INTRODUÇÃO
O capítulo 15 do Evangelho de João traz um ensino glorioso para o leitor da Bíblia. Nos dez primeiros versículos, salta aos olhos a imagem de uma videira. Essa planta milenar é a imagem que nosso Senhor escolheu para revelar um ensinamento.
A videira também é chamada de parreira. Os grandes manuais classificam-na de uma planta trepadeira da família das vitáceas.
Ela possui algumas características cujos troncos são retorcidos. Os seus ramos são flexíveis, as suas folhas são grandes, e as flores, esverdeadas.
Essas flores são posteriormente transformadas em uvas.1 Os estudiosos da videira ressaltam outra característica dessa planta antiga: a sua demora em frutificar. Do tempo de plantação ao tempo de surgimento do primeiro fruto, pode demorar aproximadamente de cinco a seis anos.
Para frutificar, é importante que essa planta fortaleça a estrutura das suas raízes, desenvolva bem os seus ramos para suportar o peso das uvas que esses ramos produzirão. Resumindo: é preciso paciência, paciência e paciência para colher o fruto da vide.
Não por acaso, nosso Senhor usou a imagem da videira para trazer um divino aprendizado para os seus seguidores. À semelhança da videira, para frutificar no Reino de Deus, há um processo que não é instantâneo.
Para frutificar, é preciso passar por um árduo processo de plantação, enraizamento, desenvolvimento, poda e cuidado.
Por isso, para a vida cristã desenvolver-se de acordo com o caminho de Jesus, é preciso disposição para aprender com Ele e imitar o seu estilo de vida. Nesse sentido, a imagem da videira tem muito a ensinar-nos.
Neste capítulo, meditaremos a respeito da imagem da vinha, em que os autores bíblicos fazem uso tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Veremos a relação da vinha para com o vinhateiro, bem como todo o processo de poda e limpeza que o lavrador exige e os princípios bíblicos atemporais que nos auxiliam nesse processo.
Veremos também a respeito dos princípios da comunhão, a necessidade de termos um verdadeiro relacionamento com Jesus, a condição de estarmos nEle para frutificar no Reino e a tragédia de “cortado da Videira.”
Finalmente, também meditaremos a respeito da implicação da comunhão com Jesus e nossa adequação à Palavra de Deus, a resposta a nossa oração e nossa verdadeira marca como cristãos. Aprendamos, pois, com essa vigorosa imagem da videira.
I – A IMAGEM DA VINHA
Nesta primeira parte, exploraremos o ensino bíblico a respeito da imagem da vinha e do grande vinhateiro.
Veremos o que essa imagem representa na Bíblia, meditaremos a respeito dos cortes e podas, ou seja, como Deus trabalha no caráter do seu povo para que a conduta esteja de acordo com o seu santo modelo.
E, depois, perceberemos que a Palavra de Deus é o grande instrumento para moldar nosso caráter e estabelecer profundas mudanças em nossos corações. Vejamos, pois, nosso relacionamento com Deus a partir da imagem da vinha.
A Vinha e o Grande Vinhateiro
A Bíblia trata do relacionamento de Deus com o seu povo por meio de imagens. Uma metáfora clássica a respeito desse relacionamento é a imagem da vinha e do vinhateiro. Geralmente, no Antigo Testamento, mais especificamente em Isaías e Jeremias, a vinha representa o povo de Deus, e o vinhateiro, o próprio Deus (Is 5.1-7; Jr 2.20-22). Tudo gira em torno do relacionamento dEle com o seu povo.
Em Isaías 5.1-7, temos um cântico que é uma parábola (ou alegoria). O profeta Isaías, como porta-voz de Deus, profere uma profecia em forma de cântico em que a vinha é usada como um símbolo para chamar a atenção do povo de Israel, devido ao valor precioso que lhe atribuíam os israelitas.2
Basicamente, na passagem de Isaías, o amado, o dono da vinha, planta vides selecionadas por ele, prepara todo o canteiro, constrói paredes de proteção para garantir sombra e frescor para as uvas.
O texto remonta um período de muita preparação. O amado esperava uma saborosa colheita, mas o resultado foi trágico: “esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas” (Is 5.2). Imediatamente, o amado pede:
“Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha” (Is 5.3).
O texto deixa claro que o amado, o Senhor da vinha, tinha todo o direito de fazer justiça com a sua vinha.
De modo que, no versículo 5, o juízo é pronunciado contra a vinha: “Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha:
tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pisada; e a tornarei em deserto; não será podada, nem cavada; mas crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela” (Is 5.5,6).
Nesse sentido, o amado sentenciou a destruição da vinha. O versículo 7 revela que a vinha é a Casa de Israel; o Senhor dos exércitos é o amado. Isaías 5.1-7 traz juízo sobre o povo de Deus que desobedeceu ao Senhor de maneira sistemática.
Em Jeremias 2.20-22, percebemos a profundidade e a extensão do pecado da casa de Jacó. O capítulo mostra o quanto Israel está cego para a sua própria condição (2.23).
Assim, o profeta faz uso da imagem da vinha para comparar a situação espiritual da nação. Logo, de uma vinha excelente, verdadeira, de uma semente inteiramente fiel, a nação degenerou-se para o pior tipo de vinha.3 Nada poderia alterar essa situação de degeneração para com a Casa de Israel.
Evidentemente que, quando o Senhor Jesus usa a metáfora da vinha no Evangelho de João, há como pano de fundo esse recurso linguístico usado no Antigo Testamento em Isaías e em Jeremias.
Entretanto, no Evangelho de João 15.1-4, Jesus é o tronco, o Pai é o Jardineiro, e os crentes em Jesus são os ramos.
No versículo 1, lemos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador”. Muito importante atentar para as expressões “Eu” e “verdadeira”. Conforme o texto grego, o teólogo Benny C. Aker ressalta que há uma ênfase nas duas expressões.
Tal ênfase reforçará, de acordo com o teólogo, que “Jesus e seus seguidores emergem como o verdadeiro povo de Deus. Isso enfatiza sua singularidade como o caminho para Deus”.4
Ora, se no Antigo Testamento a vinha era o povo de Israel, no Evangelho de João a videira representa Jesus como o seu tronco, e os seus seguidores como os ramos que derivam dessa videira. Para os ramos darem frutos, é preciso estar ligado à videira.
Essa passagem bíblica convida-nos a refletir de maneira séria a respeito do fundamento de nossa vida. Em quem estamos especialmente ligados?
Como os ramos de uma árvore só podem frutificar por causa da seiva da vida que pulsa no tronco em que eles estão ligados, só podemos frutificar no Reino de Deus por causa de Jesus, o fundamento por excelência de nossas vidas.
Só em Cristo podemos amar. Só em Cristo podemos testemunhar boas obras que reflitam a divina obra em nós.
Só em Cristo podemos evangelizar. Só em Cristo podemos exercer os dons espirituais. Só em Cristo podemos exercer os dons ministeriais. Só uma vida devidamente cristocêntrica pode glorificar nosso Deus que está nos céus.
Além de ligados à videira para frutificar, também precisamos ser podados, cuidados e tosquiados para desenvolver mais e produzir mais frutos. Quem faz essa poda, quem corta e limpa os ramos é Deus Pai: “Meu Pai é o lavrador”.
Sobre Cortes e Podas
No versículo 2, o tema da santificação é preponderante. A palavra-chave é o verbo “limpar” (cortar, desbastar, podar).
Da mesma maneira que o lavrador poda e limpa os ramos da videira, Deus cuida de santificar-nos. Nesse sentido, o Senhor separa-nos do pecado e comissiona-nos para vivermos segundo os passos de Jesus Cristo.
Isso significa dizer que nossas atitudes e comportamentos são moldados por Deus, por intermédio do Espírito Santo, como prova de que uma nova natureza começou a operar em nós. É continuidade do processo do novo nascimento. Respondendo à pergunta “Por que o processo de poda é necessário?
Somos moldados por Deus, por meio do seu Santo Espírito, para atingir um nível elevado de maturidade espiritual.
Como o pastor Antonio Gilberto afirma, não nos tornamos perfeitos imediatamente à experiência do novo nascimento, porém quanto mais nosso caráter parece-se com o de Cristo, mais desejamos estar longe dos ardis do mundo e mais próximo dos desígnios de Deus.
É somente se entregando a uma vida de consagração a Deus que podemos vencer nossas tendências humanas para pecar deliberadamente.
Assim, quanto mais próximos de Deus, mais longe do pecado; quanto mais próximos de Deus, mais longe de nossos instintos mais baixos; quanto mais próximos de Deus, mais longe das ambições do mundo; quanto mais próximos de Deus, mais longe do caminho que nos leva à perdição.
Nesse caso, é nas Escrituras Sagradas, por intermédio dos seus princípios divinos, que encontramos instrumentos espirituais seguros para nossa “poda espiritual”.
Os princípios bíblicos como instrumentos de poda espiritual
O versículo 3 diz: “Vós estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (v. 3). Há múltiplas opiniões a respeito do significado de “estar limpo pela palavra”.6
Entretanto, numa perspectiva devocional, nosso propósito aqui é extrair dessa mensagem um compromisso com os princípios da Palavra de Deus para o desenvolvimento de nossa vida cristã.
De que maneira poderemos desenvolver-nos espiritualmente hoje? Nossa Declaração de Fé diz que “a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, a inerrante, completa e infalível Palavra de Deus”.7
Nesse sentido, os princípios atemporais e eternos da Bíblia orientam a vida do crente, estabelecem parâmetros claros de como proceder e comportar-se no mundo atual.
Essa Palavra é poderosa e ensina-nos, redargui-nos, corrige-nos e instrui-nos para a retidão a fim de que sejamos perfeitamente instruídos para toda boa obra (2 Tm 3.16). Nela, somos amadurecidos.
A Palavra de Deus é o grande instrumento usado por Ele para podar nosso caráter, domesticar nossa natureza carnal e trabalhar em nosso coração.
Nela está revelado tudo quanto precisamos para amadurecer como verdadeiros cristãos. É pela Palavra que nos relacionamos com Jesus, provamos dos seus preciosos ensinos e entramos em contato com o seu santo modo de viver.
Na Palavra de Deus, conhecemos verdadeiramente o tronco pelo qual todos os cristãos verdadeiros estão ligados: Jesus Cristo.
II – PRINCÍPIOS DA COMUNHÃO
Nesta segunda parte, à luz da imagem da videira, meditaremos a respeito de nosso relacionamento com Jesus.
Esse relacionamento é verdadeiro? Ao relacionarmo-nos com Jesus, frutificamos no seu Reino? É possível ter comunhão com Jesus, mas não viver a comunhão com a sua Igreja? Qual é a condição de quem foi cortado da comunhão com Jesus?
A Necessidade de um Relacionamento Verdadeiro com Jesus
No versículo 4, está escrito: “Estai em mim, e eu, em vós”. No versículo 5, encontramos: “quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto”.
No versículo 6, nosso Senhor diz: “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará”. No versículo 7, há uma promessa: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. Nesses quatro versículos, a expressão “estai em mim” predomina.
Essa seção de versículos (4-7), de acordo com o teólogo Benny C. Aker, mostra que quem permanece em Cristo e passa pelo processo de “poda” tem como resultado a oração respondida (v. 7).8 Como isso faz sentido no processo de caminhada cristã.
Quando lemos o livro de Jó, deparamo-nos com o seu “processo de poda” e que Deus experimentou-o. E o seu fim glorioso?!
Permanecer em Cristo implica uma vida de submissão à vontade de Deus e confronto com nosso eu. Cada vez que aprofundamos nosso relacionamento com Jesus, estabelecemos fendas na raiz de nosso egoísmo.
Cada vez que nos permitimos à poda do Divino Mestre, crescemos para baixo e, por isso, ficamos mais firmes na experiência concreta da vida cristã no mundo.
O relacionamento com Jesus diz respeito a nosso relacionamento com a sua Palavra, com a sua Igreja, por intermédio da igreja local, parte visível da Igreja.
Esse relacionamento também passa pelas disciplinas da oração e do jejum. Nesse aspecto, a prática da verdadeira piedade cristã é um grande instrumento que nos permite aprofundar nosso relacionamento com Jesus.
A Comunhão com Jesus como Condição de Frutificação no Reino
Quando estamos em comunhão com Cristo, podemos frutificar no Reino de Deus. Esse é um ponto crucial. Não frutificamos em Cristo por nossos próprios méritos, mas, sim, por causa de Jesus, “porque sem mim, nada podereis fazer (Jo 15.4).
Não há como frutificar sem estar em Jesus, e, no contexto do capítulo 15, o fruto é o amor. Frutificar no Reino de Deus sempre começa na base do amor.
No amor que podemos ser alegres, pacíficos, longânimos, benignos, bondosos, fiéis, mansos e temperados (Gl 5.22).
Em Romanos, o apóstolo Paulo ensina-nos: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. […] O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.8,10).
Assim, tudo o que fizermos no Reino de Deus deve estar ancorado no amor. Esse ensino é um convite para: exercer o ministério tendo como fundamento o amor; evangelizar tendo como fundamento o amor; exercer os dons espirituais tendo como fundamento o amor;
ser professor(a) da Escola Dominical tendo como base o amor; dirigir reuniões de oração tendo como base o amor; ministrar cânticos tendo como base o amor;
atender os necessitados tendo como base o amor; secretariar a igreja local tendo como base o amor; contabilizar os recursos da igreja local tendo como base o amor. Enfim, frutificar no amor.
Ora, quando temos uma profunda relação com Cristo, recebemos diretamente dEle a “seiva do amor”. Ninguém nos amou mais que o Senhor Jesus.
A Terrível Condição de quem não Permanece na Comunhão
Além da gloriosa comunhão com o Senhor Jesus, há uma triste realidade. João fala a respeito da possibilidade de os ramos infrutíferos serem cortados:
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” (Jo 15.6).
Esse texto afirma uma mensagem taxativa: quem se separa de Jesus separa-se da fonte da vida, restando apenas o caminho da condenação ao fogo eterno.
No ministério de Jesus, há uma imagem concreta de um ramo que foi cortado da videira: Judas. Como nos lembra o teólogo Benny C. Aker, quem não está em Jesus perfaz o caminho do traidor.9
Ora, Judas foi chamado pelo Senhor, selecionado por Ele, comissionado pelo Salvador, porém preferiu “desligar-se da videira”.
Por isso, precisamos ter o cuidado com o pecado da apostasia. Longe de Cristo não se pode frutificar. Longe de Cristo estamos entregues a nossos desejos e pecados, perdidos em nossos delitos e muitas falhas. A apostasia é real.
Ela não acontece com os não crentes, pois estes não têm ainda do que se apostatar. Mas você e eu, que provamos da Palavra da vida, ligados na videira, corremos o risco de adentrar num processo de apostasia. Se deixarmos de frutificar em algum aspecto da vida cristã, é tempo de ligar o alerta da apostasia.
III – OS IMPACTOS DA COMUNHÃO
Nesta parte, veremos que a comunhão com Jesus passa por uma relação muito concreta com a Bíblia, que a resposta à oração tem a ver também em estarmos em comunhão com o Senhor e, finalmente, que devemos testemunhar essa vida na videira por meio do amor, a marca do cristão.
Comunhão com Jesus Implica em Adequação à Palavra
Já expomos a respeito da necessidade de termos comunhão com o Senhor Jesus. Nesse sentido, precisamos afirmar que essa comunhão passa pela compreensão da Palavra de Deus.
É o que está expresso na Bíblia que nos garante uma fonte fidedigna a respeito de Jesus; logo, o comprometimento com a Palavra de Deus é a base de nossa comunhão com Cristo (Jo 15.7).
Nesse caso, é preciso afirmar que não há comunhão com Jesus sem a disposição de adequar-se às suas Palavras.
Não basta apenas dizer algo a respeito de Jesus; é também preciso viver as implicações que a vida revelada em Jesus por meio da Bíblia causa em nós. As palavras de Jesus precisam estar dentro de nós, e isso só é possível por meio da leitura comprometida da Bíblia, que é onde encontramos nosso Salvador.
Como Orar e Ser Respondido?
Se as palavras de Jesus estiverem em nós (Jo 15.7), então significa que nossa vontade estará em conformidade com a vontade de Deus.
Nesse caso, saberemos o que pedir e seremos respondidos por Deus (cf. Tg 4.3). Infelizmente, muitas orações não são respondidas, conforme as Escrituras, porque nossa vontade não está associada à vontade de Deus.
E o fato é que a promessa que encontramos em João 15 leva em conta se estivermos em Cristo, ou seja, se as Palavras dEle estiverem em nós.
Então, pediremos e seremos respondidos por Deus. O ensino do evangelho aqui é a necessidade de nosso coração transparecer os interesses de Deus, e não os desejos egoístas para gastar nos deleites (Tg 4.3).
E isso invariavelmente passa pelo amor, a consequência natural de todo o ensinamento do capítulo 15 do Evangelho de João: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15.12).
Você já imaginou chegar ao patamar em que nossa vontade é a vontade de Deus e que a vontade de Deus é a nossa? Já dizia um teólogo da Idade Média que essa é a verdadeira felicidade.
A Verdadeira Marca de um Cristão
Se as palavras de Cristo estiverem em nós, o amor será nossa marca cristã. Nosso Senhor disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).
Esse amor não é uma teoria. Infelizmente, há palavras na Bíblia Sagrada que, quando traduzidas do grego, perdem um pouco da sua carga semântica.
Esse fenômeno acontece com a palavra da língua portuguesa “amor”, que traduz a palavra grega agapê, que traz uma ideia perfeita do amor divino. É o amor desinteressado. Como nosso idioma usa a palavra amor para outras palavras do grego como phílos (Rm 12.10), acabamos perdendo a carga semântica da palavra agapê quando transportada para o português.
Essa é uma dificuldade que ocorre em todo processo de tradução da Bíblia para outras línguas, mas nada nos impede de acessar o divino ensinamento: Deus quer que frutifiquemos no seu Reino tendo como base o amor desinteressado.
Quando isso acontece, frutificamos graciosamente no Reino de Deus. Assim, estabelecemos nossa marca como um cristão por meio do amor derramado por Deus em nossos corações.
CONCLUSÃO
Neste capítulo, vimos que a imagem da vinha traz importantes aplicações. Aprendemos que estamos ligados à videira, que é Cristo.
Entretanto, para frutificar no Reino de Cristo, é preciso ser podado por Deus, ou seja, estar disposto a passar pelo processo de limpeza espiritual. Tudo isso remonta uma ideia de desenvolvimento espiritual, maturidade na vida cristã.
Aprendemos também que há princípios concretos da Bíblia que nos auxiliam no processo de maturidade espiritual. Nesse sentido, precisamos ter um relacionamento pessoal com Jesus que se dá por meio do estudo sério da Bíblia e passa também por uma prática piedosa de jejum e oração.
Também vimos que há o perigo de entrar no caminho da apostasia. Todavia, não é vontade de Deus que os seus filhos sejam “cortados da videira”.
Finalmente, aprendemos que a comunhão com Jesus tem a ver com a adequação de nossa vida com a sua Santa Palavra e que as respostas às nossas orações têm a ver com a Palavra de Deus estar em nós e que, a partir dessa vivência caracterizada pelo amor, podemos revelar a verdadeira marca cristã.
O capítulo 15 de João é, portanto, um convite a fazer uma análise pessoal quanto à nossa vida com Cristo.
Estamos frutificando no Reino de Deus? Há plena consciência a respeito do sentido de estarmos ligados à videira?
Há compreensão de que não há possibilidade de uma vida cristã autêntica fora de Cristo? Que o amor é o fruto pelo qual devem ser reveladas todas as nossas ações? Que João capítulo 15, a imagem da videira e do lavrador, toque profundamente seu coração.
Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: Imitadores de Cristo: Ensinos Extraídos das Palavras de Jesus e dos Apóstolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2022/09/09/licao-11-quem-segue-a-jesus-frutifica-no-reino-de-deus/
Vídeo: https://youtu.be/_LDWwzKfEWI