INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo dos ataques contra a Igreja de Cristo, hoje analisaremos a “espiritualidade holística”.
– Não há possibilidade de nos religarmos a Deus a não ser por Jesus Cristo.
I – O QUE É ESPIRITUALIDADE HOLÍSTICA
– Na sequência do estudo dos ataques contra a Igreja de Cristo, veremos hoje a chamada “espiritualidade holística”, que nada mais é que uma tentativa de se desenvolver uma espiritualidade à margem de Jesus Cristo e das Escrituras, que são Suas fiéis testemunhas (Jo.5:39).
– A “espiritualidade holística”, segundo um teólogo que é seu defensor, Frei Jacir, pode ser assim definida:
“Esse modo de ser se define como sendo um modo de viver a fé e a relação com o Sagrado, para além dos modos convencionais das religiões institucionalizadas, isto é, de forma corpórea, integrada e afetiva. A fé é a mesma, mas ela é vivenciada de forma diferenciada, sem, necessariamente, estar vinculada à uma religião.
O Sagrado não perdeu o seu sentido, muito pelo contrário, Ele está sendo revisitado sob novo olhar, novas perspectivas.
Uma pessoa holística, característica pós-moderna, pode até participar dos ritos religiosos com experimento de relações, mas não como adesão a essa ou àquela religião. Ela participa de uma celebração de batizado, casamento etc. mesmo não sendo católica ou evangélica.
Holístico, substantivo grego originários de holos (o todo, inteiro), é o modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo como um todo interligado, em relação e não separado. Uma espiritualidade holística é aquela que considera a integração entre a razão, o corpo e os sentimentos.
Desse modo, Deus deixa de ser um Ser Superior, Transcendente e Poderoso, mas próximo das pessoas.…” (Espiritualidade holística e o vazio existencial. 22 out. 2021. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/613897-espiritualidade-holistica-e-o-vazio-existencial Acesso em 24 maio 2022).
– Bem se percebe, já, por esta definição, que a “espiritualidade holística” pretende ser “uma nova forma de pensar o sagrado”, uma “espiritualidade desvinculada de instituições, religiões”, uma “nova forma de se aproximar de Deus”.
– Temos aqui a velha cantilena de Satanás, já contada a Eva nos primórdios da história da humanidade, em que o diabo também prometeu à mulher que ela “seria igual a Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn.3:5) tão somente se deixasse de observar o que Deus havia dito.
– O fato é que, ao lado do materialismo e do ateísmo, estes dois enganos que Satanás tem conseguido impor a muitos seres humanos, fazendo-os desacreditar que exista algo além do material, além do natural, tem havido também outra mentira recorrente, já aplicada ao primeiro casal no Éden:
a falsa espiritualidade, a espiritualidade que parte do homem em busca de Deus ou em concorrência com Deus.
– O diabo não podia, evidentemente, chegar a Eva e dizer que Deus não existia. O primeiro casal desfrutava da comunhão com Deus e toda viração do dia tinha um momento especial com o seu Criador.
Dizer que Deus não existia ou que o mundo se resumia ao que havia no jardim de natural seria uma tolice sem tamanho que a mais astuta das criaturas de Deus não iria cometer.
– Então, sabendo que o primeiro casal tinha exata noção da dimensão espiritual, a antiga serpente urdiu um plano para enganar a mulher, trazendo a promessa de que era possível uma espiritualidade ditada pelo homem, uma espiritualidade independente de Deus e, com esta inverdade, gerou no primeiro casal o mesmo sentimento que ele próprio havia tido tempos antes: o de querer ser igual a Deus, o de ter uma existência independente de Deus.
– Logo o primeiro casal verificou que tudo não passara de uma mentira, de uma ilusão. Embora tivessem tido seus olhos abertos, esta abertura de olhos só lhes trouxe a vergonha e a culpa, o medo e a separação de Deus, e, como consequência, o homem passou a ser escravizado pelo pecado e a ter diversos castigos da parte do Senhor.
– Entretanto, o próprio Deus prometeu a salvação ao homem, dizendo que, da semente da mulher, viria alguém que o livraria do pecado, o libertaria do maligno, restabelecendo a comunhão e a amizade com Deus (Gn.3:15).
– Pois bem, tal promessa foi revelada por Deus em um diálogo precisamente com o diabo que, então, surpreso, viu que não havia saído vencedor no episódio da tentação do primeiro casal, mas que ali apenas se iniciava a execução de um plano para a salvação do homem.
Ao contrário do diabo e de seus anjos, irremediavelmente perdidos, o Senhor salvaria o homem e com ele conviveria para todo o sempre.
– A partir de então, o diabo passou a tentar impedir, de todas as formas, que os homens pudessem crer e tentar se relacionar com Deus por meio desta promessa e da esperança desta “semente da mulher” que viria restaurar a comunhão com o Senhor.
– A mentira satânica é sempre esta: convencer o homem de que ele pode desenvolver uma espiritualidade independente de Deus, ao seu modo ou mediante a ação de outros seres espirituais, mas nunca da maneira estabelecida pelo Senhor.
– Já na primeira geração pós-queda, o diabo conseguiu convencer Caim a adorar a Deus não do modo estabelecido pelo Senhor, mas da sua maneira, consoante o seu entendimento e o resultado foi que Deus não aceitou a oferta de Caim (Gn.4:5) e Caim, não se arrependendo disto, acabou se tornando alguém do maligno (I Jo.3:12).
– Ao mesmo tempo em que enganava os homens com uma proposta materialista, que só levava em conta as coisas desta terra, o inimigo também passou a trazer a ideia de que, caso alguém entendesse que, além do material e do natural, havia uma dimensão espiritual e sobrenatural, esta seria acessível por meio de iniciativas humanas ou por intermediários, precisamente para manter longe do ser humano a única e verdadeira intermediação, que se daria por Deus feito homem na pessoa de Cristo Jesus.
– Assim é que, mesmo tendo o testemunho divino seja por meio da natureza (Rm.1:20), seja por meio da consciência (Rm.2:14,15), quando não glorificam a Deus e creem poder estabelecer um relacionamento com Deus a partir de seus próprios intentos, de si próprio, os homens acabaram por ter a sua mente entenebrecida e são cegados pelo diabo, deixando de ver a luz do evangelho de Cristo (II Co.4:4), passando, então, a criar religiões e práticas espirituais falsas (Rm.1:21-23).
– Foi, por isso, que, na comunidade pós-diluviana, desenvolveu-se a idolatria, com os homens passando a adorar a criatura em vez do Criador, idolatria esta que nada mais é que uma prática em que há, na verdade, a invocação de demônios e a ação de espíritos malignos, a fim de manter o homem ainda mais no erro e no pecado (I Co.10:19-21).
– Nota-se, portanto, que, nesta mentira satânica a respeito de uma espiritualidade independente de Deus, o que há, na verdade, é uma estratégia para que o homem, ao tentar desenvolver uma espiritualidade fora dos parâmetros divinos, ou acabe criando uma religião puramente humana, ou, então, uma religião que será nada mais, nada menos que a invocação do diabo e de seus anjos, uma adoração a Satanás.
– Toda e qualquer espiritualidade que se desenvolva fora de Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5), é falsa e embute, na verdade, uma adoração ao diabo, uma invocação e uma submissão ao inimigo de nossas almas.
Não é à toa, aliás, que a religião mundial a ser instaurada pelo falso profeta na Grande Tribulação tenha como objetivo, precisamente, a adoração a Satanás (Ap.13:4).
– Ao lado da idolatria, também se desenvolveram práticas religiosas vinculadas à feitiçaria e ao esoterismo, a chamada “religião de mistérios”, como o “culto a Ísis” no Egito, os “mistérios de Elêusis”, o orfismo e o pitagorismo na Grécia. Até mesmo entre os israelitas, estas práticas tiveram guarida, dando origem à Cabala.
– Tais movimentos, inclusive, chegaram a perturbar a Igreja, pois o gnosticismo nada mais era que uma manifestação de tais práticas e os gnósticos se tornaram um grande problema para a saúde espiritual da Igreja, ainda nos tempos apostólicos, como nos mostram as cartas tanto de Paulo quanto de João, porquanto o gnosticismo, em virtude de suas crenças, não podia aceitar que Jesus tivesse encarnado como homem, já que, para eles, a matéria era algo mau.
– Tais práticas típicas da Antiguidade continuaram a existir, dando origem a manifestações esotéricas mesmo no Ocidente cristão da Idade Média, tendo sido o berço de movimentos que surgiriam posteriormente como o Rosacrucionismo e a Maçonaria.
– Na “religião de mistérios”, entende-se que a evolução espiritual depende da aquisição de “conhecimentos secretos” (os “mistérios”), que são trazidos por “seres iluminados”. Tal aquisição se faz mediante a observância de práticas e ritos que, normalmente, se fazem em segredo e que exigem um constante aprendizado sobrenatural.
– É interessante notar que este esoterismo se disseminou mesmo entre as ditas religiões monoteístas. No judaísmo, como já dissemos, houve o desenvolvimento da Cabala; no islamismo, uma vertente era fortemente influenciada por tal mentalidade, o sufismo e, por fim, entre os que cristãos se diziam ser proliferaram movimentos como o Rosacrucionismo e, notadamente, a Maçonaria.
– Embora esta iniciativa de uma espiritualidade espúria esteja presente desde os primórdios da história da humanidade, o fato é que, no século XIX, houve uma sistematização desta doutrina, como que uma compilação das mentiras do diabo para que, de modo organizado, pudesse tal pensamento ser divulgado, defendido e alardeado aos quatro cantos da Terra, que veio complementar a sistematização que havia em movimentos como os rosacruzes e os maçons.
– Coube a escritora russa Helena Blavatsky (1831-1891) esta tarefa. Foi ela a fundadora da Sociedade Teosófica, a organização por meio da qual ela passou a divulgar a ideia de se deveria recuperar a religião, que vivia em descrédito por causa do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, mas uma “religião sem preconceitos nem superstições”, uma “religião que defendesse a fraternidade universal”, um conjunto de pensamentos que permitisse “uma visão grandiosa e positiva do universo e do homem”, a que chamou de “teosofia”, que era uma compilação de ideias de diversas religiões.
– Blavatsky envolveu-se com o espiritismo e o ocultismo antes de criar a sua Sociedade Teosófica e, portanto, já bem sabemos qual a influência que teve, até porque algumas de suas obras teriam sido psicografadas, ou seja, escritas mediante a ação de “espíritos”.
– A principal ideia trazida por Blavastky é de que todas as religiões são boas, todas elas conduzem a Deus, todas têm o papel de propiciar o bem-estar do homem. É a ideia que ficou sintetizada na frase: “todos os caminhos levam a Deus”.
– A partir deste pensamento, desenvolveu-se a ideia de que, ao longo da história da humanidade, vão surgindo “mestres” que são “espíritos iluminados”, que levam os homens a uma evolução espiritual. Assim, os grandes líderes religiosos nada mais são que “mestres” que vêm iluminar os seres humanos em sua jornada.
– Tal pensamento tem apenas um propósito: pôr Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo no mesmo patamar de Moisés, Buda, Confúcio, Lao-Tsé, Maomé e quaisquer outros líderes religiosos que venham a surgir.
Inclusive, num patamar até inferior, porque os defensores deste pensamento dizem que está para chegar um novo mestre, a que chamam de “Maytreia”, que irá trazer uma “nova revelação”, “superando” os ensinos de Jesus, que seriam apropriados para a chamada “Era de Peixes” e dando início a um novo tempo, a uma “nova era” na história da humanidade: a “Era de Aquário”.
Já na denominação, aliás, vemos a influência que exerce sobre tal pensamento a astrologia, prática antiquíssima em que se buscava o conhecimento do futuro e que partia de uma divinização dos astros.
– É a história das chamadas “oito colunas da sabedoria”, “a cripta dos grandes filósofos”, a saber: Confúcio, Zoroastro ou Zaratustra, Moisés, Hermes Trismegistus, Platão, Jesus de Nazaré e Maomé. Estando-se a aguardar a “nona coluna”, que é a “Gnose”, a “Estrela”, a “Iluminação” e a “Sabedoria”, que todos sabemos que será o Anticristo, que assim será anunciado pelo Falso Profeta, o líder religioso que irá criar a “religião mundial”.
– A partir da teosofia, pois, passou a se desenvolver uma mentalidade que buscava fugir do materialismo que havia invadido o mundo ocidental, resgatando uma “espiritualidade”, mas que, infelizmente, tinha o mesmo engano satânico do materialismo.
Como contra fatos não há argumentos e o materialismo predominante fez com que o mundo piorasse e não melhorasse, o diabo fez valer, então, a velha arma da falsa espiritualidade, a fim de trazer uma religião deturpada, que levasse à sua adoração e não a adoração a Deus.
– Esta mesma estratégia Satanás utilizou com Elifaz, o mais velho dos amigos de Jó, que construiu todo o seu discurso contra Jó com base na “revelação de um espírito” (Jó 4:15-21) e foi duramente repreendido por Deus por ter adotado os princípios e pensamentos deste espírito (Jó 42:7-9).
– O mundo espiritual é habitado por Deus, pelos anjos e pelo homem. Se não nos voltarmos para Deus, e tal relacionamento somente pode se dar pelo “Caminho, verdade e vida”, que é Jesus Cristo (Jo.14:6), voltar-nos-emos para o diabo e seus anjos, é algo simples e evidente.
– A “espiritualidade holística”, a “espiritualidade integral”, pois “holístico” significa “total” (o grego “hólos” significa todo, daí “holocausto”, que significa todo queimado, o sacrifício que é totalmente queimado) já é uma expressão que demonstra como se tem uma autossuficiência do ser humano, como ele se considera capaz de poder, por si só, alcançar o contato com a divindade, de como se tem uma total subversão dos ensinamentos bíblicos, que mostram ser o homem um ser completamente dependente de Deus e que não pode, de forma alguma, por seus méritos ou forças, chegar ao Senhor.
– A “espiritualidade holística” parte de uma concepção humanista, ou seja, parte do homem, crê que o homem é suficiente para se relacionar com Deus ou com o “sobrenatural”, que tem condições de, por si só, evoluir espiritualmente, desde que atenda a algumas regras e princípios que ele próprio deduz ao analisar o mundo espiritual.
– É a espiritualidade nascida na mentira satânica da independência de Deus e na possibilidade de o homem poder discernir o que é o bem e o que é o mal (Gn.3:5).
– No entanto, a verdade bíblica mostra-nos que o homem, ao pecar, tornou-se escravo do pecado (Jo.8:34), vendido sob o pecado (Rm.7:14), não tendo condição alguma de se chegar a Deus, o que, aliás, é impossível inclusive se pecador não fosse, pois os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos e distintos do que os caminhos e pensamentos do ser humano (Is.55:8,9).
– A propósito, a afirmação do profeta Isaías a respeito dos caminhos e pensamentos de Deus está umbilicalmente relacionada com a questão da conversão do homem, da necessidade que tem ele de se arrepender dos seus pecados, e pecado é um tema que está completamente deixado de lado quando se fala em “espiritualidade holística”.
– O “todo”, a “integralidade” desta espiritualidade não admite a discussão a respeito do pecado, da culpa, da condenação eterna do ser humano.
O homem é visto como alguém que vai evoluir espiritualmente, uns mais, outros menos, uns mais rapidamente, outros mais lentamente.
Afinal de contas, esta espiritualidade trará a “evolução”, a “supremacia do bem”. Há uma completa relativização da maldade, que, muitas vezes, é associada a “preconceitos” e “dogmas religiosos institucionais”.
– Não se discutindo sobre pecado, não há necessidade de se falar em salvação e, muito menos, de um Salvador e temos aqui a principal artimanha de Satanás ao fomentar esta “espiritualidade”:
o homem pensa-se bom e capaz de alcançar a evolução espiritual, sem que, para tanto, precise se arrepender de seus pecados nem tampouco alcançar a salvação mediante um Salvador.
O ser humano é capaz de, sozinho, aperfeiçoar-se espiritualmente, desde que se submeta aos princípios e regras estabelecidos para a “ordem cósmica”, princípios e regras que sobre virão independentemente de sua vontade.
– Esta submissão apenas a princípios e regras da ordem cósmica faz com que Deus não tenha qualquer participação no desenvolvimento espiritual do homem.
Quando muito, admite-se que Deus criou estes princípios, mas é um ser impassível, ausente, que não participa do dia-a-dia espiritual dos seres humanos que, literalmente, sozinhos promovem a sua própria “evolução”, quando muito ajudados por outros seres humanos, “espíritos evoluídos” ou pelos “iluminados”, que são os já mencionados “grandes mestres”.
– Tal pensamento, aliás, é bem presente no hinduísmo, a religião desenvolvida pelos indianos ao longo dos séculos, não sendo, portanto, surpreendente que o movimento “Nova Era” tenha raízes profundas nas concepções filosóficas indianas, tanto que Blavatsky para lá se mudou após ter fundado a Sociedade Teosófica.
– Esta ideia de princípios e regras que geram a ordem cósmica nada mais é que a chamada “lei do karma”, segundo a qual para cada ação, haverá uma reação, ou seja, são as ações dos indivíduos que determinam a sua jornada espiritual.
– Há, portanto, uma total coerência entre os princípios de tal espiritualidade com a mentira satânica contada ao primeiro casal, segundo a qual se poderia ter evolução espiritual independente da ação divina.
– Bem diferente é o que diz a Palavra de Deus. Criado por Deus para conviver com Ele, o homem, dotado de livre-arbítrio, pecou e, ao pecar, ficou impossibilitado de reatar esta necessária convivência com o Senhor, de que depende a sua própria existência e razão de ser.
– Deus, entretanto, já sabendo que o homem iria pecar, providenciou um plano para a sua salvação, fazendo-Se homem e vindo morrer e pagar o preço dos pecados da humanidade, para que, assim, satisfeita a Sua justiça, pudesse perdoar o ser humano e retornar a conviver com Ele.
– O homem, portanto, é apresentado como alguém que não tem condições de se salvar, de obter qualquer
“evolução espiritual” por sua própria conta, dependendo de Deus para que isto ocorra e Deus, que não é um ser impassível ou ausente, mas que é amor, quis salvar o homem e, por isso, Jesus Cristo, que é Deus, morreu por nós e pode nos salvar.
– Destarte, a única espiritualidade possível e real é a que é estabelecida no retorno da comunhão entre Deus e o homem, mediante a fé em Cristo Jesus e em Sua obra expiatória, pois não há outro nome pelo qual devamos ser salvos (At.4:12).
Assim, como já pregava o Senhor Jesus, devemos nos arrepender dos nossos pecados e crer no Evangelho, que é a mensagem de que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e brevemente voltará (Mc.1:15).
II – A SUTILEZA DA ESPIRITUALIDADE HOLÍSTICA
– Entretanto, Satanás tem introduzido entre os que cristãos se dizem ser esta ideia da espiritualidade holística, que, como vimos, é frontalmente contrária à verdade bíblica.
– Assim é que, por exemplo, temos a defesa do “ecumenismo” e do “diálogo interreligioso”, que tem encantado a muitos.
– O “ecumenismo”, particularmente defendido pela Igreja Romana a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), defende a “união de todos os cristãos”, a restauração da união perdida com os cismas ocorridos ao longo da história da Cristandade, seja a separação entre a Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa em 1057, seja a separação ocorrida entre os romanistas e os ditos protestantes com a Reforma Protestante a partir de 1517.
– A partir da ideia de que o corpo de Cristo é um só e que a divisão não tem respaldo no Espírito Santo, passa-se a defender a ideia de que pode haver convivência entre os diversos segmentos cristãos, que deveriam superar as “diferenças secundárias” e todos “seguirem a Cristo”.
– É oportuno observar que a própria ideia do “ecumenismo” surgida no meio da Igreja Romana é fruto de uma teologia fortemente marcada pelo que os católicos denominam de “modernismo”, que nada mais é do que uma adaptação do pensamento cristão à mentalidade surgida com o Iluminismo, que é aquele movimento que defendeu a primazia da razão e que via a religião como um entrave ao desenvolvimento humano, uma atitude “retrógrada e atrasada”.
– Dentro desta mentalidade, é necessário “deixar de lado o que divide” e, neste ponto, o que temos é nada mais, nada menos que a tolerância com o pecado, a acomodação a práticas que não estão de acordo com a verdade bíblica. É a adoção do princípio de que “todas as religiões são boas”, “todas levam a Deus”.
– Bem ensina o pastor e teólogo Ciro Sanches Zibordi “…A palavra ‘ecumênico’ deriva do grego oikoumenikós, que significa ‘aberto para o mundo inteiro’.
O evangelho ecumênico tem como objetivo fazer com que os crentes em Jesus deixem de pregar o evangelho completo às pessoas do mundo, para que elas os vejam de maneira simpática, sem preconceitos ou perseguições. Para isso, o crente em Jesus deve abrir mão da pregação contra o pecado, priorizando a imparcialidade em detrimento da verdade.…” (Evangelhos que Paulo jamais pregaria. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.84).
– Muitos estudiosos, inclusive, dizem que a ideia do “ecumenismo” e a introdução do “modernismo” dentro da Igreja Romana é resultado direto da infiltração maçônica naquela instituição, pois a Maçonaria defende abertamente a validade de todos os credos religiosos, a que denominam de “princípio da tolerância religiosa”.
– É interessante observar, aliás, que o Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João XXIII (que seria maçom, segundo muitos – v.g., https://www.igrejacatolica.org/as-heresias-de-joao-xxiii/ ), e, ao convocar o Concílio, aquele líder católico teria dito que o objetivo daquela reunião seria o “aggiornamento”, ou seja, a “atualização”, a “modernização” da Igreja Romana.
– Esta ideia “ecumenista” contagiou muitos segmentos ditos protestantes, em especial, os anglicanos e luteranos, mas que também têm encantado muitas lideranças, tendo havido até pentecostais que participaram, por exemplo, recentemente do Sínodo sobre a Amazônia no Vaticano.
– Ainda que não seja a maioria das lideranças ou da membresia das igrejas ditas evangélicas que têm participado ativamente de movimentos ecumênicos, a “prática ecumênica” tem sido uma constante nos últimos tempos.
Há como que uma mentalidade de não mencionar os erros doutrinários de outros segmentos religiosos, em nome de uma “tolerância religiosa”, o que acaba redundando até mesmo numa pregação que deixa de lado a questão do pecado, que é o objetivo último de tal evangelho, como nos ensina o pastor Ciro Sanches Zibordi.
– Ora, que é o que prega a “espiritualidade holística”? Precisamente a existência de uma espiritualidade que não aborda a questão do pecado, que não leva em conta este fator, que é essencial, a própria razão de ser de toda a obra salvífica de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
– Mas, ao lado do “ecumenismo”, que é voltado aos cristãos, a Igreja Romana também começou a propagar o “diálogo interreligioso”, buscando aproximar-se dos demais credos religiosos, notadamente com as demais “religiões monoteístas”, o judaísmo e o islamismo, mas que cedo avançou para o budismo e o humanismo.
Este procedimento teve um ponto de relevância em 1998, quando o Papa João Paulo II realizou um encontro interreligioso pela paz em Assis, na Itália.
– O atual líder da Igreja Romana, Francisco, tem investido muito tanto no ecumenismo quanto no diálogo interreligioso, tendo sido coautor do “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, juntamente com o grão-imame da Universidade e Mesquita de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinado em 2019, onde se defende a ideia da “fraternidade universal” e da “convivência comum de todas as religões”, precisamente o que é defendido pelo movimento “Nova Era”, ou seja, a adoção explícita da “espiritualidade holística”.
– É oportuno vermos como o diabo é ardiloso. Toda a ideia da “fraternidade universal” e da “convivência comum das religiões” usa como mote a “intolerância religiosa”, que teria motivado “dezenas e dezenas de guerras”, “violência” e “sofrimento”.
– Não resta dúvida que, ao longo da história da humanidade, muitas guerras foram motivadas por divergências religiosas e que é inadmissível que uma religião, que busca precisamente a religação com Deus, defenda a violência, a morte e o sofrimento de outros seres humanos.
– No entanto, não podemos confundir “tolerância religiosa”, que é a atitude de se respeitar a opção religiosa de todo e qualquer ser humano, o que, aliás, é uma atitude de quem realmente serve a Deus, pois Deus deu ao homem o livre-arbítrio, dando-lhe, pois, o direito de optar entre servir a Deus ou não (e, se Deus, que é o Senhor de todas as coisas – Sl.24:1 – permite e admite a escolha em não servi-l’O, quem somos nós para impedir isto a alguém?) com “comunhão religiosa”, que é a aceitação e o compartilhamento com as crenças falsas, com os erros doutrinários.
– Uma das características da “espiritualidade holística”, do movimento “Nova Era” é o inclusivismo.
“…O movimento Nova Era, também conhecido por Era Aquariana, é uma filosofia que absorve todas as religiões. É tão inclusivista quanto o hinduísmo…” (SILVA, Esequias Soares da. Lições Bíblicas, 2. Trim. 1997. Seitas e heresias: se alguém vos anunciar outro evangelho seja anátema. Mestre, p.42).
– Este inclusivismo é completamente avesso ao que ensina a Palavra de Deus. Jesus disse ser O Caminho, a Verdade e a Vida (Jo.14:6). A pregação do Evangelho mostra-nos que só há um nome pelo qual devamos ser salvos, que é o nome de Jesus (At.4:12).
– A propósito, quando o Senhor revela o mistério da Igreja, estava Ele em Cesareia de Filipe, que era uma cidade localizada na Galileia, onde havia templos de deuses pagãos, uma espécie de “enclave idólatra” no território de Israel, onde, inclusive, havia templos em honra de Augusto e de Tibério, os dois primeiros imperadores romanos.
É ali que Jesus é revelado a Pedro pelo Pai como o Cristo, o Filho do Deus vivo e é ali que Jesus diz que edificaria a Sua Igreja (Mt.16:13-18), a indicar que só Ele salva, só Ele é o meio de acesso a Deus.
– Deste modo, se se admite a “tolerância religiosa”, ou seja, a liberdade de as pessoas expressarem o culto e terem a religião que bem quiserem, pois Deus dotou a todos de livre-arbítrio, não se pode, porém, admitir como “verdadeiras” as religiões que não a única religião, estabelecida pelo Senhor Jesus, nem admitir que estejam certos os que professam qualquer outra fé que não a cristã.
– Lamentavelmente, já não são poucos os que, iludidos por esta “espiritualidade holística” e acabam entendendo que é possível a salvação mesmo daqueles que não professam a fé cristã, mas que “são pessoas de bem”, “são religiosas com boas intenções” etc. etc. etc.
– Também não são poucos os que estão se deixando influenciar pelas ideias promovidas por esta “espiritualidade holística”, como, por exemplo, o ambientalismo radical que, inclusive, tem levado muitos a adotar a ideia da “mãe Terra” e a desconsiderar a própria superioridade do ser humano frente à natureza.
Esta “ecoteologia” tem levado muitos que cristãos se dizem ser a defender ideias e movimentos que se contrapõem cabalmente à Palavra de Deus. O atual chefe da Igreja Romana, inclusive, tem sido um grande defensor desta linha de pensamento.
– As doutrinas de demônios estão levando muitos a apostatarem da fé (I Tm.4:1). Tomemos, pois, muito cuidado, irmãos, para não sermos também enganados e passarmos, em vez de sermos dirigidos pelo Espírito Santo, sermos dirigidos pelo “espírito do anticristo”.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7878-licao-12-a-sutileza-da-espiritualidade-holistica-i