Davi e Abigail (1Sm 25.2-41)
O resumo do capítulo é uma narração de um aspecto da vida fugitiva de Davi.
Somos informados de que ele se mudara do sul, de En-Gedi e Haquila, para o deserto de Parã (1), um território definido como a oeste da extremidade sul do mar Morto.
Ali ele se envolveu com um homem chamado Nabal, que morava em Maom, na extremidade norte do deserto de Parã, e cujas ovelhas e cabras pastavam nas proximidades do Carmelo (2) – este não deve ser confundido com o monte Carmelo, mais famoso e próximo do norte.
Abigail, a mulher de Nabal (o carmelita, 1Sm 27.3); ela é descrita como uma mulher de bom entendimento e formosa (3), ou “inteligente e de boa aparência” (Berk.); embora o próprio homem rico seja descrito como duro e maligno nas obras, ou “bruto e inculto” (Berk.).
Nabal estava no Carmelo tosquiando as suas ovelhas, quando Davi enviou dez de seus moços para pedir-lhe uma ajuda, a fim de suprir sua necessidade de alimento.
O pedido foi feito da maneira muito educada, e é explicado ao menos em parte porque os homens de Davi haviam protegido os pastores desarmados de Nabal dos ataques das tribos nômades (4-7; cf. 16,21).
O costume de compartilhar a boa hora (8) ou o dia de festa também era bem estabelecido, e teria somado à sensatez do pedido de Davi.
A resposta de Nabal foi insolente, falou de Davi como um servo fugitivo (10) e recusou categoricamente a sua solicitação (11).
Quando os homens de Davi retornaram e relataram esta recepção, seu líder convocou-os a pegarem em armas; deixou 200 no acampamento e levou 400 consigo (12,13).
A bagagem (13), os suprimentos, as provisões e os materiais. Um dos próprios homens de Nabal, nesse meio tempo, contou a Abigail o que acontecera.
A expressão ele se lançou a eles (14), vem de uma raiz hebraica primitiva, “investir violentamente ou voar” — a própria avaliação do servo sobre a resposta imprópria de seu senhor.
Ele contou à sua senhora sobre os serviços que os homens de Davi haviam prestado (15,16), e avisou-a das prováveis conseqüências que se seguiriam à ingratidão e ao desprezo demonstrado por Nabal.
Determinado está o mal (17) — em hebraico, ra, “calamidade, dano, dificuldade”.
Um filho de Belial (17), de beliydal, “sem proveito”, “sem valor”; portanto, “um homem inútil” (cf. 1Sm 1.16, comentário). Não há quem possa lhe falar (17); ninguém consegue discutir com ele.
Abigail rapidamente juntou mantimentos e, sem contar ao seu marido, ordenou que os próprios servos de sua casa os pusessem sobre jumentos e os levassem a Davi, enquanto ela os seguiria de perto (18,19).
Desceu pelo encoberto do monte (20), isto é, através de uma passagem na montanha. Davi e os seus homens lhe vinham ao encontro, e encontrou-se com eles.
A ira de Davi está refletida no juramento que ele havia feito de que nenhum do sexo masculino (22) da casa de Nabal estaria vivo pela manhã.
Assim faça Deus aos inimigos de Davi (22) — na Seputaginta lê-se, mais provavelmente, “faça a Davi”, a forma usual deste tipo de afirmação.
Ao prostrar-se, Abigail procurou apaziguar a ira de Davi. Seu discurso é uma obra-prima de sabedoria. Ao referir-se ao nome de seu marido (nabal em hebraico significa “tolo, uma pessoa ignorante ou má”), ela explicou que não sabia da vinda dos mensageiros (23-25).
Homem de Belial (25), cf. o comentário sobre 17; 1.16. Ela tentava, na verdade, evitar o derramamento de sangue inocente (26), e levou os mantimentos necessários aos homens de Davi (27). Tais quais Nabal (26), cujo nome significava “tolo”. Esta é a bênção (27), isto é, estes são os presentes.
Abigail expressou a confiança de que Davi certamente seria estabelecido como rei, embora no momento fosse perseguido por um inimigo implacável (28,29).
Atada no feixe dos que vivem (29), “escondida em segurança entre os viventes” (Moffatt), uma expressão para aquele cuja vida está sob a proteção de Deus.
Ela acrescenta o pensamento de que, quando Davi se tornasse rei, seria uma fonte de satisfação para ele o não ter se vingado daqueles que lhe fizeram o mal, mas ter deixado as suas vidas nas mãos de Deus (30,31).
A reação de Davi ao apelo de Abigail foi de gratidão. Ele sentiu que o Senhor a mandara para evitar que ele fizesse com as suas próprias mãos o que Deus reservara para si mesmo (32-34).
“Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (Rm 12.19; citando Dt 32.35), e o Senhor jamais permite que a sua vingança seja aplicada por outrem.
Ao receber a oferta de Abigail, Davi lhe disse que voltasse em paz para a sua casa, e que ele não executaria o seu ato pretendido (35). Tenho dado ouvidos à tua voz (35), isto é, concedi o teu pedido.
Quando Abigail chegou em casa, encontrou seu marido em meio a um banquete irreverente, como banquete de rei (36) em sua profusão e abandono. Nabal estava completamente embriagado, e sua mulher nada lhe disse até a manhã seguinte.
No entanto, pela manhã, quando a sua embriaguez já havia passado, ela contou a este “tolo rico” do Antigo Testamento como ele escapara por muito pouco da morte.
Por pavor ou ira, Nabal sofreu o que agora provavelmente chamaríamos de ataque cardíaco ou derrame — e se amorteceu nele o seu coração, e ficou ele como pedra (37). Dez dias depois, ferido pela mão de Deus, ele morreu (38)’.
Quando a notícia chegou até Davi, ele novamente se sentiu grato por ter sido impedido de tomar providências com as próprias mãos.
Ele também iniciou negociações para fazer da atraente viúva sua esposa, uma proposta que ela aparentemente recebeu com boa vontade (40,41).
Acompanhada por cinco servos pessoais, ela foi com os mensageiros de Davi e tornou-se sua esposa. (1)
O CONTRASTE ENTRE ABIGAIL E NABAL NAS ESCRITURAS
Nabal era um homem insensato (1Sm 25.25).
Abigail era uma mulher sensata (1Sm 25.3).
Nabal era um homem imprudente (1Sm 25.10-11).
Abigail era uma mulher prudente (1Sm 25.32-33).
Nabal era um homem ingrato (1Sm 25.21).
Abigail era uma mulher agradecida (1Sm 25.27).
Nabal era um homem louco (1Sm 25.25).
Abigail era uma mulher sábia (1Sm 25.3).
Nabal era um homem de coração duro (1Sm 25.3).
Abigail era uma mulher de coração flexível (1Sm 25.27).
Nabal era um homem sem discrição (1Sm 25.3).
Abigail era uma mulher com discrição (1Sm 25.3).
Nabal era um homem maligno (1Sm 25.3).
Abigail era uma mulher bondosa (1Sm 25.18).
Salomão afirma que: “O temor do SENHOR é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv 1.7).
Em Pv 4.6, o sábio diz: “Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a, e ela te conservará”.
Abigail agiu com sabedoria ao ponto de produzir uma impressão moral tão forte na vida de Davi que, mais tarde, quando ela ficou viúva, ele a tomou como esposa, porque havia percebido nela as qualidades que uma esposa de rei deveria ter.
CONCLUSÃO
Em Pv 24.3, o sábio Salomão afirma que “com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma”.
Nós fomos chamados por Deus para sermos sábios e prudentes.
“Então, vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas” (Ec 2.13). Abandone a insensatez e viva com a sabedoria! (2)
Referências:
1 – Comentário Beacon – Antigo e Novo Testamentos
2 – Bíblia do Pregador Pentecostal
Vídeo: https://youtu.be/rwBvAshhl-U