LIÇÃO Nº 4 – DONS DE PODER

INTRODUÇÃO

– Na continuidade do estudo dos dons espirituais, estudaremos hoje os dons de poder: dons de curar, operação de maravilhas e fé.

– Os dons de poder têm o propósito de manifestar a onipotência de Deus no meio da Igreja.

I – DONS DE CURAR

– Na continuidade do estudo dos dons espirituais, entendidos estes como os dons elencados pelo apóstolo Paulo em I. Co.12:8-11, faremos o estudo dos chamados dons de poder, ou seja, os dons de curar, a operação de maravilhas e a fé.

– Os dons de poder, como vimos, são três e, por meio deles, o Senhor manifesta a Sua onipotência no meio da Igreja, para que não percamos nossa esperança e, ao vislumbrarmos um Deus que tudo pode, confiantes marchemos para a Canaã celestial.

– O primeiro deles são os dons de curar. É o poder que Deus dá a alguns de seus servos para a cura de enfermos de forma extraordinária, sobrenatural.

“…Quanto aos dons de curas, são manifestações do poder do Espírito Santo que operam de maneira multiforme para cura de doenças e enfermidades do corpo, da alma ou psicossomáticas, sempre concedidas pelo Espírito Santo à pessoa que irá ministrá-la, pois Deus é quem cura [At.4:30] e somente a Ele pertence a glória [Is.48:11]…” (DFAD XX.4, p.174).

– Há uma promessa de Deus para a cura física, que é um dos efeitos da obra feita por Cristo no Calvário.

O profeta afirma que, ao subir à cruz, Jesus tomou sobre Si as nossas enfermidades (Is.53:4), enfermidades estas que não se restringem ao aspecto espiritual, mas também abrangem as que atingem o nosso corpo, pois a salvação é integral. A saúde mencionada em Is.53:5 também se relaciona com o corpo físico.

– Para que não houvesse qualquer dúvida quanto à abrangência do corpo na promessa de cura, o ministério terreno de Jesus, que era o que anunciava o profeta Isaías, sempre foi um ministério marcado pela cura divina, a ponto de o próprio Jesus, para demonstrar a João Batista, que era Ele mesmo o Messias, para tanto efetuou diversas curas, demonstrando, assim, que era através da cura divina que demonstrava a Sua qualidade de Cristo (Mt.11:4,5).

– Os discípulos do caminho de Emaús referiram-Se ao Senhor como sendo “varão poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo”, enfatizando, assim, em primeiro lugar, os sinais e maravilhas que havia operado, onde se destaca a cura de enfermidades.

Por fim, Pedro, quando quis sintetizar o ministério de Cristo Jesus, tudo resumiu ao dizer que “andou fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At.10:38 “in fine”).

– Vemos, portanto, que a cura divina é elemento indissociável do ministério de Jesus, é uma de “Suas marcas registradas” e a Igreja, como corpo de Cristo (I Co.12:27), outra coisa não deve fazer senão prosseguir este mesmo trabalho e até ampliá-lo, como prometeu o Senhor (Jo.14:12).

– Em Mc.16:18, é claro que a cura de enfermidades é um dos sinais que seguem aos que creem, sendo prova disso a história da igreja primitiva, onde a cura física sempre esteve associada à pregação do Evangelho, a começar da narrativa do coxo que se encontrava na porta Formosa do templo (At.3:1-11).

– Vemos, pois, que há uma promessa de Deus para a cura de enfermidades. Mas, quem é o beneficiário desta promessa? A Bíblia é clara ao mostrar que o beneficiário desta promessa é “o que crê”.

A cura é um dos sinais que seguem os que creem, de modo que, de pronto, vemos que todos não serão curados, visto que “a fé não é de todos” (II Ts.3:2 “in fine”).

– Temos, aqui, uma situação muito similar à da promessa da salvação. Deus quer curar a todos, mas não serão todos curados, porque não serão todos os que creem. Se a cura divina está escassa em os nossos dias, isto se deve, primordialmente, à falta de fé.

– Lamentavelmente, a incredulidade tem grassado no meio do povo de Deus, que, cada vez mais, se comporta como o povo de Nazaré que, apesar de ter sido o lugar onde Jesus esteve por toda a Sua infância, adolescência e juventude, desenvolvendo, naturalmente, maiores laços de amizade e de convivência, foi o local onde menos curou enfermidades ou fez maravilhas, exatamente por conta da incredulidade das pessoas (Mt.13:58; Mc.6:5,6).

– A cura divina é destinada apenas aos que creem e, neste tópico, não se encontra apenas o doente.

Se é verdade que, nas curas, Jesus tenha dito ao doente que a fé dele havia sido importante para não só a cura física, mas a própria salvação, por meio da expressão “a tua fé te salvou” (Mt.9:22; Mc.5:34; Mc.10:52; Lc.7:50; 8:48; 17:19; 18:42), também não se deve observar que há, também, a fé daquele que leva a promessa divina da cura ao doente.

– Muitas vezes, o doente, por não conhecer a Jesus Cristo ou por estar descrente da sua cura pelo Senhor, não tem condições de obter este benefício da parte do Senhor, pois, “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb.11:6).

Diante disto, assume importância fundamental a fé daquele que anuncia a cura divina, daquele que, por crer em Jesus Cristo, leva a mensagem da cura em o nome de Jesus.

– Jesus assim procedeu, como vemos, por exemplo, no episódio do paralítico do tanque de Betesda, alguém que estava desanimado, sem esperança e que, pelo que se infere do texto, padecia de um mal decorrente de alguma desobediência praticada no passado.

Uma pessoa assim, após 38 anos de desilusões, fora da comunhão com Deus, não haveria de ter fé para a cura. Mas Jesus tinha fé e, por isso, fez com que o paralítico a desenvolvesse, tendo sido este o Seu intento ao fazer a ele a pergunta: “queres ficar são?” (Jo.5:6).

– A pergunta de Jesus pareceria um contrassenso, uma obviedade. Ante a crença de que se estava diante de um tanque miraculoso, e estando ali 38 anos, é evidente que o homem queria ficar são. Evidente? Não, não o era.

A verdade é que, para querer ficar são, é necessário crer que Deus pode curar. É preciso ativar a fé e isto aquele homem já havia perdido há muito tempo.

Neste diálogo, porém, falando com o próprio Verbo Divino, aquele homem voltou a crer e isto demonstrou quando atendeu à ordem do Senhor e, em pleno sábado, levantou, tomou a sua cama e voltou para a sua casa.

– Não é por outro motivo que a Bíblia diz que a cura está relacionada àqueles que creem e que, por crerem, impõem as mãos sobre os enfermos e os curam (Mc.16:18).

Este texto mostra claramente que se trata não do doente mas do servo de Deus que, por crer em Jesus, desenvolve, a exemplo do Seu Mestre, a fé nos que estão enfermos e, ao imporem suas mãos sobre eles, alcançam a cura divina para os que padecem.

– Mas, para impor as mãos sobre os enfermos, é necessário que se tenha fé, é necessário que se creia na promessa da cura.

Eis o motivo por que muitos hoje já não mais impõem as mãos sobre os enfermos, porque não têm fé e, em muitos casos, nem sequer têm mais comunhão com Deus.

Em muitos lugares, e, pasmem, nas igrejas locais, que deveriam ser verdadeiros “pronto-socorros”, não se usa mais a imposição de mãos, não se ora mais pelos enfermos e, quando o fazem, fazem-no de modo coletivo, impessoal, junto a multidões, num tratamento de “massa”, que nunca foi o método utilizado por Jesus ou pelos apóstolos.

Mas, não nos esqueçamos, quando se chama uma multidão para a frente e se ora por ela, de modo impessoal (e, inclusive, saindo estrategicamente depois da oração do local do “evento”…), não se põe a descoberto a situação interior, não se revela o que há no interior daquela vida, o que nem sempre é o que se aparenta ser…

– Se a promessa é “para os que creem”, vemos, claramente, que a promessa está em pleno vigor nos dias da dispensação da graça, nos dias da Igreja, pois ela é a nação dos que creem em Deus (Rm.1:17; 5:1,2; I Pe.2:9).

Não há qualquer sentido dizer que a promessa da cura divina era apenas para os dias apostólicos, pois nada nas Escrituras aprova tal pensamento, até porque Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8).

OBS: Muitos procuram questionar a autenticidade do capítulo 16 de Marcos e, assim, invalidar a promessa da cura divina, como se esta promessa estivesse circunscrita apenas a este capítulo, como se o ministério terreno de Jesus e a história da igreja primitiva não fossem a base da demonstração de que a cura divina é uma promessa presente e atual nos dias da Igreja.

Razão tem R.N. Champlin, quando diz: “…Incorremos em grande erro ao supor que é da vontade de Deus que o dom de curas se extinguisse da igreja nos séculos posteriores aos apóstolos…” (O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, com. I Co.12:9, v.4, p.193).

– A promessa da cura divina é destinada “aos que creem” e esta fé não é a fé salvadora, ou seja, aquela que proporciona a salvação, mas a fé no poder de Deus sobre as enfermidades. A cura divina independe da salvação para se realizar.

Casos há de pessoas que obtêm a cura divina, mas não a salvação. Um exemplo claro é a dos nove leprosos que não voltaram para agradecer ao Senhor Jesus. Jesus curou dez, mas somente um, que era samaritano, voltou para agradecer a Cristo.

Somente a este, Jesus disse que havia alcançado a salvação (Lc.17:19). Os outros nove, embora tenham sido fisicamente curados da lepra (Lc.17:14), não alcançaram a salvação, porque, embora tenham crido que Jesus poderia curá-los, tanto que foram se apresentar aos sacerdotes, não creram que Jesus poderia salvá-los, tanto que não retornaram para agradecer-Lhe e adorar-Lhe, como fez o samaritano.

– Se isto se dá em relação aos enfermos, também ocorre com relação aos que oram pelos enfermos.

Muitos ficam atônitos ao saber que uma determinada pessoa, que orava pelos enfermos e Jesus curava, estava em pecado, o que se descobriu depois. Isto ocorre porque tinha a pessoa fé que Jesus poderia curar o enfermo, tanto que impôs as mãos sobre ele, ao mesmo tempo em que o enfermo também creu que Jesus poderia curá-lo, mas tal cura física nada tem que ver nem com a salvação de quem orou, nem de quem recebeu a cura. Cura divina não é atestado de salvação, nem de quem ora, nem de quem recebe a cura.

– Não é por outro motivo que Jesus, ao encontrar-se com o ex-paralítico que ficava junto ao tanque de Betesda, aconselhou o homem para que não pecasse mais, a fim de que não lhe sucedesse algo pior (Jo.5:14), quando, então, soube ele que quem o curara havia sido Jesus.

Pelo que se verifica desta passagem elucidativa, o homem havia sido curado, mas ainda não tinha consciência de que havia sido salvo. Sua fé, até aquele instante, havia sido apenas para cura, mas, posteriormente, foi confrontado com a salvação e a necessidade de uma vida de santidade, até para que a sua saúde perdurasse.

Estava no templo, demonstrando, assim, ter tido desejo de passar a adorar a Deus, mas não tinha consciência do que isto significava. Assim como Jesus fez com que ele tivesse fé para ser curado, também o orientou para que alcançasse a salvação.

– De igual modo, vemos no episódio do cego de nascença, quando o cego, curado e salvo, já testificava de Jesus, sem sequer saber que era Ele o Filho de Deus.

Ao ser confrontado pelo Senhor com esta verdade, de pronto creu em Jesus e O adorou (Jo.9:38), demonstrando, assim, claramente que não só havia sido curado, como também alcançara a salvação.

– E é neste episódio do cego de nascença que temos, de forma bem clara, o propósito da promessa da cura divina: a manifestação das obras de Deus na pessoa do enfermo (Jo.9:3).

O propósito da cura divina é tão somente o de confirmar a palavra da pregação (Mc.16:20; I Ts.1:5), o de promover a glória de Deus (At.4:21), o de provar a presença de Deus no meio do Seu povo (At.10:38 “in fine”; I Co.2:4,5).

– A cura divina, portanto, não é um fim em si mesmo. Não se trata de uma promessa sem finalidade ou propósito a não ser a remoção da doença, mas o seu objetivo é a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação, a comprovação da presença de Deus no meio do Seu povo. Jesus cura para que o nome de Deus seja glorificado e engrandecido.

– Assim, não se pode jamais dizer que “Deus é obrigado a curar diante do que consta na Palavra de Deus” ou que “o crente jamais fica doente se estiver em comunhão com o Senhor”.

Muitas vezes, a glorificação do nome de Deus vem não pela cura física, mas, sim, pela morte de um justo.

Não podemos querer saber os desígnios de Deus nem discutir porque Deus fez assim ou daquele outro modo, pois, se o fizermos, seremos como o caco de barro que discute o que deve fazer o oleiro, ou seja, uma pretensão sem qualquer propósito e que pode, mesmo, representar uma abominação diante do Senhor (Is.45:9).

– A cura divina é inegável, é algo destinado aos que creem, é uma realidade atual e indispensável para que demonstremos a presença de Deus no meio da Igreja, para que o nome do Senhor seja glorificado, mas não devemos nos esquecer de que o propósito da cura divina não é a saúde física de alguém, mas, sim, a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus no meio do Seu povo.

Por causa disso, nem sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se confundem com a nossa vontade ou com os nossos caprichos.

– Por isso, como dissemos supra, é importante sabermos porque alguém está doente, a fim de que compreendamos qual o propósito do Senhor nesta doença.

Uma vez tendo compreendido isto, o que nem sempre será o enfermo que conseguirá entender sozinho, pois, muitas vezes, necessitará do auxílio dos servos de Deus neste discernimento, então clamar a Deus para que a Sua vontade seja feita, bem compreendendo que a cura virá se este for o propósito divino naquele caso.

– A promessa da cura divina é uma realidade para os nossos dias, precisamos, sem ter qualquer dúvida, crer que Jesus cura, buscar a Sua cura.

Não podemos ser como os nazaritas, que, por causa de sua incredulidade, não desfrutaram desta bênção nos dias de Jesus. Temos de crer mais em Jesus e menos nos remédios e nos médicos.

Há muitos, aliás, que, se dizendo crentes, creem mais em “simpatias” e outras crendices do que no Senhor Jesus, o que é um absurdo.

– No entanto, não deixemos de atentar que a cura divina tem um propósito espiritual, que é o da glorificação do nome do Senhor.

Não podemos nos esquecer de que a cura não é um fim em si mesmo e que, ante tais propósitos, constantes das Escrituras, a cura virá se Deus quiser e, nem sempre, é a cura que fará o que Deus deseja para todos os que estão envolvidos naquela situação de enfermidade.

Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e casos há em que a morte do santo, mesmo por doença, morte que é preciosa aos olhos do Senhor (Sl.116:15), faz-se necessária para que muitos possam alcançar a salvação, este, sim, o maior desejo do Senhor (I Tm.2:4).

– Para tornar real a promessa da cura divina, o Senhor deu à Igreja tanto o sinal da cura de enfermos como os dons de curar. Não devemos confundir os dons de curar com o sinal de cura de enfermos.

– O sinal de cura dos enfermos é uma operação divina feita para a confirmação da pregação do Evangelho.

Em Mc.16:18, é dito que este sinal segue ao que crê, ou seja, qualquer salvo pode impor as mãos sobre os enfermos e eles serem curados, e isto se dará para que se confirme o Evangelho (Mc.16:20).

– Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…Cremos, professamos e ensinamos que a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia divina [Mc.1:40,41; Mt.14:14], que, através do poder do Espírito Santo [At.10:38; Lc.4:18,19], restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo [At.3:16; 14:8-10](…).

A Bíblia mostra que a obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: ‘Gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo’ (Rm.8:23). A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma quanto o corpo:’

É Ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades’ (Sl.103:3). Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para demonstrar o Seu poder e amor pelos afligidos [Lc.13:11-13].” (DFAD XXI, p.179).

– Qualquer salvo, se crer, poderá orar e impor as mãos sobre um enfermo e ele ser curado e isto não significa que ele é o portador dos dons de curar. Trata-se de um sinal que segue ao que crê e, nesta cura, concorre a fé daquele que orou como também a fé daquele que recebeu a oração.

– Além deste sinal de cura dos enfermos, ensina, também, a Bíblia Sagrada que os presbíteros devem ungir os salvos que estão enfermos com azeite e, no caso de haver pecados que são os responsáveis por aquela doença, tais pecados serão perdoados e o salvo será curado (Tg.5:14,15).

Temos aqui um encargo específico dos presbíteros, uma decorrência de sua chamada ministerial, que é o da unção dos enfermos com azeite em nome do Senhor.

Vemos aqui que a oração da fé salvará o doente e a cura servirá de demonstração da fé do ministro e do doente, inclusive com repercussão espiritual de perdão de pecados eventualmente cometidos.

– Nada disso, porém, deve ser confundido com os dons de curar. Os dons de curar são repartidos pelo Espírito Santo especificamente a alguns, que são dotados do poder de promover a cura de enfermidades, independentemente até da fé do enfermo. Esta cura tem o propósito de promover a edificação, exortação e consolação da Igreja.

OBS: “…Apesar de os cristãos terem o dever universal de orar pelos doentes, o Espírito Santo concede a alguns os dons especiais de cura…” (ROCHA, Jormicezar Fernandes da. A excelência do ministério cristão: valorizando o que é excelente. EBOADERON 2013, p.56).

– Foi o que ocorreu com o coxo da porta Formosa do templo em Jerusalém. Aquele coxo, vemos pelo texto sagrado, não estava nem sequer pensando em ser curado, esperava receber tão somente uma esmola, mas foi curado pelos apóstolos Pedro e João, porque tinham eles os dons de curar e a referida cura teve o propósito de ser o móvel para uma nova pregação onde o número de crentes quase que dobrou.

– Os dons de curar têm, portanto, o propósito de manifestar o poder de Deus para a cura de enfermidades, com o objetivo de promover a edificação, exortação e consolação da Igreja, fazer com que o povo perceba a presença do poder de Deus no meio da Igreja e, assim, não só confirmar que o Evangelho também tem como uma de suas finalidades a restauração da saúde física, mas, também, através destas manifestações, fazer o povo crescer espiritualmente.

– As Escrituras falam em “dons de curar”, ou seja, no plural, a ponto de o saudoso pastor Severino Pedro da Silva (1946-2013), com base neste ponto, dizer que os dons espirituais eram mais do que nove, já que há, aqui, o plural.

– Que significa esta pluralidade dos “dons de curar”? Muito se discute sobre isto. Entendem alguns que esta pluralidade indica que há pessoas que são chamadas para a cura de específicas enfermidades, para um determinado tipo de doenças.

Outros entendem que esta pluralidade significa as diferentes formas de se obter a cura: por palavras, por imposição de mãos ou por outro método específico (é dito, por exemplo, que a sombra de Pedro curava – At.5:15).

Seja como for, o texto sagrado nos deixa claro que não há um único dom de curar, mas que são mais de um.

– Os dons de curar, como independem até da fé do doente, não são atividades corriqueiras e habituais.

A cura está vinculada ao propósito divino de edificação, exortação e consolação da Igreja, de modo que é totalmente sem respaldo bíblico recorrer-se aos portadores de dons para que se obtenha a cura de enfermidades, como se estes irmãos fossem “curandeiros”.

– Como toda manifestação do Espírito Santo, ela tem iniciativa no Espírito Santo e não no crente, e não no salvo.

Não devemos recorrer aos irmãos que têm dons de curar para que obtenhamos cura de enfermidades, mas creiamos em Jesus, que fará com que a cura venha, se for para a glorificação do Seu nome, seja pelos portadores de dons de curar, seja por qualquer salvo como operação divina, seja pela unção com óleo por parte de presbíteros, seja pela ação direta de Cristo Jesus em nossas vidas.

Creiamos no Senhor e esperemos sempre que a Sua vontade seja feita, pois o objetivo maior de todos nós é a glorificação do nome do Senhor.

II – OPERAÇÃO DE MARAVILHAS

– O segundo dom de poder é dom de operação de maravilhas, que é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que eles operem milagres, operações sobrenaturais distintas da cura de enfermidades. Este dom é chamado de “milagres” em I Co.12:28.

OBS: “…O poder das operações de maravilhas e a graça de curar os enfermos não são a mesma coisa; aquele que tem o poder de curar enfermos não faz outra coisa senão cuidar dos doentes;

quanto àquele que opera milagres tem também o poder de castigar, pois o poder não consiste apenas em curar, mas também em punir, é assim que Paulo impôs cegueira e Pedro puniu com a morte…” (JOÃO CRISÓSTOMO. Homilia XXIX. Sobre I Co.12. Citação de I Co.12:8-11. n. 2093. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 19 fev. 2014) (tradução nossa de texto em francês).

– “…A expressão ‘operação de maravilhas’ está no plural em grego e significa ‘obras poderosas’ ou ‘de poder’, o que sugere grande variedade de milagres.

O milagre já é, em si mesmo, a intervenção divina na ordem natural das coisas, mas aqui diz respeito a sinais poderosos e extraordinários [At.5:12,15; 19:11,12]…” (DFAD XX.4, p.174).

– A Bíblia ressalta que, pelas mãos de Paulo, maravilhas extraordinárias eram realizadas (At.19:11).

O milagre ou maravilha é um acontecimento cuja explicação foge à razão humana, é uma intervenção divina direta no curso das coisas, que contraria as próprias leis naturais.

– “Milagre” é uma palavra de origem latina, de “miraculum”, “algo espantoso, admirável, extraordinário”.

No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis naturais”.

Na Bíblia On Line da Sociedade Bíblica do Brasil, milagre é conceituado como “fato ou acontecimento fora do comum, que Deus realiza para confirmar o Seu poder, o Seu amor e a Sua mensagem.”

OBS: É interessante a definição dada por um texto islâmico de milagre que, por sua biblicidade, aqui transcrevemos:

“Um milagre é definido como um acontecimento extraordinário que não seria possível sob condições normais e que é realizado por Deus através dos Profetas que Ele enviou como Seus Representantes para confirmar sua veracidade.…” (ZIAD, Mohamad. Que é um milagre? Disponível em: http://br.geocities.com/slidesislamicos/jesus_missao1.htm Acesso em 10 jan. 2008)

– A palavra “milagre”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, surge apenas seis vezes (Ex.7:9; Mc.6:52; 9:39; Jo.4:54; 6:14 e At.4:22), mas a Bíblia registra, no Antigo Testamento, 67 milagres e, em o Novo Testamento, 20 milagres dos discípulos de Jesus, além de descrever 36 milagres de Jesus, embora faça menção a milagres do Senhor em outras 17 oportunidades, sem mencionar os milagres não registrados.

Os milagres, entretanto, nem sempre são traduzidos para “milagre”, sendo comum o emprego de outras palavras como “maravilhas”, “sinais”, “prodígios” e “obras”.

– Tais circunstâncias demonstram que o ministério de Jesus foi caracterizado pelos milagres, tanto que os escritos mais antigos que se referem ao Senhor, ainda nos primeiros séculos da história da Igreja, por parte de pessoas que não professavam a fé cristã, dão ênfase a esta característica do ministério de Jesus, como, por exemplo, o historiador judeu Flávio Josefo, que, ao falar sobre Jesus, disse ter Ele feito “…obras admiráveis…” (Antiguidades Judaicas, XVIII, 4, 772. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.2, p.156), como o filósofo grego Celso (séc. II), inimigo dos cristãos, que, entre outras coisas, acusava Jesus de “mágico” e “ilusionista”, prova de que uma das características marcantes de Jesus era o fato de ter sido alguém que realizou muitos milagres.

– O que se percebe, pois, é que “milagre” é um acontecimento que causa admiração, que não é comum. Por quê?

Porque é um fato que foge à explicação das leis naturais, é uma ocorrência que não se consegue explicar, que aparentemente contradiz a ordem natural das coisas.

Por isso, o milagre é uma demonstração de que Deus criou o mundo, não Se confunde com a Sua criação e, além disso, participa desta criação, fazendo intervenções que modificam as leis por Ele mesmo estabelecidas, quando isto é da Sua vontade e atende aos Seus sublimes propósitos.

– Não é por outro motivo, aliás, que os que não reconhecem a existência de Deus (ateus), ou entendem que Deus e natureza se confundem (panteístas) ou, então, que Deus, embora seja distinto da natureza, nela não intervém (deístas) sejam, também, pessoas que não admitem a existência de milagres, incluídos nestes grupos, pasmemos todos, até supostos “evangélicos” e “teólogos”.

– Os milagres existem, pois estão narrados na Bíblia Sagrada, que é a verdade (Jo.17:17), sendo, ademais, uma demonstração de que Deus não só existe, é distinto da Sua criação, como também é um participante dela.

Os milagres mostram, assim, a participação divina na criação e, mui especialmente, na vida dos seres humanos, a coroa da criação terrena. São uma prova do desejo de Deus de nos fazer companhia e de estabelecermos com Ele um relacionamento pessoal e eterno.

– Deste modo, não haveria, mesmo, como o ministério de Jesus não ser caracterizado pela ocorrência de milagres, pois, sendo o Verbo de Deus, o canal de comunicação entre Deus e os homens, a via de acesso a esta comunhão eterna, Jesus não poderia deixar de apresentar, na Sua vida terrena, a presença deste elemento que é uma das principais evidências da presença de Deus na criação.

– Tendo o Verbo Se feito carne e habitado entre nós (Jo.1:14), era imperioso que fosse vista a Sua glória.

No entanto, Jesus despiu-Se desta glória (Jo.17:5; Fp.2:7) e, para demonstrar que era o Cristo, o Messias, tinha de realizar sinais e maravilhas, não só para mostrar que “Deus era com Ele” (cf. At.10:38), como também para cumprimento das próprias profecias a Seu respeito, pois Moisés dissera que haveria de surgir “um profeta como ele” (Dt.18:15) e um profeta como Moisés tinha de realizar sinais, pois Moisés se caracterizara pela realização de sinais e maravilhas durante seu ministério (Dt.34:11,12).

– Assim, fazia parte do ministério profético de Jesus a realização de sinais e maravilhas. Não que o profeta necessariamente tivesse de fazer sinais e maravilhas, pois muitos foram os profetas que sinal algum realizaram, como, por exemplo, João Batista (Jo.10:41), como também poderia haver falsos profetas que fariam sinais e maravilhas no meio do povo (Dt. 13:1-5), embora fossem mentirosos e embusteiros, mas, em se tratando do Messias, havia esta necessidade, sem o que não se teria o cumprimento das profecias messiânicas.

– Tanto assim é que o profeta Isaías, entre os títulos dados ao Messias, utilizou o de “Maravilhoso Conselheiro” (Is.9:6), ou seja, alguém que traria o conselho de Deus, que seria o mensageiro do Senhor, mas que estaria caracterizado pela realização de “maravilhas” (em hebraico, “pala’ “ ou “pele’” — פלא ), ou seja, de atos incomuns, extraordinários, que causariam admiração.

– No entanto, a realização de sinais e maravilhas por parte dos profetas não tinha outro significado senão o de levar o povo a servir a Deus. O povo de Israel fora ensinado a não se ater apenas ao “espanto” causado pelo sinal, mas, antes, a verificar quais as palavras do profeta.

É por isso que a realização de sinais está vinculada ao ministério profético, ou seja, os milagres por si só não confirmam se alguém é, ou não, de Deus, mas devem estar vinculados às palavras que eram proferidas por parte daquele que realiza os milagres.

– Os milagres, portanto, eram um modo de Deus Se mostrar presente no Seu povo e, também, uma forma de fazer o povo servir a Deus.

Tanto assim é que uma das maneiras de Deus provar a fidelidade de Seu povo seria a de permitir que falsos profetas realizassem sinais e maravilhas (Dt.13:3).

Entretanto, estes sinais seriam acompanhados de palavras contrárias à sã doutrina, de modo que o povo não teria outra coisa a fazer senão extirpar o falso profeta do meio do povo, pois era rebelde contra o Senhor (Dt.13:5).

– Vemos, pois, que a ocorrência de milagres no ministério de Jesus não podia ser associada a uma simples manifestação de espanto por parte do povo.

Era uma confirmação das palavras que fossem ditas pelo Senhor Jesus, uma demonstração de que Ele era o Messias tão esperado.

Como afirma o arcebispo anglicano inglês Richard Chenevix Trench (1807-1886), muitas vezes a palavra “maravilhas” vem associada a outras expressões como “sinais” e “poderes”, numa prova de que “…além de ser uma ‘maravilha’, é também um ‘sinal’, um símbolo e uma indicação da presença próxima de Deus e de Sua obra.

Nesta palavra, o fim ético e o propósito do milagre aparecem de um modo muito proeminente, como em ‘maravilha’ no mínimo.

Eles são sinais e penhores de alguma coisa mais do que eles próprios e além de si mesmos (Is. 7.11; 38.7); eles são valiosos, não tanto pelo que são, quanto pelo que indicam da graça e do poder daquele que são, quanto pelo que indicam da graça e do poder daquele que os faz, ou da conexão em que ele mantém com o mundo superior…” (Notas sobre os milagres de Nosso Senhor apud CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática. Trad. de Heber Carlos de Campos. t.III, v.5, p.166)

– Por este motivo, Jesus só pode ter realizado milagres após o início do Seu ministério público.

Os milagres não são demonstrações gratuitas de poder, de modo que não há qualquer sentido na menção de milagres que Jesus tivesse feito antes do início do Seu ministério, como afirmam os chamados “evangelhos apócrifos” e, até mesmo, o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos.

Jesus veio para servir (Mt.20:28), para fazer a vontade do Pai, não para Se exaltar ou atuar como um “mágico” ou “milagreiro”, como muitos falsos profetas ao longo da história e em nossos dias.

– Como continuadora do ministério de Jesus Cristo, a Igreja precisa também realizar milagres, milagres estes que não só confirmarão a mensagem do Evangelho, mas que cumprirão todos os mesmos objetivos que os milagres cumpriram no ministério terreno do Senhor Jesus, que, aliás, foi enfático ao dizer que Seus discípulos fariam obras maiores até que as realizadas pelo Senhor (Jo.14:12).

– O Senhor, então, escolhe dentre os Seus servos alguns para realizar milagres na Igreja, sempre com o propósito de edificar, exortar e consolar a Igreja.

Assim como não devemos correr atrás de “curandeiros”, também não podemos correr atrás de “milagreiros”.

Os milagres têm sempre o propósito de glorificar o nome do Senhor, jamais o portador do dom.

II – O DOM DA FÉ

– O terceiro dom de poder é o dom de fé, que é o dom concedido pelo Espírito Santo a alguns crentes para que alguém tenha uma fé especial, pela qual se fez, num instante, algum sinal ou prodígio específicos.

– Esta fé extraordinária, que se aproxima daquela do “grão de mostarda” de que disse Jesus (Mt.17:20), permite a realização de algo igualmente inexplicável por parte do cristão, num momento, para a glorificação do nome do Senhor.

OBS: “…não se trata da fé que olha os dogmas, mas da fé de milagres, daquela que Cristo diz: “…se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte:

Passa daqui para acolá—e há de passar; e nada vos será impossível” (Mt.17:19).

É a fé que pediam os apóstolos: “Acrescenta-nos a fé” (Lc.17:5); é o mar dos milagres…” (JOÃO CRISÓSTOMO.Homília XXIX. Sobre I Coríntios 12. n. 2903. Citação de I Co.12:8-11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 19 fev. 2014) (tradução nossa de texto em francês).

– “…O dom da fé [I Co.13:2] distingue-se da fé salvífica [Ef.2:8] e da fé como o fruto do Espírito [Gl.5:22]; trata-se de uma fé especial usada num momento específico [At.3:4-7]…” (DFAD XX.4, p.174).

– “Fé” é uma das menores palavras da Bíblia Sagrada em língua portuguesa, mas seu tamanho é inversamente proporcional a seu profundo significado, ou melhor, significados, porque esta tão diminuta palavra encerra diversos significados no texto bíblico, sendo que nossa lição se deterá apenas em um deles, a saber, a fé enquanto dom espiritual.

– O primeiro significado que temos da palavra fé é chamado pelos estudiosos da Bíblia de “fé natural”, expressão com a qual não concorda o teólogo Russell Norman Champlin, que considera que estamos, neste caso, apenas diante de “confiança” e não de fé.

De qualquer maneira, esta “fé natural” é a crença que acompanha toda atividade humana.

O homem, por mais racional que seja, sempre é guiado por fé, pela confiança. Esta circunstância, aliás, tem sido admitida pelos cientistas e filósofos nos últimos tempos e é um dos principais pontos da discussão entre fé e razão, que tem tomado conta de centenas de mentes ao longo da história, notadamente após a evangelização do mundo e o predomínio do Cristianismo.

– A “fé natural” é a crença de que algo irá acontecer, crença esta baseada na habitualidade ou no raciocínio humano.

Assim, quando nos sentamos em uma cadeira, cremos que não iremos cair e que a cadeira nos aguentará, apesar de sermos mais pesados do que ela.

Quando estendemos um braço num ponto de ônibus fazendo sinal para que ele pare, cremos que o motorista irá parar e abrir a porta para que entremos e assim por diante.

Todas as ações humanas, umas mais, outras menos, é decorrente da confiança que se estabelece entre as pessoas e que é motivada pelo hábito, pela cultura e, por fim, pela própria razão humana.

Esta “fé natural” é própria de todo ser humano e essencial para a vida sobre a face da Terra. Esta fé nada representa no campo espiritual, é fruto da lógica humana.

Como vimos, os cientistas e filósofos têm chegado à conclusão de que toda atividade intelectual tem uma dose de fé, e esta fé é a fé natural, que, entretanto, não pode ser o critério, o parâmetro a ser seguido pelo servo de Deus.

É óbvio que o servo do Senhor também possui esta fé, pois se trata de um ser humano, mas não pode deixar que esta fé seja o seu guia exclusivo. Este, aliás, o sentido da afirmação de Paulo, de que devemos andar por fé e não por vista (II Co.5:7).

– O segundo significado da palavra “fé” é a “fé salvífica” ou “fé salvadora”. Lewis Sperry Chafer diz que a “fé salvadora” é “…a confiança entretecida nas promessas e nas provisões de Deus a respeito do Salvador que faz o eleito repousar e confiar no Único que pode salvar…” (Teologia sistemática, t.4, v.7, p.131), ou seja, é a crença de que Jesus é o único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas.

Quando alguém dá crédito à pregação do Evangelho, considera-se um pecador e se arrepende dos pecados e crê que Jesus pode perdoá-los e se submete à vontade de Deus, crendo que Jesus pode dar-lhe a vida eterna e levá-lo ao céu, age com a “fé salvadora” ou “fé salvífica”.

– Esta fé não nasce no homem, mas é dom de Deus (Ef.2:8). Através da Palavra de Deus(Rm.10:17), o Espírito Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8-11) e, deste modo, o homem crê e, mediante esta fé, é justificado (Rm.5:1), ou seja, posto numa posição de justo diante de Deus, o que lhe permite ter paz, isto é, comunhão com Deus, sendo vivificado em Cristo. Esta fé é a que concede salvação para o homem.

– O terceiro significado da palavra “fé” é o que Lewis Sperry Chafer denomina de “fé mantenedora ou santificante” e o pastor Antonio Gilberto de “fé ativa”. Esta fé é exercida diariamente pelo salvo, após ter aceito Jesus como seu Senhor e Salvador.

É a confiança pessoal em Cristo que decorre da salvação, é a crença que “…segura o poder de Deus para a vida diária de uma pessoa.

É esta vida vivida na dependência de Deus, que opera um novo princípio de vida (Rm.6,4). O justificado, por ter se tornado o que é pela fé, deve continuar no mesmo princípio de total dependência de Deus.…” (CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática, t.4, v.7, p.132).

– Esta fé é o combustível que nos leva a caminhar em direção a Jerusalém celestial. É o elemento que nos faz superar todos os obstáculos e a enxergar as circunstâncias sob o prisma espiritual.

Foi esta fé que fez com que os antigos vencessem todas as dificuldades e agora aguardassem o seu aperfeiçoamento com a Igreja, como nos mostra o escritor aos Hebreus no “capítulo da fé” (o capítulo 11 da epístola aos Hebreus).

É esta fé que nos faz vencer o mundo (I Jo.5:4). Sendo um desdobramento da salvação, esta fé é própria dos salvos.

– O quarto significado da palavra “fé” é o a “fé como crença”, ou seja, como diz Chafer, “.um anúncio doutrinário ou um credo que é algumas vezes conhecido como a fé.…” (op.cit., p.132). Este significado é encontrado em At.6:7. Fé aqui pode ser considerado como o conjunto de doutrinas em que se crê, como o credo.

– O quinto significado da palavra “fé” é é a chamada “fé servidora” ou “fé que serve”, que, segundo Chafer, é aquela “…que contempla como verdadeiro o fato dos dons divinamente concedidos e todos os detalhes a respeito da designação divina para o serviço.

Esta fé é sempre uma questão pessoal, e assim um crente não deveria se tornar um padrão para outro.

Esta fé com sua característica pessoal pode ser mantida inviolada, pois o apóstolo Paulo diz: ‘A fé que tens, guarda-a contigo mesmo diante de Deus.’ (Rm.14,22).

Grande prejuízo pode vir se um cristão imita outro em questão de designação para o serviço.…” (op.cit., p.132).

Esta fé, como se percebe, é a confiança que existe por parte do crente no cumprimento da obra do Senhor. É um dos aspectos da “fé ativa” mencionada pelo ilustre comentarista, que diz respeito ao serviço que temos de fazer na obra do Senhor.

É a crença na orientação dada pelo Espírito Santo no desempenho das tarefas a nós cometidas pelo Senhor ao longo da nossa existência sobre a face da Terra. É um reflexo de nossa obediência e submissão ao Senhor.

Podemos, assim, dizer que, após a salvação, mediante a fé salvadora, a fé se desdobra no nosso relacionamento cotidiano com Deus em “fé mantenedora”, que nos mantém no caminho estreito e a “fé servidora”, que nos permite, como membros do corpo de Cristo, nos mantermos obedientes e submissos à vontade do Senhor.

– O sexto significado da palavra “fé” é a “fé-qualidade do fruto do Espírito Santo”, também denominada de “fidelidade”, mencionada em Gl.5:22. A fé fruto do Espírito Santo (Gl.5:22) é o resultado da transformação operada pela salvação.

Quando cremos em Cristo, tornamo-nos uma nova criatura (II Co.5:17) e passamos a ter um novo caráter, uma nova conduta, a apresentar novas qualidades, entre elas, a fé, que nada mais é do que um comportamento de quem tem confiança em Deus, que tem consciência de que Deus está no controle de todas as coisas, tanto assim que esta qualidade do fruto do Espírito está relacionada com a bem-aventurança dos que são injuriados e perseguidos (Mt.5:12).

Esta fé também não é de todos, mas só daqueles que creram em Jesus e foram nascidos da água e do Espírito (Jo.3:8), daqueles que foram gerados de novo para uma viva esperança, para uma herança incorruptível(I Pe.1:3,4) e que se constitui num dos instrumentos para a nossa perseverança (I Pe.1:5). É deste significado de fé que se constitui no âmago de nosso presente estudo.

– O sétimo significado da palavra “fé” é o “dom espiritual da fé”, que é o que estamos s tratar aqui. O dom espiritual da fé (I Co.12:9) é um dos chamados dons de poder que o Espírito Santo deixa à disposição da Igreja.

– Trata-se de uma confiança extraordinária, especial que faz com que pessoas tenham uma crença pontual além dos limites do imaginável e que, mediante esta confiança, realizem coisas que estão além do alcance da imaginação humana.

Como afirma o pastor e teólogo Jormicezar Fernandes da Rocha, de Ouro Preto do Oeste/RO: “…esta fé é dada sobrenaturalmente, não provindo de capacidade humana.

O dom da fé habilita o crente a aceitar como realidade todas as promessas de Deus e agir na certeza plena de que Deus vai cumprir a Sua Palavra.

Desse tipo de fé poderosa e dinâmica necessitamos tremendamente em nossos dias…” (A excelência do ministério cristão: valorizando o ue é excelente. EBOADERON 2013, p.56).

– O pastor Antonio Gilberto assim explica este dom: “…É um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo.

Superação e eliminação de obstáculos, sejam quais forem, e de impedimentos; liberação do poder de Deus, intercessão.(…). Trata-se da fé chamada ‘fé especial’, ‘fé miraculosa’. Este dom opera também em conjunto com vários outros dons.…” (Verdades pentecostais, p.71).

– Temos sempre ouvido ações e gestos de servos do Senhor que, tomados pelo Espírito com uma fé excepcional, agem de acordo com a vontade de Deus e servem para a Sua glorificação.

Assim, por exemplo, agiu Paulo no navio que o levava a Roma, ao usar de autoridade para impedir que algum mal se fizesse aos presos e, assim, sendo um simples prisioneiro, dirigir e comandar a própria salvação de todos os que ali estavam.(At.27:30-36).

Esta fé é apenas daqueles salvos que são aquinhoados pelo Espírito Santo com este dom e devem exercê-lo sempre em vista do consolo, admoestação e conforto da Igreja.

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6367-licao-4-dons-de-poder-i

Glória a Deus!!!!!!!