LIÇÃO Nº 1 – A ASCENSÃO DE SALOMÃO E A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Estamos dando início ao terceiro trimestre letivo de 2021, procurando retornar à normalização das atividades diante da pandemia da COVID-19.

Neste ponto, depois da temática do primeiro semestre do ano, em que a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) juntamente com a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) levaram avante o Projeto A Promessa para celebrar os 110 anos de instituição das Assembleias de Deus como igreja organizada em nosso país, estudando o pentecostalismo e os dons espirituais e ministeriais, voltamos a um trimestre bíblico, buscando retomar o currículo existente.

Assim, com o comentário do pastor Claiton Ivan Pommerening, mestre e doutor em Teologia, professor de teologia na Faculdade Refidim, em Londrina/PR, um dos grandes estudiosos pentecostais da atualidade em nosso país, estaremos a estudar os dois livros do Reis.

Os dois livros dos Reis, juntamente com os dois livros de Samuel, são os livros históricos que foram elaborados durante o período da monarquia em Israel, sendo que os dois livros de Samuel foram escritos durante o reinado de Davi,

quando Israel atingiu o seu auge em termos de conquistas, sendo que os livros dos Reis foram elaborados para abarcar o período que vai desde o reinado de Salomão e o período chamado dos “reinos divididos” até a queda do reino de Judá, com o cativeiro da Babilônia, quando Israel, então, perdeu a sua condição de nação independente.

Se a tradição, baseada em indícios bíblicos, diz que os dois livros de Samuel foram escritos pelos profetas Samuel, Natã e Gade (I Cr.29:29), já os dois livros dos Reis teriam sido escritos ao longo dos séculos enquanto os fatos iam ocorrendo, tendo sido compilados nos dias do rei Ezequias, muito provavelmente pelo profeta Isaías (II Cr.32:32) e complementados e revisados pelo profeta Jeremias, ainda que a tradição judaica atribua ambos os livros de Reis a Jeremias.

É o que diz o Talmude Babilônico: “…Jeremias escreveu seu próprio livro, o livro dos Reis e Lamentações…” (Baba Batra 15a. Disponível em: https://www.sefaria.org/Bava_Batra.14b?lang=bi Acesso em 26 abr. 2021) (tradução nossa de texto em inglês).

Devemos notar que, desde a Antiguidade, era comum haver nos palácios reais pessoas encarregadas de registrar os feitos e os acontecimentos dos governos reais, os chamados “cronistas” (II Sm.8:16), ainda que, nos dias de Davi, para bem diferençar este lado “burocrático” do aspecto espiritual, os “cronistas sagrados”, aqueles inspirados pelo Espírito Santo, tenham sido os profetas Gade e Natã.

Notemos, ainda, que, na Bíblia hebraica, o livro dos Reis é apenas um, a divisão em dois livros, tendo o reinado de Acabe como elemento divisor, é obra dos tradutores das Escrituras para o grego, na primeira versão existente do texto sagrado, a chamada Septuaginta, que ocorreu no século IV a.C.

Aliás, conforme a Septuaginta, eram quatro os livros dos Reis, pois os dois primeiros livros de Samuel foram chamados também de livros de Reis e, portanto, os dois livros de Reis que iremos estudar neste trimestre eram denominados de “terceiro e quarto livro dos Reis”, já que os tradutores gregos entenderam que os quatro livros contavam o período da monarquia israelita.

Devemos, também, lembrar que os dois livros de Crônicas, que também tratam deste período da história de Israel, se bem que, após uma introdução genealógica, comece a sua narrativa com a morte de Saul, o primeiro rei de Israel, cuidando dos reinados de Davi e Salomão, mas depois só se debruçando sobre o reino de Judá, o chamado “reino do sul”, foram escritos somente depois do exílio, sendo sua autoria atribuída a Esdras pela tradição judaica.

Novamente o texto do Talmude Babilônico:

“…Esdras escreveu seu próprio livro e a genealogia do livro de Crônicas até seu período…” (Baba Batra 15a. Disponível em: https://www.sefaria.org/Bava_Batra.14b?lang=bi Acesso em 26 abr. 2021) (tradução nossa de texto em inglês).

A atribuição da autoria do livro a Jeremias e o indício de que, nos dias de Ezequias e Isaías, teria havido uma primeira compilação do livro, faz todo o sentido, pois há, assim, uma retomada da inspiração escriturística num período em que o povo de Israel era confrontado por sua desobediência diante do plano estabelecido por Deus quando o escolheu para ser Seu reino sacerdotal (Ex.19:5,6).

Depois de ter rejeitado a Deus como rei e pedido que se instituísse a monarquia (I Sm.8), o povo também paulatinamente foi abandonando a lei, a ponto de, ao término deste período, ter sofrido a maior punição prevista na lei, que era a perda da própria Terra Prometida, primeiramente as dez tribos do norte (II Rs.17:7-23) e, depois, as duas tribos restantes do sul (II Rs.24:10-25:22).

Depois de ter deixado de ser reino peculiar de Deus, também deixou de ser povo santo.

Destarte, do mesmo modo que, havendo “cronistas oficiais”, o Espírito Santo inspirou Natã e Gade para escrever os livros de Samuel, também, após os registros, ao longo dos anos, nos governos que se sucederam em ambos os reinos, registros estes que são, vez ou outra, mencionados no texto bíblico (I Rs.11:41; 14:19,29; 15:7,31; 16:5,14,20,27; 22:39; 22:46; II Rs.1:18; 8:23; 10:34; 12:19; 13:8,12; 14:15,18,28; 15:6,11,15,21,26.31,36; 16:19; 20:20; 21:17,25; 23:28; 24:5), o Espírito Santo inspirou Isaías e Jeremias para que fizessem os “registros sagrados” deste período, que resultou no livro dos Reis, na sequência da revelação divina ao homem por meio da Bíblia Sagrada.

Lembramos que, em meio ao avivamento espiritual ocorrido no tempo do rei Ezequias, houve este novo movimento de inspiração para a elaboração da Bíblia, seja o livro dos Reis (com Isaías), seja o próprio livro de Provérbios (Pv.25:1) e quiçá o livro de Salmos (II Cr.29:30).

Por isso mesmo, o comentarista do trimestre, numa mui feliz expressão, disse ser este período narrado nos livros dos Reis “o plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da Nação”, demonstrando que Deus pôs em ação o Seu plano para com Israel, que estava inserido no plano maior da redenção da humanidade e como os israelitas, pecadores que eram, foram infiéis a este plano, sem que, porém, pudessem impedi-lo.

Com efeito, o período é marcado, como aponta o subtítulo, que, em meio a esta infidelidade, o Senhor, que não rejeitou Seu povo (Rm.11:1), deu a eles correções e ensinamentos, a fim de que, sem deixar de ser fiel e, portanto, punir, como havia dito, a nação por sua infidelidade, manteve a existência desse mesmo povo, para dele poder vir o Salvador do mundo, bem como para que, a Seu tempo, Israel pudesse cumprir, como haverá de fazê-lo, o propósito divino, que jamais pode ser frustrado (Jó 42:2 NAA; Is.43:13).

O próprio autor dos livros dos Reis registra que, durante todo o período, o Senhor levantou profetas para chamar a atenção do povo a fim de que eles se arrependessem dos pecados, mas isto não ocorreu, antes endureceram a sua cerviz (II Rs.17:13-16), levando o Senhor, então, à aplicação do castigo maior previsto na lei para a desobediência: a perda da Terra Prometida (Lv.26:33,34; Dt.28:64-67).

Como já foi dito, o livro dos Reis era um livro só, que foi dividido pelos que fizeram a tradução para o grego, aparecendo, na Septuaginta, como dois livros.

Segundo Finis Jennings Dake, o primeiro livro dos Reis tem 22 capítulos, 816 versículos, 66 perguntas, 1 versículo de profecia não cumprida, 71 versículos de profecias cumpridas, 36 mensagens diferentes de Deus, 92 ordens, 73 predições e 6 promessas.

Já o segundo livro dos Reis tem 25 capítulos, 719 versículos, 118 perguntas, 560 versículos de história, 58 versículos de profecias cumpridas, um versículo de profecia não cumprida, 65 profecias, 118 mandamentos, 3 promessas e 20 mensagens distintas de Deus.

A capa da revista do trimestre mostra-nos Jerusalém, que se tornou a capital de Israel precisamente no período da monarquia, quando foi conquistada por Davi e onde se construiu o templo por Salomão, que passou a ser o centro da adoração a Deus, sendo pois o símbolo deste período.

O período da monarquia pode ser dividido em duas partes: a monarquia unida, que abrange os reinados de Saul, Isbosete/Davi, Davi e Salomão, quando Israel atinge o apogeu de sua história, praticamente, nos dias de Davi, conquistando todo o território prometido a Abraão (com exceção da região ocupada pelos filisteus), esplendor que foi vivido durante o reinado de Salomão, mas onde, lamentavelmente, a idolatria, que havia desaparecido com Samuel, retornou ao dia-a-dia dos israelitas, levando à divisão do reino com a morte de Salomão.

Surge, então, o segundo período, o dos “reinos divididos”, os dois reinos em que se dividiu a nação israelita: o reino do norte, chamado Israel, com dez tribos (Ruben, Simeão, Manassés, Efraim, Dã, Issacar, Zebulom, Naftali, Aser e Gade); o reino do sul, chamado Judá, com duas tribos (Judá e Benjamim). A tribo de Levi migrou para o reino do sul (II Cr.11:14,15).

No chamado “reino do norte”, várias foram as dinastias, ou seja, as “famílias reinantes”, já que Jeroboão, que havia sido escolhido por Deus para lá reinar, ao instituir o pecado da idolatria dos bezerros de ouro que mandou construir em Dã e Betel (I Rs.12:26-33) e,

assim como a descendência de Davi perdeu dez tribos por causa da idolatria (I Rs.11:26-40), também a sua descendência perdeu o reino que lhe fora dado e, sucessivamente, todas as demais famílias reinantes perderam o reino vez que jamais se apartaram do “pecado de Jeroboão” (II Rs.17:21,22).

Eis as famílias reinantes do reino de Israel:

1ª DINASTIA – CASA DE JEROBOÃO

Jeroboão – 22 anos (I Rs.14:20)

Nadabe – 2 anos (I Rs.15:25), destronado por Baasa (I Rs.15:27)

2ª DINASTIA – CASA DE BAASA

Baasa – 24 anos (I Rs.15:33)

Elá – 2 anos (I Rs.16:8), destronado por Zinri (I Rs.16:9,10), reinando apenas 7 dias (I Rs.16:15)

3ª DINASTIA – CASA DE ONRI

Onri – 12 anos (I Rs.16:23), tendo edificado Samaria.

Acabe – 22 anos (I Rs.16:29)

Acazias – 2 anos (I Rs.22:52)

Jorão (irmão de Acazias) – 12 anos (II Rs.8:28), destronado por Jeú

4ª DINASTIA – CASA DE JEÚ

Jeú – 28 anos (II Rs.10:36)

Jeoacaz – 17 anos (II Rs.13:1)

Jeoás – 16 anos (II Rs.13:10)

Jeroboão II – 41 anos (II Rs.14:23)

Zacarias – 6 meses (II Rs.15:8), destronado por Salum, que reinou um mês (II Rs.15:13)

5ª DINASTIA – CASA DE MENAEM

Menaem – 10 anos (II Rs.15:17)

Pecaías – 2 anos (II Rs.15:23), destronado por Peca

ANARQUIA MILITAR

Peca – 20 anos (II Rs.15:27), destronado por Oséias

Oséias – 9 anos (II Rs.17:1), quando teve fim o reino de Israel em virtude da invasão de Salmaneser, rei da Assíria, que levou cativas as dez tribos. (II Rs.17:6).

A história do “reino do norte” é narrada precisamente nos livros dos Reis e somente nestes livros.

Este reino desaparece após a invasão assíria, sendo que alguns dos seus habitantes passam a morar no “reino do sul” (II Cr.30:11), o que ocorreu, aliás, desde o início da divisão do reino (II Cr.11:16,17), o que explica a existência de pessoas dessas dez tribos no meio do povo judeu nos dias de Jesus, como, por exemplo, a profetisa Ana, que era da tribo de Aser (Lc.2:36).

Entretanto, a quase totalidade deste povo está dispersa entre as nações desde então, constituindo o que se costuma denominar de “as dez tribos perdidas de Israel”, que têm sido pouco a pouco identificadas nos últimos anos, notadamente após o desenvolvimento da tecnologia do DNA, tendo, ultimamente, sido reconhecidos alguns grupos como provenientes dessas tribos,

como os “Beta Israel” da Etiópia, que seriam da tribo de Dã, ou os “Bnei Menashe” da Índia, que são descendentes da tribo de Manassés, grupos que, inclusive, foram, recentemente, morar em Israel (Onde estão as 12 tribos? A volta da tribo perdida de Dã e os judeus etíopes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=olUsFqrMjK0&t=305s. Acesso em 27 abr.2021 e Quem são as 12 tribos? E de que tribo minha família faz parte? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uo_n-Vqjw3E Acesso em 27 abr. 2021).

Sabemos que estas tribos serão identificadas, pois há promessa bíblica de restauração de Israel e de Judá, ou seja, de ambos os reinos (Is.11:11,12; Ez.37:16,17), até porque os judeus que pregarão o Evangelho do reino durante a Grande Tribulação são provenientes de todas as tribos, salvo a tribo de Dã (Ap.7:4-8).

Há, portanto, mais um eloquente sinal da proximidade do arrebatamento da Igreja.

No chamado “reino do sul”, chamado de reino de Judá, reinou tão somente a descendência de Davi, pois o Senhor, apesar da idolatria reintroduzida em Israel por causa de Salomão, resolveu “…dar uma tribo para que Davi, Meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de Mim em Jerusalém, a cidade que elegi para pôr ali o Meu nome…” (I Rs.11:36).

Vemos aqui nesta deliberação divina a demonstração clarividente de que ninguém pode frustrar o plano de Deus (Jó 42:2 NAA).

A família reinante de Davi foi mantida, apesar da infidelidade praticada por Salomão, porque havia a promessa de que o Messias seria descendente de Davi (II Sm.7:16), tendo-lhe sido dada uma tribo além da sua, que era Judá, a saber, a tribo de Benjamim, para que se perpetuasse a linhagem real, pois o Messias haveria de ser o rei de Israel.

Assim, até o cativeiro da Babilônia, a família de Davi se manteve como a única dinastia reinante em Judá, tendo havido apenas um breve período em que Atalia, filha de Acabe, usurpou o trono (II Rs.11:1-3), episódio que nos mostra, a propósito, o desígnio satânico que estava por detrás da ereção da casa de Onri e do casamento entre Acabe e Jezabel, que era o de tentar extirpar a linhagem messiânica.

Em Judá, também, se manteve a adoração a Deus no templo construído por Salomão, tendo, inclusive, os levitas, com a divisão do reino, migrado para este reino, a nos mostrar, também a perpetuação da aliança firmada no monte Sinai, isto também em virtude da promessa messiânica, pois o Messias teria de nascer sob a lei (Gl.4:4), a fim de cumpri-la (Mt.5:17,18) e, assim, poder propiciar os pecados de todo o mundo (I Jo.2:2).

Eis a relação dos reis de Judá:

ÚNICA DINASTIA – CASA DE DAVI

Roboão – 17 anos (I Rs.14:21; II Cr.12:13)

Abião ou Abias – 3 anos (I Rs.15:2; II Cr.13:2)

Asa – 41 anos (I Rs.15:10; II Cr.16:13)

Josafá ou Jeosafá – 25 anos (I Rs.22:42; II Cr.20:31)

Jeorão – 8 anos, sendo que parte deles ainda com Josafá reinando (II Rs.8:17; II Cr.21:5).

Acazias – 1 ano (II Rs.8:26; II Cr.22:2)

Atalia (usurpadora, filha de Acabe) – 7 anos (II Rs.11:1-4: II Cr.22:12-23:1)

Joás – 40 anos (II Rs.12:1; II Cr.24:1)

Amazias – 29 anos (II Rs.14:2; II Cr.25:1)

Azarias ou Uzias – 52 anos (II Rs.15:2) ou 55 anos (II Cr.26:3)

Jotão – 16 anos (II Rs.15:33), tendo começado ainda quando Uzias vivia, por causa da lepra do rei (II Cr.26:21), o que explica a diferença de três anos nos dois relatos sobre Uzias.

Acaz – 16 anos (II Rs.16:2; II Cr.28:1)

Ezequias – 29 anos (II Rs.18:2; II Cr.29:1)

Manassés – 55 anos (II Rs.21:1; II Cr.33:1)

Amom – 2 anos (II Rs.21:19; II Cr.33:21)

Josias – 31 anos (II Rs.22:1; II Cr.34:1)

Jeoacaz – 3 meses (II Rs.23:31; II Cr.36:2)

Eliaquim ou Jeoiaquim (filho de Josias) – 11 anos (II Rs.23:36; II Cr.36:4)

Joaquim – 3 meses (II Rs.24:8) ou 3 meses e 10 dias (II Cr.36:9)

Matanias ou Zedequias (filho de Josias) – 11 anos (II Rs.24:18; II Cr.36:11), quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém, destruiu o templo e levou quase todo o povo cativo para Babilônia.

Os livros dos Reis também narram os reinados dos descendentes de Davi, mas de forma sucinta, sendo que os livros das Crônicas se dedicarão integralmente a esses reis, já que serão escritos depois do exílio, quando praticamente somente os habitantes do reino do sul permaneceram existindo como nação, tanto que os israelitas passaram a ser chamados de “judeus” (II Rs.25:25).

Tendo em vista a brevidade do tempo para estudar um período tão rico em apenas um trimestre letivo, foram escolhidos apenas alguns pontos deste período para nosso estudo.

Assim, a primeira lição estudará o reinado de Salomão, o último governante da monarquia unida, o momento do esplendor e do apogeu da história de Israel, uma figura do reino milenial de Cristo.

Em seguida, na lição 2, estudaremos a divisão do reino e os dois primeiros reis de cada reino, Jeroboão e Roboão.

Na lição 3, num salto cronológico, analisaremos o reinado de Acabe, o sexto rei de Israel, o reino do Norte, o segundo da 3ª dinastia, cujo casamento com Jezabel, princesa de Sidom, trouxe enormes prejuízos espirituais para o povo de Israel, chegando a pôr em risco até a linhagem de Davi no reino do sul, mas que, por isso mesmo, teve o levantamento do profeta Elias, este grande servo de Deus.

Na lição 4, continuaremos a estudar o profeta Elias, no famoso desafio que fez com os profetas de Asera e Baal.

Na lição 5, estudaremos o reinado de Acazias, o sucessor de Acabe. Em seguida, nas lições 6 a 8, analisaremos o ministério de Eliseu, o profeta sucessor de Elias.

Na lição 9, estudaremos o reinado de Joás, o primeiro rei de Judá depois da tentativa de destruição da linhagem davídica.

Na lição 10, estudaremos a queda do reino do Norte.

Na lição 11, estudaremos o reinado de Ezequias, que foi o responsável pelo restabelecimento da adoração a Deus no reino de Judá e lhe deu sobrevida.

Na lição 12, estudaremos o reinado de Josias, onde ocorreu o último avivamento espiritual do reino de Judá.

Por fim, na lição 13, estudaremos a queda do reino do Sul.

Que este estudo nos ajude a mostrar como os planos de Deus sempre se realizam e de como devemos obedecer ao Senhor para que dele usufruamos, não fracassando como fracassou a nação de Israel.

B) LIÇÃO 1 – A ASCENSÃO DE SALOMÃO E A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

O reinado de Salomão é um tipo do reino milenial de Cristo.

INTRODUÇÃO

– O primeiro livro dos Reis inicia-se com a ascensão de Salomão ao trono de Israel.

– O reinado de Salomão é um tipo do reino milenial de Cristo.

I – SALOMÃO, O SUCESSOR DE DAVI

– Os escritos inspirados que tratam da história de Israel haviam sido redigidos por Samuel, Natã e Gade. Samuel, o primeiro profeta que dá início à sequência ininterrupta de profetas que, a partir dele, irá perdurar no meio do povo até o silêncio do período intertestamentário, escreveu os livros de Juízes, Rute e parte do primeiro livro de Samuel.

– Natã e Gade, os dois profetas da corte do rei Davi, redigiram o restante do primeiro livro de Samuel e o segundo livro de Samuel (lembrando que a divisão deste livro em dois se deu muito posteriormente, quando o texto foi traduzido para o grego).

– Portanto, quando novamente o Espírito Santo vai inspirar novos escritores sagrados, natural que o registro histórico se iniciasse com o término do reinado de Davi, passando a tratar da história de Israel a partir da sucessão deste que é até hoje considerado como o maior herói israelita, que foi o rei Davi.

– Por isso, o livro dos Reis começa relatando os últimos dias de Davi que, já acamado, vê surgir o último problema familiar, em cumprimento à profecia de Natã, que disse que a espada não se apartaria de sua casa (II Sm.12:10), a saber, a rebelião de Adonias, que era o filho mais velho vivo de Davi, que, ante a idade avançada do monarca, pretendeu subir ao trono antes mesmo da morte de Davi.

– O primeiro livro dos Reis já se inicia nos mostrando a soberania divina, o pleno cumprimento de Seus propósitos, a despeito do livre-arbítrio humano. Davi protelava, desnecessariamente, a transmissão do governo para aquele a quem havia escolhido e que era do agrado de Deus, a saber, Salomão, o segundo filho que tivera com Bate-Seba e que fora amado pelo Senhor (II Sm.12:24,25) e que deveria construir o templo, também por determinação divina (II Sm.7:12,13).

– Talvez, isto se devesse ao fato de que, segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, Salomão tivesse tão somente 18 anos de idade naquele momento.

– Assim, para que se procedesse à sucessão desejada pelo Senhor, que seria, a propósito, a única sucessão hereditária e sem traumas na monarquia unida israelita, Deus permite que Adonias se levante para afrontar o seu pai Davi, cumprindo, a um só tempo, a profecia de Natã, como também dando-se andamento ao plano redentor da humanidade, com a manutenção da linhagem davídica sobre o trono de Israel.

– Adonias, que jamais fora contrariado pelo pai (I Rs.1:6), resolve, então, declarar-se rei e recebe dois importantes apoios em seu intento: o comandante do exército Joabe e o sumo sacerdote Abiatar (I Rs.1:7).

– Aqui também vemos o pleno controle divino sobre a situação. Joabe tinha “contas a acertar” com o Senhor, tendo em vista que havia matado dois comandantes do exército à traição, Abner e Amasa, como também Abiatar era descendente de Eli e havia sentença divina para pôr fim àquela linhagem no sumo sacerdócio (I Sm.2:27-36; 3:11-14), linhagem, aliás, ilegítima, já que se tratava de descendentes de Itamar, sendo que o sumo sacerdócio havia sido prometido a Fineias, filho de Eleazar (Nm.25:10-13).

– Notamos, pois, que, com esta rebelião de Adonias, Deus fazia um “acerto de contas” tanto no reino quanto no sacerdócio, a fim de que este novo tempo que se iniciaria na história de Israel se tivesse a plenitude da justiça e da paz, o que era assaz necessário para que se construísse o templo, o lugar onde Deus havia escolhido para ser adorado.

– Temos aqui, sem dúvida, uma bela figura do que acontecerá no futuro, quando o Senhor Jesus, antes de estabelecer o Seu reino milenial, onde se terá o “tempo da restauração de tudo” (At.3:21), tratará com o mundo impiedoso, punindo os maus e vingando os justos ao término da Grande Tribulação (Ap.16:5,6,17).

– Adonias levantou-se e se declarou rei, com o apoio tanto de Joabe quanto de Abiatar. Propositadamente, não convidou para a festa de celebração de sua tomada de poder seu irmão Salomão, que todos sabiam que era o escolhido de Davi para sua sucessão; Benaia, que era o chefe dos valentes de Davi e o profeta Natã, que, afinal de contas, fora quem trouxera a mensagem divina a respeito do amor que Deus tinha a Salomão e o sumo sacerdote Zadoque, “rival” de Abiatar.

– Natã, então, combina com Bate-Seba, mãe de Salomão, indo até Davi e lhe dando a notícia a respeito das ações de Adonias e como que “cobrando” uma posição do já velho e cansado rei. Davi, então, premido pelas circunstâncias, manda chamar Zadoque e determina que ungisse Salomão como novo rei de Israel, o que é feito.

Diante da notícia da unção de Salomão como rei por Zadoque em Jerusalém, o movimento em favor de Adonias se enfraqueceu, pois o povo seguiu à orientação de Davi, reconhecendo Salomão como rei. Todos os que apoiavam Adonias cessaram este apoio.

O próprio Adonias rendeu-se, tocando nas pontas do altar, gesto que representava pedido de misericórdia, tendo sua vida poupada por Salomão, que condicionou a manutenção da vida a que portasse Adonias como “homem de bem” (I Rs.1:50-53).

– É interessante observar que, não no livro dos Reis, que é o alvo de nosso estudo neste trimestre, mas no livro de Crônicas, percebemos que Davi ainda realiza duas reuniões com as lideranças do povo, juntamente com Salomão, para não só confirmar o filho como rei mas também para entregar-lhe todo o necessário para a construção do templo (I Cr.28,29), numa recuperação de saúde que parece nos indicar como a Providência Divina realmente atuou para que Davi finalmente passasse o comando do país para Salomão.

– As pretensões humanas de Adonias, contrárias à vontade de Deus, foram vãs. Bastou um movimento do rei Davi, bastou a unção legítima de Salomão pelo sumo sacerdote Zadoque para que suas intenções de reinar naufragassem. Deus mostra Seu pleno controle sobre o reino de Israel e que toda e qualquer rebelião seria simplesmente desbaratada e nada poderia impedir o curso da redenção da humanidade.

– Precisamos aprender bem esta lição. Quando deixamos o “eu” agir, fora da direção divina, o resultado será sempre o fracasso. Ante a ação do Espírito Santo, não há quem possa resistir.

Por isso, não endureçamos o coração quando ouvirmos a voz do Senhor (Sl.95:7,8; Hb.3:7-11,15), pois o fim dos que resistem é sempre trágico. Não resistamos ao Espírito Santo, uma triste característica do povo de Israel, em especial neste período da monarquia (At.7:51).

– Davi, então, vendo que estava consolidado o reino nas mãos de Salomão, dá conselhos ao seu filho. Diz, em primeiro lugar, que Salomão deveria “ser homem” (I Rs.2:2), algo extremamente elucidativo, porque, naqueles dias, os reis se consideravam deuses ou semideuses.

– Davi fez questão de mostrar a Salomão que, como rei de Israel, deveria ele reconhecer sua humanidade e sua completa dependência de Deus, o único Deus e Senhor.

Neste passo, e os livros dos Reis vão demonstrá-lo cabalmente, não tinham os monarcas todo o poder, mas estavam submetidos à lei do Senhor. Existia aqui o que somente muitos séculos, milênios mesmo depois, a filosofia política denominaria de “limitações do governo civil”.

– Davi lembrou a Salomão que a condicionante para que a linhagem ocupasse o trono de Israel era a obediência à lei do Senhor, indicando, claramente, que, apesar da promessa da eternidade no trono de Israel, a manutenção da descendência no trono dependeria da fidelidade a Deus, o que bem explica porque, apesar da promessa messiânica, o trono de Davi ficou desocupado e a própria nação israelita perdeu a sua independência política.

– Davi, também, pediu a Salomão que resolvesse as pendências de seu reinado, dando a devida punição a Joabe e a Simei (que havia amaldiçoado a Davi quando da rebelião de Absalão), a devida retribuição aos filhos de Barzilai, já que este dera indispensável apoio a Davi quando da revolta de Absalão.

– Morto Davi, Salomão cumpriu as determinações de seu pai, mostrando que era cumpridor do mandamento de honra aos pais e que toda autoridade somente é bem sucedida quando também se submete a autoridade.

– Por primeiro, mandou matar Adonias, no momento em que seu irmão mais velho demonstrou ter maldade em seu coração, querendo que se lhe desse a virgem Abisague como mulher, aquela que havia cuidado de Davi na sua velhice, a indicar, com tal gesto, que ainda pretendia reinar (I Rs.2:13-25).

– Em seguida, exilou Abiatar, retirando-o da função de sumo sacerdote e, deste modo, consumando a profecia que havia sido dada nos tempos de Eli, há 110 anos antes, segundo Frank Klassen e Edward Reese, numa prova de que a Palavra de Deus sempre se cumpre (I Rs.2:26).

Aqui vemos, também, o temor de Salomão que, em vez de matar Abiatar, exilou-o em respeito a sua condição de sacerdote, temor que não vemos, por exemplo, em Saul (I Sm.22:16,17).

– Ato contínuo, mandou matar Joabe que, ao saber do exílio de Abiatar, correu até o altar, a fim de tentar obter misericórdia de Salomão, mas, sem sucesso, pois Benaia foi ali e o matou (I Rs.1:29-34).

– Com relação a Simei, determinou que o mesmo ficasse em Jerusalém, sem poder sair da cidade, mas, ao cabo de três anos, Simei saiu da cidade para buscar um escravo foragido e, tendo disto sabido Salomão, Simei foi morto em punição.

– O texto sagrado, então, diz que, após a morte de Simei, o reino foi confirmado o reino na mão de Salomão (I Rs.2:46). Esta expressão bíblica mostra-nos, com clareza, que a obediência é fundamental para que as bênçãos de Deus se consolidem em nossas vidas. Temos feito isto?

– É oportuno observar que esta obediência de Salomão à lei do Senhor era fruto do seu amor a Deus (I Rs.3:3). Quem ama a Deus guarda a Sua Palavra (Jo.14:23,24), pois os mandamentos divinos jamais lhe são pesados (I Jo.5:3). O amor a Deus é resposta nossa ao amor que Deus demonstrou a nós (I Jo.4:19), amor este que é incontestável e provado pela morte vicária de Cristo na cruz do Calvário (Rm.5:8).

II – O REINADO DE SALOMÃO ATÉ A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

– Confirmado o reino em sua mão, Salomão toma uma decisão que traria, posteriormente, sérias consequências, qual seja, a de iniciar com os “casamentos políticos”, ou seja, passar a se casar com princesas dos reinos vizinhos, a fim de criar um ambiente de paz e cooperação com os povos à sua volta, a fim de que houvesse paz durante o seu governo.

– “Salomão” significa “muito pacífico” e, na própria profecia em que o Senhor mostrava a Davi que de sua linhagem viria o Messias, havia sido dito que o reinado de Salomão seria de paz, e, por isso mesmo, seria ele quem construiria o templo em Jerusalém (II Sm.7:12,13. I Cr.28:2-6).

– Deste modo, este expediente de “casamentos políticos” não se fazia necessário para Salomão, que deveria ter confiado no Senhor para ter um reinado de paz.

Com este meio de ação, Salomão abria a brecha para descumprir um dos mandamentos da lei para os reis, qual seja, a de não multiplicar as mulheres (Dt.17:17), que precisamente foi o que fez, de sorte que, por meio desta vacilação, acabou prejudicando não só seu governo mas toda a nação de Israel, como haveremos de ver na sequência de nosso estudo.

– O primeiro “casamento político” de Salomão foi com a filha de Faraó (I Rs.3:1), selando, assim, uma aliança com o Egito, a principal potência mundial da época, tendo-a levado para morar na cidade de Davi até que se acabasse de edificar o seu palácio e o templo.

Este casamento, aliás, é cantado no Salmo 45, que nos mostra que se tratou de uma figura do casamento de Cristo com a Igreja.

– Salomão amava a Deus e, por isso, a exemplo de Davi, seu pai, era um adorador, tanto que foi até Gibeão, cidade que a tribo de Benjamim tinha entregado aos levitas (Js.21:17), onde estava o altar de sacrifícios do tabernáculo, a fim de fazer sacrifícios ao Senhor, tendo oferecido mil holocaustos a Deus.

– Uma característica de Salomão é a de realizar sacrifícios abundantes ao Senhor. Em Gibeão, ofereceu mil holocaustos; na dedicação do templo, vinte e duas mil vacas e cento e vinte mil ovelhas (I Rs.8:63).

Isto é a demonstração do seu amor a Deus e do valor que dava ao culto. Devemos, também, ser abundantes nos sacrifícios, que hoje, em nossa dispensação, são sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (I Pe.2:5), entre os quais, o nosso culto racional (Rm.12:1), o correto louvor (Hb.13:15) e a beneficência e comunicação (Hb.13:16).

Notemos que o que se fazia sobressair nos sacrifícios de Salomão não era a quantidade, mas, sim, o seu coração. Salomão amava a Deus e a quantidade de animais oferecidos era o reflexo deste amor. Desde os primórdios da história da humanidade, o Senhor atenta primeiramente para o ofertante e, só depois, para a oferta (Gn.4:4,5), tanto que Davi mesmo afirma que o Senhor não despreza o coração contrito e quebrantado e o espírito quebrantado, que são, para Ele, os verdadeiros e genuínos sacrifícios (Sl.51:17).

– Por isso mesmo, à noite, quando o rei Salomão já dormia, o Senhor lhe apareceu em sonhos, para lhe dizer do Seu agrado com aquele sacrifício e, como recompensa por tal gesto de amor, disse a Salomão o que ele queria, que lhe seria dado (I Rs.3:5).

– Salomão, demonstrando toda a pureza de seu coração, pediu ao Senhor sabedoria para que pudesse governar o povo de Israel, pois reconhecia que era “menino pequeno que não sabia nem sair nem como entrar” e que precisava “discernir entre o bem e o mal” para que pudesse julgar o povo, que reconhecia ser o povo do Senhor (I Rs.3:6-9).

– Salomão seguia aqui o conselho de seu pai Davi. Agia como “homem” e, como tal, sabia que havia um Senhor que estava sobre ele e a quem devia prestar contas.

Como servo de Deus, que era, Salomão sabia que havia sido escolhido para reinar sobre Israel, que era o povo santo e reino sacerdotal de Deus, a propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos e, portanto, tinha o dever de bem governar aquele povo, que não era seu.

– Que bom seria se todo governante, nos dias de hoje, tivesse essa consciência, que soubesse que é apenas uma autoridade constituída por Deus (Jo.19:10,11; Rm.13:1) e que, como tal, tem de prestar contas ao Senhor pelo que fizer com o povo que lhe está sujeito.

– Salomão entendeu que o mais importante que havia na sua vida era corresponder à vocação que lhe havia dado o Senhor, era cumprir com o dever que Deus lhe havia dado e, por isso, pediu sabedoria, para que pudesse, deste modo, bem desempenhar o papel, o serviço que o Senhor lhe havia dado.

– Assim devemos agir também. Sabendo o que Deus quer que façamos durante a nossa peregrinação terrena, devemos pedir ao Senhor sabedoria para que desempenhemos a contento aquilo que nos foi mandado fazer. Estamos a fazer isto?

– Salomão pôs a Deus sobre todas as coisas, cumprindo, assim, o primeiro e grande mandamento da lei (Mt.22:36,37) e, por conseguinte, também cumprindo o segundo e grande mandamento, já que estava a amar os seus súditos como a si mesmo (Mt.22:39).

– Como se não bastasse a prioridade absoluta que deu a seu serviço a Deus, Salomão ainda escolheu a sabedoria, que ele mesmo, posteriormente, diria que era a “coisa principal” (Pv.4:7), pois a sabedoria é absolutamente necessária para que tudo que se faça seja exitoso.

– A sabedoria é “saber fazer as coisas” e para que possamos fazer algo é necessário que saibamos fazê-lo. Não é à toa que o primeiro aspecto do Espírito Santo é o “Espírito de sabedoria” (Is.11:2) e que Tiago tenha dito que o que deve ser pedido e é dado liberalmente a todos é a sabedoria (Tg.1:5).

– Deus Se agradou tanto do pedido feito por Salomão que não só lhe concedeu a sabedoria, mas tudo quanto ele não havia pedido, de modo que Salomão foi o homem que pôde desfrutar abundantemente de tudo o que a dimensão terrena pode oferecer a alguém, como, aliás, o rei deixou claro ao escrever o livro de Eclesiastes, a saber: fortuna, fama, poder, conhecimento e prazer (I Rs.3:11-14).

– Após acordar do sonho, Salomão creu naquilo que Deus lhe dissera e prova disso é que, já em Jerusalém, diante da arca do Senhor (que seu pai Davi havia levado para lá e ficava numa tenda ao lado do palácio de Davi – II Sm.6:16,17; 7:2), ofereceu mais sacrifícios pacíficos e holocaustos, tendo, ainda, feito um banquete a todos os seus servos.

– Logo se revelaria ao povo que estavam diante de um rei sábio, do mais sábio homem que já pisou sobre a face da Terra. Uma questão intrincada foi apresentada ao rei: duas prostitutas disputavam a maternidade de uma criança, pois ambas haviam dado à luz e, à noite, uma acidentalmente matara seu filho, ao dormir sobre ela, trocando a criança com a da outra. Pela manhã, a mãe notou que o seu filho não era o morto mas, sim, o vivo.

– Impossível praticamente era a solução desta questão. Não havia exame de DNA naquele tempo. As mulheres eram prostitutas, de modo que não se sabia sequer quem eram os pais das crianças, o que tornava impossível saber quem era a verdadeira mãe.

– Entretanto, sabiamente, Salomão mandou dividir a criança pelo meio e a verdadeira mãe preferiu dar a criança à outra mulher do que ver a morte de seu filho e, assim, Salomão descobriu quem era a verdadeira mãe e Israel todo ficou ciente de que Salomão era dotado de uma sabedoria proveniente da parte de Deus (I Rs.3:16-28).

– Outra demonstração da sabedoria que Deus deu a Salomão está na organização administrativa que trouxe ao reino de Israel, trazendo uma descentralização e permitindo, através disso, que a chamada “máquina pública” pudesse ter recursos e funcionasse bem. Pôs príncipes e provedores.

– Agindo com sabedoria, Salomão, que vivia em paz com os povos vizinhos, pôde criar um ambiente favorável ao progresso e à prosperidade de seu povo, tanto que havia comunhão e alegria na população (I Rs.3:20).

– Salomão reinava sobre o território que havia sido conquistado por Davi e foi a área mais extensa que esteve sob o domínio de Israel, que, se não fosse a parte que continuou nas mãos dos filisteus e dos fenícios (região hoje correspondente à Faixa de Gaza e ao Líbano), seria propriamente o território que Deus prometeu a Abraão e que somente será totalmente dominado pelos israelitas durante o reino milenial, sob o governo de Cristo (I Rs.4:21-24).

– Neste ponto, pois, vemos que Salomão é um tipo de Cristo, sendo seu reinado de paz, de justiça e de prosperidade uma antevisão do reino milenial do Senhor Jesus, quando não só Israel, mas todo o mundo desfrutará de justiça e de paz (Sl.85:10,11; Is.11:1-9; Mq.4:1-4).

– Como se não bastasse isso, Salomão, com a sua sabedoria, demonstrou também grandíssimo conhecimento intelectual, tendo domínio de todas as áreas do conhecimento humano, pois elaborou três mil provérbios, o que o credencia como pensador e filósofo.

Elaborou mil e cinco cânticos, o que o torna um poeta e músico; falou das árvores, dos animais, das plantas, das aves, dos répteis e dos peixes, o que faz ter domínio sobre as ciências naturais (I Rs.4:29-33).

– O Senhor fez Salomão crescer sobremaneira que todo o mundo de então teve conhecimento de sua existência, de modo que muitos vinham conhece-lo, tornando-o famoso (I Rs.4:34).

– Salomão, porém, bem sabia que uma tarefa que tinha de empreender era a construção do templo, como lhe deixara bem claro o seu pai Davi. Assim, Salomão fez aliança com o rei de Tiro, Hirão, que já fora aliado de seu pai, a fim de que pudesse ter acesso ao material mais fino de construção que havia até então, que eram os cedros do Líbano, para assim fazer com excelência a tarefa que lhe fora cometida não só por seu pai, mas pelo próprio Senhor.

– Salomão dá-nos, então, uma preciosa lição, qual seja, a de que devemos sempre fazer o melhor para o Senhor. Muitos há, infelizmente, na atualidade, que são negligentes na qualidade daquilo que fazem na obra de Deus, naquilo que realizam por ordem do Senhor, esquecidos de que o texto sagrado diz que quem age desta maneira (Jr.48:10 NAA).

– É interessante observar que a palavra hebraica empregada pelo profeta Jeremias, “r miyah” (רמיה ) tem o significado de “negligência” e “traição”, ou seja, quem não se empenha em fazer o melhor para o Senhor além de ser negligente, é também um traidor, pois está a trair a confiança que o Senhor lhe depositou. Já pensou nisso?

– Salomão buscou os melhores materiais, como também a melhor mão-de-obra, tanto que mandou separar trinta mil homens para que realizassem a construção, separando-os por grupos e dando períodos de descanso a eles, bem como pondo sobre eles chefes (I Rs.5:13-18).

III – A CONSTRUÇÃO E INAUGURAÇÃO DO TEMPLO

– Salomão começou a construir o templo no ano 480 da história de Israel como nação (I Rs.6:1), valiosa informação que nos permite, inclusive, verificar a cronologia bíblica, a desmentir muitas das especulações criadas pelos chamados “críticos bíblicos” ou “teólogos liberais”, especulações, aliás, que vão caindo uma após outra com as descobertas arqueológicas.

– O templo construído por Salomão seguiu a “planta” deixada por seu pai Davi (I Cr.28:11,12,19), algo que não tinha sido fruto da imaginação daquele rei, mas, sim, algo proveniente da parte do Senhor.

– Vemos, pois, que toda a grandiosidade do templo não era resultado de uma “megalomania” de Salomão (como sói ocorrer com muitos governantes, notadamente num país tropical chamado Brasil), mas, sim, a obediência a um projeto traçado pelo próprio Deus.

– Nem poderia ser diferente, pois o templo seria a “habitação do Senhor” no meio do Seu povo e, como Senhor de todas as coisas, haveria Deus, mesmo, de determinar como se faria a Sua casa. Já o havia feito quando mandou que Moisés adotasse o modelo que havia visto no monte para a construção do tabernáculo (Ex.25:8,9).

– Temos aqui uma preciosa lição: a adoração a Deus deve ser feita segundo o modelo, o “risco” estabelecido pelo Senhor e não segundo a nossa imaginação ou a nossa forma de pensar ou agir. Qualquer ato de adoração que se faça segundo preceitos exclusivamente humanos, como aconteceu no caso de Caim, será rejeitada pelo Senhor.

– O templo seguia, basicamente, o modelo do tabernáculo, sendo também dividido em três partes: o átrio ou pátio, que era o lado externo e descoberto da edificação, acessível a todos os israelitas e até a estrangeiros (estes últimos nem de todas as nações e com restrições);

uma parte coberta, composta de duas seções: o lugar santo, acessível aos sacerdotes e o lugar santíssimo, onde ficava a arca da aliança, onde somente podia entrar o sumo sacerdote, uma vez ao ano, por ocasião do dia da expiação.

– Havia algumas diferenças com relação ao tabernáculo, a começar das dimensões, já que, por se tratar de um templo fixo, ao contrário do tabernáculo, não seria acessível a todo o povo simultaneamente, o que exigia tamanhos maiores para acolhimento daqueles que permanecessem para adoração, notadamente quando das festas.

– Entretanto, estas diferenças foram previstas pelo próprio Senhor, ou seja, nada foi fruto da imaginação de Salomão ou de qualquer dos construtores. Tanto assim é que, durante o próprio processo de construção, o Senhor falou novamente com Salomão, confirmando as Suas promessas (I Rs.6:12,13).

– A construção durou sete anos, enquanto que o palácio de Salomão demorou treze anos para ser construído (I Rs.7:1), em mais uma demonstração de que Salomão dava prioridade às coisas de Deus antes das suas próprias.

Assim como o sábio monarca, devemos também buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, tendo o que é terreno como mero acréscimo (Mt.6:33).

– Mas há outra preciosa lição quando vemos a questão da construção do templo: o templo deveria seguir o modelo divino, ser construído consoante a vontade do Senhor, pois seria a Sua habitação, como o próprio Senhor diz a Salomão na sua fala durante o processo de construção (I Rs.6:13).

– Ora, o templo como habitação do Senhor era figura, tipo do corpo de cada um dos salvos na pessoa de Jesus Cristo, porquanto, desde o instante em que cremos em Jesus, tornamo-nos “templo santo no Senhor” (Ef.2:21), “morada de Deus no Espírito” (Ef.2:22), “templo do Espírito Santo” (I Co.6:19). O próprio Jesus disse que Seu corpo era templo (Jo.2:19-22).

– Em sendo assim, devemos, pois, considerar que, uma vez salvos por Cristo, não temos mais o direito de fazer o que quisermos com o nosso corpo, mas sempre edificá-lo, mantê-lo consoante as determinações divinas, conforme a Palavra de Deus, fazendo do nosso corpo instrumento de justiça, não permitindo que o pecado reine nele (Rm.6:12-22).

– Como, então, alguns que se dizem salvos estão a dar ouvidos a ensinamentos segundo os quais Deus não Se preocupa como que façamos com nossos corpos, que o Senhor “só quer o coração” e que não há qualquer problema com o que se veste ou como nos apresentamos corporalmente? Pensemos nisto!

– Terminada a construção do templo, Salomão convocou todas as lideranças do país para fazerem subir a arca do concerto que estava dm Jerusalém, na cidade de Davi, para o templo, isto no sétimo mês, que era um mês em que se realizavam três festividades: a festa das trombetas, o dia da expiação e a festa dos tabernáculos (I Rs.8:1-8).

– Antes da convocação, o texto bíblico diz que Salomão trouxe para o templo as coisas santas que seu pai havia separado para a casa do Senhor (I Rs.7:51).

Temos aqui duas importantes lições: primeiro, que somente o que é santo pode estar na casa do Senhor e como esta casa, agora, somos nós (Hb.3:6), uma vez mais se mostra que tudo o que há em nós deve ser santo, precisamos ser santos em toda a nossa maneira de viver (I Pe.1:15,16).

– Segundo: o templo não poderia estar vazio quando adentrasse a arca da aliança, sua peça mais importante. A arca simbolizava a presença do Senhor no meio do povo e era mister que todas as peças, todo o material lá estivesse para que se inserisse a arca no lugar santíssimo. De igual maneira, não podemos nos encontrar “vazios” ou “nus” para recebermos o nosso morador, que é o Senhor.

Precisamos estar sempre “mobilados”, “vestidos”, ou seja, vivendo em santidade e em plena comunhão com o Senhor, para que não venhamos a ser reprovados (Mt.12:43-45; II Co.5:2,3).

– A arca foi trazida para o templo, tendo havido ampla participação de todo o povo, que ofereceram sacrifícios ao Senhor. Na arca, é-nos dito que não havia senão as tábuas da lei (I Rs.8:9). Muito provavelmente, os outros elementos que havia na arca, a vara de Arão e a porção de maná haviam sido retiradas da arca quando da “profanação” da peça em Bete-Semes, ainda no tempo da judicatura de Samuel (I Sm.6:19).

– A presença na arca das tábuas da lei demonstrava claramente que o templo construído deveria seguir os ditames da lei mosaica, ou seja, ainda estávamos na dispensação da lei e explica porque a glória do segundo templo seria maior do que a glória deste primeiro templo (Ag.2:9).

Enquanto, no templo construído por Salomão, ingressou a arca, com as segundas tábuas da lei (Ex.34:1), tábuas estas resultantes da própria desobediência do povo à lei (Ex.32:19), o segundo templo veria o ingresso de Jesus Cristo, Aquele que, e só Ele, cumpriu toda a lei (Mt.5:17), Aquele que é Senhor da própria lei (Mt.12:8; Mc.2:28).

– Quando a arca foi posta no lugar santíssimo, a glória do Senhor encheu o templo, a indicar, claramente, que o Senhor aprovara aquela edificação e Se faria presente ali como o fizera no tabernáculo (I Rs.8:10,11).

A presença da glória do Senhor foi tal que os sacerdotes não puderam ter-se em pé para ministrar por causa da nuvem. Alguns procuram extrair deste texto uma base bíblica para a chamada fanerose, também popularmente conhecida como “cai-cai”, para dizer que se tem aí um exemplo de que, quando a glória de Deus desce, as pessoas não conseguem ficar em pé.

– Nada mais falso, porém. Por primeiro, devemos lembrar que se estava diante de um fato incomum, era a inauguração do templo e o Senhor queria mostrar a todo o povo que era do Seu agrado a construção daquele templo e, assim como na inauguração do tabernáculo, Sua glória Se manifestara, assim também ocorria naquele momento. Em sendo assim, não se pode construir uma doutrina uma circunstância excepcional como era aquela.

– Por segundo, como já foi dito, a glória desta casa foi inferior à glória da segunda casa, porque a presença de Jesus é superior à presença da nuvem no primeiro templo e, portanto, nós, que temos Jesus em nós (Jo.14:23), o Senhor da glória (I Co.2:8; Tg.2:1),

estamos numa situação muito mais privilegiada e superior que a dos sacerdotes e, portanto, nossas experiências espirituais são muito mais profundas que as deles, não tendo sentido algum querermos “cair fisicamente” ante a glória divina, quando temos pleno acesso ao Santo dos santos (Hb.10:19), o que não ocorria com aqueles sacerdotes, temos um altar de que não têm direito de comer os que serviam no templo (Hb.13:10).

– Por terceiro, ao contrário do que ocorre na fanerose, em lugar algum está escrito que os sacerdotes perderam a sua consciência, mas tão somente que não puderam se ter em pé, o que os impedia de ministrar, até porque Deus jamais opera em alguém retirando-lhe a consciência, pois, ao contrário do inimigo, respeita a dignidade da pessoa humana.

– Após a manifestação da glória de Deus, Salomão abençoou o povo e relembrou a Israel que ali se cumpria a palavra que o Senhor havia dito a Davi quando este propôs edificar o templo, mostrando, assim, a fidelidade divina.

Salomão não se envaidecera por aquela belíssima edificação, mas admitia publicamente que tudo o que fizera fora por ordem e desígnio divinos. Uma vez mais, portava-se como “homem”, seguindo os conselhos de seu pai.

– Em seguida, Salomão, então, faz uma belíssima oração, que é a mais longa oração registrada nas Escrituras (I Rs.8:22-53).

– Esta oração foi feita diante do altar, em frente de toda a congregação e com as mãos estendidas para os céus (I Rs.8:22).

Salomão estava diante do altar de sacrifícios, mostrando que reconhecia a sua condição de pecador e dependente da misericórdia divina.

Estava em frente à congregação, porque havia sido escolhido para reinar sobre o povo e, deste modo, dava exemplo diante da nação, tendo consciência de sua vocação e da sua responsabilidade diante de Deus na posição que lhe fora dada no povo santo.

Por fim, estendeu suas mãos aos céus, suplicando ao Senhor a Sua graça e misericórdia, compreendendo a sua pequenez e a majestade divinas. Temos esta postura quando nos apresentamos a Deus em oração?

– Salomão começa reconhecendo a majestade e o senhorio de Deus, bem como relembra as promessas divinas para com Israel e a casa de Davi.

De forma clara, reconhece que Deus não pode ser contido em um templo e implora para que o Senhor atentasse para ouvires as orações que fossem ali feitas a Ele, o que confirma, claramente, que o templo seria uma “casa de oração”, como, séculos depois, diriam tanto o profeta Isaías (Is.56:7) quanto o Senhor Jesus (Mt.21:13; Mc.11:7; Lc.19:46).

– O templo havia sido o lugar que Deus escolhera para vir habitar com o Seu povo, local onde estivesse o Seu nome (Dt.12:11; I Rs.8:29) mas a habitação divina era nos céus (I Rs.8:30), céus, aliás, que também não podem contê-l’O, nem mesmo os céus dos céus (I Rs.8:27).

Por isso, apesar da construção do templo, os israelitas não poderiam assumir a mentalidade dos demais povos, que viam os templos como a habitação exclusiva de suas divindades.

– É por esse motivo, aliás, que não têm razão os que criticam a existência de templos cristãos, pois tais templos não indicam que entendamos que Deus esteja ali circunscrito, mas são apenas espaços em que podemos todos coletivamente adorar ao Senhor, “casas de oração” onde se possa exercer a necessária comunhão e convivência que deve existir entre os filhos de Deus, visto que, embora a salvação seja individual, não no é o crescimento espiritual, que depende de sermos membros uns dos outros no corpo de Cristo.

– A existência de templos entre os cristãos, à evidência, jamais procura circunscrever a Deus, até porque cada salvo é, por si só, um templo santo no Senhor (Ef.2:21), mas tem a finalidade de permitir que, como corpo que somos, tenhamos uma “casa de oração”, onde imploremos a ação divina.

– E é de ação divina que fala Salomão na continuidade da sua oração, quando pede que o Senhor perdoe a todos que Lhe suplicarem o perdão, como também que faça justiça toda a vez que houvesse juramentos perante Ele.

Pediu, também, que o Senhor perdoasse o pecado do povo quando este, por suas transgressões, fosse ferido pelo inimigo, inclusive lhes mandando a chuva e retirando a fome, que, como sabemos, seriam consequências pela desobediência conforme o chamado pacto palestiniano (Dt.27,28) (I Rs.8:30-40).

– Salomão também pediu para que o Senhor ouvisse o estrangeiro que, crendo em Deus, viesse adorá-l’O no templo, bem como o próprio povo israelita, quando estivesse ele em cativeiro e orasse voltado para a direção do templo (o que vemos Daniel fazendo, quando estava cativo em Babilônia – Dn.6:10) (I Rs.8:41-53), a fim de que pudesse ser restaurado.

– Após a oração, Salomão ajoelhou-se e, depois, se levantou e, uma vez mais, abençoou o povo, tendo, então, feito sacrifícios ao Senhor, sendo seguido neste gesto pelo povo e eram tantos os sacrifícios que o átrio do templo acabou servindo de altar, tendo a festividade de inauguração durado quinze dias (I Rs.8:54-66).

– Numa demonstração de que Deus Se agradara de tudo quanto fora feito, o Senhor apareceu segunda vez a Salomão, dizendo que havia ouvido a oração e que iria atendê-la, renovando as promessas à casa de Davi e ao próprio Salomão, promessas que tiveram a sua condicionalidade reforçada (I Rs.9).

– Salomão cresceu grandemente, passando a ser muito famoso, a ponto de ter recebido a ilustre visita da rainha de Sabá, que afirmou que o que viu era muito superior à fama que a motivara a ir até Jerusalém (I Rs.10).

– O reinado de Salomão era extremamente próspero, o país vivia um período de fartura e abundância, a ponto de a prata não ter valor algum, tamanha era a abundância de ouro (I Rs.10:21).

Salomão era o homem mais rico do mundo, como também o mais sábio (I Rs.10:23), tendo fama mundial (I Rs.10:24).

– Infelizmente, porém, toda esta abundância e prosperidade não impediram que Salomão se desviasse dos caminhos do Senhor, com gravíssimas consequências para todo o Israel. É o que veremos na próxima lição.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://portalebd.org.br/classes/jovens/6550-licao-13-a-santa-ceia-o-amor-e-a-ressurreicao-ii

Glória a Deus!!!!!!!