O livro de Obadias mostra-nos que aquilo que o homem, ele também ceifará.
INTRODUÇÃO
– Na sequência dos livros dos profetas menores, estudaremos hoje o menor livro do Antigo Testamento, o livro de Obadias.
– Obadias foi levantado por Deus para anunciar a Edom que pela sua atitude maligna contra Israel, desejando a destruição do seu próprio irmão, seria ele próprio destruído.
I – O LIVRO DE OBADIAS
– Na sequência do estudo dos profetas menores, hoje estudaremos o quarto livro na sequência do cânon, o livro de Obadias.
– Em hebraico, “Obadiah” (עובךיה), que significa “servo de Jeová”, nome muito comum entre os israelitas. É o menor livro do Antigo Testamento, dotado de tão somente um capítulo. Em algumas versões da Bíblia em língua portuguesa, como a Versão do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, a Bíblia de Jerusalém e a Tradução Ecumênica Brasileira, o livro é chamado de “Abdias”.
– O livro de Obadias não traz em que reinado o profeta escreveu, mas, ante as referências que se fazem à destruição do povo de Israel, dá-se a entender que os fatos mencionados dizem respeito à invasão babilônica a Judá, o que situa o profeta como contemporâneo de Jeremias, ou seja, na parte final da história do reino de Judá.
– Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, porém, não concordam com esta cronologia, entendendo que o livro de Obadias foi escrito por volta de 860 a.C., situando o seu livro nos tempos do profeta Eliseu, por ocasião da invasão de Jerusalém por parte de filisteus e arábios nos dias do rei de Judá, Jeorão (II Cr.21:16,17), o que faria deste profeta o mais antigo dos profetas menores.
– O livro nada fala sobre o profeta que o escreveu, não dando sequer a genealogia dele, motivo pelo qual não podemos ter maiores informações sobre este homem de Deus. Não podemos, porém, confundi-lo com um outro Obadias até mais famoso do que ele, que viveu nos dias do profeta Elias e que chegou a sustentar cem profetas do Senhor durante o período da seca determinada por aquele profeta (I Rs.18:1-16).
– O livro de Obadias é uma profecia contra Edom, povo formado pelos descendentes de Esaú, que também era chamado de Edom, que quer dizer “vermelho” (Gn.25:30). Edom regozijou-se com a derrota de Judá e, por isso, Deus lança um juízo sobre o povo edomita que, realmente, desapareceu enquanto povo, ainda que, nos tempos de Jesus, fosse um edomita que estivesse reinando sobre os judeus (Herodes era edomita).
– Na verdade, como conta a história, Edom sofreu uma terrível derrota e praticamente deixou de existir como nação em 312 a.C., quando um exército de árabes e nebateus (povo que habitava na região da atual Jordânia) arrasou Edom, embora ainda existissem alguns edomitas durante alguns séculos depois, como é o caso de Herodes e sua família.
– Hoje, porém, a terra onde habitava Edom é uma região desértica, uma das mais inóspitas do planeta, onde não vive pessoa alguma, prova de que a Palavra de Deus é fiel e se cumpre na vida de todos os homens.
– Só este fato já seria suficiente para nos mostrar a atualidade da mensagem do profeta Obadias, pois a sua profecia, clara e bem definida, mostra, com absoluta clareza, que Deus está no controle de todas as coisas e que a Sua Palavra é fiel e verdadeira.
No mínimo duzentos anos antes, o Senhor levantou Obadias para trazer juízo sobre um povo que, no momento mesmo da profecia, se encontrava em situação de superioridade e se vangloriando das “opções políticas acertadas”, para dizer que aquele povo seria destruído, algo totalmente inconcebível, mas que se mostrou verdadeiro. Amados, os profetas menores eram homens inspirados pelo Espírito Santo (II Pe.1:20,21) e, portanto, devemos crer em seus vaticínios e deles tirar o máximo proveito para nossas vidas!
– O livro de Obadias tem apenas um capítulo, mas pode ser dividido em três partes, como sugere Russell Norman Champlin, a saber:
- a) 1ª parte – A temível sorte de Edom – Ob.1-9
- b) 2ª parte – A desprezível conduta de Edom – Ob.10-14
- c) 3ª parte – O julgamento das nações – Ob.15-21
– Em Obadias, vemos que Deus vela pelo Seu povo e que os inimigos serão, a seu tempo, punidos.
OBS: “O Livro de Obadias ante o Novo Testamento- Embora o NT não se refira diretamente a Obadias, a inimizade tradicional entre Esaú e Jacó, que subjaz a este livro, também é mencionada no NT. Paulo refere-se à inimizade entre Esaú e Jacó em Rm.9.10-13, mas passa a lembrar da mensagem de esperança que Deus nos dá; todos os que se arrependerem de seus pecados, tanto judeus quanto gentios, e invocarem o nome do Senhor, serão salvos (Rm.10.9-13; 15.7-12).(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1310)
” Cristo Revelado- O versículo final de Obadias faz referência aos ‘salvadores’ através dos quais Deus exerceria Seu domínio sobre as montanhas de Esaú. Eles funcionariam como ‘juízes’ ou ‘libertadores’ desde seu núcleo no monte Sião ou Jerusalém.
Os juízes hebreus eram ‘salvadores’ para o povo. Eles os libertavam da opressão de estrangeiros, proviam ajuda para as viúvas e órfãos e executavam justiça nas disputas entre os homens. Esses salvadores prefiguram o Libertador definitivo, o próprio Jesus Cristo, o Messias que vem como o Juiz final, tanto para ser como para trazer a mais gloriosa Palavra de Deus acerca do Reino. Através de Jesus, Deus, oferece Seu senhorio e Seu domínio para toda a humanidade. Especialmente para os oprimidos e humilhados, Ele leva a mensagem de libertação (ver Lc.4.16-21).
– O ‘Dia do Senhor'(v.15) e o Reino de Deus (v.21) proclamados por Obadias antecipam a entrada de Jesus Cristo no mundo. A proclamação do profeta segundo a qual ‘o Reino será do Senhor’ (v.21) é um tema que ocupou grande parte dos ensinamentos de Jesus Cristo. Repetidamente Ele falou sobre o ‘Reino de Deus'( ver Lc.6.20; 9.27; 13.18-21) ou ‘o Reino dos céus’ (ver Mt.5.3; 13.1-52).
A natureza daquele Reino e a maneira da Sua vinda são diferentes da figura de linguagem de Obadias. Jesus introduz, num tranquilo reino de paz, um reino espiritual em que se entra pela fé na pessoa de Cristo. Mas, verdadeiramente, o ‘Dia do Senhor’ e a vinda do Seu Reino são inseparáveis de Jesus Cristo. A segunda vinda de Jesus irá conformar-se mais estreitamente com a figura de linguagem retratada na profecia de Obadias do que a Sua primeira vinda.…”(BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.882).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Obadias tem um capítulo, 21 versículos, uma ordenança, 4 perguntas, nenhuma promessa, 30 predições, 12 versículos de profecias, 5 versículos de profecias cumpridas, 7 versículos de profecias não cumpridas e 3 mensagens distintas de Deus (Ob.1, 7 e 15).
– Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Obadias, o 31º livro da Bíblia, está relacionado com a nona letra do alfabeto hebraico “tet” (ט), cujo significado é o do mistério do bem e do mal, pois é uma letra que lembra a forma de uma serpente, mas que serve para dar início à palavra “bom” e “bondade” em hebraico.
– É interessante notar que o livro de Obadias é o primeiro livro da Bíblia em que não aparece a palavra hebraica “tov”, que significa “bom” e que começa com a letra “tet”. Temos aqui a história de dois povos, Israel e Edom, bem como a manifestação da rejeição divina por Edom, por causa da sua malignidade, bem como ao anúncio da salvação de Israel.
II – A TEMÍVEL SORTE DE EDOM
– O livro de Obadias inicia-se com uma visão do profeta em que ele vê um embaixador de Deus enviando uma mensagem de Deus a Edom, uma “pregação do Senhor”: “Levantai-vos e levantemo-nos contra ela para a guerra”.
– Logo no seu limiar, o profeta anuncia que Deus está decidido a contender contra Edom, a fazer-lhe guerra. Mas por que Deus quereria fazer guerra a Edom? Pelo que verificamos ao longo do texto bíblico, o Senhor somente admitia a guerra por parte de Seu povo, Israel, se se tratasse de uma “guerra justa”, ou seja, de um conflito em que os israelitas deveriam defender a sua terra, em que havia provocação por parte dos inimigos.
– Ao longo da história de Israel, vemos que Deus nunca avalizou qualquer guerra de conquista por parte dos israelitas, com exceção da conquista de Canaã, porque, neste caso, Israel estava a executar um juízo de Deus contra os habitantes primitivos daquela terra que, por sua impiedade e injustiça, tinham perdido a soberania daquele pedaço de terra para Israel (Gn.14:16).
– Diante deste quadro, vemos, pois, que, quando Deus decide guerrear contra Edom, fá-lo por ter sido provocado, por ser necessário fazer justiça diante da impiedade e maldade de Edom com relação a Israel, o povo escolhido por Deus para ser a Sua propriedade peculiar dentre todos os povos (Ex.19:5).
– Edom nada mais, nada menos é Esaú, o filho de Isaque e irmão gêmeo de Jacó (Gn.25:30). A Bíblia relata que, desde o ventre de sua mãe Rebeca, ambos os irmãos lutavam entre si (Gn.25:22), luta esta sentida pela mãe que foi buscar ao Senhor a fim de saber o que isto significava, tendo o Senhor lhe dito que, no seu ventre, havia duas nações que se dividiriam e que o maior serviria ao menor (Gn.25:23).
– Desde antes do nascimento de ambos, portanto, o Senhor já deixara claro que haveria uma oposição entre os irmãos e que o menor prevaleceria sobre o maior. Esaú nasceu primeiro, passou a ser o maior, sendo lhe dado o nome de Esaú porque era cabeludo, embora fosse também ruivo, motivo por que também foi conhecido como “Edom”, que quer dizer vermelho (Gn.26:25), nome que ficou evidenciado depois que vendeu sua primogenitura por um guisado de lentilhas (Gn.25:30).
– Já o mais jovem, nascido em seguida, foi chamado de “Jacó”, porque nasceu com a sua mão agarrada ao calcanhar do primogênito, sendo que “Jacó” significa “suplantador”, ou seja, aquele que calca com os pés, toma-lhe o lugar, derruba. Posteriormente, “Jacó” foi chamado de “Israel”, porque “como príncipe lutou com Deus e com os homens e prevaleceu” (Gn.32:28).
– Pelos próprios nomes de ambos os irmãos gêmeos, notamos, desde logo, uma diferença marcante entre Jacó e Esaú. Enquanto o primeiro se esforçou para ter tanto a primogenitura quanto para obter a bênção divina, Esaú sempre prevaleceu de circunstâncias naturais. Era primogênito porque havia nascido primeiro, era chamado de Esaú porque fora dotado de cabelos abundantes pela natureza e de Edom, porque era ruivo.
Tratava-se de um homem natural, que só dava valor às coisas desta vida, que não tinha qualquer esforço para viver numa dimensão sobrenatural.
– Por isso mesmo, a Bíblia diz que Esaú era profano (Hb.12:16), ou seja, não dava qualquer valor às coisas sagradas, desprezando e desconsiderando totalmente tudo o que se referia a Deus, a ponto de ter vendido a sua primogenitura por um guisado de lentilhas (Gn.25:29-34).
– As Escrituras também dizem que Esaú era fornicário (Hb.12:16), visto que visava, única e exclusivamente, fazer a vontade da carne, da sua natureza pecaminosa, tanto que, para grande aflição e amargura de seus pais, não teve qualquer dificuldade em se casar com duas mulheres da terra de Canaã (Gn.26:34,35), tentando remediar a situação de amargura causada casando-se com uma terceira mulher, filha de Ismael (Gn.28:9).
– Desde o início, portanto, vemos que o comportamento de Esaú é uma conduta contrária à vontade de Deus, uma vida voltada para as coisas terrenas, para os prazeres terrenos, uma vida de total desprezo para com Deus.
– Este desprezo para com Deus não parou apenas com a venda da primogenitura por um guisado de lentilhas, mas prosseguiu com a determinação firme de Esaú em matar Jacó depois que este lhe tomou a bênção paterna (Gn.27:41), o que fez com que Jacó fosse obrigado a mudar-se para Padã-Arã.
– Verdade é que, posteriormente, Jacó e Esaú se reconciliaram, mas esta reconciliação não era algo firme, tanto que, contrariando o desejo de seu irmão, Jacó não foi habitar com ele nas montanhas de Seir, mas partiu para Sucote e edificou ali para si uma casa (Gn.33:17), cumprindo-se, então, a divisão entre os dois irmãos, entre os dois povos.
– Esta divisão ocorrida não causou a Esaú qualquer constrangimento. Embora tivesse dito a Jacó que deveriam morar juntos, ao notar que seu irmão tomara outro rumo, Esaú não teve qualquer preocupação, pois também não desejava coabitar com Jacó. Seus interesses eram outros, sua conduta era outra, de modo que havia aqui uma nítida divisão, a divisão que caracteriza bem que não há comunhão entre a luz e as trevas, entre os que servem a Deus e os que não O servem (II Co.6:14).
– Jacó, agora já uma pessoa convertida a Deus, sabia que não havia como coabitar com Esaú. Por primeiro, porque Esaú era pessoa completamente desinteressada em servir a Deus e Jacó sabia que esta não era a vontade de Deus para a sua vida, mas, sim, que, a exemplo de Abraão e de Isaque, deveria peregrinar na terra de Canaã, sendo um servo de Deus exemplar, buscando a pátria celestial, sobre a qual Esaú não tinha qualquer interesse em buscar (Hb.11:9,10,16).
– Por segundo, porque Esaú já tinha se misturado com os povos da terra de Canaã, como também com a descendência de Ismael, e Jacó sabia que era ele, Jacó, o herdeiro das promessas de Abraão e de Isaque, não podendo, pois, misturar-se com povos que seriam, inclusive, extirpados da Terra conforme Deus prometera a Abraão.
– Este gesto de Jacó de se separar de Edom, vemos, aqui, por ocasião da profecia de Obadias, foi uma atitude extremamente importante e que significou a própria sobrevivência da nação israelita. Jacó preferiu servir a Deus a ter uma comunhão com quem rejeitara ao Senhor. Por isso, agora que Deus anunciava que guerrearia contra Edom, Israel estava livre disto, pois não havia se aliado a inimigos de Deus.
– Será, amados irmãos, que temos feito o mesmo em relação aos que nos cercam? Será que temos preferido servir a Deus a entrar em comunhão com pessoas que rejeitaram ao Senhor Jesus e que só pensam nas coisas desta vida? Será que quando Deus resolver guerrear contra esta gente, nós, por termos nos aliado a elas, não estaremos também envolvidos na ira divina? Pensemos nisto!
– Esta atitude de Jacó de se separar de Edom mostrou-se extremamente acertada. Edom não quis somente se separar de Israel, mas foi muito além disto: resolveu ser inimigo de Israel, pois, como nos ensina o Senhor Jesus, quem não é por nós, é contra nós (Mc.9:40; Lc.9:50), quem não ajunta com o Senhor Jesus, é contra Ele (Mt.12:30; Lc.11:23).
– Devemos entender que, na vida espiritual, não existe neutralidade. Não é possível ser neutro em termos espirituais: ou somos filhos de Deus, ou somos filhos do diabo; ou servimos a Deus, ou somos contrários ao Senhor (I Jo.3:7-10). Não existe meio termo.
– Edom não assumiu uma posição de simples distância com relação a Israel, mas, sim, passou a ser seu inimigo. Tanto assim é que, no início da caminhada do deserto, quem são os primeiros inimigos que Israel encontra? Amaleque (Ex.17:8-16). E quem era Amaleque? Nada mais, nada menos que descendentes de Esaú , pois Amaleque era neto de Esaú (Gn.36:12)!
– Mas se isto fosse pouco, vemos que, já perto do final da jornada pelo deserto, Edom não permitiu que os israelitas passassem pelo seu território, pela estrada real, ameaçando inclusive de guerrear contra Israel, a mostrar toda a inimizade que nutria contra Israel (Nm.20:14-21).
– Vemos, portanto, claramente que Edom se pôs contra Israel e, por conseguinte, contra Deus, desde os primórdios e era por este motivo que Deus decidira fazer-lhe guerra. Notemos, ademais, que Deus não permitira que Israel se voltasse contra Edom, sendo expresso na lei de Moisés que o edomita não poderia ser abominado, precisamente por ser irmão de Israel (Dt.23:7). Vemos, portanto, que o ódio que Edom nutriu contra Deus e Israel não era correspondido pelo Senhor que, no entanto, por ser justo, teve de pôr fim à extrema maldade de Edom.
– Edom, como toda pessoa que se levanta contra Deus, era soberbo de coração (Ob.3). Embora fosse uma nação pequena e desprezada entre as nações (Ob.2), os edomitas eram soberbos, achavam-se inexpugnáveis, por viverem numa região de difícil acesso e com várias proteções naturais contra os inimigos (tanto assim é que será nesse lugar que o Senhor guardará o povo de Israel durante a segunda metade da Grande Tribulação – Dn.11:41; Is.63:1; Ap.12:14).
– A soberba é uma característica de todos aqueles que rejeitam a Deus e O desconsideram em suas vidas.
Fazem-se “deuses”, acham-se autossuficientes e, em sua mente espiritual entenebrecida, dizem: “Não há Deus”. É a mentalidade dominante em nossos dias (II Tm.3:1,2), uma conduta extremamente perigosa pois revela ignorância, estupidez espiritual (Sl.14:1; 53:1). Quando Deus é desconsiderado na vida de alguém, o resultado é a prática da maldade (Sl.14:1; 53:1).
– Os edomitas comportavam-se desta maneira, crendo que nenhum mal lhes sucederia e que a sua condição natural era suficiente para que eles pudessem tripudiar sobre Israel e desejar-lhe mal, não temendo a Deus em momento algum. Quantos não têm procedido desta mesma maneira, achando que sua posição social, econômico-financeira e seus talentos naturais são suficientes para que tenham uma vida sem precisar de Deus?
– No entanto, o Senhor é bem claro para aquele povo: “se te elevares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, dali te derribarei, diz o Senhor” (Ob.4). Ainda que Edom conseguisse êxitos enormes com sua maneira de viver, Deus continuaria no controle de todas as coisas e a maldade não ficaria impune, pois Deus não Se deixa escarnecer, pois o que o homem semear, ele também ceifará (Gl.6:7).
– Deus é soberano, tem o domínio sobre todas as coisas, é o Senhor e não deixará impune qualquer um que queira afrontá-lo e que, por causa disso, pratica o mal. A soberania divina é incontestável e todos nós teremos de tratar com Ele tudo o que fizermos (Hb.4:13).
– Entramos aqui num assunto que é o ponto-de-vista atual que o comentarista quer nos fazer ver neste livro do profeta Obadias: o princípio da retribuição ou, como se costuma chamar, a “lei da ceifa”, que se encontra claramente explicitado nas Escrituras em passagens como Gl.6:7,8; Os.8:7; 10:12,13, como também Pv.11:18,25; 12:14; 22:8, uma lei existente inclusive na natureza, chamada de Terceira Lei de Newton, que nos diz que “Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma e intensidade.”
– Quando o apóstolo Paulo fala que Deus não Se deixa escarnecer, traz um ensino profundo. A palavra grega, em questão, é “mukterízo” (μυκτηρίζω), cujo significado literal é “torcer o nariz”, “andar de nariz empinado”, ou seja, tratar com desprezo ou demonstrar arrogância, soberba. Trata-se de uma afronta à soberania divina e isto jamais poderia ficar impune. Como salienta o pastor Silvano Doblinski (Assembleia de Deus – Ministério Madureira – Jabaquara, São Paulo/SP), “…uma coisa temos de saber: toda semeadura vai resultar em colheita, seja ela boa, seja ela má…” (A lei da semeadura de Deus. Disponível em:
http://www.adjabaquara.com.br/mensagens/semeadura.html Acesso em 14 out. 2009).
– Foi precisamente isto que ocorrera com Edom. Em virtude da sua soberba, da sua “torcida de nariz”, o Senhor tinha de agira, até porque Edom não se limitara a ter inimizade contra Israel, mas agora já se aliava a inimigos do povo de Deus, ajudando-lhes e ainda se alegrando com a desgraça sofrida pelos israelitas.
– Por causa desta atitude de Edom, que havia se aliado aos que haviam saqueado e destruído Israel, este mal também viria aos edomitas. O Senhor afirma, na mensagem proferida por Obadias, que, assim como os israelitas haviam sido saqueados e haviam perdido todos os seus bens, também os bens de Esaú seriam também saqueados e tomados por aqueles mesmos a quem Edom havia se aliado (por isso entendem alguns que Obadias se referia à invasão dos filisteus e árabes nos dias de Jeorão, já que foram os árabes e nebateus que destruiram Edom em 312 a.C.) (Ob.5-7).
– Assim como Edom havia se alegrado com a matança dos israelitas na invasão que sofreram, da mesma maneira haveria matança nos termos de Edom (Ob.9). Era a nítida execução da “lei da ceifa” pelo Senhor.
– Vemos que se tem a nítida execução da lei da ceifa por parte do Senhor a Edom quando verificamos os sete princípios que a regem, como ensina o pastor e teólogo norte-americano John W. Lawrence (1927-1995) em sua obra “Escolhas da Vida”, citado pelo pastor e teólogo norte-americano J. Hampton Keathley III (1938-2002) (The Seven Laws of Harvest. Disponível em: http://bible.org/article/seven-laws-harvest Acesso em 14 out. 2009), a saber:
- a) somente colhemos aquilo que é semeado– se semeamos na carne, colhemos corrupção; se semeamos no Espírito, colhemos no Espírito a vida eterna (Jo.3:6; Gl.6:8).
- b) colhemos o mesmo em espécie do que semeamos– não há diferença de qualidade e de natureza entre o que é semeado e o que é colhido (Os.8:7; Jo.3:6; Gl.6:8).
- c) nunca colhemos na hora em que semeamos– entre o plantio e a colheita há um necessário decurso de tempo ( Sl.126:6; Mt.13:8).
- d) colhe-se bem mais o que se semeia– a colheita é sempre maior que o plantio, pois uma semente dá origem a muitas outras, daí porque Edom foi riscado do mapa embora não tenha querido propria e diretamente que Israel fosse “riscado do mapa”, como almejam atualmente os inimigos do povo judeu.
- e) colhe-se proporcionalmente ao que se semeia– ainda que a colheita seja maior que a semeadura, haverá sempre maior colheita para quem mais semeou (II Co.9:6).
- f) colhemos a plenitude do bem semeado apenas se perseverarmos; mas o mal é colhido automaticamente– para colhermos o bem, é necessário que perseveremos no cultivo e na prevenção das ervas daninhas fora até o fim, é necessário esforço sem desânimo para se fazer o bem (Gl.6:9), enquanto que as ervas daninhas aparecem e crescem naturalmente, sem que se precise fazer coisa alguma para isto (Mt.13:24-27; Rm.7:18).
- g) nada podemos fazer com relação à colheita do passado, mas somente para a colheita futura– não adianta querermos mudar a colheita do que semeamos no passado, mas podemos apenas semear hoje para termos uma boa colheita no futuro (Fp.3:13,14).
– Quando estamos no pecado, nossa semente é má, provém da carne e, por isso, colhemos frutos maus, a corrupção. Quando aceitamos a Cristo como Senhor e Salvador, mudamos de semente, morremos para o mundo e começamos a dar frutos bons, que serão colhidos igualmente.
– A salvação, porém, não nos impede de colhermos o que fizemos de errado, pois Deus é justiça e “…não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn.18:25 “in fine”).
– O pecado é perdoado, mas as suas consequências permanecem. Não se trata de qualquer “maldição hereditária” ou coisa semelhante, como alguns desavisados têm pregado ou ensinado erroneamente, ou, mesmo, de um “carma” ou qualquer outra coisa parecida, como ensinam os espiritualistas, budistas, hinduístas ou outras seitas e religiões de origem oriental.
Trata-se da justiça divina: o pecado é perdoado, porque Jesus já pagou o seu preço na cruz do Calvário. Por isso, podemos, sim, alcançar a salvação na pessoa de Jesus e não há outro meio de salvar-se, a não ser por Cristo. No entanto, as consequências do pecado no campo social, biológico, psíquico, enfim, em tudo que não se refira ao relacionamento entre Deus e o homem, deverão ser devidamente colhidas pelo pecador, para que o nome do Senhor não seja blasfemado por seus inimigos.
Deus mostra Seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores (Rm.5:8), mas também não Se deixa escarnecer e o que o homem semear, isto também ceifará (Gl.6:7,8).
– Se nem os salvos estão livres da “lei da ceifa” nos aspectos que não envolvem o relacionamento entre Deus e o homem, que podemos falar em relação àqueles que rejeitam a Cristo como Senhor e Salvador? Como afirma o apóstolo Pedro: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são deboedientes ao evangelho de Deus? E se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador ?“ (I Pe.4:17,18).
II – A DESPREZÍVEL CONDUTA DE EDOM
– O Senhor anuncia este duro juízo contra Edom e já justificamos porque Deus resolve fazer guerra contra aquele povo. No entanto, Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33) e para que não houvesse qualquer dúvida com relação àquele juízo, o Senhor deixa bem claro o que estava se passando e porque tomara aquela decisão drástica.
– “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á de confusão e serás exterminado para sempre” (Ob.10). Edom sempre fora violento contra Jacó. Desde o episódio da primogenitura, quando temos o primeiro relato de um diálogo entre Jacó e Esaú, percebemos a prepotência de Esaú e a sua índole violenta.Sua atitude contra Israel sempre foi de ameaça de morte ou uso mesmo da violência, como vemos nos casos já mencionados da guerra no deserto e do impedimento de uso da estrada real em seus termos.
– Quem usa da violência e da ameaça como modo de conduta estará fadado, sempre, a terminar seus dias de modo violento ou sob intimidação. Todos os dias vemos comprovada esta assertiva no que concerne aos criminosos violentos, cujos dias sobre a face da Terra são bem mais exíguos do que os das demais pessoas.
Não nos esqueçamos da sentença divina exarada no pacto noaico: “E certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo animal o requererei; como também da mão do homem e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a Sua imagem” (Gn.9:5,6).
– Deus, amados irmãos, não muda, continua o mesmo e do mesmo modo que o sangue de Abel clamava ao Senhor após o primeiro assassínio da terra (Gn.4:10), continuam as vozes do sangue das vítimas de delitos violentos a clamar perante o Senhor ao longo da história e o Senhor continua a fazer justiça, aplicando a tais pessoas a pena de morte (pois só Deus pode aplicá-la, já que é o exclusivo dono da vida — I Sm.2:6).
– Edom tinha recorrido ou ameaçado recorrer à violência todas as vezes em que se relacionava com Israel e, por isso, seria também dizimado pela violência, como ocorreu em 312 a.C., ainda que tivessem sobrado alguns remanescentes. O mais ilustre edomita depois desta destruição foi o rei Herodes, o Grande (73 – 1 a.C.), um homem que teve a violência como seu “modus vivendi” e que também morreu de forma terrível por conta de todas as maldades e crueldades que cometeu.
OBS: “…Ele [Herodes, o Grande, observação nossa] sobreviveu a Antípatro apenas cinco dias e morreu trinta e quatro anos depois de ter expulso Antígono do reino e trinta e sete depois de ter sido declarado rei em Roma. Não houve jamais príncipe mais colérico, mais curel e mais favorecido pela sorte. Pois, tendo nascido em condição humilde, chegou a subir ao trono, venceu perigos sem conta e viveu muitos anos. Quanto aos seus dissabores domésticos, embora as tentativas de seus filhos contra ele o tivessem tornado muito infeliz, segundo meu parecer, ele foi mesmo feliz nisso, segundo o juízo que disso ele fazia, porque não os considerando mais como seus filhos, como inimigos, ele os castigou e vingou-se deles…”(JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas XVII, 10:741. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.2, p.143). Apesar das palavras de Josefo, vemos que Herodes viveu sob constante ameaça de morte por seus filhos, precisamente por ter matado a alguns deles, uma vida terrível e que vem revela a índole dos edomitas.
– Edom havia se aliado aos invasores de Jerusalém e lançou sortes sobre os israelitas. Em vez de ter compaixão do seu irmão, de olhar para “o dia de seu desterro” (e por isso, parece mesmo ser mais apropriado situar Obadias nos dias do cativeiro da Babilônia, visto que se está a falar aqui de desterro, de desgraça, palavra muito forte para se referir tão somente ao episódio ocorrido nos dias de Jeorão), alegrou-se com a ruína e com a angústia de Israel, motivo pelo qual passaria também pela ruína e pela angústia sofridas pelos judeus (Ob.11,12).
– Jamais devemos nos alegrar com a ruína e a angústia do próximo, ainda que ele seja nosso inimigo. Devemos sempre nos lembrar que todos os homens foram feitos à imagem e semelhança de Deus e que, portanto, quando lhes queremos mal, estamos a desprezar a imagem e semelhança de Deus existente em cada ser humano.
– O proverbista deixa isto bem claro ao afirmar: “Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar se regozije o teu coração; para que o Senhor isso não veja, e seja mau aos Seus olhos e desvie dele a Sua ira” (Pv.24:17,18). Ou ainda: “O que escarnece do pobre insulta ao que o criou; o que se alegra da calamidade não ficará impune” (Pv.17:5).
– Vivemos dias em que, de forma sutil, muitos têm defendido um comportamento totalmente inadmissível para o servo de Deus, qual seja, o de se alegrar quando “a mão de Deus cai sobre um inimigo”. Dizem estes falsos mestres que não devemos querer vingança, mas “se Deus Se vingou por nós, não há problema algum em nos regozijarmos com a ação divina, pois isto é justiça”.
– Tal ensinamento está completamente fora do que ensinam as Escrituras Sagradas. Deus Se vinga dos maus, pois a Ele pertence a vingança (Sl.94:1; Rm.12:19; Hb.10:30). Ora, se a vingança pertence a Deus e só a Ele, por que devemos nos alegrar com a sua execução? Por que devemos querer “tomar parte” neste gesto que é exclusivo de Deus e, portanto, não está ao nosso alcance?
– Quando nos alegramos com a ruína e a angústia do próximo, mesmo se determinada por Deus, estamos nos alçando a uma condição superior que não temos em relação a qualquer outra pessoa. Diante da ruína e da angústia sofridas por alguém, devemos ter compaixão, pois o nosso sentimento é o mesmo sentimento de Deus, se é que estamos em comunhão com Ele, e é dito que Deus não ter prazer na morte do ímpio (Ez.18:23; 33:11). É dito que os anjos se alegram quando um pecador se arrepende, mas jamais se diz que os anjos se alegram quando um pecador morre em seu pecado (Lc.15:7,10). Almejamos ser como os anjos e, portanto, uma conduta contrária a isto não é apropriada para quem quer morar nos céus. Pensemos nisso!
– Edom seria punido pelo Senhor, como disse o proverbista, porque se alegrou da calamidade de Israel. Havia satisfação por parte dos edomitas ao verem o mal de Israel. Edom fez questão de entrar pela porta da cidade e de contemplar a miséria ali existente e, com este olhar maldoso, ficou satisfeito e radiante (Ob.13).
– Quantos não estão satisfeitos, atualmente, com a ruína do próximo? Quantos não se alegram em ver a ruína e angústia daqueles que, no passado, foram causadores de males? Tal conduta, porém, não pode ser o comportamento de alguém que se diga servo de Cristo Jesus. Ante a ruína e angústia de quem nos fez mal, até por causa de um juízo divino sobre a sua impiedade e maldade, nossa atitude deve ser de compaixão, de tristeza, pois não podemos nos comprazer da miséria do próximo.
Devemos agir como Davi que se condoeu sinceramente da morte de Absalão, apesar de este ter se tornado seu inimigo e de ter lhe querido muito mal (II Sm.18:33). Este é um dos gestos que mostram porque Davi é chamado de um homem segundo o coração de Deus.
OBS: Recentemente, ao se aposentar do Supremo Tribunal Federal, o ministro Antonio Cézar Peluso, ao proferir seu último voto naquela Corte Suprema, que foi um voto condenatório no caso do “mensalão”, fez questão de afirmar que um juiz nunca fica feliz ou contente por condenar o réu, fazendo-o por dever, mas lembrando que, como dizia Agostinho, “a misericórdia pune”. Estas palavras do ministro, que é cristão, mostra bem como devemos nos comportar diante dos juízos divinos: antes de nos alegrarmos com a ruína e angústia alheias, lembremos que Deus é misericordioso e que devemos, antes de mais nada, clamar pela Sua misericórdia e lembrarmos que nada merecemos.
– Como se não bastasse o exercício da violência e a satisfação em ver o mal do seu próprio irmão, Edom, também, diz o Senhor, resolveu parar nas encruzilhadas para exterminar os que haviam escapado, bem como entregar aos inimigos invasores os restantes no dia da angústia (Ob.14).
– Edom tomou definitivamente o partido daqueles que lutavam contra Israel, não querendo que escapasse qualquer um dos invasores (o que reforça, mais uma vez, a tese de que os dias de Obadias são os do cativeiro da Babilônia, pois só esta invasão teve tamanha intensidade de destruição). Outra conduta desprezível é a de “levar vantagem” e acabar por dizimar aqueles que já estão caídos e abatidos, dar o famoso “golpe de misericórdia”, expressão inadequada, pois misericórdia alguma há, o que se revela, mesmo, é uma atroz impiedade, um sentimento altamente reprovável.
– Uma atitude desta natureza revela, antes de mais nada, uma grande covardia, visto que se trata apenas de “terminar” algo que foi iniciado por outrem, de se aproveitar de uma situação em que o outro já está sensivelmente debilitado e enfraquecido por terceiros. É uma atitude comparável ao dos que se alimentam de carniça, que não caçaram suas presas e se contentam em se alimentar daquilo que foi deixado e que está a apodrecer, como é o caso dos chacais, mencionados algumas vezes na Bíblia Sagrada (Is.13:22; 35:7 e Lm.4:3).
– É a figura do oportunista, daquele que se aproveita da oportunidade criada por outrem para “levar vantagem”, para ter algo a que não fazia jus. Este tipo de comportamento, tal comum em nossos dias, é totalmente contrário às Escrituras Sagradas. Tal comportamento é cruel, tanto que Jeremias compara a grande crueldade do povo de Judá em seus dias como sendo mais cruéis que os chacais (Lm.4:3).
– Este comportamento, aliás, caracteriza a crueldade, que, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “o prazer em derramar sangue, o prazer em causar dor”. Vivemos dias em que os homens são cruéis (II Tm.3:1,3), em que há prazer em “se matar a cobra e mostrar o pau”, precisamente porque vale mais a forma causadora de sofrimento de que se usou do que o próprio resultado alcançado. Tudo isto, porém, diz-nos o profeta Obadias, é abominável ao Senhor e, por causa disso, Edom seria igualmente exterminado.
III – O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
– Deus, então, através do profeta Obadias, é peremptório em relação a Edom: “como tudo fizeste, assim se fará contigo: a tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Ob.15).
– Temos aqui nitidamente o princípio da retribuição, a “lei da ceifa” já mencionada supra. Mas, numa revelação dada por Deus a todos nós, isto não se daria apenas com Edom. Não, não e não! O Senhor faz questão de dizer: “O dia do Senhor está perto, sobre todas as nações” (Ob.15a).
– A retribuição pela impenitência não haveria de se dar apenas em relação a Edom. Edom é apenas um exemplo do que está para ocorrer com todos os homens que, a exemplo dos edomitas, quiserem viver sem levar Deus em conta, quiserem ter a soberba como norma de vida, quiserem se levantar contra o Senhor numa vida de impiedade, crueldade e maldade.
– Mais um profeta menor nos traz à lembrança o “dia do Senhor”. Estamos preparados para enfrentá-lo? De que lado estaremos quando Ele chegar: do lado de Deus ou do lado dos inimigos de Deus? Esta é uma realidade da qual não podemos fugir.
– Muitos gostam de citar Rm.8:31: “Que diremos pois a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Sem dúvida alguma, temos neste versículo um alento de fé e de esperança nas agruras da vida, pois sabemos que se Deus é por nós, ninguém poderá ser contra nós.
– Entretanto, este versículo tem um corolário que nem sempre é alvo de nossa atenção: Se Deus é por nós, ninguém será contra nós, mas, e se nós formos contra Deus, se Deus não for nós, quem poderá ser por nós?
Ninguém! Já pensou nisso, amado(a) irmão(ã)?
– Edom havia “bebido do monte da santidade de Deus” e, por isso, beberia continuamente dele juntamente com todas as outras nações. Este “beber do monte da santidade de Deus” significa “beber da taça da ira de Deus”, do “cálice do Seu furor” (cf. Is.51:17). Deus é santo e, por isso, não tolera o pecado, motivo pelo qual lançará o juízo sobre todos aqueles que não quiseram obedecer-Lhe e transgrediram a Sua Palavra.
– De que cálice estamos a tomar, amados irmãos? Do cálice que representa a nova aliança no sangue de Cristo, tendo comunhão com o Senhor, estando separados do pecado e vivendo na fé do Filho de Deus, submetendonos à Sua vontade, ou do “cálice do furor do Senhor”, que nos trará o juízo e a ira divinos? Pensemos nisto!
– O “dia do Senhor” trará juízo sobre os impenitentes, sobre os que desprezaram a Deus, que viveram de modo fornicário e profano, mas aqueles que estiverem “no monte de Sião”, ou seja, aqueles que viveram suas vidas para adorar e servir a Deus, para obedecer-lhe, para estes, diz o profeta Obadias, “haverá livramento” (Ob.17).
– Obadias revela não só um Deus vingador, mas, também, um Deus salvador, um Deus que é santo e nos faz habitar em lugar santo, um Deus que faz com que os da casa de Jacó possuam herdades, tenham herança, habitem para sempre com o Senhor.
– Enquanto a casa de Jacó é de fogo e de chama; a casa de Esaú é de palha e, por isso, o fogo se acenderia e não restaria nada de Edom “para contar história” (Ob.18). Edom perderia todo o seu território, enquanto que Israel, uma vez mais, teria restaurada a sua terra (Ob.19,20) e não apenas a terra, mas nesta terra se instituiria “o reino do Senhor” (Ob.21).
– Este reino do Senhor foi o objeto da pregação de Cristo Jesus em Seu ministério terreno (Mc.1:15). É o que o Senhor nos ensina a desejar quando nos ensinou a orar (Mt.6:10 “in initio”). Um reino que não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17).
– Para aqueles que, como fez Jacó, buscaram e lutaram com afinco pelas coisas de cima, pelas coisas espirituais, pelas bênçãos de Deus, o Senhor promete este reino, promete livramento e salvação mo monte de Sião, no monte santo. Para os que, a exemplo de Esaú, buscam as coisas terrenas, o bem-estar passageiro desta vida, agindo com violência, oportunismo, crueldade e malignidade para auferirem tais benesses, nada mais lhes resta senão beber de contínuo do “monte da santidade de Deus”, do “cálice do Seu furor”, recebendo assim o castigo eterno.
De que lado nós estamos?
Caramuru Afonso Francisco
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