INTRODUÇÃO
– Terminando o estudo dos ataques contra a Igreja de Cristo, falemos como resistir ao engano do diabo.
– A Igreja deve resistir ao diabo pelo conhecimento das Escrituras e pelo poder de Deus.
I – O CONHECIMENTO DA VERDADE
– Estamos terminando o estudo a respeito dos ataques contra a Igreja de Cristo, as sutilezas de Satanás nesses dias que antecedem a volta de Jesus Cristo.
– O diabo, sendo o pai da mentira, tendo a sua própria natureza como mentirosa (Jo.8:44), não poderia usar de outra arma senão a própria mentira, o engano, a falsidade, buscando assim iludir os seres humanos para que se desviem da verdade e acabem por descrer na Palavra de Deus, perdendo a oportunidade de se salvar na pessoa de Jesus Cristo e obter a vida eterna.
– As Escrituras afirmam-nos que o diabo é a mais astuta criatura do Universo (Gn.3:1) e que engana todo o mundo (Ap.12:9), sendo certo que se trata de um anjo e, como tal, superior aos homens, que foram feitos pouco menores do que os anjos (Sl.8:5).
– Em sendo assim, tem-se que não pense o homem, mesmo o que for salvo na pessoa de Cristo Jesus, que tenha condições de, com suas próprias forças, com a sua própria natureza, não ser enganado pelo diabo.
Muito pelo contrário: sendo o homem dotado de natureza pecaminosa, é alvo fácil do inimigo, de modo que, ao atingir a consciência, inevitavelmente pecará, será enganado pelo diabo e permanecerá nesta situação a menos que creia em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
– Tanto assim é que o diabo a todos tenta, independentemente de quem seja a pessoa tentada. Tentou o primeiro casal, que não tinha a natureza pecaminosa quando foi criado, como também tentou Jesus, que, igualmente, por ser sido gerado por obra e graça do Espírito Santo, não tinha também a natureza pecaminosa.
Ninguém está livre de ser tentado, e em todos os aspectos da vida, pois Nosso Senhor e Salvador em tudo foi tentado (Hb.4:15).
– Não é por outro motivo, aliás, que, ao nos ensinar a orar, o Senhor Jesus disse que pedíssemos que não fôssemos induzidos em tentação, ou seja, que não caíssemos em tentação, que não cedêssemos à tentação, que pedíssemos que fôssemos livres do mal (Mt.6:13; Lc.11:4), porque sabia que sempre seríamos tentados e, portanto, não adiantaria pedirmos para que não fôssemos tentados.
– O fato é que, se pela circunstância de o homem ter pecado, o diabo já age para enganar todos os seres humanos, desde o momento em que adquirem a consciência, seja através de ação direta, seja através do mundo, que é o sistema que ele governa imerso no pecado e na maldade (I Jo.5:19),
quando alguém crê em Cristo e passa a pertencer à Igreja, passa a ser alvo do inimigo, inicia-se uma luta incessante entre as hostes espirituais da maldade e o salvo por Cristo (Ef.6:12), tanto assim que, imediatamente após revelar o mistério da Igreja, Jesus fez questão de frisar que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt.16:18).
– Assim, não há como negarmos que a vida cristã é uma constante luta contra o inimigo e suas hostes e que uma de suas principais armas, senão a principal, é, precisamente, a mentira, o engano, de modo que devemos resistir a tais investidas, tomar cuidado para que não sejamos enganados.
– Nesta luta contra o mal, a nossa atitude deve ser a “resistência”. Diz Tiago, o irmão do Senhor, que devemos resistir ao diabo e ele fugirá de nós (Tg.4:7).
A palavra grega aqui em foco é “anthistemi” (ανθίστημι), cujo significado é “…posicionar-se contra, i.e., opor-se, resistir, opor-se…” (Bíblia de Estudo Palasvras-Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 436, p.2068).
– Exige-se, pois, de cada servo de Cristo que se oponha ao diabo, que se posicione contra todas as mentiras satânicas, que se enfrente a mentira com a única arma que a vence: a verdade. Não é à toa que a Igreja é denominada de “coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15).
– Só podemos enfrentar a mentira com a verdade e, por isso, para resistirmos ao diabo, imperioso que falemos a verdade, que proclamemos a verdade. Como diz o poeta sacro Severino Silva: “Da verdade, levantemos o estandarte” (hino 162 da Harpa Cristã, início da primeira estrofe).
– A verdade é a Palavra de Deus (Jo.17:17). A verdade é Jesus Cristo (Jo.14:6), que é testificado pelas Escrituras (Jo.5:39).
Assim, para podermos resistir ao diabo, mister se faz que conheçamos as Escrituras, que conheçamos a Palavra de Deus, as palavras de Jesus.
– O próprio Jesus disse aos judeus que criam n’Ele que eles deveriam permanecer nas Suas palavras, pois só assim seriam Seus discípulos (Jo.8:31) e que seria o conhecimento da verdade que os libertaria (Jo.8:32).
– Sem que conheçamos as palavras de Jesus, não há como permanecer em Cristo, não há como permanecer na verdade e, deste modo, não teremos condições de nos libertarmos do pecado e do maligno.
Neste mesmo discurso, Jesus disse que Ele era o libertador do ser humano, que faria com que cessasse a escravidão do pecado (Jo.8:34-36), mas esta libertação só se mantém, só permanece se conhecermos a verdade.
– Aos saduceus, Jesus disse que erravam porque não conheciam as Escrituras (Mt.22:29; Mc.12:24). Para que não erremos, portanto, faz-se necessário que tenhamos conhecimento da Bíblia Sagrada.
– Entendemos, assim, de pronto, porque o inimigo de nossas almas trabalha tanto para que não haja o ensino da Palavra de Deus aos que cristãos se dizem ser.
Há uma luta incessante do adversário para que as reuniões de ensino (cultos de doutrina, cultos de ensino, Escola Bíblica Dominical, seminários etc.) sejam as de menor frequência nas igrejas locais, bem como que os crentes não se dediquem à meditação das Escrituras no seu dia-a-dia.
É fundamental para o diabo que os crentes sejam ignorantes, que, mesmo depois de anos de fé, tenham ainda de ser apresentados aos rudimentos da doutrina de Cristo, pois, vivendo desta maneira, serão facilmente enganados, errarão, ou seja, pecarão com muito maior facilidade.
– Vivemos dias de analfabetismo bíblico lamentavelmente. O desconhecimento das Escrituras é uma característica da imensa e esmagadora maioria dos que cristãos se dizem ser, sendo raro encontrar alguém que já tenha lido a Bíblia inteira pelo menos uma vez!
As frequências dos cultos de ensino e das Escolas Bíblicas Dominicais são extremamente baixas e não é difícil entender porque o amor de quase todos está a esfriar e o diabo a enganar quase todos os que cristãos se dizem ser.
– Conhecer as Escrituras envolve duas atitudes, como no ensina o Senhor Jesus ao término do sermão do monte, sermão que é, ele próprio, um ensinamento, o sermão doutrinário por excelência do Mestre: ouvir e praticar (Mt.7:24).
– Por primeiro, torna-se necessário que ouçamos a Palavra de Deus, que a escutemos, isto é, que prestemos atenção, que voltemos nossas mentes para o que o Senhor fala.
Para ficarmos livres do engano, faz-se preciso que ouçamos a verdade, atentemo-nos para ela, voltemos nossas mentes para seu estudo, sua leitura. O bem-aventurado é aquele que medita de dia e de noite na lei do Senhor (Sl.1:1,2).
– Por segundo, temos de praticar a Palavra de Deus, ou seja, fazer o que ela manda, tornar realidade em nossas vidas aquilo que ouvimos, aquilo que lemos, aquilo que meditamos.
De nada adianta, ouvir e não fazer. Tiago afirma que quem ouve e não pratica é semelhante ao varão que comtempla ao espelho o seu rosto natural, porque se contempla a si mesmo e foi-se e logo se esqueceu de como era (Tg.1:23,24).
– Jesus disse que somos limpos pela palavra que Ele nos fala (Jo.15:3), ou seja, a Palavra, que é a água (Ef.5:26), tem de ser aplicada a nós.
De nada adianta, por exemplo, abrirmos um chuveiro para tomar banho e deixarmos a água cair, sem que estejamos debaixo dela. Continuaremos sujos, sem nos banhar, embora a água tenha jorrado e milhares de litros tenham saído.
Da mesma forma, se ouvirmos a Palavra, mas não a aplicarmos à nossa vida, não mudarmos nossa maneira de viver, não seremos limpos, não teremos a santificação (Jo.17:17), que é indispensável para que vejamos o Senhor (Hb.12:14).
– Somente aquele que ouve e pratica a Palavra de Deus tem vitória, triunfa diante das adversidades da vida terrena, é aquele que constrói a sua casa sobre a rocha (Mt.7:24-27).
– Quem ouve e pratica a Palavra demonstra a sua fé em Cristo Jesus e, portanto, tem condições de vencer o mundo (I Jo.5:4), que nada mais é que este sistema maligno dominado por Satanás. Quando ouvimos e praticamos a Palavra de Deus, resistimos ao diabo e ele foge de nós.
– Por que Eva fracassou quando tentada pelo diabo? Porque demonstrou não ter conhecimento da Palavra de Deus.
Não havia prestado a devida atenção à ordem divina, tanto que a citou equivocadamente, confundindo a árvore e a própria ordem (compare Gn.2:9,16,17 com Gn.3:2,3), o que foi meio caminho para que fosse iludida pelo diabo.
– Por que Jesus venceu ao ser tentado pelo diabo? Porque demonstrou ter pleno conhecimento da Palavra de Deus, utilizando-a, inclusive, como arma para se opor às sugestões do maligno (Mt.4:4,7,10).
– Temos de imitar a Jesus (I Co.11:1) e, portanto, temos de nos dedicar a conhecer as Escrituras para que, pela sua oitiva e prática, resistamos ao diabo e ele fuja de nós.
– É interessante notar, aliás, que, ao nos mandar resistir ao diabo, Tiago, antes, apresenta-nos uma pressuposição: Sujeitai-vos a Deus.
Não é possível resistirmos ao diabo se antes não nos sujeitarmos a Deus, que é, precisamente, ouvir e praticar a Palavra de Deus. Sujeitar-se a Deus é ter fé no Senhor e, por isso, fazer tudo o que Ele manda, crer no que Ele nos revelou nas Escrituras Sagradas. Temos feito isto?
II – A ARMADURA DE DEUS
– Quando o apóstolo Paulo nos fala da batalha espiritual, da incessante luta que há entre o servo de Jesus e as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12), afirma que para podermos empreender esta luta é necessário que nos revistamos de toda a armadura de Deus, pois só assim poderemos estar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef.6:11).
– Não se tem como resistir, deixar de ser enganado pelas astutas ciladas do diabo senão nos revestimento de toda a armadura de Deus.
– A primeira providência que o apóstolo diz que o salvo deve ter na batalha espiritual é a firmeza. Diz ele: “Estai, pois, firmes” (Ef.6:14).
A armadura de Deus não dá firmeza, mas tão somente a mantém. Quem está devidamente armado na guerra contra o mal “fica firme”, ou seja, “continua firme”, mas a firmeza não é dada pela armadura, é apenas mantida por ela.
– A palavra grega empregada é “histemi” (ίστημι), cujo significado é de “permanecer, ficar parado, reter”. “Estar firmes”, portanto, é permanecer na posição de salvo, é continuar servindo a Cristo, continuar a segui-l’O, seguir a jornada pelo “caminho apertado”, após ter passado pela “porta estreita” (Mt.7:13,14).
Para “permanecer”, mister que se permaneça na Palavra, pois só assim seremos realmente discípulos de Cristo (Jo.8:31,32).
– Estar firme, assim, é observar a doutrina, obedecer e praticar tudo quanto for ensinado e que se encontra nas Escrituras, pois, se assim não fizermos, condição alguma teremos de empreender qualquer guerra contra as potestades do mal.
Por isso é dito que precisamos “estar firmes e reter as tradições que foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola” (II Ts.2:15).
OBS: Devemos observar que o que o apóstolo fala aqui de “tradições” são os ensinos dados oralmente pelo apóstolo, “a doutrina” mencionada em At.2:42, já que, àquela altura, ainda não havia o Novo Testamento (as duas cartas aos tessalonicenses são os livros mais antigos do Novo Testamento).
Não se trata, portanto, de considerar que a firmeza espiritual dependa de “tradições”, que são existentes em todos grupos sociais, inclusive as igrejas locais, mas que jamais podem invalidar a Palavra de Deus, como Jesus deixa bem claro em Mt.15:3,6.
– Estar firme é não mover a esperança do evangelho que se recebeu (Cl.1:23), mantendo a crença na Palavra recebida e que nos trouxe a fé salvadora.
Esta fé deve desenvolver em nós uma fé, uma confiança em Deus, de tal modo que não nos deixamos persuadir por quaisquer discursos que tentem desmentir ou de alguma forma distorcer tudo quanto foi falado pelo Senhor Jesus e que nos é lembrado e ensinado pelo Espírito Santo
(Jo.14:26; 16:14,15). Por isso, é dito que precisamos estar “firmes na fé” (I Co.16:13; I Pe.5:9), “na confissão da nossa esperança” (Hb.10:23).
– Estar firme é ter a consciência de que nada merecemos e que a nossa salvação é pela graça, motivo pelo qual devemos sempre estar debaixo dela, pedindo, inclusive, maior graça nos instantes em que somos atingidos pelas circunstâncias adversas da vida (Tg.4:5,6), mantendo a mansidão e humildade de coração que aprendemos com o Senhor Jesus (Mt.11:29). Por isso, é dito que precisamos “estar firmes na graça” (Rm.5:2; I Pe.5:12).
– Estar firme é ter a Cristo Jesus como centro de nossas vidas, como nosso alvo, como nosso Senhor, seguindo a Sua direção e orientação e procurando imitá-l’O cada vez mais, por ser Ele o nosso exemplo (I Co.11:1; I Pe.2:21. Hb.12:1,2). Por isso, é dito que devemos estar firmes no Senhor (I Ts.3:8; Fp.4:1) como também na Sua vontade (Cl.4:12).
– Estar firme é nos manter em santidade, não voltando a uma vida de pecado, para garantirmos a liberdade que obtivemos com a nossa salvação. Por isso, é dito que precisamos “estar firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não tornei a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl.5:1).
– Assim, se o salvo estiver devidamente vestido de salvação e de justiça, não sendo achado nu e, mais do que isto, estiver firme, tem condições de revestido da armadura de Deus, cujos componentes são, então, descritos pelo apóstolo Paulo.
– O primeiro componente é o cinto ou cinturão da verdade (Ef.6:13). O apóstolo diz que o salvo precisa cingir os seus lombos com a verdade. “…Na armadura do soldado romano, é o cinto que dá sustentação a todos os componentes da armadura.…” (SANTOS, Flávio. Acerca da batalha espiritual: a armadura de Deus. 17 maio 2016 Disponível em: http://www.apenasevangelho.com.br/2012/07/acerca-da-batalha-espiritual-armadura.html Acesso em 16 nov. 2018).
– Por isso, começa o apóstolo falando do cinturão que, aos olhos menos avisados, não seria um componente prioritário ou tão importante assim.
Na ilustração acima, vemos que é o cinto que mantém unidas as peças da armadura e, nesta junção, permite que o soldado tenha a necessária liberdade para se movimentar em meio `^a batalha, o que é essencial numa luta corporal como era a guerra daqueles dias.
– A verdade, sabemos todos, é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e já vimos há pouco que um dos requisitos para se ter firmeza espiritual, que é pressuposto para se ser armado para a batalha espiritual, é a permanência na Palavra, que é a verdade.
– É a Palavra de Deus que nos permite movimentação exitosa diante das astutas ciladas do diabo, que nos permite desviar do mal e não cair nas trevas.
O Senhor Jesus mesmo disse que vem para a luz tão somente aqueles que praticam a verdade, pois suas obras são manifestas em Deus (Jo.3:21).
– Quando o cristão pratica a verdade, vive uma vida em verdade, naturalmente afugenta o diabo, que é o pai da mentira (Jo.8:44). Ademais, a verdade é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e, portanto, quando adotamos a verdade como critério de nossas vidas, estaremos nos utilizando das Escrituras e, por conseguinte, afugentando o adversário.
– A verdade traz liberdade (Jo.8:32) e o cinturão da verdade permite que livremente atuemos em meio às investidas do nosso adversário, sem qualquer condição de por ele sermos aprisionados ou detidos.
– Se, no entanto, descuidarmos da verdade, toda nossa armadura se desconjuntará e não teremos condição alguma de prosseguirmos na peleja.
Uma das grandes armas do inimigo tem sido levar o cristão a ter uma vida de hipocrisia, a deixar uma vida espiritual e trocá-la por uma mera religiosidade, passando, assim, a ser um cego espiritual, um simples homem natural, como eram os fariseus nos dias de Jesus (Jo.9:41), filhos do inferno que geram outros filhos do inferno (Mt.23:15). Que Deus nos guarde!
– O segundo componente da armadura de Deus é a couraça da justiça (Ef.6:14). “…Na armadura do soldado, havia uma couraça grossa que o protegia no combate corpo-a-corpo. …(SANTOS, Flávio. end.cit.) . Já vimos que, ao ser salvo, o homem é vestido de vestes de justiça.
O cristão é justificado pela fé e passa a ter paz com Deus. O pecado é iniquidade (I Jo.3:4) e uma vida de justiça é uma vida de equidade (Fp.4:5), fruto de uma vida de comunhão com Deus. Por isso, o salvo é cheio de fruto de justiça, que é por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp.1:1).
– O Senhor conhece o caminho dos justos (Sl.1:6) e a prática da justiça, que é o contrário da prática da iniquidade, faz-nos livres do poder do mal e nos permitirá entrar no reino de Deus (Mt.5:20). A iniquidade, isto é, a injustiça é algo próprio e peculiar ao diabo (Ez.28:15,18).
– A justificação é a imputação da justiça de Cristo a nós e, portanto, somos vistos por Deus através de Cristo, de modo que temos “ficha limpa” diante do Senhor.
Nossos pecados, cometidos antes de nossa salvação, nunca mais são lembrados pelo Senhor (Jr.31:34; Mq.7:19; Hb.8:12; 10:17). De igual maneira, os pecados cometidos após a nossa salvação, se confessados e deixados, são igualmente esquecidos, porquanto o sangue de Jesus deles nos purifica (I Jo..1:7-2:2).
– “…A couraça serve para proteger o coração. Em Jesus fomos justificados; agora estamos do lado da justiça.
Um coração protegido pela couraça da justiça também não se deixará corromper pelo pecado (Tg.1:27). Para vestir a couraça da justiça é preciso lembrar que Jesus nos justificou. Devemos tentar sempre fazer o que é justo e certo, rejeitando a corrupção e o egoísmo e, quando pecamos, devemos pedir perdão.…” (RESPOSTAS bíblicas. Disponível em: https://www.respostas.com.br/o-que-e-a-armadura-de-deus/
Acesso em 16 nov. 2019).
– O coração é o homem interior, a nossa alma e o nosso espírito. O coração deve ser guardado. Como diz Salomão:
“…Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv.4:23).
Deus não despreza um coração quebrantado, um coração contrito (Sl.51:17), de modo que se impõe que sempre estejamos prontos a pedir perdão pelos pecados cometidos, confessando-os e os deixando.
– Estamos, assim, protegidos contra o embate direto que o inimigo de nossas almas fará contra nós, pois, em sendo acusados por ele, o sangue de Cristo está pronto para nos purificar e, assim, ficamos mais alvos do que a neve.
Tal se dará até entrarmos na cidade celeste, pois ali entrarão todos os que tiverem suas vestiduras lavadas no sangue do Cordeiro (Ap.22:14).
– Por isso, não tem fundamento algum a doutrina criada pela “teologia da batalha espiritual”, de que, quando pecamos, damos “legalidade” ao diabo, que, assim, pode nos dominar. Isto simplesmente não é verdade, já que, como salvos, estamos, sim, sujeitos a pecar, não a viver pecando.
O pecado na vida do salvo é um acidente e, quando pecamos, não estando envolvidos com o pecado, de imediato, sentimos o deslize e confessamos o nosso pecado, deixando-o, alcançando, assim, misericórdia (Pv.28:13).
– Esta falsa “doutrina da legalidade” é cabalmente desmentida no episódio narrado pelo profeta Zacarias que teve a visão da acusação satânica contra o sumo sacerdote Josué, um dos baluartes usados por Deus na reconstrução do templo de Jerusalém.
Acusado por Satanás de estar com as suas vestes manchadas, o que fez o Senhor? Deu “legalidade” a Satanás? Deixou Satanás atuar contra o sumo sacerdote? Não, não e não!
Mandou que as vestes de Josué fossem trocadas, ou seja, como o pontífice se arrependeu de seus pecados, alcançou misericórdia, sem que o diabo nada tenha podido fazer senão acusar (Zc.3). E isto no tempo da lei, que dirá agora, que vivemos a época da graça?
– Em Ap.12:10,11, temos outra evidência do valor que tem a couraça da justiça. Ali é dito que, no dia do arrebatamento da Igreja, quando formos glorificados, haverá alegria por parte dos salvos, porque terá se consumado a sua salvação e o diabo, que os acusava dia e noite diante de Deus, será derribado na Terra.
Mas o que nos chama a atenção aqui é que o texto diz que o diabo acusava “os nossos irmãos”, ou seja, a acusação satânica nunca teve o condão de impedir que os salvos continuassem sendo “irmãos de Jesus”, continuassem a ter o Senhor Jesus como seu primogênito (Rm.8:29; Hb.2:11).
– O sangue de Jesus purifica-nos de todo pecado, põe-nos em comunhão com o Senhor, porque a remissão vem do derramamento deste sangue inocente (Hb.9:22) e, portanto, por ele, ficamos mais alvos do que a neve (Is.1:18), sem condições de sermos atingidos pelas acusações do adversário.
– Entretanto, devemos tomar muito cuidado para que os “dardos inflamados do inimigo” não nos venham atingir e seja “perfurada” a nossa couraça.
Tais dardos, como veremos infra, são dúvidas quanto à veracidade da Palavra, quanto à fidelidade divina e, se formos lançados no campo da dúvida, podemos dar início a uma vida pecaminosa que nos levará a um progressivo e perigoso afastamento da presença de Deus, a ponto de nos tornar novamente presas do pecado, de voltarmos a ser dominados por ele.
– Se nos esvaziarmos de Deus, se permitirmos que uma prática pecaminosa venha novamente a nos dominar, ficaremos na situação daquele que tinha a casa varrida e adornada, mas que, por estar vazia, passa a ser ocupada por espíritos malignos piores do que os que eram anteriormente ocupantes dela (Lc.11:24-26), pois sabidamente voltar a se envolver com o pecado deixa a pessoa numa situação espiritual pior de que quando era incrédula (II Pe.2:20-22).
– Vivemos dias de apostasia espiritual e precisamos tomar muito cuidado, pois quem se alonga de Deus perecerá, será destruído pela sua insensatez (Sl.73:27). Tomemos cuidado!
– O terceiro componente da armadura de Deus é a preparação do evangelho da paz, no qual devem estar calçados os nossos pés (Ef.6:15). “…Na armadura romana, os pés dos soldados deveriam estar firmes, e o calçado usado por eles era para dar sustentação nos combates, não poderiam escorregar de modo nenhum.…” (SANTOS, Flávio. end. cit.).
– O cristão anda de acordo com as Escrituras, de acordo com a proposta das boas novas trazidas ao mundo por Cristo Jesus. Ele está preparado para pôr em prática aquilo que foi anunciado pelo Senhor e está em perfeita paz com o seu Senhor, justificado que foi pela fé.
– O crente é receptor da paz de Cristo (Jo.14:27) e a transmite aos outros, pois é um pacificador (Mt.5:9). Anuncia a salvação em Jesus (Mc.16:15,20) e, assim fazendo, afugenta o diabo, porquanto é um divulgador da verdade do evangelho, que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16,17). Com estes calçados, o cristão entra pela porta estreita, que o conduz à vida eterna (Mt.7:13,14).
– O inimigo tem um caráter violento, pois seu interior é cheio de violência (Ez.28:16) e a paz de Cristo que está em nós destrói toda a violência e peleja trazida por Satanás e suas hostes, pois a paz de Cristo não é uma ausência de conflito, mas uma integração ao Senhor, algo que o mundo jamais pode tirar do salvo.
Levamos as pessoas à presença de Deus, por Cristo Jesus, integrando-as ao reino de Deus, desfazendo a inimizade que o diabo gerou quando conseguiu que o primeiro casal pecasse.
– Não podemos, porém, permitir que nossos pés saiam da preparação do Evangelho da paz e, assim, desprotegidos, possam ser facilmente envolvidos nas guerras e pelejas carnais, fazendo-nos andar por terrenos escorregadios, que nos façam ou parar de correr a carreira que nos está proposta, ou mesmo cair.
– Foi o que começou a acontecer com os gálatas que, seduzidos pelos judaizantes, descalçaram seus pés do evangelho e passaram a querer seguir a lei, o que, segundo o apóstolo, os impediu de continuar a correr bem a carreira rumo aos céus (Gl.5:7) e, quando isto acontece, deixamos de obedecer à verdade.
– Descalço, o soldado não tem condições de caminhar como se deve, perde movimentação e o torna alvo fácil do inimigo. Se deixarmos de lado “a preparação evangelho da paz”, se não estamos prontos a anunciar e a pregar o Evangelho, se passamos a trocar o Evangelho por outros “evangelhos”, tornamo-nos “anátemas”, ou seja, “amaldiçoados”, pessoas “interditadas”, “privadas da graça de Deus”.
– Ao descalçarmos nossos pés, corremos o risco de parar de correr e de cair, como já dissemos, e, por causa disso, muitos passam a ter “joelhos desconjuntados”, passam a “manquejar” na jornada, o que gerará um desvio espiritual.
São os que estão a acolher falsos evangelhos. Devemos ir ao encontro destes, antes que se percam inteiramente, ajudando-os a se sararem enquanto é tempo (Hb.12:12,13).
– Satanás tem se levantado com muitos falsos profetas, o que, aliás, é um dos sinais da proximidade do arrebatamento da Igreja e, por isso, devemos tomar muito cuidado para não descalçarmos os nossos pés e comprometermos nossa peregrinação terrena.
– O quarto componente da armadura de Deus é o escudo da fé.”… O escudo do soldado romano era feito de duas camadas de madeira, revestidas com linho e couro, e envolvidas com ferro, dessa forma o protegia no combate protegendo dos dardos e das espadas.…” (SANTOS, Flávio. end.cit.).
– O escudo, como se verifica, tinha uma boa estrutura interna: duas camadas de madeira, revestidas com linho e couro, e, depois, envolvidas com ferro. A fé do salvo precisa ser firme, robusta, consistente.
Tendo recebido a fé salvadora pela Palavra de Deus (Rm.10:17), o cristão deve desenvolver a sua fé, que existe em seu espírito, agora ligado com Deus, de forma a que tenha um crescimento intenso, como o grão de mostarda, que, sendo a menor das sementes, dá origem à maior das hortaliças (Mt.17:20: Lc.17:6).
– Se confiarmos em Deus, se a Ele entregarmos a nossa vida (Sl.37:3,5), certamente não daremos lugar ao diabo para operar em nossa vida. Quando temos fé em Deus, confiamos na Sua Palavra, a dúvida não encontrará espaço em nossas vidas e, portanto, saberemos afugentar os dardos inflamados do inimigo.
– É por isso que a Bíblia nos diz que a justiça de Deus se descobre de fé em fé e que o justo viverá da fé(Rm.1:17). A fé é o combustível do veículo do crente na estrada que nos conduz ao céu.
– Os dardos inflamados do inimigo são as dúvidas que Satanás e suas hostes lançam em nossa mente para que não mais creiamos na Palavra de Deus e, assim, titubeemos em obedecer-Lhe.
Satanás lançou Eva no campo da dúvida quanto à ordem de não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal e, a partir daí, levou-a ao pecado. O lançamento na dúvida é, aliás, o segundo momento do processo da tentação.
– Estes dardos ou setas são inflamados, ou seja, estão ardendo, são brilhantes e a palavra empregada permite até a conotação de ser “inflamado com ira”.
Os ataques do maligno são impiedosos, fortes e que sempre chamam a atenção, mas não podemos nos impressionar por esta “pirotecnia”, pois sabemos que a Palavra de Deus é a Verdade, que Deus é a verdade (Jr.10:10) e, portanto, nada pode abalar a nossa confiança.
– Nos dias hodiernos, não são poucos os ataques que o adversário tem feito contra as Escrituras Sagradas, contra as promessas de Deus, querendo, com isto, demover a fé dos que creem em Cristo Jesus.
No entanto, não podemos titubear, devemos usar o escudo da fé e crer ainda que nossa mente ache que seja absurdo. Deus é fiel, não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
– O quinto componente da armadura de Deus é o capacete da salvação (Ef.6:17), que o profeta Isaías chama de “elmo da salvação” (Is.59:17). “…O capacete era “a parte mais ornamental da armadura primitiva”.
O capacete protegia a cabeça do soldado. …” (SANTOS, Flávio. end. cit.).
– A nossa mente deve estar envolvida com a ideia da salvação. Devemos tudo fazer levando em conta qual o benefício disto para que alcancemos a redenção, a glorificação do nosso corpo.
Em nossa mente, nunca devemos perder de vista que temos um objetivo, um alvo (Fp.3:11-14), que é o de perseverar até o fim para que completemos o processo de salvação de nossas almas (Mt.24:13). Sobre a mente, falamos longamente em lição anterior.
– O sexto componente da armadura de Deus é a espada do Espírito, que o próprio texto diz ser a Palavra de Deus (Ef.6:17).
“…À época dos soldados romanos, havia diversos tipos de espadas, com tamanhos e pesos diferentes. Provavelmente a espada que Paulo tem em mente é a espada curta e reta que os soldados romanos usavam, pois, esta, era de fácil manuseio. Tanto defensiva como ofensiva. …” (SANTOS, Flávio. end. cit.).
– Trata-se da única arma de ataque que compõe esta armadura de Deus. Nossa atitude, na batalha espiritual, é nitidamente defensiva, porquanto somos inferiores a Satanás e seus anjos e, mais do que isto, tal batalha se instaurou por causa do desejo homicida do diabo, que quer matar, roubar e destruir o salvo.
Sendo assim, não há interesse algum por parte dos salvos de obter alguma vantagem ou conquista em relação ao diabo, porque já fomos convencidos pelo Espírito Santo do juízo, ou seja, de que o príncipe deste mundo já está julgado (Jo.16:8,11).
– No entanto, para que não fiquemos acuados, o Senhor providenciou uma arma de ataque, que é a espada do Espírito. Assim como Nosso Senhor e Salvador, “podemos pôr o inimigo para correr”, quando manejamos bem a Palavra da verdade (II Tm.2:15).
A Palavra de Deus é a arma ofensiva nos embates contra o diabo e seus anjos. Foi com a Palavra que Jesus afugentou o adversário.
– Quando cumprimos e anunciamos a Palavra de Deus, o diabo e seus anjos são atingidos e se põem em retirada, ainda que por algum tempo. Foi deste modo que Jesus venceu o inimigo e será assim que nós também o venceremos.
– Esta armadura de Deus, entretanto, para que possa funcionar deverá ser acompanhada de vigilância e oração (Ef.6:18).
Assim como o soldado tem de estar em boa forma física para que possa, com sucesso, desempenhar suas funções, principalmente os armamentos que estão à sua disposição, o cristão, para vencer a tentação contra o diabo e seus anjos, há de estar em boa forma espiritual e a boa forma espiritual vem pela oração contínua e incessante, como também pela vigilância, mas isto será tema de outras lições.
– Assim como os soldados romanos, devidamente armados, eram imbatíveis diante de seus inimigos, os salvos na pessoa de Nosso Senhor e Salvador também serão vitoriosos, se tomarem a armadura de Deus, nos embates que sempre terão contra as hostes espirituais da maldade.
– Entretanto, faz-se mister destacar que os exércitos romanos não venciam apenas porque tinham uma armadura mais poderosa do que a de seus adversários, mas, também, porque havia disciplina e hierarquia nas tropas, todos obedecendo ao comandante e atendendo aos seus comandos.
– O adversário, já o vimos, tem um exercício organizado à sua disposição, visto que as forças espirituais da maldade são organizadas hierarquicamente.
De igual modo, os salvos precisam estar ordenados, segundo a direção e orientação do seu Senhor, para que também venham a ser vitoriosos. A cabeça da Igreja é Cristo (Ef.1:22; 5:23) e Suas ordens e comandos são-nos transmitidos pelo Espírito Santo (Jo.14:16; 16:13,14).
– Por isso, na batalha espiritual, temos de ser guiados e dirigidos pelo Espírito Santo, sob pena de, se atendermos a mandamentos e preceitos de homens (Is.29:13; Mc.7:7; Tt.1:13,14), sermos derrotados, apesar de estarmos armados, porquanto não teremos a devida organização para obtermos a vitória.
– Logicamente que não estamos a defender qualquer desrespeito a uma organização hierárquica existente na igreja local, que deve, sim, ser observada, até porque os ministros são escolhidos pelo próprio Cristo (Ef.4:11). Todavia, é indispensável que o Espírito Santo esteja a todos dirigir.
– Com a armadura de Deus, vindo o dia mau, o dia da adversidade, que é inevitável neste mundo (Ef.6:13; Sl.27:5; Ec.7:14), continuaremos firmes na presença do Senhor, devidamente fortalecidos para prosseguirmos nossa jornada rumo ao céu.
III – O AMOR FRATERNAL
– Mas há, ainda, um outro aspecto que devemos tomar cuidado com relação às sutilezas de Satanás. É o que diz respeito ao amor fraternal.
– O Senhor Jesus deixou-nos o mandamento de que devemos amar uns aos outros como Ele nos amou (Jo.15:12).
É o novo mandamento que, na verdade, é o antigo mandamento, pois a lei e os profetas se resumiam a dois mandamentos: o amor a Deus e o amor ao próximo (Mt.22:36-40; Mc.12:29-31; Lc.10:27,28).
– O novo mandamento, que é o antigo (I Jo.2:7,8), traz-nos, porém, um referencial, que é o exemplo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, cujas pisadas devemos seguir (I Pe.2:21). Por isso, o apóstolo João diz que quem está em Cristo deve andar como Ele andou (I Jo.2:6).
– Pois bem, é ainda João quem nos diz que quem guarda a Palavra de Deus o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado e que conhecemos que estamos em Cristo quando há o exercício deste amor (I Jo.2:5).
– Daí porque precisamos tomar todo o cuidado para que não amemos apenas de palavra, não demonstremos verdadeiramente o amor como Jesus nos mandou, pois, por intermédio desta falta de amor o inimigo operará e produzirá engano que nos fará perder a salvação, não só nós mas os próprios irmãos que estão à nossa volta.
– Só está na luz aquele que ama o seu irmão, pois quem não ama o irmão está nas trevas (I Jo.2:9).
– A falta do amor fraternal faz com que se tenham dois grandes problemas, que trarão o fracasso espiritual, que produzirão o engano por parte de Satanás.
– O primeiro problema é o escândalo (I Jo.2:10). Escândalo é palavra grega que significa “pedra de tropeço”, ou seja, aquela pedra no meio do caminho que fazia com que a pessoa tropeçasse e caísse em sua jornada.
– O escândalo é, portanto, qualquer atitude nossa que venha a fazer com que o nosso irmão em Cristo caia espiritualmente, qualquer atitude nossa que leve o irmão a pecar, a descrer na Palavra de Deus, a duvidar das Escrituras.
– O Senhor Jesus disse que os escândalos eram inevitáveis (Mt.18:7), notadamente nos dias que antecederiam o arrebatamento da Igreja (Mt.24:10), mas devemos evitar sermos promotores de escândalo, porquanto a situação espiritual de quem vem o escândalo é terrível (Mt.18:6), até porque quem assim o faz está na mesma posição espiritual do diabo, que serve de escândalo a Cristo (Mt.16:23).
– Causamos escândalo quando somo vistos pelos irmãos como pecadores, quando não damos um testemunho de cristãos, ainda que, em essência, não estejamos a pecar.
Devemos demonstrar amor em nossas ações, inclusive levando em consideração a fraqueza espiritual de alguns irmãos, que não têm a devida estatura espiritual para compreender algumas atitudes estas, ainda que não sejam elas pecaminosas.
– Assim como o motorista deve dirigir seu veículo não só levando em conta as suas atitudes mas as atitudes dos outros, a chamada “direção defensiva”, também devemos, em nosso cotidiano, levar em conta as atitudes, os sentimentos e os pensamentos dos irmãos, para que eles não sejam prejudicados em sua vida espiritual.
– Através do escândalo, o inimigo lança o descrédito na Palavra de Deus para os irmãos, consegue levá-los a uma falta de temor e reverência a Deus e, desta maneira, muitos são enganados e levados a abandonar a vida de santidade.
– Os mais fortes na fé devem levar em conta os mais fracos e viver de tal modo que não escandalize os que ainda não têm firmeza espiritual, a fim de que todos possam perseverar até o fim e serem salvos.
– Nos dias em que vivemos, onde impera o individualismo, em que o “eu” prevalece, devemos ter muito cuidado, pois os seguidos e frequentes escândalos têm sido um terreno fértil para que Satanás dissemine seus enganos e leve muitos a perder a santidade e, por conseguinte, a salvação.
– Mas há ainda um outro fator que promove a disseminação do engano de Satanás e que está relacionada à falta do amor fraternal. É a questão relacionada à disciplina do crente.
– O apóstolo Paulo tratou deste tema quando, na segunda carta aos coríntios, cuida, uma vez mais, daquele membro da igreja de Corinto que havia abusado da mulher de seu pai.
– Num primeiro momento, o apóstolo havia censurado grandemente os crentes de Corinto que estavam permitindo que aquele membro da igreja continuasse participando da comunhão dos santos tendo cometido tão grave pecado (I Co.5:1-13).
– Temos aqui uma nítida atitude que tem levado muitos a ser enganados por Satanás: a cumplicidade com o pecado. Muitos, na atualidade, agem como os coríntios: são completamente omissos diante da prática pecaminosa por parte da membresia, dizendo que “o Espírito Santo é quem deve disciplinar”, que “tudo está nas mãos de Deus”, que “não podemos julgar ninguém” e, assim, o pecado grassa no meio dos que cristãos se dizem ser e temos a banalização da graça, como já tivemos ocasião de estudar em uma lição do trimestre.
– Esta atitude, aliás, tem sido defendida por muitos, na atualidade, como sendo o “exercício da misericórdia”, o que, entretanto, não é senão engano do diabo, porquanto a misericórdia jamais pactua com o pecado.
Pelo contrário, quem realmente tem misericórdia, faz o bem, e permitir que alguém vá para o inferno na prática dos seus pecados sem que tomemos qualquer atitude para tentar arrebatá-lo do fogo (Jd.22,23) é tudo menos misericórdia.
É agir como o levita e o sacerdote, que passaram de largo ao verem o homem moribundo no caminho de Jerusalém a Jericó, como nos relata o Senhor na parábola do bom samaritano (Lc.10:30-37).
– A misericórdia somente existe quando se tem a aplicação do remédio para o que está a morrer, como fez o bom samaritano, quando se tem o ódio até a roupa manchada da carne, como afirma Judas, o irmão do Senhor.
– Por isso, Paulo determinou que aquele membro fornicário fosse excluído da comunhão da Igreja, fosse disciplinado, para que pudesse entender que não estava mais a seguir a Cristo, que tinha de se arrepender dos seus pecados e se reconciliar com o Senhor.
– Pois bem, passado um tempo, Paulo soube que o referido membro, já arrependido, não era reintegrado à comunhão dos santos, o que bem se entende, já que fora o próprio apóstolo quem exigira a sua disciplina.
É então que Paulo, em uma nova carta, diz que igualmente perdoava aquele irmão e que os crentes de Corinto poderiam perdoá-lo, porquanto não se poderia permitir que houvesse “a devoração da demasiada tristeza” a ponto de gerar um desânimo e um sentimento de impotência e de desespero naquele membro (II Co.2:5-11).
– Assim como não se pode permitir impunemente a prática do pecado, deixando de tomar as devidas providências de disciplina, com a suspensão ou exclusão da comunhão, também não se pode negar o perdão a quem, de forma evidente, demonstra ter se arrependido do pecado.
Quem confessa e deixa alcança a misericórdia (Pv.28:13) e, portanto, não pode a igreja impedir que uma pessoa realmente arrependida venha a ser reconciliada.
– A “devoração da demasiada tristeza” faz com que muitos, mesmo tendo se arrependido dos pecados, venha a se desesperar, uma vez não retornando à comunhão dos santos, o que os impedirão, inclusive, de terem o necessário crescimento espiritual, que somente se dá mediante a comunhão com os irmãos, no ambiente eclesial.
– A falta de misericórdia é outro espaço que se dá ao inimigo para que engane os crentes em Cristo Jesus. O próprio Paulo faz questão de dizer que perdoava aquele membro fornicário e que deveria ser confirmado o amor por ele por parte dos irmãos, para que todos não fossem vencidos por Satanás.
– A falta de amor fraternal produz escândalo, gera uma demasiada tristeza nos que seguem a Cristo e facilmente o inimigo poderá incutir-lhes na mente o que fez com Caim, que não creu no perdão divino (Gn.4:13) e, como consequência disto, saiu da presença de Deus (Gn.4:16) e se tornou do maligno (I Jo.3:12).
– Amemo-nos uns aos outros como Jesus nos amou. Exercitemos a misericórdia, que não é nem consentimento com o pecado do irmão nem tampouco negativa de perdão a quem realmente se arrependeu. Fazendo assim, resistiremos ao diabo e ele fugirá de nós.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7879-licao-13-resistindo-as-sutilezas-de-satanas-i-2