangelho foi, sem dúvida, um fator que impulsionou a Igreja a partir do início do século XIX e que fomentou o avivamento pentecostal, que já é o mais duradouro e de maior abrangência espacial de toda a história da Igreja.
II– MISSÕES E A ESPERANÇA DA VOLTA DE JESUS
-Como o elemento escatológico é indispensável a que se tenha a pregação do Evangelho assim como pregou e determinou o Senhor Jesus, tem-se que não se pode fazer missões sem que se tenha de dar guarida a este aspecto do evangelho pleno.
-Quando se prega o Evangelho, tem-se de levar o ouvinte o conhecimento do grande amor de Deus pela humanidade, a ponto de ter Se feito homem e dado a Sua vida para pagar o preço dos nossos pecados, pois é Seu desejo estar em nossa companhia durante toda a eternidade, compartilhando de Sua glória conosco.
-Assim, se a razão da salvação é o amor de Deus, o seu objetivo é o estabelecimento de uma comunhão eterna entre Deus e o homem, impedir-nos de ter o mesmo destino do diabo e de seus anjos, a quem está reservado o tormento eterno no lago de fogo e enxofre (Mt.25:41).
-A salvação assim se denomina porque é um escape para o que já está destinado para o homem pecador, que é a perdição, a morte eterna, pois, diante da prática do pecado, não há outro final para a existência humana senão a eterna separação de Deus e fazer companhia ao diabo e seus anjos no lago de fogo e enxofre.
-A pregação do Evangelho, portanto, é o anúncio desta triste situação em que se encontra a humanidade por causa do pecado, mas também as boas novas de que existe uma solução para este problema, que é a fé em Cristo Jesus e a nova criação por Ele proporcionada, que nos permite alterar esta história e alcançar a vida eterna.
-A pregação do Evangelho tem por finalidade mostrar ao homem que esta vida terrena é passageira e que “há vida no além”, como diz o pastor e poeta sacro Joel Carlson (1889-1942) no hino 355 da Harpa Cristã e, naturalmente, isto envolve elementos escatológicos na pregação.
-A pregação do Evangelho traz à tona a realidade do pecado e seu caráter universal, salienta que, apesar das diferenças culturais existentes, todos estão na mesma situação diante de Deus, dependendo, assim, de crer no Salvador providenciado pelo Senhor para a nossa salvação.
-A pregação do Evangelho faz o homem voltar-se para Deus, para a realidade espiritual, desprendê-lo do “olhar para baixo”, para o “aqui e agora”, para que perceba que esta vida nada mais é que uma peregrinação e que precisamos, “aqui e agora” definir nosso destino eterno.
-A pregação do Evangelho precisa desfazer a ilusão de uma realidade voltada única e exclusivamente para as coisas desta vida, mostrar que nossa existência não termina aqui e que Deus quer estar conosco na dimensão da eternidade.
-A pregação do Evangelho deve mostrar que não podemos esperar nas coisas desta vida, que nada podem nos assegurar na eternidade, mas, sim, esperarmos em Deus e em Jesus, que é a esperança da glória (Cl.1:27).
-Quando se crê em Jesus, Ele passa a ser a nossa esperança. N’Ele esperamos e passamos a aguardá-l’O, pois Ele prometeu vir nos buscar e nos salvar da ira futura (Jo.14:1-3; I Ts.1:10).
-O resultado da fé em Cristo é passarmos a pensar nas “coisas de cima e não nas que são da terra” (Cl.3:2), almejando encontrar-se com o Senhor nos ares. A Igreja e o Espírito Santo desejam ansiosamente a vinda do Senhor (Ap.22:17).
-A pregação do Evangelho leva-nos a almejar e desejar o céu. Não há como se render ao Senhor Jesus e estar sem este sentimento, sem este desejo ardente de se encontrar com o Senhor nos ares.
-Era este o desejo do apóstolo Paulo (Fp.1:23) e é também o desejo de todo aquele que ressuscitou com Cristo, que é uma nova criatura, que morreu para o mundo e agora não mais vive mas Cristo vive nele (Rm.6:3-6; Cl.3:1-3: II Co.5:17; Gl.6:15; 2:20).
-A pregação do Evangelho traz como consequência inevitável esta esperança da volta de Cristo, este anelo de passar a habitar os céus. Este desprendimento é, sem dúvida, um fator que traz uma integração maior entre o missionário e os ouvintes na igreja local implantanda, porquanto as diferenças culturais são tornadas secundárias, diante da presença da “graça de Deus”, que ultrapassa todas as barreiras de tribo, língua, povo e nação.
II – MISSÕES COMO SINAL DA VOLTA DE JESUS
-Além de a própria pregação do Evangelho levar os discípulos a ter uma visão da eternidade e, com isto, despertar-lhes o desejo ardente de que Jesus venha buscar a Sua Igreja, temos, ainda, que a atividade missionária é um sinal da vinda do Senhor.
-Pouco antes de subir aos céus, o Senhor disse que os Seus discípulos deveriam ser Suas testemunhas até os confins da Terra e, para isto, deveriam aguardar o revestimento de poder (At.1:8).
-No dia de Pentecostes, ao falarem em outras línguas e a multidão de judeus que ali estava por ocasião daquela solenidade ouvirem os discípulos falar, em suas próprias línguas, a respeito das grandezas de Deus (At.2:6- 12), o Senhor mostrava que todas as nações precisam saber a respeito da salvação.
-Assim como todos foram espalhados, com a confusão das línguas, para não serem destruídos por causa de sua rebeldia, no episódio da torre de Babel, agora todos deveriam ter a oportunidade de se arrependerem de seus pecados e alcançarem a salvação crendo n’Aquele que nascera em Israel, a nação formada depois daquele espalhamento, precisamente para que houvesse a salvação desejada pelo Senhor.
-Como Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34), a mensagem do Evangelho tem de chegar a todas as nações, para que todos tenham a oportunidade de salvação.
-O Senhor Jesus, mesmo, em Seu sermão profético, já avisara que o Evangelho precisava ser primeiramente pregado em todas as nações (Mc.13:10), o que, como já vimos, repetiu no dia da ascensão.
-Deste modo, as missões transculturais são uma atividade que tem de ser feita se quisermos que o Senhor venha buscar a Sua Igreja.
-Embora não tenha Cristo deixado qualquer data para o Seu retorno, e mesmo dito que isto jamais será revelado (Mt.24:36), deixou sinais para que Sua Igreja soubesse de que Ele estaria próximo e um destes sinais é, precisamente, a pregação do Evangelho em todas as nações.
-Na visão que teve do culto celestial onde foram abertos os sete selos, o apóstolo João ouviu o cântico que era ali entoado em louvor ao Cordeiro, dizendo que Seu sangue havia comprado homens de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9) e, como estamos nos céus, não se tem aqui qualquer “hipérbole” ou outra qualquer figura de linguagem, mas uma constatação de que o Evangelho foi efetivamente pregado para todo o mundo.
-O amor de Deus e o Seu compromisso em velar pela Sua Palavra para que se cumpra (Jr.11:12) são suficientes para que não tenhamos dúvida alguma de que Jesus não volta enquanto não forem evangelizadas todas as nações da Terra.
-O fato é que, com todo o acompanhamento que é feito atualmente, inclusive pelas agências missionárias, sobre a propagação do Evangelho, não há como mensurar o quanto falta ainda de nações a serem atingidas pela obra missionária, nem se pode fixar um prazo ou tempo para tanto.
-Há alguns anos atrás, conversando com um irmão que sempre acompanha estes dados estatísticos atinentes à obra missionária, o mesmo me disse que certo estudo entendia que, numa determinada região da África, o Evangelho demandaria alguns anos (não nos lembramos quantos, se 5 ou 30 anos) para atingir toda aquela região.
-Entretanto, em razão de fortes chuvas ali ocorridas, que causou o transbordamento de vários rios, o governo daquela localidade teve de reunir, num mesmo local, as pessoas das várias etnias ali existentes e, diante disto, missionários para lá foram e pregaram, em 6 meses, para pessoas que, segundo o estudos, somente teriam conhecimento da Palavra em anos.
-Como se pode observar, portanto, não há como mensurar a propagação do Evangelho, estando tudo nas mãos do Senhor, até porque não se pode querer prever quando o Senhor voltará para buscar a Sua Igreja.
-Não se deve aqui confundir a afirmação de Jesus em Marcos com a constante de Mateus. No sermão em Mateus, o Senhor Jesus fala da pregação do “evangelho do reino que será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações e então virá o fim” (Mt.24:14).
-Esta passagem aqui diz respeito à pregação do Evangelho durante a Grande Tribulação, após o arrebatamento da Igreja, quando o propósito salvador do Senhor continuará (porque Deus não muda – Ml.3:6).
-Depois do arrebatamento da Igreja, quando Jesus já tiver vindo buscar a Sua Igreja, evidentemente que a mensagem do Evangelho será outra: Jesus salva, cura e voltará para reinar sobre Israel e toda a Terra. Por isso, é o evangelho do reino, pois, aí sim se tratará de restaurar o reino a Israel.
-Não é disto que trata o texto de Marcos, pois ali o Senhor fala que os Seus discípulos seriam perseguidos precisamente por causa da pregação do Evangelho e, quando fossem levados à presença das autoridades, não tinham que se preocupar com o que haveriam de dizer, pois o Espírito Santo os orientaria e, além disso, seriam odiados de todos por causa do nome de Jesus (Mc.13:9-13).
-Pelo que se pode observar, nesta passagem, o Senhor está a Se referir à Igreja, porque se trata de pessoas que têm a plenitude do Espírito Santo que, inclusive, praticamente assumirá as suas falas para que respondam adequadamente a seus perseguidores.
-Isto somente é possível durante o tempo da Igreja aqui na Terra, onde há o derramamento do Espírito Santo, que atua ilimitadamente, algo que cessará com o arrebatamento, quando o Espírito voltará a agir sob medida, como antes de Pentecostes.
-Como se isto fosse pouco, o Senhor fala do ódio de todos contra estes discípulos, o que, evidentemente, é exatamente o que Cristo disse aos discípulos nas Suas últimas instruções (Jo.15:18-21), a nos revelar que, em Marcos, se está falando da Igreja e de sua tarefa de pregação do Evangelho, na dispensação da graça.
-Em Marcos, não se fala em “evangelho do reino”, mas no “evangelho pregado a todas as nações”, o que está perfeitamente em consonância com a Grande Comissão constante deste mesmo evangelho – “Ide por todo o mundo pregai o evangelho a toda criatura”.
-Deste modo, temos que, sim, é sinal da proximidade do arrebatamento da Igreja a pregação do evangelho a todas as nações e, quando estamos a realizar a obra missionária transcultural, estamos “apressando” a volta do Senhor Jesus.
-Alguém pode dizer que não há como o homem “apressar” o que já foi determinado por Deus, que sabe que dia e hora o Senhor voltará, mas não nos esqueçamos de que é o próprio Jesus quem diz que os dias da Grande Tribulação seriam abreviados por causa dos escolhidos (Mt.24:22).
-Toda vez que uma igreja local se movimenta para que se realizem missões transculturais, está ela contribuindo para a volta do Senhor Jesus, caminhando em direção a este evento que é, afinal de contas, a esperança da Igreja.
-O esforço missionário de cada membro em particular do corpo de Cristo é um passo que se dá em direção ao arrebatamento da Igreja.
-Não é por acaso que a igreja do arrebatamento seja, precisamente, na tipologia das igrejas da Ásia Menor, a igreja de Filadélfia. É ela a igreja que entrou na porta aberta da evangelização e deu início ao maior movimento missionário de toda a história da Igreja, retomando o entusiasmo dos tempos apostólicos, mas realizando muito mais, já que tanto o tempo quanto a abrangência geográfica são superiores aos da igreja retratada no livro de Atos dos Apóstolos.
-Quando vemos o grande empenho missionário iniciado a partir da sequência da Reforma Protestante, seja com os morávios, seja com as agências missionárias (em especial com William Carey, considerado o “pai das missões modernas”), seja com os metodistas, até desembocarmos, no início do século XX, com o avivamento pentecostal, bem sentimos que estamos realmente no tempo final da igreja, em que o evangelho está a atingir todas as nações.
-A igreja de Filadélfia, ademais, sobre a qual não fez o Senhor Jesus qualquer censura, é aquele que é enfrentada pela “sinagoga de Satanás”, que é precisamente a conjugação de forças que se levanta contra a Igreja e que, como temos visto ao longo do trimestre, constrói projetos de poder para destruir os cristãos e seus valores, procurando, de todas as maneiras, impedir a propagação do Evangelho.
-Entretanto, estes “que se dizem judeus e não são mas mentem” ficarão prostrados aos pés da Igreja, numa grande promessa do Senhor Jesus de que estará sempre com aqueles que se dedicarem à realização da obra missionária, seja orando, seja contribuindo, seja fazendo missões.
-Mesmo diante das perseguições e dos obstáculos, a igreja de Filadélfia, a igreja do tempo do arrebatamento, guarda a palavra da paciência do Senhor, ou seja, suporta todas as dificuldades, sofre todas as aflições, mas não deixa de pregar o Evangelho.
-Nos dias hodiernos, há muitos que estão a enfrentar as mesmas vicissitudes, aflições e tribulações sofridos pelo apóstolo Paulo (II Co.11:22-28) e, assim como o apóstolo e doutor dos gentios, todos estes poderão dizer, mesmo diante do martírio: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas também a todos que amarem a Sua vinda” (II Tm.4:7,8).
-Mesmo tendo sido morto por causa da fé, o apóstolo foi “mais do que um vencedor por Aquele que nos amou” (Rm.8:37), pois a morte não nos separa do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.8:38), como bem provou o primeiro mártir da Igreja, Estêvão (At.7:55-60).
-Neste momento, aliás, Paulo mostra o grande motor de toda a sua atividade missionária – o amor pela vinda de Cristo. Quem ama a vinda de Cristo, quem tem o desejo ardente da volta do Senhor, que é o anelo do Espírito Santo (Ap.22:17), faz a obra missionária, pois esta é a principal forma de se chegar ao arrebatamento da Igreja, quando o evangelho for pregado a todas as nações.
-A igreja que se empenha em ganhar almas para o Senhor Jesus mostra que ama a Sua vinda, que deseja a Sua volta, e, bem por isso, anima-se ainda mais, mesmo diante das muitas dificuldades, em fazer a obra de Deus.
-A igreja de Filadélfia, a igreja do tempo do arrebatamento, guarda a Palavra do Senhor e não nega o Seu nome, mas o proclama pelos quatro cantos da Terra e, por isso mesmo, será guardada da hora da tentação que há de vir sobre o mundo que rejeitou o chamado do Evangelho.
-Por fim, vê-se que a realização da atividade missionária mostra que há um desejo ardente pela volta de Jesus e isto revela uma intimidade, uma perfeita comunhão com o Espírito Santo.
-A Igreja e o Espírito dizem “Vem” e não há forma mais clara de provarmos que queremos a volta de Jesus do que participando de missões transculturais. Estamos em consonância com o Espírito Santo? Só quem está de acordo com Ele, pode caminhar com o Consolador (Am.3:3) e o Espírito levará a noiva até o Senhor nos ares, estaremos nós com Ele pelo fato de participarmos de missões? Pensemos nisto!
– Feliz 2024!
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/10109-licao-14-missoes-e-a-volta-do-senhor-jesus-i