Jovens – Lição 9- A Realidade Bíblica das Finanças

Introdução

Um dos maiores desafios do ser humano é lidar com os recursos financeiros. Vivemos em um mundo onde o dinheiro é largamente utilizado e a sua influência alcança todas as pessoas, quer creiam em Deus, quer não.

E o que o cristianismo ensina sobre o dinheiro e o seu uso, e de que forma esses ensinos podem ser aplicados às nossas vidas?

Deus, em sua Palavra, nos mostra a importância que o dinheiro tem na nossa vida pessoal e familiar, a forma como adquiri-lo e os cuidados necessários para que ele não se torne um deus em nossas vidas.

I – O Dinheiro e sua Utilidade

1. Uma breve história

Para que possamos compreender a importância do dinheiro, veja­mos um pouco da sua história. Segundo historiadores e financistas, o dinheiro surgiu da necessidade de se mensurar quantidades de valores para se adquirir bens.

Nos tempos antigos, a troca ou escambo era utilizada para que as pessoas pudessem ter os bens ou serviços de que necessitavam.

Mas como calcular o valor de um bem? Se eu tenho, a título de exemplo, cinco sandálias de couro e desejo trocá-las por duas sacas de grãos, que tipo de equivalência haveria entre esses bens? Como ter certeza de que nessa troca uma pessoa não ganharia mais e a outra, menos? O sistema de trocas serviu por um bom tempo, até que houvesse a uniformização de um bem que representasse um valor: o dinheiro. Então surgiram as moedas de metal, produzidas inicialmente de metais preciosos, e depois feitas de metais não tão valiosos.

O tempo passou, e o papel passou a ser usado para representar determinados valores, chamado de papel moeda. Hoje existem tran­sações bancárias feitas por meios digitais, de tal forma que o dinheiro virtual vem dominando a economia na maioria dos países.

E por mais que os modelos de moedas ou transações monetárias possam ter evo­luído e mudado com o passar do tempo, o dinheiro é necessário para todas as pessoas, e para muitas delas, ter dinheiro é sinal de status e de poder.

Mas o dinheiro tem suas “armadilhas”, e uma delas é a nossa capacidade de mensurar valores de forma equivocada. Mesmo que saibamos que há preços diferentes para certas coisas, podemos não pensar racionalmente quando temos em mãos recursos.

2. Um assunto bastante espiritual

Há quem pense que tratar de finanças é um assunto carnal, pois, para essas pessoas, na eternidade não seremos medidos pelo que temos, e sim pelo que fizemos com o que nos foi dado. A nossa mordomia será cobrada com base no que recebemos de Deus para administrar, e isso deve nos motivar a entender que o dinheiro precisa ser bem cuidado.

Em muitas passagens das Escrituras, como veremos, Deus fala sobre o dinheiro. É Ele que diz: “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.8).

Os metais preciosos de que o planeta dispõe pertencem a Deus. Jesus, em seu ministério terre­no, mencionou o dinheiro e a sua influência na vida de uma pessoa quando observou a viúva trazendo as duas únicas moedas que tinha para dar de oferta (Lc 21.1-4), quando pagou o imposto com Pedro (Mt 17.24-27), quando falou a parábola do Bom Samaritano, que deu dois denários ao dono da estalagem, e falou da dracma perdida (Lc 15.8-10), encontrada depois.

Mesmo em seu ministério, Jesus experi­mentou sustento financeiro, e nos é dito que Judas, o traidor, se valia dos recursos do ministério de Jesus para pegar dinheiro para si (Jo 12.6).

Portanto, tratar de finanças é um assunto espiritual, e o Senhor Jesus sabia da necessidade de se lidar com o dinheiro enquanto esteve neste mundo. Foi com dinheiro que Jesus pagou o imposto. As duas moedas da viúva fizeram a diferença a ponto de chamar a atenção de Jesus. Esses são exemplos de que o dinheiro pode fazer uma diferença no Reino de Deus.

II – Deus e o Dinheiro

A Escritura ensina muitos princípios relacionados às finanças, pois Deus, em sua sabedoria, sempre quis que administrássemos com inteligência os recursos que Ele nos confiou. São orientações bastante claras para que não passemos apuros.

1. Os dízimos

O assunto dos dízimos era tratado em Israel com naturalidade, como uma forma de os judeus reconhecerem o poder de Deus e o sus­tento divino em suas vidas, trazendo-lhes o sustento de que precisavam. Os dízimos eram trazidos pelos hebreus, e serviam para sustentar os elementos utilizados no culto e os seus obreiros.

Ele antecede à Lei de Moisés, pois Abrão, após vir de uma guerra, entregou o dízimo a Melquisedeque. Uma coisa a ser observada é que os hebreus entendiam que a entrega do dízimo não era negociável.

Após o exílio, por força do desapego para com as coisas de Deus, os hebreus passaram a não entregar os dízimos, e a Casa de Deus passou a ser desassistida. Foi necessário que Deus advertisse o povo a que não roubassem ao Senhor, deixando de ser fiéis nessa contribuição tão importante e histórica.

Lamentavelmente, há em nossos dias quem insista em dizer que os dízimos são contribuições para serem feitas pelos judeus, na Antiga Aliança, e que na Nova Aliança os dízimos foram abolidos.

Curiosa­mente, essas pessoas não excluem de suas vidas os textos da Antiga Aliança que falem de bênçãos, de vitórias, ou de que Deus estará presente com eles.

Para tais irmãos, Deus é o Deus de toda a provisão, mas não é o Deus que repreende o seu povo quando este deixa de dar os dízimos; Deus para eles é o Pastor que não deixa faltar nada, mas não é o Deus que zela pela sua casa colocando em nossos bolsos os recursos que serão também usados em sua obra.

O Senhor chega a chamar de ladrões os que se esquecem de tra­zer seus dízimos para sua Casa (Ml 3.7-10). Tais pessoas se esquecem de que o Antigo Testamento é tão Palavra de Deus quanto o Novo, e que, por meio dele, o Eterno nos alerta para que não esqueçamos a sua obra e não sejamos dominados pela avareza.

Como os hebreus, também somos convidados a entregar nossos dízimos como uma prova de fé e obediência a um princípio muito claro de fidelidade e em gratidão pelo que temos recebido do Eterno. Nossos dízimos fazem com que nossas igrejas permaneçam abertas, nossos ministros cumpram seus ministérios, e provê, a partir da igreja, socorro aos nossos irmãos que precisam de auxílio.

2. Honrando ao Senhor

“Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3.9). Honrar é dar destaque, é privilegiar. Deus deve ser honrado não com o que sobra, mas com os primeiros frutos e rendimentos do nosso trabalho. E Deus honra aqueles que o honram, abençoando­-os de tal forma que não tenham falta: “E se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Pv 3.10).

3. Auxiliando os irmãos

Deus pode nos dar mais recursos do que realmente necessitamos. Desses recursos, podemos poupar e nos preparar para o futuro, o que é lícito.

Mas também devemos nos lembrar daqueles nossos irmãos que têm menos do que temos, e que podemos ser usados para socorrê-los em momentos de angústia. Paulo, escrevendo aos coríntios, mostrou o exemplo dos cristãos filipenses.

Esses crentes souberam que os irmãos em Jerusalém estavam passando necessidade, e mesmo tendo poucos recursos, pediram ao apóstolo para participar daquele socorro envian­do os poucos recursos de que dispunham, e que seriam enviados para Jerusalém. Ninguém tem tão pouco que não possa ser partilhado, e a generosidade faz a diferença quando nos damos ao Senhor (2 Co 8.5).

Quando falamos de auxiliar nossos irmãos, vale a pena demonstrar a importância que o evangelho tem nesse quesito. Centrando o foco na Bíblia, perceberemos que o grande problema não é um sistema econômico que possa dar certo, mas o pecado, que atrapalha qualquer sistema que possa ser inventado.

III – Advertências contra o seu Mau Uso

1. Contra a avareza e o cuidado com o enriquecimento ilícito

O dinheiro tem o poder de mudar o pensamento de uma pessoa, e quando tal pessoa substitui Deus pelo dinheiro, esquecendo-se de que “o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6.10), ela em breve se perderá. Muitos irmãos se complicam na busca por mais dinheiro, independentemente da fonte pelo qual ele virá.

Roubar pode trazer aumento para a renda de uma pessoa, mas é um pecado, e quem faz isso é ladrão. Receber propina também se configura em injustiça, ainda que traga riquezas e status para quem a recebe. Deixar de pagar um funcionário que trabalhou é um ato condenado na Lei de Moisés (Lv 19.13). Portanto, a avareza não pode fazer parte da vida de quem serve a Deus.

Nos tempos antigos, os povos no entorno de Israel aceitavam que pecados sexuais fossem aceitos como oferendas, mas Deus rejeitou tais costumes:

“Não permitam que o salário pago a prostituta ou a prostituto, por qualquer voto, seja trazido à Casa do Senhor, seu Deus; porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor, seu Deus” (Dt 23.18, NAA). O princípio aqui é que Deus aceita somente o fruto das finanças de um trabalho honesto e agradável.

Para Ele, a forma como ganhamos nossos recursos faz a diferença. Portanto, se um homem ou mulher tem um negócio ou atividade que venham a envergonhar o nome do Senhor, Deus não receberá essa oferta, por maior que ela seja e por mais que ela possa ser usada para que o santuário seja beneficiado.

Outra fonte de problemas financeiros são os lugares de jogatina. Os jogos costumam ser sinônimo de uma fonte de obtenção de rique­zas na mente das pessoas, de uma forma fácil e rápida, com a ilusão de que um dia a sorte pode sorrir para quem aposta uma pequena ou uma grande quantidade de dinheiro.

É comum que em épocas como Dia das Mães, Dia dos Pais, Páscoa e Natal as pessoas corram às casas lotéricas e coloquem seus recursos em números que podem lhes ser favoráveis para ganhar um montante de dinheiro. Mas quem serve a Deus sempre é desafiado a depender dEle para a sua provisão, não a depender do acaso.

2. Não seja fiador de ninguém

Uma das mais sérias advertências que a Palavra de Deus nos dá é para que não sejamos fiadores de ninguém. Ser fiador é garantir que a dívida de outra pessoa seja paga com os nossos recursos, e isso é temerário. Salomão recomenda:

“Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho […]. Faze, pois, isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te e importuna o teu companheiro” (Pv 6.1-4).

Se por um lado podemos passar por problemas financeiros advindos de escolhas malfeitas e impensadas por nós mesmos, quando nos tornamos fiadores estamos comprando a dívida de outra pessoa. Caso ela deixe de pagar o financiamento ou a dívida, seremos nós que responderemos por ele com nossos recursos e bens. Por isso, não aceite ser fiador de ninguém.

Não é errado nem pecado ajudar uma pessoa que esteja passando por dificuldades, ainda mais se for um irmão em Cristo, comprova­damente fiel em seus recursos, cuja situação financeira esteja sendo agravada por fatores dos quais ele não tenha sido responsável.

En­tretanto, o ato de ser fiador coloca a pessoa que ajuda como o total responsável pelo dinheiro que está sendo colocado à disposição de quem está tomando emprestado.

3. Saiba lidar com os recursos que Deus dá

É preciso que aprendamos a guardar para o futuro. Salomão apresenta o exemplo da formiga: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio. A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento” (Pv 6.6-8). Esses insetos juntam comida na época em que ela é mais abundante, e no inverno elas ficam abastecidas.

4. Cuidado com a falsa sensação do poder de compra

Os cartões de crédito são excelentes meios de se fazer compras, mas precisam ser usados com bastante cuidado. Eles podem nos dar a falsa sensação de que o que acabamos de comprar não precisará ser pago, pois a fatura leva vários dias para chegar.

Como nenhum dinheiro sai de imediato do nosso bolso ou da nossa conta corrente, haverá a percepção de que a dívida não existe, até que chegue a fatura e a pessoa tenha alguns dias para pagar a conta.

Não é errado ter cartões de crédito, pois eles facilitam a vida de muita gente, mas se o seu possuidor não tiver controle dos gastos, logo estará endividado, pois os juros dos cartões são altíssimos. Portanto, use-o com sabedoria.

Não se perca comprando coisas desnecessárias. Às vezes somos tentados a comprar um produto ou bem de que não precisamos, com um dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que com as quais não temos qualquer comunhão. Por isso, devemos ter bastante cuidado com o que gastamos.

Conclusão

A forma como lidamos com o dinheiro mostra quem está no comando de nossa vida. Não é errado ter recursos financeiros, desde que não sejam eles que mandem em nós.

O dinheiro tem a capacidade de mudar o pensamento daquele que se deixa levar por ele, e, por isso, somos advertidos a não colocar nosso coração nas riquezas, visto que elas são instáveis e podem nos desviar dos propósitos divinos.

Portanto, usemos o dinheiro com sabedoria, cientes de que prestaremos contas a Deus de nossa mordomia.
É bom que a pessoa que serve ao Senhor tenha uma vida financeira equilibrada.

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. O Padrão Bíblico Para a Vida Cristã: Caminhando Segundo os Ensinos das Sagradas Escrituras. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2024/05/28/licao-9-a-realidade-biblica-das-financas/

Vídeo: https://youtu.be/SYsLKjMPng8

Glória a Deus!!!!!!!