INTRODUÇÃO
– As mídias sociais são controladas por pessoas anticristãs.
– As mídias sociais são utilizadas para nos fazer perder a fé.
I – A COMUNICAÇÃO SEGUNDO A ÉTICA CRISTÃ
– Na continuidade do estudo das sutilezas de Satanás, dos ataques do diabo contra a Igreja, veremos hoje como o inimigo tem se utilizado do sistema de comunicação em massa, particularmente das mídias sociais, o principal meio de difusão de informações da atualidade.
– Quando tratamos do tema do comportamento nas redes sociais, temos, antes de mais nada, lembrar que o homem foi criado por Deus como um ser social.
Após ter criado o homem, o Senhor disse que não era bom que ele estivesse só (Gn.2:18), a indicar, assim, a sociabilidade humana como uma característica essencial desta criatura.
– O ser humano foi feito para viver na companhia de Deus e do seu semelhante, alguém que compartilhasse a sua existência com o outro, que estabelecesse uma comunhão, uma unidade.
Por isso, homem e mulher formavam uma unidade (Gn.2:24), unidade esta que também existia com Deus antes da queda, tanto que um dos objetivos da missão salvífica de Cristo é o restabelecimento desta unidade (Jo.17:21)
– Esta sociabilidade é um dos princípios que norteiam o mundo ético estabelecido por Deus ao homem e temos sempre de levar em conta o outro para podermos atingir os propósitos e objetivos traçados pelo Criador àquele que pôs como coroa da criação sobre a face da Terra.
– Para que haja comunhão, no entanto, mister se faz que se tenha comunicação, pois comunicação é a ação de tornar algo comum, uma operação antecedente e necessária à comunhão.
– Por isso mesmo, a comunicação é algo que se impõe ao ser humano, visto que, para que ele se mantenha em comunhão com o outro, necessário se faz que se comunique com o outro.
– A importância desta comunicação é tanta que o Senhor fez questão de mostrar ao homem a sua habilidade de se comunicar, quando determinou que ele pusesse nome em todos os animais (Gn.2:19,20),
sendo fundamental a língua para que se tenha tal comunicação e a língua é tão importante que, quando o Senhor quis desfazer a comunidade única pós-diluviana, confundiu a língua do povo, impedindo, assim, que se mantivesse aquela comunhão que se criara em rebeldia ao Senhor (Gn.11:1-9).
– Até o final da Idade Média (século XV d.C.), a comunicação entre os homens era demorada e difícil. Os povos, praticamente, somente se comunicavam por intermédio da guerra e do comércio e, como não havia um comércio mundial, muitos povos nem sequer sabiam da existência um do outro. Com o desenvolvimento das grandes navegações e a invenção da imprensa, entretanto, pouco a pouco as nações do mundo puderam manter contacto e as diferentes culturas e civilizações passaram a se entrelaçar.
– Entretanto, o crescimento tecnológico verificado na Europa a partir da chamada Revolução Industrial (movimento histórico iniciado na Inglaterra que significou o nascimento da indústria nos moldes que hoje nós conhecemos, com uso de máquinas cada vez mais potentes, o que levou ao surgimento de grandes populações nas cidades),
trouxe um vigoroso desenvolvimento dos meios de comunicação, de tal maneira que, hoje em dia, temos comunicação em tempo real, ou seja, os fatos ocorridos do outro lado do planeta são de nosso conhecimento no exato instante em que estão acontecendo.
Tal estado de coisas fez com que o mundo passasse a ser considerado como uma grande aldeia, onde os bilhões de pessoas se comunicam e interagem como as antigas aldeias dos povos primitivos ou as pequenas vilas europeias do final da Idade Média.
– Não há qualquer dúvida de que a possibilidade de termos uma comunicação em tempo real é uma situação extremamente favorável à evangelização e deve ser aproveitada pela igreja, porquanto nos é imposto o dever de pregarmos o evangelho a tempo e fora de tempo (I Co.9:16; II Tm.4:2).
– Lembremos de que o ministério de Jesus Cristo e o início da igreja foram grandemente favorecidos pela unidade cultural existente neste período em virtude da expansão da cultura grega e do domínio político romano, mas a circunstância atual da comunicação é muito mais propício à evangelização do que aqueles fatores, de forma que não podemos ter qualquer dúvida de que vivemos o período final de nossa dispensação.
– O desenvolvimento tecnológico fez com que surgisse uma integração de múltiplos meios de comunicação, a ponto de ter surgido a noção de “multimídia”, que nada mais é do que o nome que recebe os diversos conjuntos de meios de comunicação que podem ser utilizados simultaneamente nos nossos dias.
É o domínio de toda essa tecnologia e de seu uso que representa, hodiernamente, um dos principais pontos da vida de nossa sociedade.
OBS: Esta realidade irreversível dos nossos tempos é bem salientada neste artigo da italiana Eeeva, que vale a pena transcrever em parte :
“…Os mass-media (meios de comunicação de massa, observação nossa) são uma criação da nossa época e representam a mais ampla e eficiente fonte de cultura e de vários encantos.
Eles propõem um enriquecimento e uma integração dos velhos sistemas informativos e não apresentam uma alternativa.
A sua influência sobre o contexto social vai desde a esfera privada até a política. Os mass-media, como a televisão, ainda mais do que o rádio, os jornais e o cinema, acrescenta a nós todos os dias a consciência de uma nova dimensão da realidade, que ela própria tem já ampliado e melhorado, aos menos no campo de nossas percepções possíveis.
Mas o que é mais importante é que a televisão tende a fazer transformar os povos da Terra como componentes insubstituíveis de um sistema, criando nele a consciência deste vasto fenômeno. (Televisione: uso o abuso.http://www.google.com.br/search?q=cache:_ydesTk2qhQJ:www.dooyoo.it/review/248350.html+%22consuetudo%22&hl=pt-BR&ie=UTF-8. Acesso em 18 jul.2003)(tradução nossa).
– Diante desta realidade, temos de concordar com as conclusões nascidas no Concílio Vaticano II, quando a Igreja Romana fez uma atualização de suas doutrinas e tradições frente às transformações vividas pelo mundo, segundo as quais,
” … estes instrumentos(os meios de comunicação, observação nossa), retamente empregados, representam subsídios valiosos ao gênero humano, porquanto muito contribuem para recrear e aprimorar os espíritos e propagar e firmar o reino de Deus;
sabe também que os homens podem utilizá-los contra o desígnio do divino Criador e convertê-los em perdição de si próprios(…) (a Igreja, observação nossa) angustia-se pelos danos causados mui frequentemente à sociedade humana pelo mau uso deles…” (Decreto
Inter Mirifica, nº 2. Disponível em: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19631204_inter-mirifica_po.html Acesso em 09 fev. 2018.).
– Devemos observar que a comunicação é a ação de tornar comum aquilo que é peculiar de cada um. Os homens, feitos para viverem em grupo, em sociedade, dependem da comunicação para serem verdadeiros seres humanos.
Não há vida social sem comunicação, é indispensável que os homens se comuniquem entre si e que se comuniquem com Deus para que o propósito de sua criação seja alcançado.
Não é à toa que Deus comparecia, na viração do dia, para Se comunicar com o homem (Gn.3:8) e que seu propósito seja restabelecer esta comunicação para todo o sempre (Ap.21:3).
– Se assim é, não pode o cristão, que está no mundo embora não seja do mundo (Jo.17:11,14), omitir-se de travar uma comunicação com os demais homens.
Muito pelo contrário, os crentes só são mantidos no mundo para que possa comunicar-se com os demais homens, anunciando-se a melhor notícia que o homem pode receber(Mc.16:15):
a de que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo.3:16).
– Nenhum meio de comunicação é mau em si mesmo. Muito pelo contrário, o meio de comunicação, como o próprio nome diz, é um meio, é um instrumento, que não pode trazer nem bem nem mal a quem quer que seja.
A maldade não se encontra no meio de comunicação, mas no coração do homem que o utiliza. Quem o disse foi o próprio Jesus que, questionado sobre o costume de lavar as mãos, afirmou, solenemente, que o mal vem do coração do homem e não de qualquer ritual ou elemento exterior ao homem (Mt.15:10-20).
– Toda a discussão que se travou (e ainda se trava) na igreja a respeito dos meios de comunicação, portanto, é algo totalmente estéril e sem qualquer sentido, diante destes ensinamentos do Senhor.
Nenhum meio de comunicação é mau em si mesmo, mas, sim, o coração dos homens que o comandam. Quando surgiu o rádio, não faltaram aqueles que afirmavam que o mesmo era um instrumento diabólico, a verdadeira “caixinha do diabo”.
Surgiu a televisão e passou esta a ser assim considerada, como o é, atualmente, o computador, considerado por muitos como sendo a verdadeira “ferramenta do anticristo”.
Enquanto a igreja se digladia em torno destes conceitos, que nada mais são que preconceitos contra o desconhecido, trazendo uma série de tristezas, divisões e problemas sem-número no seio do povo de Deus, o adversário prossegue avançando e ocupando todos os espaços nestes meios de comunicação, ante a inércia inexplicável e antibíblica da Igreja.
É hora de apenas nos firmarmos na doutrina da Palavra de Deus, que aponta que devemos ter um coração puro, cheio da presença de Deus e que devemos, com esta ser transformado por Jesus, usar todos os meios para anunciar que Deus ama o homem e que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu.
OBS: Um exemplo do que estamos a dizer está nas palavras do próprio criador da Internet, o professor Leonard Kleinrock que, em entrevista
por ocasião dos 30 anos da internet, afirmou : “Fazendo balanço, não crê que ele e seus colegas criaram um monstro. ”
Alguém pode antecipar as comunicações entre computadores, mas não entre homens, afirmou Kleinrock. ‘Quando chegou o correio eletrônico, essa foi a primeira pista de que a interação entre pessoas era realmente a aplicação assassina, afirmou.
‘Temos que sopesar o bem e o mal. ‘Existe algo que se possa controlar ?’ Não. A pornografia é um bom exemplo disso’, completou.…” (CNN en español. Ciencia y tecnologia. Hacía 30 años dos computadoras balbuceantes daban nacimiento a internet. 2.set.1999.http://www. google.com.br/search?q=cache:OX21u5Zvv_4J:166.114.106.9/~arteaga/INF-099/www.puc.cl/curso_dist/cbc/anexos/texto_a/inter30.html+30+anos,+internet,+pornografia&hl=pt-BR&ie=UTF-8. Acesso em 18 jul.2003) (tradução nossa)
– A importância dos meios de comunicação na vida da humanidade é algo crucial e fundamental nos nossos dias.
O controle dos meios de comunicação significa o controle do próprio mundo e a Igreja deve estar atenta a isto, pois se entregar tais meios ao controle do adversário, estará trazendo grandes obstáculos à obra de evangelização.
Verdade é que Jesus promete vitória da Igreja sobre as portas do inferno (Mt.16:18), mas também determina que façamos a nossa parte, revestindo-nos da armadura de Deus e sendo vigilantes na luta contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12-18).
Uma das armas colocadas à disposição do crente são os calçados na preparação (ou prontidão, conforme a versão NVI) do evangelho da paz.
Será que podemos, nos nossos dias, dizer que estamos prontos a evangelizar se não estivermos inseridos e usando dos meios de comunicação trazidos pela moderna tecnologia?
– Vemos que Jesus usava dos meios de comunicação disponíveis no Seu tempo para poder divulgar a sua mensagem da maneira mais eficiente.
Subia a um monte para que a multidão O ouvisse e O visse, para que houvesse uma melhor apreensão dos Seus ensinos.
Apresentava-se nas festividades em Jerusalém, exatamente porque ali havia a maior confluência possível de judeus, para que Sua mensagem pudesse ser ouvida pelo maior número de pessoas possível.
Se gastava Seu tempo na evangelização de uma só pessoa, é porque esta pessoa era um elemento-chave para a atração de multidões ou de cidades inteiras, como aconteceu seja com a mulher samaritana, seja com o(s) ex-endemoninhado(s) gadarenos(s).
Portanto, os exemplos que o Mestre nos deixou são de aproveitamento máximo dos meios de comunicação para que a mensagem do Evangelho possa ser divulgada ao maior número de pessoas de uma só vez.
– Esta importância da comunicação está presente nas próprias leis humanas. A nossa Constituição, por exemplo, dedica um capítulo a este assunto e se preocupa em que os meios de comunicação não fiquem nas mãos de uma ou poucas pessoas (objetivo que, entretanto, é, por enquanto, ainda apenas um sonho) (artigo 220, § 5º),
que a propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão fiquem, majoritariamente, nas mãos de brasileiras (artigo 222) e que a produção e programação das emissoras de rádio e televisão atendam a alguns princípios, em especial a preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, bem como a promoção da cultura nacional e regional (outros objetivos que ainda não se verificam na realidade) (artigo 221).
– Como vimos, a intenção das pessoas que controlam o conteúdo da informação e da mensagem que será transmitida pelos meios de comunicação é o que deve estar no centro da preocupação seja do cristão, seja de todo e qualquer ser humano.
– É preciso que saibamos que do coração dos homens brota a maldade e que, notadamente nos dias em que vivemos, em que a mensagem é divulgada instantaneamente para o mundo todo, o risco de imprecisão, de falsidade e de manipulação é muito grande, de modo que devemos ter, sempre, um juízo crítico sobre toda informação e mensagem que nos venha ao encontro.
Devemos agir com discernimento espiritual e seguir a recomendação sábia do apóstolo Paulo que nos manda examinar tudo e reter o bem (I Ts.5:21).
– O primeiro aspecto que devemos verificar é que os meios de comunicação, embora sejam cada vez mais abundantes e mais desenvolvidos, paulatinamente estão se concentrando nas mãos de alguns poucos empresários em todo o mundo.
O fenômeno da concentração dos meios de comunicação em mãos de poucos tem se intensificado nos últimos anos com um recrudescimento espantoso. Os grupos de mídia têm se fundido, têm formado grandes impérios e as poucas resistências que havia, em alguns países, estão desaparecendo.
– Ora, se o número de controladores dos meios de comunicação em todo o mundo é pequeno e exíguo, naturalmente que poderão eles defender seus interesses comerciais de forma muito mais poderosa e desenvolver projetos políticos e econômicos que sejam de seu agrado, já que somente publicarão aquilo que lhes interessarem.
Ao mesmo tempo, vemos que diversas indústrias do entretenimento, além do puro interesse comercial, sem qualquer preocupação moral, têm se comprometido abertamente com o satanismo ou outros movimentos religiosos e espirituais contrários à sã doutrina (como a Nova Era), o que explica, exatamente, o motivo de ter havido uma grande degeneração do conteúdo das informações e mensagens nos últimos tempos nos meios de comunicação de massa.
– Ao mesmo tempo em que isto ocorre, o Estado, mesmo prometendo ser democrático e, no caso brasileiro, procurando deixar para a história o passado do regime autoritário militar e sua conhecida censura aos meios de comunicação, censura que está explicitamente proibida na nossa atual Constituição (artigo 220, § 2º), é implacável na repressão à chamada radiodifusão comunitária (as chamadas “rádios e televisões piratas”),
um meio em que há o desenvolvimento de meios de comunicação de pessoas que não estão ligadas a estes poderosos grupos, numa clara indicação de que a liberdade de comunicação prevista na Constituição (artigo 5º, IX) não é para todos.
– Não fosse isso apenas, temos observado como, com muita desenvoltura, sob o signo do “combate às fake news”, tem havido uma nítida ação para remover das mídias sociais conteúdos que representam a defesa de ideias ditas “conservadoras”, quase sempre compatíveis e coerentes com os chamados “valores morais judaico-cristãos”, que nada mais são que os valores trazidos pelas Escrituras, pela Palavra de Deus.
– Este estado de coisas lembra-nos, claramente, que já estamos em plena atividade do espírito do anticristo no mundo das comunicações, numa velocidade impressionante, na montagem do cenário que servirá de fundo para a ditadura mundial do filho da perdição, que estará baseada num amplo apoio empresarial (cfr. Ap.18).
– Não é de se admirar, portanto, que rádio, televisão e internet sejam, hoje, os maiores divulgadores de valores antibíblicos e prejudiciais à saúde espiritual do gênero humano.
A pornografia domina, para tristeza dos próprios criadores da internet, mais de 80% do conteúdo das mensagens na rede mundial de computadores, sendo um celeiro fértil para prática abomináveis como a pedofilia, a prostituição infantil e o tráfico de mulheres.
A televisão é a maior incentivadora da prostituição, da impureza sexual, da falência da instituição familiar, da violência, do uso de drogas e da criminalidade.
– Estatísticas sérias demonstram claramente que o início da divulgação de certas mensagens na programação infanto-juvenil, no Brasil, por intermédio da televisão, há cerca de 20 anos, foi fundamental para que os índices de gravidezes de adolescentes explodisse e que houvesse a iniciação sexual precoce de nossos jovens, sem se falar no aumento do poder sedutor dos narcotraficantes sobre os moços, levados, também, pelo consumismo desenfreado estimulado pela televisão, o que se ampliou sobremaneira com o acesso da população pobre a este meio de comunicação com o Plano Real.
– Enquanto boa parcela da igreja discutia se a televisão era boa ou má, se o crente deveria ter, ou não, televisão, esta era dominada, completamente, por satanistas, espiritualistas e pessoas sem quaisquer escrúpulos morais, que têm o dinheiro como seu único deus, que moldavam o comportamento de toda uma geração, inclusive dos próprios filhos de crentes, verdadeiros “televizinhos”, geração que não pôde sequer ter acesso às boas-novas do Evangelho, que era o grande ausente das programações.
Ao mesmo tempo, a boa programação das emissoras educativas era totalmente ignorada pela população e pela Igreja, sendo raríssimos aqueles que, através da televisão, conseguiram aprimorar seus conhecimentos em cursos de línguas, cursos supletivos, documentários etc.
– Diante do controle dos meios de comunicação por parte de um mundo descompromissado com Deus, não podemos ver neles senão o que o mundo pode apresentar e, neste sentido, vemos, claramente, o que o mundo tem na primeira carta que João nos deixou.
De uma forma clara e objetiva, como era próprio do “apóstolo do amor”, João nos diz que no mundo somente há três coisas, a saber: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo.2:16).
Se nós, cristãos, não ocupamos o espaço da mídia, ela somente pode oferecer aquilo que tem o mundo sem Deus, daí porque não podermos esperar dos meios de comunicação algo diferente daquilo que existe fora da comunhão com Deus.
– A concupiscência da carne é a “cobiça da carne”. Ora, “concupiscência” ou “cobiça” é o “desejo desenfreado”, o “desejo incontrolado”, a “incontinência”.
O mundo sem Deus é o lugar onde as pessoas não têm controle sobre os seus desejos pecaminosos, pois, como sabemos, “carne”, na Bíblia, significa, muitas vezes, a natureza pecaminosa do homem, ou seja, o pecado que controla o homem que, inevitavelmente, ao adquirir a consciência, peca.
É esta natureza que Deus mencionou a Caim em Gn.4:7, que levou à destruição da geração dos dias de Noé (Gn.6:5) e que, afinal, é o grande obstáculo para que o homem alcance a misericórdia divina (Rm.3:9-18).
Os meios de comunicação, dentro do projeto dominador satânico já mencionado supra, têm sido, portanto, um poderoso instrumento para incitar, estimular os desejos pecaminosos, sejam eles quais forem, pois a concupiscência da carne, ao contrário do que se pensa, não se circunscreve apenas aos aspectos sexuais, embora tenham eles uma proeminência.
– Quando se estimula na população um comportamento consumista, que nada mais é do que uma atitude materialista, de preferência às coisas materiais, ao ter em detrimento do ser, também se está diante de uma manifestação da concupiscência da carne.
A razão de ser da publicidade e da propaganda, aliás, quem o diz são os especialistas desta área, nada mais do que é do que incentivar, estimular o desejo de aquisição, o desejo de compra, de forma que toda e qualquer atividade nos meios de comunicação tem em vista esta circunstância e, lamentavelmente, dentro deste espírito estão os próprios “mercadores da fé”, tipo de gente que, aliás, já estava biblicamente predito que surgiriam nestes últimos dias (cfr. II Pe.2:1-3).
– A “concupiscência” dos olhos, que é o segundo elemento que há no mundo, conforme nos explana o apóstolo João, também é algo que está presente nos meios de comunicação, notadamente depois do surgimento da imprensa, do cinema, da televisão e da internet, que trabalham com a imagem visual.
Jesus ensina-nos que os olhos são a porta de entrada de toda e qualquer influência espiritual e moral, afetando diretamente a alma e o espírito do ser humano (Mt.6:22-24).
Assim ocorreu, por exemplo, com Eva, pois, como vemos no relato da tentação, o primeiro passo da mulher em direção à sua queda foi, precisamente, não controlar os seus olhos e passar a cobiçar o fruto proibido (Gn.3:6).
Os meios de comunicação incentivam, estimulam a prática do pecado e do mal através das imagens visuais.
O abuso tem sido tanto que, recentemente, os próprios órgãos de auto-regulamentação publicitária têm procurado conter os excessos que têm sido cometidos, como tivemos oportunidade de ver, por exemplo, na regulamentação que foi feita com relação à publicidade de cervejas, onde se entendeu (i.e., os próprios publicitários, que não têm, em sua grande e esmagadora maioria, qualquer compromisso com Deus) que estava ocorrendo um exagero com relação ao uso da sensualidade feminina.
– Por fim, temos a “soberba da vida”, ou seja, “o orgulho”, expressão que foi traduzida na NVI como “ostentação de bens”, que é a autossuficiência, a independência em relação a Deus, precisamente o sentimento que foi estimulado e animado pelo adversário no primeiro casal (Gn.3:4,5), sentimento, aliás, que foi o responsável pela própria queda do querubim ungido (Is.14:13).
Os meios de comunicação têm sido poderoso instrumento para a disseminação da ideia de que o homem não precisa de Deus, que o homem pode viver numa dimensão que dispensa a figura divina. Há uma insistente propagação de toda e qualquer ideia que esteja, direta ou indiretamente, vinculada a esta autossuficiência, enquanto que, não raro, há a ridicularização ou, simplesmente, a indiferença de tudo que transmita a mais leve concepção de que o homem precise de Deus.
– Vemos, portanto, que os meios de comunicação transmitem, diante do controle a que estão submetidos, tudo aquilo que o mundo pode oferecer e não podemos permitir que nossas famílias adotem os valores e os conceitos advindos do mundo e que são transmitidos pelos meios de comunicação.
É necessário, pois, que ajamos de forma a neutralizar os males que são trazidos pelos meios de comunicação.
II – O COMPORTAMENTO DO CRISTÃO NAS REDES SOCIAIS
– Diante deste quadro que existem nos meios de comunicação e da circunstância de que temos o maior tempo de nossas vidas envolvidos neles, principalmente nas chamadas “redes sociais”, na internet, no chamado “ambiente virtual”, torna-se absolutamente necessário que o cristão saiba como se comportar na sua utilização.
– Por primeiro, é imperioso observarmos que não há diferença na atuação no mundo real ou no chamado “mundo virtual”.
Muitos acham que porque não um contato pessoal, frente a frente, se possa ter uma atitude diferenciada num ambiente ou no outro. Muitos querem “se esconder” no “ambiente virtual”, criando “perfis falsos”, “novas identidades”.
– Tal conduta é inaceitável para a ética cristã, pois devemos andar na verdade (Jo.16:13;I Jo.1:6; II Jo.4; III Jo.4).
Não se pode, portanto, usar da mentira nas redes sociais, lembrando que, em muitos casos, a omissão da verdade tem o mesmo papel da mentira. A mentira é algo diabólico (Jo.8:44) e nenhuma mentira provém da verdade (IO Jo.2:21).
– Por segundo, diante deste compromisso com a verdade, jamais se poderá disseminar ou divulgar informações recebidas se não tivermos certeza de que se trata de uma informação verdadeira.
As redes sociais vivem do compartilhamento de dados, é a sua própria razão de ser e tudo é feito em tempo real, havendo como que uma tendência, uma compulsão para que se “passe adiante” tudo quanto se recebe.
– No entanto, o servo de Deus deve antes investigar as informações que recebe porquanto a falta de investigação é uma característica do ímpio (Sl.10:4), já que se trata de uma atitude de soberba que, como vimos supra, é algo próprio do mundo e não de quem tem o amor do Pai.
– Jamais devemos compartilhar informações ou notícias que não sejam verdadeiras e, por isso, quando não soubermos da verdade de uma notícia, torna-se imperioso que, primeiro, investiguemo-la para só então compartilhá-la.
Ultimamente, está na moda a questão relacionada com as “fake news”, ou seja, as “falsas notícias”, que são inúmeras nas redes sociais, muitas delas adredemente preparadas com o objetivo de influenciar o comportamento das pessoas.
Há verdadeiros “exércitos virtuais” no sentido de criar estados de espírito e “certezas de opiniões”, numa manipulação imensa das pessoas.
– Por terceiro, jamais devemos ofender ou agredir o próximo. É muito triste verificarmos que muitas pessoas se utilizam das redes sociais para desrespeitar, atacar, agredir e violar a honra do próximo, não raras vezes provocando que terceiros venham até a agredir fisicamente aquele que é objeto destes ataques.
Nitidamente é um comportamento que jamais pode um cristão possuir, pois somos chamados pelo Senhor Jesus a amar até os inimigos (Mt.5:44), como também a sempre exercer o perdão (Mt.6:12,14,15;18:21,22), atitudes que não se coadunam com o ataque e a agressão que, lamentavelmente, vemos ocorrer, e com relativa frequência, inclusive em grupos e comunidades que se dizem seguidoras de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
– Neste aspecto, aliás, não pode o cristão se engalfinhar em contendas e debates nas redes sociais, pois devemos sempre evitar as contendas de palavras (Rm.13:13; I Co.3:3; Fp.2:14; I Tm.1:5-7; I Tm.6:4,5; II Tm.2:14,23; Tt.3:9) que não levam a qualquer proveito mas, via de regra, são apenas instrumentos para que se criem escândalos e, sabidamente, quem é instrumento de escândalo terá um altíssimo preço a pagar diante de Deus (Mt.18:6-9).
– Devemos, sempre, aproveitar, como já dissemos supra, as oportunidades de evangelizar nas redes sociais, de modo sábio e inteligente, mas, depois de termos lançado a mensagem da salvação, percebendo uma resistência e uma rejeição, depois de uma e outra vez, devemos impedir que isto se torne contenda, porquanto contender não é algo que deva fazer o servo do Senhor (Pv.3:30), pois é a contenda resultado da excitação do ódio (Pv.10:12), de um coração perverso (Pv.6:14), de uma pessoa iracunda (Pv.15:18), máxime quando se estiver a lidar com um herege (Tt.3:10).
– Por quarto, não podemos abrir mão da nossa intimidade por causa das redes sociais. Muitos se enganam com a falsa impressão de que se está protegido e se é invulnerável no mundo virtual e acabam por renunciar à sua intimidade.
A intimidade é o direito de estar só, de ter algo que não deva ser compartilhado com ninguém e isto é fundamental para cada ser humano, pois cada um de nós é diferente do outro.
Não há verdadeira humanidade sem a dimensão da intimidade, tanto que, mesmo no céu, teremos uma intimidade com o Senhor que jamais será devassada por ninguém (Ap.2:17).
– Muitos têm se exposto indevidamente nas redes sociais e tal exposição tem gerado imensos prejuízos de toda sorte. A dimensão da intimidade do indivíduo, de sua família e dos cônjuges é algo que jamais deva ser compartilhado nas redes sociais.
Não nos esqueçamos do episódio ocorrido com o rei Ezequias que, inadvertidamente, mostrou aos emissários do rei de Babilônia, tudo quanto tinha, tudo o que possuía, atitude que foi censurada pelo Senhor através do profeta Isaías e que ficamos a saber ter sido um teste que Deus deu àquele rei e em que ele não foi aprovado (II Rs.20:12-19; II Cr.32:31,32).
– Por quinto, não podemos ter a ilusão de que o mundo virtual é o mundo da liberdade, é o local onde tudo é permitido e onde não há qualquer controle.
O mundo virtual é totalmente controlado pelos “donos da comunicação” neste mundo. Somos monitorados a todo instante e tal monitoramento é tal que passamos a ter a falsa impressão de que todos pensam como nós, de que somos os “donos da verdade”, já que os algoritmos das redes sociais, com nítidos interesses comerciais, fazem com que somente nos aproximemos daqueles que têm perfis semelhantes aos nossos e que acreditemos que o mundo é do jeito que nós gostaríamos que fosse.
– É uma grande ilusão achar que a internet somente não é livre em regimes ditatoriais ou totalitários como
China, Rússia ou os países islâmicos. Nas “democracias ocidentais”, o controle é o mesmo daqueles países, só que lá o governo explicitamente o diz e toma providências para tanto, enquanto que, por aqui, há um controle suave e implícito.
Não é surpresa, ademais, vermos, vez por outra, grandes nomes cristãos nas redes sociais sendo bloqueados, censurados ou punidos nas redes sociais única e tão somente porque defendem os valores da Palavra de Deus.
O mundo virtual também está no maligno (I Jo.5:19) e o diabo também é o príncipe dele (Jo.12:31; 14:30; 16:11), mas, assim como no mundo real, o reino de Deus já está entre nós (Lc.17:21).
– Por sexto, não podemos substituir o mundo real pelo mundo virtual. O contato real entre pessoas continua absolutamente necessário.
No mundo virtual, nas redes sociais, a grande quantidade de informações, o grande número de pessoas envolvido faz com que se tenha um relacionamento superficial, que jamais corresponde à realidade, gerando um distanciamento que jamais poderá ser superado a não ser pelo contato no mundo real, pelo estabelecimento de relacionamentos contínuos, onde haja troca de emoções, onde haja o toque pessoal, o sentir da respiração do outro, enfim, onde se tenha uma imediatidade, o que não corre no mundo virtual.
– É uma ilusão ter milhares e até milhões de seguidores nesta ou naquela rede social e não ter com quem compartilhar uma refeição, um momento de conversa olho no olho. Isto apenas trará solidão e, como o Senhor disse no limiar da história da humanidade, não é bom que o homem esteja só.
– A substituição dos relacionamentos reais pelos relacionamentos virtuais tem gerado solidão e prejudicado enormemente a socialização das pessoas, colocando em risco a própria saúde mental e a própria sobrevivência das pessoas, pois não se pode querer construir um ser humano sem que haja esta convivência.
– A substituição dos relacionamentos reais pelos relacionamentos virtuais está bloqueando a comunicação, pois não há mais diálogo, não há mais o exercício da audição, levando a um individualismo e uma perigosa tendência à intransigência e à desconsideração do outro. A sabedoria está em estar pronto para ouvir, em levar em conta a opinião do outro (Pv.18:13; Ec.5:1; Tg.1:19).
– Que nos comportemos como servos de Deus no mundo virtual e, como é nele que estão milhões e milhões de pessoas, possamos ali, com a nossa conduta, levar muitos à presença do Senhor e à salvação.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7877-licao-11-a-sutileza-das-midias-sociais-i