LIÇÃO Nº 13 – A BATALHA ESPIRITUAL E AS ARMAS DO CRENTE

INTRODUÇÃO

– Concluindo o estudo da carta de Paulo aos efésios, estudaremos o trecho de Ef.6:10-24, que inclui a análise da batalha espiritual e a conclusão da epístola.

– A Igreja está em contínua batalha contra as hostes espirituais da maldade.

I – O FORTALECIMENTO ESPIRITUAL 

– Estamos terminando o trimestre e, na última lição, analisaremos o trecho de Ef.6:10-24, que envolve a análise da batalha espiritual e a conclusão da epístola.

– Depois de nos ter falado sobre o comportamento do cristão na família e no trabalho, o apóstolo fala da realidade da batalha espiritual, ou seja, de que a Igreja, embora esteja desfrutando das bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, ainda está na Terra (pelo menos a igreja atuante ou militante) e, enquanto tal, tem de enfrentar uma luta espiritual contra as hostes da maldade.

– É interessante verificar como Paulo não descuida do aspecto espiritual da salvação e da natureza espiritual da Igreja, algo que tem sido negligenciado nestes dias em que vigora o materialismo, inclusive entre os que cristãos se dizem ser.

– Assim, ao iniciar sua carta dizendo das bênçãos espirituais que são as garantidas na salvação (Ef.1:3), bênçãos que antecedem à própria criação do Universo físico, sem se falar que a salvação tem por propósito reunir em Cristo todas as coisas, tanto os céus quanto a terra (Ef.1:10).

– Paulo também mostrou que Cristo, vitorioso, pôs-se à direito nos céus (Ef.1:20) e que o mistério de Cristo se revela pelo Espírito (Ef.3:5), sendo que a igreja revela a multiforme sabedoria de Deus aos principados e potestades nos céus (Ef.3:10), como também o próprio ministério de Cristo na eternidade, fazendo com que a Igreja atuante fosse levada ao Paraíso (Ef.4:9,10).

– Agora, o apóstolo mostra que a Igreja tem uma batalha contra as hostes espirituais da maldade, repetindo, aliás, o que o próprio Senhor Jesus disse quando da própria revelação do mistério da Igreja, ao dizer que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt.16:18).

– O apóstolo inicia esta análise, dizendo que, “no demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder” (Ef.6:10).

– De pronto, vemos aqui uma importante lembrança que nos faz o apóstolo. A vida cristã não tem sentido algum se não tiver como base, como fundamento, como alicerce o Senhor.

É nele que podemos nos fortalecer. O próprio apóstolo já havia dito que a salvação era proveniente da graça e que não vinha de nós mesmos (Ef.2:8).

– Não podemos, de modo algum, encontrar fortalecimento em nossa vida espiritual se não for no Senhor e é bem por isso que todos os meios de santificação, que promovem o nosso crescimento,

nada mais são que ações que nos aproximam do Senhor, que nos levam a buscá-l’O, como é a meditação nas Escrituras, a oração, que pode ser reforçada pelo jejum, o temor a Deus e a participação digna na ceia do Senhor.

– A meditação nas Escrituras e a oração são diálogos que mantemos com o Senhor, através dos quais passamos a conhecer a Sua voz, a ter cada vez maior intimidade com Ele, sabendo a Sua vontade e, assim, tendo amplas condições de agradá-l’O.

É um processo que nos leva a renunciarmos a nós mesmos e isto nos torna discípulos de Cristo (Lc.14:33), formando a almejada unidade entre nós e Ele (Jo.17:21).

– O temor a Deus nada mais é que o reconhecimento da soberania divina, a voluntária decisão de levar em conta a vontade de Deus em todas as nossas decisões e ações,

uma consideração singular do Senhor em nossas vidas, passando Ele a ocupar o lugar de proeminência. Tal circunstância, igualmente, aproxima-nos do Senhor, pois sempre o temos como centro de nossas vidas.

– A participação digna na ceia do Senhor é a declaração de que estamos em comunhão com o Senhor e com a Sua Igreja, é uma solene demonstração de que estamos diante de Cristo cumprindo o seu mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou e de estarmos, assim,

em plenas condições de adentrar aos portões celestiais quando Ele vier, vinda que é anunciada na ceia. É a celebração da unidade de Cristo com o Seu corpo.

– Temos de nos fortalecer no Senhor e, para tanto, temos de nos aproximar a cada dia d’Ele, pois, como diz Asafe, bom é nos aproximarmos de Deus (Sl.73:28) e, quando nos distanciamos d’Ele, diz este mesmo salmista, estamos nos arriscando a nos destruir espiritualmente (Sl.73:27).

– Quando nos aproximamos de Deus, alcançamos fortalecimento. Muitos se queixam, em nossos dias, da fragilidade espiritual de muitos que cristãos se dizem ser,

de como tem havido muitos fracassos nesta batalha contra as hostes espirituais da maldade e tudo isto nada mais é que decorrência da falta de fortalecimento no Senhor.

Estamos, muitas vezes, adotando evangelhos que põem o homem no centro, esquecendo-nos de que somente poderemos ter alguma chance de vitória na batalha espiritual se nos fortalecermos no Senhor.

– Uma das armadilhas lançadas pelo inimigo nesta guerra é, precisamente, o chamado “antropocentrismo”, ou seja, a colocação do homem no centro das preocupações e das atitudes de cada ser humano.

Tudo tem sido feito segundo a lógica humana e para agradar aos homens e, quando enveredamos por este caminho, estaremos fadados ao fracasso, pois quem buscar agradar aos homens não pode agradar a Deus (Gl.1:10).

– O Pacto de Lausanne, que foi um documento que muito bem retratou a batalha espiritual, já dizia que esta colocação do homem no centro é uma terrível arma satânica, “in verbis”:

“…percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. …” (item 12).

– Paulo bem mostra a limitação do homem e a impossibilidade de nos firmarmos nele para termos alguma salvação, ao afirmar peremptoriamente:

“sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso” (Rm.3:4).

Davi já afirmara que “os homens de classe baixa são vaidade e os homens de ordem elevada são mentira, pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade” (Sl.62:9).

– Como podemos, então, pôr o homem no centro de nossas atenções e procurar construir uma vida espiritual estribada num ser que “é mais leve do que a vaidade”?

Além do mais, lembremos que nenhuma batalha, nenhuma guerra pode ser vencida se não estivermos devidamente armados e tivermos mais força do que o adversário,

como deixou o Senhor Jesus bem claro ao falar que um rei que sabe que seu inimigo é mais poderoso, em vez de fazer guerra, prudentemente busca a paz (Lc.14:31,32).

– No entanto, esta hipótese da trégua, da busca da paz inexiste na batalha espiritual, pois o diabo, cujo interior é de violência (Ez.28:16),

é irrecuperável e mentiroso, o pai da mentira, homicida desde o princípio (Jo.8:44) e, deste modo, jamais aceita poupar o ser humano da destruição que lhe deseja.

– Ora, o homem é inferior a Satanás (Sl.8:5), pois os seres humanos foram feitos pouco menores do que os anjos e o diabo tem o poder de enganar o homem (Ap.12:9; 20:8,10), de sorte que,

se formos tentar nos fortalecer espiritualmente buscando agradar ao homem, estaremos à mercê do inimigo, com força menor e, como a alternativa da paz inexiste, seremos fragorosamente derrotados na batalha espiritual.

– Por isso mesmo, o apóstolo João foi claro ao afirmar que maior é o que está conosco do que o que está no mundo (I Jo.4:4), a nos mostrar que o segredo de nossa vitória sobre as hostes espirituais da maldade é o fato de sermos morada de Deus no Espírito (Ef.2:22), de sermos morada do Pai e do Filho (Jo.14:23) e templo do Espírito Santo (I Co.6:19).

Só Deus é superior aos anjos e, portanto, sem nos fortalecermos no Senhor, estaremos a assinar nossa sentença de morte espiritual nesta batalha.

– A expressão “fortalecei-vos” está na voz passiva no texto grego, a demonstrar, portanto, que o agente do fortalecimento não é o salvo, mas o próprio Senhor que transmite esta força, este poder àqueles que O buscam, àqueles que reconhecem a sua própria pequenez.

Por isso mesmo, o apóstolo, ao falar deste fortalecimento, utiliza-se da expressão “força do Seu poder”, que é uma repetição da ideia de fortalecimento que demonstra que o poderio, a força e o domínio estão com o Senhor e não com os Seus servos.

– Isto já basta para verificarmos quão equivocados são os ensinamentos da “teologia da batalha espiritual” que reforçam o papel humano nesta guerra contra as hostes espirituais da maldade, criando mecanismos, subterfúgios pelos quais o homem poderia superar os demônios.

Nada mais falso! Dependemos inteiramente do Senhor e da “força do Seu poder”.

– Por isso mesmo, o apóstolo, então, mostra a necessidade que temos de nos revestir da armadura de Deus. É Deus quem nos fornece as armas e sem elas nossa luta será inútil.

Assim como o soldado romano, embora pertencesse a uma força invencível no seu tempo, nada poderia contra o inimigo se não estivesse devidamente armado, também nós nada conseguiremos em nosso embate contra as hostes espirituais da maldade se não estivermos revestidos da armadura de Deus.

Note que o texto fala de “revestimento”, a nos ensinar, portanto, que, antes de mais nada, temos de estar vestidos e estas vestes outras não são senão as vestes de salvação (Is.61:10), de justiça dos santos (Ap.19:8).

I – A NECESSIDADE DA ARMADURA DE DEUS

– Se a luta é espiritual, faz-se mister que nos utilizemos de armas espirituais, pois o material, o terreno é inferior ao celestial, ao espiritual. Aliás, na lição anterior, vimos como o apóstolo Paulo, na segunda carta aos coríntios, fez menção que, em seu ministério, sempre fez uso de “armas poderosas em Deus”, “não carnais”, pois só elas são capazes de “destruir as fortalezas”.

– Esta realidade espiritual nunca pode ser menosprezada pelos servos de Jesus, máxime em dias como os nossos em que há uma secularização acentuada, ou seja, em que a mentalidade humana é levada a crer apenas naquilo que pode tocar, naquilo que pode ver, em que há uma crença na razão e na técnica, com a total desconsideração do que é sobrenatural.

Não são poucos, aliás, que veem no “sobrenatural” apenas “superstições”, “atrasos” e coisas que tais.

– Verdade é que esta crença cega na razão, na ciência e nas coisas terrenas, que teve seu apogeu nos séculos XIX e XX, ficou sensivelmente abalada com os resultados catastróficos que produziu, porquanto,

em nome deste racionalismo exacerbado, o mundo foi levado a dois conflitos mundiais, como também a uma polarização entre superpotências que colocou em risco a própria sobrevivência da humanidade,

pois se chegou a termos a possibilidade de o planeta ser totalmente destruído pois o armamento existente na chamada “Guerra Fria” era capaz de destruir a Terra, segundo alguns, 14 vezes (como se uma não fosse o bastante…).

– Assim, a felicidade, a harmonia e a instalação de um verdadeiro paraíso terrestre prometidos por aqueles que desprezavam a existência de um mundo espiritual, que entendiam ser existente e real apenas o que se tem nesta vida terrena, mostraram ser quimeras,

ilusões sem qualquer base, o que fez com que, ainda que modo paulatino, novamente se procurasse buscar o que está além da matéria, retomando a humanidade uma busca do eterno, do intangível,

com um reforço da religiosidade, algo que já se começa a sentir mais fortemente no Ocidente, que foi mais afetado por esta onde secularista.

– Este retorno à religiosidade e à espiritualidade, que se verifica nos últimos cinquenta anos, entretanto, é, no mais das vezes,

um simples “tatear”, como mencionou o apóstolo Paulo no Areópago de Atenas, o círculo intelectual mais elevado de seu tempo, em que os homens tentam buscar ao Senhor,

tentando encontrá-l’O (At.17:27), numa luta vã, visto que estão com seus entendimentos cegados para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4).

– O diabo, sabedor da tragédia causada pela crença na razão, imediatamente procurou iludir a humanidade, trazendo conceitos totalmente equivocados a respeito da espiritualidade,

levando os homens a uma falsa religiosidade, a um esoterismo e, mesmo, ao próprio culto a si mesmo, buscando, de todas as maneiras, afastar as pessoas de Cristo, ação esta que o apóstolo João chamou de “espírito do anticristo” (I Jo.4:1-3) e Paulo, de “mistério da injustiça” (II Ts.2:7).

– Mas não basta que tenhamos consciência, consciência advinda de nossa salvação em Cristo Jesus, de que estamos diante de uma luta espiritual e que não podemos confundir como inimigos “a carne e o sangue”.

– Cientes de que nosso inimigo são os espíritos malignos que, por definição, são superiores e mais poderosos que nós, já que fomos feitos pouco menores do que os anjos oSl.8:5), mister se faz que tomemos a “armadura de Deus”, sem o que não poderemos resistir no dia mau (Ef.6:12).

– Paulo, ao fazer a alusão à armadura de Deus, tinha em mente o soldado romano, pois a armadura por ele mencionada é uma analogia com a indumentária que era utilizada pelo exército de Roma.

– Nos dias do apóstolo, Roma dominava o mundo conhecido de então sem qualquer questionamento.

Não havia potência ou nação que pudesse sequer ombrear com os romanos. Estávamos na época que passou a ser conhecida como “pax romana”,

“…o longo período de relativa paz, gerada pelas armas e pelo autoritarismo, experimentado pelo Império Romano que iniciou-se quando Augusto, em 28 a.C., declarou o fim das guerras civis e durou até o ano da morte do imperador Marco Aurélio, em 180 d.C..…” (Pax Romana. In: WIKIPEDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pax_Romana Acesso em 16 nov. 2018).

– Entretanto, embora Roma estivesse em pleno domínio, não poderia só com o seu “nome”, com sua “história”, garantir e manter esta supremacia.

Era preciso que tivesse um exército forte e bem equipado e, por ter o mais poderoso exército é que o Império Romano possuía aquela posição hegemônica.

– O apóstolo, então, sabendo que também está garantida a vitória ao salvo, pois o Senhor Jesus, assim que revelou o mistério da Igreja, afirmou que “as portas do inferno não prevaleceriam contra ela” (Mt.16:18),

teve em mente a figura do soldado romano, pois, ainda que Roma fosse invencível, necessário era que o soldado estivesse armado para repelir qualquer investida que o inimigo viesse a dar, ainda que tal inimigo seria inevitavelmente derrotado.

– Como o homem condição alguma tem de se salvar ou ter algum êxito espiritual utilizando-se de suas parcas forças próprias; como o homem é inferior ao diabo e, portanto,

condição alguma tem de vencê-lo na batalha, é absolutamente necessário que seja fortalecido por Deus, e isto o apóstolo disse em Ef.6:10 e tal fortalecimento se dá, inclusive, pelo fornecimento de armas adequadas e apropriadas para o embate com as hostes espirituais da maldade, que é a referida “armadura de Deus”.

– O apóstolo começa dizendo que precisamos nos “revestir” da armadura de Deus, ou seja, a armadura é apenas algo que se põe acima das vestes do cristão. E que vestes são estas? São as vestes da salvação e da justiça.

– O profeta Isaías diz que somos vestidos de vestes de salvação (Is.61:10). Com efeito, no pecado, estamos nus espiritualmente.

Lembremos que a nudez foi a primeira sensação sentida pelo primeiro casal após a queda.

Ali não se tratou apenas de percepção de que não tinham roupas para cobrir o seu corpo, mas, muito mais do que isto, de que haviam perdido a comunhão com Deus, haviam deixado de ser justos.

– Tanto assim é que o apóstolo fala desta circunstância em II Co.5:1-3,  quando menciona que o salvo anela ser revestido do céu, não atentando para as coisas desta vida, mas que este revestimento,

que nada mais é senão a glorificação, somente será possível se “não formos achados nus”, a demonstrar aqui que existe, por parte do homem sem salvação, uma “nudez espiritual”.

– Estas vestes de salvação são, também, vestes de justiça. A Igreja vitoriosa estará trajada com vestes de linho quando das bodas do Cordeiro e estas vestes representam as justiças dos santos (Ap.19:8).

– Quando alcançamos a salvação, somos vestidos de vestes de salvação e de justiça e somente os que possuem tais vestes serão dignos de estar para sempre com o Senhor (Ap.3:4,5).

– Pois bem, estando já vestidos de vestes de salvação e de justiça, enquanto estamos nesta peregrinação terrena, temos de nos revestir da armadura de Deus, pois, sem ela, não poderemos enfrentar o inimigo.

Ser salvo é indispensável para poder ser soldado, mas não basta que o soldado esteja alistado, é preciso que esteja devidamente armado.

– Se não estivermos devidamente armados, não poderemos resistir no dia mau nem fazer o que for necessário para ficarmos firmes (Ef.6:13).

Esta armadura é necessária para que resistamos ao diabo e seus anjos e para que façamos o que for necessário na batalha espiritual para manter a nossa firmeza.

II – A ARMADURA DE DEUS

– A primeira providência que o apóstolo diz que o salvo deve ter na batalha espiritual é a firmeza.

Diz ele:

“Estai, pois, firmes” (Ef.6:14). A armadura de Deus não dá firmeza, mas tão somente a mantém.

Quem está devidamente armado na guerra contra o mal “fica firme”, ou seja, “continua firme”, mas a firmeza não é dada pela armadura, é apenas mantida por ela.

 

– A palavra grega empregada é “histemi” (ίστημι), cujo significado é de “permanecer, ficar parado, reter”.

“Estar firmes”, portanto, é permanecer na posição de salvo, é continuar servindo a Cristo, continuar a seguil’O, seguir a jornada pelo “caminho apertado”, após ter passado pela “porta estreita” (Mt.7:13,14).

Para “permanecer”, mister que se permaneça na Palavra, pois só assim seremos realmente discípulos de Cristo (Jo.8:31,32).

– Estar firme, assim, é observar a doutrina, obedecer e praticar tudo quanto for ensinado e que se encontra nas Escrituras, pois, se assim não fizermos,

condição alguma teremos de empreender qualquer guerra contra as potestades do mal. Por isso é dito que precisamos “estar firmes e reter as tradições que foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola” (II Ts.2:15).

OBS: Devemos observar que o que o apóstolo fala aqui de “tradições” são os ensinos dados oralmente pelo apóstolo, “a doutrina” mencionada em At.2:42, já que, àquela altura, ainda não havia o Novo Testamento (as duas cartas aos tessalonicenses são os livros mais antigos do Novo Testamento).

Não se trata, portanto, de considerar que a firmeza espiritual dependa de “tradições”, que são existentes em todos grupos sociais, inclusive as igrejas locais, mas que jamais podem invalidar a Palavra de Deus, como Jesus deixa bem claro em Mt.15:3,6.

– Estar firme é não mover a esperança do evangelho que se recebeu (Cl.1:23), mantendo a crença na Palavra recebida e que nos trouxe a fé salvadora.

Esta fé deve desenvolver em nós uma fé, uma confiança em Deus, de tal modo que não nos deixamos persuadir por quaisquer discursos que tentem desmentir ou de alguma forma distorcer tudo quanto foi falado pelo Senhor Jesus e que nos é lembrado e ensinado pelo Espírito Santo (Jo.14:26; 16:14,15).

Por isso, é dito que precisamos estar “firmes na fé” (I Co.16:13; I Pe.5:9), “na confissão da nossa esperança” (Hb.10:23).

– Estar firme é ter a consciência de que nada merecemos e que a nossa salvação é pela graça, motivo pelo qual devemos sempre estar debaixo dela, pedindo, inclusive, maior graça nos instantes em que somos atingidos pelas circunstâncias adversas da vida (Tg.4:5,6),

mantendo a mansidão e humildade de coração que aprendemos com o Senhor Jesus (Mt.11:29).

Por isso, é dito que precisamos “estar firmes na graça” (Rm.5:2; I Pe.5:12).

 

– Estar firme é ter a Cristo Jesus como centro de nossas vidas, como nosso alvo, como nosso Senhor, seguindo a Sua direção e orientação e procurando imitá-l’O cada vez mais,

por ser Ele o nosso exemplo (I Co.11:1; I Pe.2:21. Hb.12:1,2). Por isso, é dito que devemos estar firmes no Senhor (I Ts.3:8; Fp.4:1) como também na Sua vontade (Cl.4:12).

– Estar firme é nos manter em santidade, não voltando a uma vida de pecado, para garantirmos a liberdade que obtivemos com a nossa salvação.

Por isso, é dito que precisamos “estar firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não tornei a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl.5:1).

– Assim, se o salvo estiver devidamente vestido de salvação e de justiça, não sendo achado nu e, mais do que isto, estiver firme, tem condições de revestido da armadura de Deus, cujos componentes são, então, descritos pelo apóstolo Paulo.

– O primeiro componente é o cinto ou cinturão da verdade (Ef.6:13). O apóstolo diz que o salvo precisa cingir os seus lombos com a verdade.

“…Na armadura do soldado romano, é o cinto que dá sustentação a todos os componentes da armadura.…” (SANTOS, Flávio. Acerca da batalha espiritual: a armadura de Deus. 17 maio 2016 Disponível em: http://www.apenasevangelho.com.br/2012/07/acerca-dabatalha-espiritual-armadura.html Acesso em 16 nov. 2018).

 

– Por isso, começa o apóstolo falando do cinturão que, aos olhos menos avisados, não seria um componente prioritário ou tão importante assim.

Na ilustração acima, vemos que é o cinto que mantém unidas as peças da armadura e, nesta junção, permite que o soldado tenha a necessária liberdade para se movimentar em meio `^a batalha, o que é essencial numa luta corporal como era a guerra daqueles dias.

– A verdade, sabemos todos, é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e já vimos há pouco que um dos requisitos para se ter firmeza espiritual, que é pressuposto para se ser armado para a batalha espiritual, é a permanência na Palavra, que é a verdade.

– É a Palavra de Deus que nos permite movimentação exitosa diante das astutas ciladas do diabo, que nos permite desviar do mal e não cair nas trevas.

O Senhor Jesus mesmo disse que vem para a luz tão somente aqueles que praticam a verdade, pois suas obras são manifestas em Deus (Jo.3:21).

– Quando o cristão pratica a verdade, vive uma vida em verdade, naturalmente afugenta o diabo, que é o pai da mentira (Jo.8:44).

Ademais, a verdade é a Palavra de Deus(Jo.17:17) e, portanto, quando adotamos a verdade como critério de nossas vidas, estaremos nos utilizando das Escrituras e, por conseguinte, afugentando o adversário.

– A verdade traz liberdade (Jo.8:32) e o cinturão da verdade permite que livremente atuemos em meio às investidas do nosso adversário, sem qualquer condição de por ele sermos aprisionados ou detidos.

– Se, no entanto, descuidarmos da verdade, toda nossa armadura se desconjuntará e não teremos condição alguma de prosseguirmos na peleja.

Uma das grandes armas do inimigo tem sido levar o cristão a ter uma vida de hipocrisia, a deixar uma vida espiritual e trocá-la por uma mera religiosidade, passando, assim,

a ser um cego espiritual, um simples homem natural, como eram os fariseus nos dias de Jesus (Jo.9:41), filhos do inferno que geram outros filhos do inferno (Mt.23:15). Que Deus nos guarde!

 

– O segundo componente da armadura de Deus é a couraça da justiça (Ef.6:14).

“…Na armadura do soldado, havia uma couraça grossa que o protegia no combate corpo-a-corpo. …(SANTOS, Flávio. end.cit.) . Já vimos que, ao ser salvo, o homem é vestido de vestes de justiça.

O cristão é justificado pela fé e passa a ter paz com Deus. O pecado é iniquidade (I Jo.3:4) e uma vida de justiça é uma vida de equidade (Fp.4:5), fruto de uma vida de comunhão com Deus.

Por isso, o salvo é cheio de fruto de justiça, que é por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp.1:1).

– O Senhor conhece o caminho dos justos (Sl.1:6) e a prática da justiça, que é o contrário da prática da iniquidade, faz-nos livres do poder do mal e nos permitirá entrar no reino de Deus (Mt.5:20). A iniquidade, isto é, a injustiça é algo próprio e peculiar ao diabo (Ez.28:15,18).

– A justificação é a imputação da justiça de Cristo a nós e, portanto, somos vistos por Deus através de Cristo, de modo que temos “ficha limpa” diante do Senhor.

Nossos pecados, cometidos antes de nossa salvação, nunca mais são lembrados pelo Senhor (Jr.31:34; Mq.7:19; Hb.8:12; 10:17).

De igual maneira, os pecados cometidos após a nossa salvação, se confessados e deixados, são igualmente esquecidos, porquanto o sangue de Jesus deles nos purifica (I Jo..1:7-2:2).

– “…A couraça serve para proteger o coração. Em Jesus fomos justificados; agora estamos do lado da justiça. Um coração protegido pela couraça da justiça também não se deixará corromper pelo pecado (Tg.1:27).

Para vestir a couraça da justiça é preciso lembrar que Jesus nos justificou. Devemos tentar sempre fazer o que é justo e certo, rejeitando a corrupção e o egoísmo e, quando pecamos, devemos pedir perdão.…” (RESPOSTAS bíblicas. Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-e-aarmadura-de-deus/ Acesso em 16 nov. 2019).

– O coração é o homem interior, a nossa alma e o nosso espírito. O coração deve ser guardado. Como diz Salomão:

“…Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv.4:23).

Deus não despreza um coração quebrantado, um coração contrito (Sl.51:17), de modo que se impõe que sempre estejamos prontos a pedir perdão pelos pecados cometidos, confessando-os e os deixando.

– Estamos, assim, protegidos contra o embate direto que o inimigo de nossas almas fará contra nós, pois, em sendo acusados por ele, o sangue de Cristo está pronto para nos purificar e, assim,

ficamos mais alvos do que a neve. Tal se dará até entrarmos na cidade celeste, pois ali entrarão todos os que tiverem suas vestiduras lavadas no sangue do Cordeiro (Ap.22:14).

– Por isso, não tem fundamento algum a doutrina criada pela “teologia da batalha espiritual”, de que, quando pecamos, damos “legalidade” ao diabo, que, assim, pode nos dominar.

Isto simplesmente não é verdade, já que, como salvos, estamos, sim, sujeitos a pecar, não a viver pecando.

O pecado na vida do salvo é um acidente e, quando pecamos, não estando envolvidos com o pecado, de imediato, sentimos o deslize e confessamos o nosso pecado, deixando-o, alcançando, assim, misericórdia (Pv.28:13).

– Esta falsa “doutrina da legalidade” é cabalmente desmentida no episódio narrado pelo profeta Zacarias que teve a visão da acusação satânica contra o sumo sacerdote Josué, um dos baluartes usados por Deus na reconstrução do templo de Jerusalém.

Acusado por Satanás de estar com as suas vestes manchadas, o que fez o Senhor? Deu “legalidade” a Satanás? Deixou Satanás atuar contra o sumo sacerdote? Não, não e não!

Mandou que as vestes de Josué fossem trocadas, ou seja, como o pontífice se arrependeu de seus pecados, alcançou misericórdia, sem que o diabo nada tenha podido fazer senão acusar (Zc.3).

E isto no tempo da lei, que dirá agora, que vivemos a época da graça?

 

– Em Ap.12:10,11, temos outra evidência do valor que tem a couraça da justiça. Ali é dito que, no dia do arrebatamento da Igreja, quando formos glorificados, haverá alegria por parte dos salvos, porque terá se consumado a sua salvação e o diabo, que os acusava dia e noite diante de Deus, será derribado na Terra.

Mas o que nos chama a atenção aqui é que o texto diz que o diabo acusava “os nossos irmãos”, ou seja, a acusação satânica nunca teve o condão de impedir que os salvos continuassem sendo “irmãos de Jesus”, continuassem a ter o Senhor Jesus como seu primogênito (Rm.8:29; Hb.2:11).

– O sangue de Jesus purifica-nos de todo pecado, põe-nos em comunhão com o Senhor, porque a remissão vem do derramamento deste sangue inocente (Hb.9:22) e, portanto, por ele, ficamos mais alvos do que a neve (Is.1:18), sem condições de sermos atingidos pelas acusações do adversário.

– Entretanto, devemos tomar muito cuidado para que os “dardos inflamados do inimigo” não nos venham atingir e seja “perfurada” a nossa couraça.

Tais dardos, como veremos infra, são dúvidas quanto à veracidade da Palavra, quanto à fidelidade divina e, se formos lançados no campo da dúvida, podemos dar início a uma vida pecaminosa que nos levará a um progressivo e perigoso afastamento da presença de Deus,

a ponto de nos tornar novamente presas do pecado, de voltarmos a ser dominados por ele.

– Se nos esvaziarmos de Deus, se permitirmos que uma prática pecaminosa venha novamente a nos dominar, ficaremos na situação daquele que tinha a casa varrida e adornada, mas que, por estar vazia, passa a ser ocupada por espíritos malignos piores do que os que eram anteriormente ocupantes dela (Lc.11:24-26),

pois sabidamente voltar a se envolver com o pecado deixa a pessoa numa situação espiritual pior de que quando era incrédula (II Pe.2:20-22).

 

– Vivemos dias de apostasia espiritual e precisamos tomar muito cuidado, pois quem se alonga de Deus perecerá, será destruído pela sua insensatez (Sl.73:27). Tomemos cuidado!

– O terceiro componente da armadura de Deus é a preparação do evangelho da paz, no qual devem estar calçados os nossos pés (Ef.6:15).

“…Na armadura romana, os pés dos soldados deveriam estar firmes, e o calçado usado por eles era para dar sustentação nos combates, não poderiam escorregar de modo nenhum.…” (SANTOS, Flávio. end. cit.).

– O cristão anda de acordo com as Escrituras, de acordo com a proposta das boas novas trazidas ao mundo por Cristo Jesus.

Ele está preparado para pôr em prática aquilo que foi anunciado pelo Senhor e está em perfeita paz com o seu Senhor, justificado que foi pela fé.

– O crente é receptor da paz de Cristo (Jo.14:27) e a transmite aos outros, pois é um pacificador (Mt.5:9).

Anuncia a salvação em Jesus (Mc.16:15,20) e, assim fazendo, afugenta o diabo, porquanto é um divulgador da verdade do evangelho, que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16,17).

Com estes calçados, o cristão entra pela porta estreita, que o conduz à vida eterna (Mt.7:13,14).

– O inimigo tem um caráter violento, pois seu interior é cheio de violência (Ez.28:16) e a paz de Cristo que está em nós destrói toda a violência e peleja trazida por Satanás e suas hostes, pois a paz de Cristo não é uma ausência de conflito, mas uma integração ao Senhor, algo que o mundo jamais pode tirar do salvo.

Levamos as pessoas à presença de Deus, por Cristo Jesus, integrando-as ao reino de Deus, desfazendo a inimizade que o diabo gerou quando conseguiu que o primeiro casal pecasse.

– Não podemos, porém, permitir que nossos pés saiam da preparação do Evangelho da paz e, assim, desprotegidos, possam ser facilmente envolvidos nas guerras e pelejas carnais,

fazendo-nos andar por terrenos escorregadios, que nos façam ou parar de correr a carreira que nos está proposta, ou mesmo cair.

 

– Foi o que começou a acontecer com os gálatas que, seduzidos pelos judaizantes, descalçaram seus pés do evangelho e passaram a querer seguir a lei, o que, segundo o apóstolo, os impediu de continuar a correr bem a carreira rumo aos céus (Gl.5:7) e, quando isto acontece, deixamos de obedecer à verdade.

– Descalço, o soldado não tem condições de caminhar como se deve, perde movimentação e o torna alvo fácil do inimigo.

Se deixarmos de lado “a preparação evangelho da paz”, se não estamos prontos a anunciar e a pregar o Evangelho, se passamos a trocar o Evangelho por outros “evangelhos”, tornamo-nos “anátemas”, ou seja, “amaldiçoados”, pessoas “interditadas”, “privadas da graça de Deus”.

– Ao descalçarmos nossos pés, corremos o risco de parar de correr e de cair, como já dissemos, e, por causa disso, muitos passam a ter “joelhos desconjuntados”, passam a “manquejar” na jornada, o que gerará um desvio espiritual.

São os que estão a acolher falsos evangelhos. Devemos ir ao encontro destes, antes que se percam inteiramente, ajudando-os a se sararem enquanto é tempo (Hb.12:12,13).

– Satanás tem se levantado com muitos falsos profetas, o que, aliás, é um dos sinais da proximidade do arrebatamento da Igreja e, por isso, devemos tomar muito cuidado para não descalçarmos os nossos pés e comprometermos nossa peregrinação terrena.

– O quarto componente da armadura de Deus é o escudo da fé.”… O escudo do soldado romano era feito de duas camadas de madeira, revestidas com linho e couro, e envolvidas com ferro, dessa forma o protegia no combate protegendo dos dardos e das espadas.…” (SANTOS, Flávio. end.cit.).

– O escudo, como se verifica, tinha uma boa estrutura interna: duas camadas de madeira, revestidas com linho e couro, e, depois, envolvidas com ferro.

A fé do salvo precisa ser firme, robusta, consistente. Tendo recebido a fé salvadora pela Palavra de Deus (Rm.10:17), o cristão deve desenvolver a sua fé, que existe em seu espírito, agora ligado com Deus, de forma a que tenha um crescimento intenso, como o grão de mostarda, que, sendo a menor das sementes, dá origem à maior das hortaliças (Mt.17:20: Lc.17:6).

–  Se confiarmos em Deus, se a Ele entregarmos a nossa vida (Sl.37:3,5), certamente não daremos lugar ao diabo para operar em nossa vida.

Quando temos fé em Deus, confiamos na Sua Palavra, a dúvida não encontrará espaço em nossas vidas e, portanto, saberemos afugentar os dardos inflamados do inimigo.

– É por isso que a Bíblia nos diz que a justiça de Deus se descobre de fé em fé e que o justo viverá da fé(Rm.1:17).

A fé é o combustível do veículo do crente na estrada que nos conduz ao céu.

– Os dardos inflamados do inimigo são as dúvidas que Satanás e suas hostes lançam em nossa mente para que não mais creiamos na Palavra de Deus e, assim, titubeemos em obedecer-Lhe.

Satanás lançou Eva no campo da dúvida quanto à ordem de não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal e, a partir daí, levou-a ao pecado.

O lançamento na dúvida é, aliás, o segundo momento do processo da tentação.

– Estes dardos ou setas são inflamados, ou seja, estão ardendo, são brilhantes e a palavra empregada permite até a conotação de ser “inflamado com ira”.

Os ataques do maligno são impiedosos, fortes e que sempre chamam a atenção, mas não podemos nos impressionar por esta “pirotecnia”, pois sabemos que a Palavra de Deus é a Verdade, que Deus é a verdade (Jr.10:10) e, portanto, nada pode abalar a nossa confiança.

– Nos dias hodiernos, não são poucos os ataques que o adversário tem feito contra as Escrituras Sagradas, contra as promessas de Deus, querendo, com isto, demover a fé dos que creem em Cristo Jesus.

No entanto, não podemos titubear, devemos usar o escudo da fé e crer ainda que nossa mente ache que seja absurdo. Deus é fiel, não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).

– O quinto componente da armadura de Deus é o capacete da salvação (Ef.6:17), que o profeta Isaías chama de “elmo da salvação” (Is.59:17).

“…O capacete era “a parte mais ornamental da armadura primitiva”. O capacete protegia a cabeça do soldado. …” (SANTOS, Flávio. end. cit.).

– A nossa mente deve estar envolvida com a ideia da salvação. Devemos tudo fazer levando em conta qual o benefício disto para que alcancemos a redenção, a glorificação do nosso corpo.

Em nossa mente, nunca devemos perder de vista que temos um objetivo, um alvo (Fp.3:11-14), que é o de perseverar até o fim para que completemos o processo de salvação de nossas almas (Mt.24:13). Sobre a mente, falamos longamente em lição anterior.

– O sexto componente da armadura de Deus é a espada do Espírito, que o próprio texto diz ser a Palavra de Deus (Ef.6:17).

“…À época dos soldados romanos, havia diversos tipos de espadas, com tamanhos e pesos diferentes.

Provavelmente a espada que Paulo tem em mente é a espada curta e reta que os soldados romanos usavam, pois, esta, era de fácil manuseio. Tanto defensiva como ofensiva. …” (SANTOS, Flávio. end. cit.).

– Trata-se da única arma de ataque que compõe esta armadura de Deus.

Nossa atitude, na batalha espiritual, é nitidamente defensiva, porquanto somos inferiores a Satanás e seus anjos e, mais do que isto, tal batalha se instaurou por causa do desejo homicida do diabo, que quer matar, roubar e destruir o salvo.

Sendo assim, não há interesse algum por parte dos salvos de obter alguma vantagem ou conquista em relação ao diabo, porque já fomos convencidos pelo Espírito Santo do juízo, ou seja, de que o príncipe deste mundo já está julgado (Jo.16:8,11).

– No entanto, para que não fiquemos acuados, o Senhor providenciou uma arma de ataque, que é a espada do Espírito.

Assim como Nosso Senhor e Salvador, “podemos pôr o inimigo para correr”, quando manejamos bem a Palavra da verdade (II Tm.2:15).

A Palavra de Deus é a arma ofensiva nos embates contra o diabo e seus anjos. Foi com a Palavra que Jesus afugentou o adversário.

– Quando cumprimos e anunciamos a Palavra de Deus, o diabo e seus anjos são atingidos e se põem em retirada, ainda que por algum tempo.

Foi deste modo que Jesus venceu o inimigo e será assim que nós também o venceremos.

– Esta armadura de Deus, entretanto, para que possa funcionar deverá ser acompanhada de vigilância e oração (Ef.6:18).

Assim como o soldado tem de estar em boa forma física para que possa, com sucesso, desempenhar suas funções, principalmente os armamentos que estão à sua disposição, o cristão, para vencer a tentação contra o diabo e seus anjos,

há de estar em boa forma espiritual e a boa forma espiritual vem pela oração contínua e incessante, como também pela vigilância, mas isto será tema de outras lições.

– Assim como os soldados romanos, devidamente armados, eram imbatíveis diante de seus inimigos, os salvos na pessoa de Nosso Senhor e Salvador também serão vitoriosos, se tomarem a armadura de Deus, nos embates que sempre terão contra as hostes espirituais da maldade.

– Entretanto, faz-se mister destacar que os exércitos romanos não venciam apenas porque tinham uma armadura mais poderosa do que a de seus adversários, mas, também, porque havia disciplina e hierarquia nas tropas, todos obedecendo ao comandante e atendendo aos seus comandos.

– O adversário, já o vimos, tem um exercício organizado à sua disposição, visto que as forças espirituais da maldade são organizadas hierarquicamente.

De igual modo, os salvos precisam estar ordenados, segundo a direção e orientação do seu Senhor, para que também venham a ser vitoriosos.

A cabeça da Igreja é Cristo (Ef.1:22; 5:23) e Suas ordens e comandos são-nos transmitidos pelo Espírito Santo (Jo.14:16; 16:13,14).

– Por isso, na batalha espiritual, temos de ser guiados e dirigidos pelo Espírito Santo, sob pena de, se atendermos a mandamentos e preceitos de homens (Is.29:13; Mc.7:7; Tt.1:13,14), sermos derrotados, apesar de estarmos armados, porquanto não teremos a devida organização para obtermos a vitória.

– Logicamente que não estamos a defender qualquer desrespeito a uma organização hierárquica existente na igreja local, que deve, sim, ser observada, até porque os ministros são escolhidos pelo próprio Cristo (Ef.4:11). Todavia, é indispensável que o Espírito Santo esteja a todos dirigir.

– Com a armadura de Deus, vindo o dia mau, o dia da adversidade, que é inevitável neste mundo (Ef.6:13; Sl.27:5; Ec.7:14), continuaremos firmes na presença do Senhor, devidamente fortalecidos para prosseguirmos nossa jornada rumo ao céu.

III – A CONCLUSÃO DA EPÍSTOLA

– Após falar da realidade da batalha espiritual, o apóstolo inicia a conclusão da epístola, pedindo oração por ele para que, no abrir da sua boca, lhe fosse dada a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho (Ef.6:19).

– Este pedido do apóstolo, por primeiro, mostra que ele vivia o que ensinava e pregava.

Ao mesmo tempo em que dizia que a batalha espiritual exige vigilância e oração, mostrava a confiança que tinha na oração dos santos, a ponto de pedir oração aos destinatários da sua carta.

– Por segundo, revelava o apóstolo a sua humildade. O fato de ser apóstolo não o impedia de pedir oração aos demais salvos, mostrando que não se sentia superior aos demais crentes e, muito menos, que existisse “uma cobertura apostólica” dele em relação aos demais.

Muito pelo contrário, o que havia era a intercessão de uns pelos outros, pois todos fazem parte de um mesmo corpo.

– Por terceiro, o apóstolo demonstrava claramente que a igreja é um corpo, que não podemos servir a Deus isoladamente.

Paulo dependia da oração dos irmãos para continuar o seu ministério.

 

– Por quarto, o apóstolo revela que sua preocupação era com a continuidade do seu ministério, a evangelização, mesmo estando preso em Roma.

Paulo não pede, como seria absolutamente natural, que os irmãos orassem pela sua soltura, pela sua absolvição.

O apóstolo corria risco de vida, poderia ser condenado à morte, mas, em vez de pedir isto, em absoluta coerência com a prioridade que havia mostrado haver com relação às bênçãos espirituais, queria apenas que intercedessem por ele para que ele fosse exitoso na evangelização que fazia na prisão em Roma.

– Depois deste pedido de oração, o apóstolo diz aos destinatários da carta que estava enviando Tíquico, que chama de irmão amada e fiel ministro do Senhor, como emissário não só da epístola, como também de notícias a respeito do trabalho que fazia Paulo (Ef.6:21).

– Temos aqui mais uma lição do apóstolo. Ele, como missionário que era, fazia questão de prestar contas à igreja do que estava fazendo.

Era alguém que tinha consciência de que devia obrigações aos irmãos que o sustentavam, tanto material como espiritualmente.

Para Paulo, não era possível haver “caixa-preta” na obra de Deus, tudo deveria ser claro e transparente, afinal de contas somos filhos da luz, andamos na luz e o que é honesto e correto não tem porque se esconder da luz (Jo.3:19,20).

– Paulo sabia do amor que os irmãos tinham em relação a ele e estas informações, além de prestação de contas, serviram para que os irmãos se consolassem, tivessem pleno conhecimento de como o Senhor estava no controle de todas as coisas e de que a prisão de Paulo contribuía para o bem do crescimento da Igreja.

– Paulo, então, termina a carta mais uma vez desejando que a paz e amor, com fé, e a graça fosse com todos os que amavam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade (Ef.6:23,24).

– Nesta saudação final, o apóstolo mostra que o amor é proeminente na vida de cada salvo, dizendo que deveria haver “amor com fé” em cada um deles e que a graça estaria sobre os que “amamos a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade”, ou seja, vivem o amor na verdade.

Temos este “amor com fé”? “Amamos com sinceridade ao nosso Senhor Jesus Cristo? Pensemos nisto!

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/5365-licao-13-a-batalha-espiritual-e-as-armas-do-crente-i

Video 02: https://www.youtube.com/watch?v=l2yaLSZsLoo

Glória a Deus!!!!!!!