INTRODUÇÃO
-Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, analisaremos o capítulo 10, onde foi registrado o discurso do Bom Pastor.
-Jesus é o Bom Pastor.
I – A ILUSTRAÇÃO DO BOM PASTOR
-Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, estudaremos o capítulo 10, onde está registrado o chamado “discurso do Bom Pastor”.
-Este discurso foi proferido em Jerusalém, onde Jesus estava por ocasião da “festa da dedicação” (Jo.10:22), uma festividade instituída durante o período intertestamentário, mais precisamente durante o reinado da dinastia dos hasmoneus ou macabeus (a dinastia durou de 166 a 63 a.C.), que comemorava a purificação do templo, ocorrida em 164 a.C., que havia sido profanado pelo rei sírio Antíoco IV Epifânio em 167 a.C.
-Esta festa, cujo nome hebraico é “Chanukah”, também conhecida como “Festa das Luzes”, é celebrada durante oito dias, a partir do dia 24 do mês de Kislev, o nono mês (que corresponde ao nosso mês de novembro/dezembro), portanto, durante o inverno em Israel.
-A instituição da festividade foi feita por Judas Macabeu (?-160 a.C.), que liderou a vitória militar sobre a Síria, para celebrar a purificação do templo e o reinício de suas atividades, após a profanação feita por Antíoco IV Epifânio, como também o milagre da permanência da luz do candelabro sem reposição de azeite durante oito dias, tempo em que se fez a produziu de novo azeite para as lâmpadas.
-A instituição desta festa é registrada no Primeiro Livro dos Macabeus 4:59, livro apócrifo e que faz parte da Bíblia Católica, “in verbis”:
“E Judas, com seus irmãos e toda a assembleia de Israel, estabeleceu que os dias da dedicação do altar seriam celebrados a seu tempo, cada ano, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria” (Bíblia de Jerusalém).
-Jesus havia acabado de curar um cego de nascença e isto havia causado um tumulto que redundou na expulsão do curado da sinagoga (Jo.9:34), prova de que aumentava ainda mais a oposição contra o Senhor, pois já se aplicava a orientação de que os discípulos de Jesus deveriam ser expulsos das sinagogas (Jo.9:22).
-Como afirma Myer Pearlman (1898-1943): “…A cura do cego, descrita no capítulo anterior, serve como pano de fundo ao discurso de Jesus registrado aqui. Os líderes religiosos já haviam determinado que qualquer pessoa que confessasse ser Jesus o Messias fosse excomungada, expulsa da sinagoga (Jo 9.22).
Quando o cego curado persistiu na sua lealdade a Jesus, “expulsaram-no’’ (9.34).…” (João. Série Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.119).
-Após esta expulsão, Jesus disse que havia vindo ao mundo para que os que não vissem passassem a ver e os que vissem passassem a ser cegos, tendo, então, alguns fariseus que O estavam ouvindo Lhe dito se eles estavam sendo chamados de cegos por Ele, ao que Jesus respondeu, dizendo que como eles negavam ser cegos espirituais, por isso permaneciam em seu pecado (Jo.9:38-40).
-Em seguida, Jesus volta a falar sobre a Sua missão salvífica, enfatizando ser Ele o único Senhor e Salvador. Ao cego de nascença que curara, o Senhor havia dito se cria Ele no Filho de Deus, identificando-Se como tal (Jo.9:35-37), mostrando ser o Deus feito homem, tanto que aceitou a adoração do cego de nascença (Jo.9:38).
-Não há como alcançar a salvação sem que se reconheça que Jesus é o Filho de Deus, o Deus feito homem, o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt.16:16), como o Pai revelou a Pedro em Cesareia de Filipe. Isto é tão fundamental que há estudiosos da Bíblia que entendem que a pedra mencionada por Jesus naquela ocasião seria a própria declaração de Pedro.
-A base da vida cristã é este reconhecimento, pois só assim teremos como realmente alcançar a vida eterna, pois não se pode ser salvo sem se considerar um pecador e saber que Jesus, fazendo-Se homem, pagou o preço dos nossos pecados na cruz do Calvário e, graças a isso, podemos ter n’Ele o perdão e o restabelecimento da comunhão com Deus.
-Por isso mesmo, o discurso do Bom Pastor começa com Jesus dizendo que, quem não entra pela porta das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador (Jo.10:1).
-Jesus irá agora usar da ilustração do pastor e das ovelhas para explicar a Sua obra salvífica. Era uma imagem bem conhecida dos judeus, um povo que, desde os seus primórdios, havia feito da pecuária a sua principal atividade econômica, em especial a criação de ovelhas (Gn.13:2; 31:9; 46:6,32).
-O próprio Deus comparara Israel como sendo o Seu rebanho, “as ovelhas de Seu pasto” (Sl.79:13; 95:7; 100:3) e o Senhor Jesus torna a usar esta figura para mostrar a diferença entre os Seus discípulos e os incrédulos.
-Jesus apresenta-Se como o Cristo, pois Ele era o pastor das ovelhas, Aquele que havia entrado pela porta. Ele era o Cristo, o único que podia fazer a ligação entre Deus e os homens, que podia abrir a porta e trazer as ovelhas para fora (Jo.10:3).
-Somente pode salvar a humanidade quem “entra pela porta” e, ao dizê-lo, o evangelista mostra que Jesus havia Se humanizado. Para que a salvação do homem fosse possível, era necessário que “a semente da mulher” ferisse a cabeça da serpente e tivesse seu calcanhar ferido (Gn.3:15).
João desmentia, assim, os gnósticos que, no tempo da redação do Evangelho, queriam negar que o Verbo Se tivesse feito carne. Jesus “entrou pela porta” e por isso podia ser o Salvador do mundo.
-Tendo “entrado pela porta”, Jesus, então, abre a porta, fala às ovelhas e elas ouvem a Sua voz e, sendo chamadas pelo nome, são trazidas para fora (Jo.10:3).
-Só Jesus pode abrir a porta. Só Ele viveu sem pecado e pôde derramar sangue inocente para satisfazer a justiça divina. Ele primeiro “entrou pela porta” e, após ter consumado a Sua obra salvífica (Jo.17:4), pode abrir a porta.
-Esta abertura da porta dá-se mediante a pregação do Evangelho. As ovelhas ouvem a voz do Senhor porque Cristo Jesus fala com elas. Esta é a nossa missão: fazer Jesus ouvido pelas pessoas. Por isso, o apóstolo Paulo dizia que nada fazia saber a seus ouvintes senão a Cristo, e Este crucificado (I Co.2:2).
-Temos feito as pessoas ouvirem a voz de Cristo? Temos, realmente, pregado a Cristo, pregado a Jesus? Era isto que faziam os apóstolos e os demais discípulos a eles contemporâneos (Mt.14:12; At.5:42; At.,8:5,35,42; 9:20; 17:18; I Co.1:23,24; II Co.4:5).
-Muitos têm, lamentavelmente, pregado a “ladrões e salteadores”, porque, em vez de pregarem a Jesus, de pregarem a Cristo, o porteiro, Aquele que “entrou pela porta”, estão a pregar filosofias humanas, pensamentos de outrem que não Cristo, mensagens de autoajuda, mensagens baseadas em neurolinguística e até construídas segundo métodos de oratória e de arte cênica.
-Jesus diz que o porteiro abre a porta e as ovelhas ouvem a Sua voz. O Senhor as chama pelo nome e as traz para fora. Notemos que o Senhor as chama, elas atendem a este chamado; o Senhor as traz para fora, mas elas que se dirigem até onde Ele está.
Não há aqui qualquer predestinação incondicional, embora o porteiro seja onisciente, conhecendo a todas pelo nome (Ex.31:2; 33:17; Sl.147:4).
-Jesus, então, diz que, uma vez sendo as ovelhas chamadas e trazidas para fora, vai adiante delas e as ovelhas O seguem, porque conhecem a Sua voz (Jo.10:4).
-O Senhor mostra-nos, portanto, que a vida espiritual é uma continuidade, a salvação é um processo. Atender ao chamado do Senhor não é suficiente, embora seja indispensável.
-Uma vez “trazida para fora”, a ovelha de Jesus precisa seguir ao Senhor, ter o pastor como guia, ser dirigido por Ele, seguir as Suas pisadas, e isto somente se dá porque há “conhecimento da voz do pastor”.
-Já tivemos a oportunidade de ver a cena a que alude o Senhor Jesus. Até hoje os pastores de ovelhas em Israel reúnem as ovelhas de vários rebanhos no mesmo redil e, pela manhã, cada pastor chama as suas ovelhas e elas, por reconhecerem a voz do pastor, atendem ao chamado, motivo por que, simplesmente pelo chamado, cada ovelha segue ao seu pastor a cada manhã.
-Este “conhecimento da voz” é consequência do envolvimento da ovelha com o pastor, da convivência com ele, e é precisamente isto que devemos fazer para termos êxito na nossa peregrinação terrena.
-Precisamos sempre estar seguindo a Jesus, só Ele é o Caminho, só Ele poderá nos levar aos céus. Precisamos ouvir a Sua voz, conhecê-la e, para tanto, temos de nos dedicar a aprender com Ele, por meio de uma vida devocional real e constante, o que somente se dá pela meditação das Escrituras, pela oração, pelo jejum.
-Temos de sermos capazes de distinguir entre a voz de Jesus e a voz dos ladrões e salteadores, entre a voz de Jesus e os ruídos deste mundo, que, por vezes, pretendem nos impedir de escutar as palavras do Mestre. Tomemos cuidado, amados irmãos!
-“Conhecer a voz do pastor” é ter intimidade com o Senhor, pois, na cultura hebraica, “conhecer” é “ser íntimo”, tanto que a relação íntima entre um homem e uma mulher é denominada de “conhecer” (Gn.4:1).
-Intimidade é “estar só”, “estar na solidão” e, portanto, somos íntimos do Senhor Jesus quando temos um período diário em que podemos estar a sós com Ele. Ele nos chama pelo nome, ou seja, quer que tenhamos um tempo para estarmos sós com Ele, como, aliás, fazia o primeiro casal no jardim do Éden a cada viração do dia.
-Jesus disse que a ovelha que conhece a voz do pastor não segue o estranho, mas foge dele porque não conhecem a voz dos estranhos (Jo.10:5). Só é possível fugir do estranho se se conhecer a voz do pastor.
-O Senhor aqui repete o ensino que já dera aos judeus que haviam crido nele por ocasião do discurso da verdade libertadora. Somente o conhecimento da verdade pode nos livrar do engano. Somente quem conhece a Jesus, e este conhecimento vem da convivência com Cristo, pode escapar do engano proporcionado pelo
diabo e seus agentes, engano que atinge, em nosso tempo, uma dimensão imensa, já que estamos às vésperas do arrebatamento da Igreja.
II – A EXPLICAÇÃO DA ILUSTRAÇÃO DO BOM PASTOR
-João diz que os ouvintes, entretanto, não entenderam a ilustração feita pelo Senhor Jesus. Jesus, mostrando toda a Sua sensibilidade, prosseguiu o discurso, a fim de que fosse compreendido (Jo.10:7,8).
-É bom frisarmos que Jesus havia feito uma ilustração, não uma parábola. Não há parábolas no evangelho segundo João. A palavra “parábola” que se encontra em Jo.10:6 na Versão Almeida Revista e Corrigida, na Versão Almeida Revista e Atualizada, na Versão Almeida Revista Corrigida Fiel, na Bíblia de Jerusalém é melhor traduzida na Nova Almeida Atualizada, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, na Nova Versão Internacional e na Tradução Brasileira por “comparação”, pois se trata da palavra grega “pairomia” (παροιμία), cujo significado é “suposição, comparação, exemplo enigmático, adágio, provérbio”. A Nova Versão Transformadora utiliza a palavra “ilustração” (que foi por nós adotada).
-Que lição nos dá o Senhor Jesus? Ele tinha de pôr em prática o que havia ensinado! Disse que o pastor era conhecido das ovelhas, que era fundamental a comunicação para que se estabelecesse a comunhão e, por isso, ao ver que não havia sido compreendido, retoma a mensagem de uma outra forma, a fim de que pudesse ser entendido.
-É fundamental que preguemos a Cristo, que preguemos o Evangelho, que preguemos a verdade, verdade que é imutável, que não pode ser alterada de forma alguma. Entretanto, é necessário que nos façamos compreender, que as pessoas entendam o que nós estamos a falar.
-É aqui que entra o elemento tão enaltecido em nossos dias quando se fala em evangelização, que é a chamada “inculturação da mensagem”, ou seja, a necessidade de transmissão do Evangelho em uma linguagem compreensível aos ouvintes, o que Jesus sempre fez durante o Seu ministério público e aqui temos um exemplo, ao adotar uma ilustração bem familiar aos judeus, que era a do pastor e de suas ovelhas.
-O que se deve, porém, tomar cuidado é que, sob o pretexto da “inculturação do Evangelho”, algo que, como já dissemos, sempre existiu desde a pregação pelo próprio Jesus e que teve em Paulo uma continuidade eloquente nos tempos apostólicos, muitos estão a defender a pregação de um “falso evangelho”, pois se trata de uma mensagem que não muda a cultura do ouvinte, mas que procura compatibilizar a cultura com o Evangelho.
-Esta “compatibilização” entre cultura e Evangelho, porém, é fatal para a evangelização, porquanto significa, no limite, a incorporação de elementos pecaminosos na pregação, a assimilação de costumes e hábitos contrários à vontade divina, o que nada mais é do que a adulteração da verdade, a falsificação da pregação.
-Foi por meio deste conceito equivocado que se iniciou a paganização da Igreja que resultou na inserção de elementos estranhos que levaram à distorção doutrinária que deu origem à Igreja Católica Apostólica Romana, à Igreja Católica Ortodoxa Grega e outras ramificações.
-Também é esta a mentalidade dos defensores das chamadas igrejas “seekers-sensitive”, ou seja, as igrejas “sensíveis ao que busca”, movimentos que dizem ser necessária a atração dos incrédulos mediante a utilização de uma “conduta contemporânea”, que seria, num momento posterior, confrontada com a “verdade do Evangelho”, o que tem sido um rotundo fracasso, com a criação de um “universo gospel”, que nada difere do mundo pecaminoso.
-Dentro desta realidade, podemos também inserir as chamadas “igrejas pintadas de preto”, também conhecidas como “estilo church”, que nada mais é que uma aplicação do modelo “seekers-sensitive” que estava se esgotando.
-Devemos, sim, ser compreendidos pelos ouvintes, devemos transmitir uma mensagem que eles possam entender, mas jamais devemos abrir mão da verdade, devemos mostrar que pecado é pecado e que a cultura está contaminada pelo pecado e que tais elementos pecaminosos devem ser abandonados, pois não se pode invalidar os mandamentos divinos por causa de tradições humanas (Mt.15:6-9).
-Nesta explicação de Sua ilustração, o Senhor Jesus disse clarividentemente que Ele era a porta das ovelhas e que as pessoas que tinham vindo antes dizendo ser o Cristo eram ladrões e salteadores, não tendo as ovelhas ouvido tais pessoas (Jo.10:8).
-Jesus estava a falar de pessoas que, antes d’Ele, haviam dito serem o Cristo, pessoas como Judas, o galileu (At.5:34), também conhecido como Judas de Gamala, que, em 6 a.C., liderou uma insurreição contra a cobrança de tributos por parte do governo romano. Desta atitude se teve a inspiração para o surgimento dos zelotes, grupo político que defendia a luta armada para a libertação de Israel e que esperava um Messias guerreiro.
-Tais pessoas, dizia Jesus, eram falsos messias, enganadores, ladrões e salteadores. Ele, sim, era o Messias, o Cristo, o “profeta como Moisés” (Dt.18:15-19), o “filho de Davi” (II Sm.7:16; Is.11:1,2).
-Com muito maior razão, os que vieram após Jesus são igualmente falsos messias, falsos cristos, ladrões e salteadores (Mt.24:5,23,24), pois Jesus disse que Ele é A porta das ovelhas, ninguém mais.
-Vivemos os dias do princípio das dores, em que o próprio Jesus disse que surgiriam muitos se dizendo o Cristo, dizendo ser o mediador entre Deus e os homens, o salvador da humanidade. Não podemos crer neles, não podemos segui-los. Caso estejamos em intimidade com Jesus, não os seguiremos, porque conheceremos a voz do Senhor e fugiremos destes estranhos.
-Eis porque não se pode crer no Alcorão trazido por Maomé e pelos ímãs e aiatolás que o interpretaram (islamismo); nos escritos de Joseph Smith (Livro de Mórmon, Pérola de Grande Valor, Doutrinas & Convênios) ou dos “profetas” que o sucederam; nas interpretações “iluminadas” da Junta Governante da Sociedade Torre de Vigia; nos escritos e ensinamentos de Meishu-Sama (fundador da Igreja Messiânica Mundial), Reverendo Moon (Igreja da Unificação, também conhecida como Associação das Famílias), Masaharo Taniguchi (Seicho-No-Ie), Mirzá Husayn-Ali (o Bahá’ullah) (Fé Bahai), Allan Kardec (Espiritismo), Ellen Gould White (Igrejas Adventistas), Helena Blavastky (Nova Era) e tantos outros que têm surgido com cada vez maior intensidade.
-O próprio Jesus já havia, também, condenado os “mestres da lei” que Lhe eram contemporâneos, pois, embora não dissessem ser o Messias, diziam ser os verdadeiros intérpretes da lei, os “Rabis”, o que também não poderia ser aceito, até porque eram eles os primeiros a rejeitar o verdadeiro Cristo (Mt.23:7,8).
-Assim, devemos ouvir a voz somente de Cristo e se alguém disser algo que Cristo não disse, ainda que não se declare Cristo mas apenas Seu “profeta”, devemos rejeitá-lo, porque Jesus é o mesmo (Hb.13::8), é a Verdade (Jo.14:6) e, como sabemos, a verdade não muda, de modo que qualquer que se diga mestre ou profeta trazendo outra mensagem, será um falso mestre, que se introduziu encobertamente no meio do povo de Deus para disseminar heresias e conseguir a perdição espiritual (II Pe.2:1,2).
-Jesus ainda se diz como sendo A porta, não havendo, como Ele já dissera antes deste esclarecimento, qualquer outra porta.
Ele é o porteiro, que não tem qualquer assistente. Desta maneira, também não se pode crer na doutrina de que há intermediários entre Jesus e os Seus discípulos, como santos, beatos ou Maria. Tal não se dá. Jesus é o porteiro, Ele é quem abre a porta, cabendo a cada um entrar por ela.
-Para alguém alcançar a salvação, diz o Senhor Jesus, tem de entrar por ele. Entrando por Cristo, a pessoa é salva e sairá, achando pastagens (Jo.10:9).
-A salvação é um processo. Começa pela fé em Jesus, que é a entrada pela porta, mas prossegue, pois quem entra, deve sair e, ao sair, achará pastagens. Esta saída pode ser interpretada como sendo a ida ao mundo para pregar o Evangelho (Mc.16:15; At.26:20), o cumprimento da missão da Igreja que, de forma muito feliz, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus diz ser a glorificação de Deus aqui na Terra (Cf. Mt.5:16).
-A vida espiritual é uma continuidade. Começando pela entrada pela porta, que é a fé em Cristo (Rm.5:1,2), prossegue com a saída ao mundo, para pregação do Evangelho e testemunho de Cristo entre os homens (At.1:8), e, por conseguinte, seremos sempre alimentados pelo Senhor, teremos a sua diuturna companhia, razão por que disse o Mestre que Suas ovelhas sempre “acham pastagens”.
-Estas pastagens mencionadas pelo Senhor fazem-nos lembrar do Salmo 23, o salmo do pastor, escrito ele próprio por um pastor de ovelhas, o rei Davi. O salmista diz que o Senhor é o nosso pastor e que Ele nos faz deitar em verdes pastos e nos guia mansamente a águas tranquilas, refrigera a nossa alma e nos guia pelas veredas da justiça por amor de Seu nome (Sl.23:1-3).
-Quando achamos pastagens por termos entrado pela porta e saído, teremos uma vida espiritual abundante, com descanso da alma (Mt.11:29), alimentação que permite plena satisfação espiritual (Jo.8:35) e que nos conduz à justiça cada vez mais intensa que nos fará chegar a varão perfeito, à estatura completa de Cristo (Ef.4:13; Ap.22:11).
-Enquanto Jesus providencia as pastagens, a vida espiritual abundante, os falsos cristos, os falsos messias, que são ladrões e salteadores, não vêm senão para roubar, matar e destruir (Jo.10:10).
-Exsurge aqui uma válida discussão, porquanto muitos aplicam este “ladrão” mencionado pelo Senhor Jesus ao diabo, sendo muito comum vermos pregações e ensinos que aplicam esta figura a Satanás.
-Quando, entretanto, verificamos o texto, vemos que o ladrão aqui dito pelo Senhor são os falsos cristos e os falsos messias. Jesus está a explicar a Sua ilustração e, nela, os ladrões e salteadores são aqueles que haviam vindo antes d’Ele se dizendo ser o Cristo.
-Assim, no texto, não há como dizer que o ladrão é o diabo. Entretanto, não podemos deixar de observar que o ladrão é, sim, um agente do diabo, um instrumento de Satanás. No discurso da verdade libertadora, o Senhor faz questão de dizer que quem O odeia é filho do diabo, quem mente é filho do diabo, pois o diabo é o pai da mentira (Jo.8:44).
-Portanto, quando se diz que o ladrão mencionado por Jesus é o diabo, não se tem uma declaração baseada no texto, mas não se pode deixar de reconhecer que o ladrão é um agente do diabo e que sempre satisfaz o desejo de Satanás, que, como diz o apóstolo Pedro, é levar os incautos à perdição espiritual (II Pe.3:1,2).
-O ladrão vem a roubar. Jesus é “o dom de Deus” (Jo.3:16; 4:10), que nos é dado, pelo qual alcançamos a vida eterna, que é o conhecimento de Deus como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo como o Enviado do Pai (Jo.17:3).
-Esta é uma verdade bíblica a que devemos dar a devida atenção, máxime nos dias em que vivemos em que está muito em voga um “evangelho ecumênico”, em que se está a disseminar o “diálogo interreligioso” e, como nunca, se tem defendido uma “fraternidade universal”.
-Este discurso tem se intensificado nos últimos dois séculos, notadamente após o surgimento do movimento Nova Era, sob o comando de Helena Blavatsky (1831-1891) e sua Sociedade Teosófica, ideia que se intensificou com a criação do Parlamento Mundial das Religiões pelo pregador budista cingalês Anagarika Dharmapala (1864-1933) e pelo guru indiano Swami Vivekananda (1863-1902), como também pela realização do “Congresso de todas as religiões” em 1924 sob os auspícios do líder espiritual indiano Sree Narayana Guru
(1856-1928), cujo centenário foi extremamente prestigiado por um evento no Vaticano pelo Papa Francisco em novembro de 2024.
-Aliás, uma das marcas do pontificado do atual Chefe da Igreja Romana tem sido precisamente a promoção do “diálogo interreligioso” e da “fraternidade universal”, a revelar a completa rendição da cúpula do Romanismo a este discurso, em mais uma evidência de que estamos às vésperas do arrebatamento da Igreja, pois tudo isso nada mais é que a preparação para a instauração da religião do Anticristo, que será liderada pelo Falso Profeta (Ap.13:4,11-15).
-Por ocasião desta celebração, o Papa Francisco fez questão de dizer: “…Sree Narayana Guru dedicou a sua vida a promover a redenção social e religiosa com a sua mensagem clara de que todos os seres humanos, independentemente da sua etnia ou tradições religiosas e culturais, são membros da única família humana. Insistiu que não deveria haver discriminação contra ninguém, de forma alguma e a qualquer nível. (…)
Todas as religiões ensinam a verdade fundamental de que, como filhos do único Deus, devemos amar-nos e honrar- nos uns aos outros, respeitar a diversidade e as diferenças num espírito de fraternidade e inclusão, cuidando uns dos outros, bem como da terra, nossa casa comum…” (Discurso do Papa Francisco aos participantes da Conferência Inter-religiosa promovida pelo ‘Sree Narayana Dharma Sanghom Trust’. 30 nov. 2024. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2024/november/documents/20241130- conferenza-interreligiosa.html Acesso em 14 fev. 2025).
-Este é um discurso enganoso, próprio do ladrão, porquanto procura roubar “o dom de Deus”, que é única e exclusivamente Jesus Cristo. Só quem n’Ele crê pode ser considerado filho de Deus (Jo.1:12). Só quem n’Ele crê tem a vida eterna (Jo.17:3), só quem n’Ele crê não morrerá em seus pecados (Jo.8:24).
-O ladrão procura sempre nos distanciar de Deus, não nos envolvermos com Ele, bem como desconsiderar a Jesus como o Cristo e, se tiver êxito, roubará aquilo que recebemos graciosamente do Senhor e acabaremos por nos perder, pois ninguém pode ser salvo se não tem a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo. Daí a advertência do próprio Jesus: “…guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap.3:11).
-O ladrão vem a matar. Como instrumento de Satanás, que é homicida desde o princípio (Jo.8:44), os falsos cristos e os falsos messias desviam as pessoas de Jesus, que é a vida (Jo.1:4; 14:6) e, quando nos afastamos da vida, evidentemente que nos encontramos com a morte. Se não crermos que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, morreremos em nossos pecados (Jo.8:24).
-Quando deixamos de crer em Jesus como Senhor e Salvador, rejeitamos a vida e a rejeição da vida nada mais é que morte. Só passa da morte para a vida quem ouve a palavra do Evangelho e crê em Jesus (Jo.5:24).
-É preciso ouvir a voz do Filho de Deus para poder alcançar a vida eterna (Jo.5:25). Os homens, mortos em suas ofensas e pecados (Ef.2:1), são capazes de ouvir a voz de Jesus e se a ouvirem e crerem alcançarão a vida, serão vivificados em Cristo.
-Por ser Deus, Jesus tem a vida em Si mesmo, assim como o Pai (Jo.5:26), e só Ele, portanto, pode trazer vida eterna ao homem. Qualquer outro que vier com esta pretensão, estará apenas mantendo as pessoas na morte espiritual em que se encontram.
-Daí porque ser a ressurreição de Jesus a garantia da fé cristã (I Co.15:14), pois, como declaração de que Jesus é o Filho de Deus (Rm.1:4), o homem, que entregou sua vida para satisfazer a justiça divina (Jo.10:18), foi ressuscitado dentre os mortos (Mt.17:9), foi feito as primícias dos que dormem (I Co.15:20), comprovando, de modo irrefutável, que é Ele, e só Ele, o Salvador da humanidade, tanto que os ladrões e salteadores se encontram todos mortos e sepultados, mostrando que não poderiam prometer a vida eterna, já que nem mesmo a morte física puderam suplantar, enquanto Jesus mostra que a morte não tem domínio sobre Ele (Rm.6:9; Ap.1:18).
-O ladrão vem a destruir. Quem crê em Jesus, ouve e pratica a Sua palavra, edifica a sua casa sobre a rocha e todas as intempéries são incapazes de derrubá-la (Mt.7:24,25). Entretanto, quem constrói sua casa sobre a areia, ou seja, não sobre a rocha, não sobre Cristo, fatalmente sucumbirá ante as vicissitudes da vida (Mt.7:26,27).
-Em Cristo, tornamo-nos morada de Deus no Espírito (Ef.2:22), porquanto somos edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina (Ef.2:20).
-Se nos afastamos de Cristo, se não temos mais a Ele como alicerce, dando ouvido a estes falsos ensinos, acabamos por destruir a nossa edificação espiritual, que é precisamente a ação pretendida pelo ladrão.
-A rejeição da palavra de Deus torna-nos parede fendida, que forma barriga desde o mais alto sítio e cuja queda virá subitamente em um momento (Is.30:11-13).
-Quem edifica com base em falsos profetas e falsos cristos constrói uma parede de lodo, que é rebocada com cal não adubada e que não terá outro fim senão a abrupta queda e a morte espiritual (Ez.13:8-14).
-Jesus, porém, traz vida e vida com abundância (Jo.10:10), pois Ele é o Bom Pastor e o Bom Pastor dá a Sua vida pelas ovelhas (Jo.10:11).
-Jesus faz a diferença, então, entre o Bom Pastor e os mercenários. Enquanto o pastor dá a sua vida pelas ovelhas, o mercenário, quando vê o lobo, deixa as ovelhas e foge e o lobo as arrebata e dispersa (Jo.10:12).
-Aqui temos uma outra diferença entre Jesus e os falsos cristos e falsos profetas. Jesus é o Bom Pastor, ou seja, além de abrir a porta, Ele Se dispõe a ir adiante das ovelhas e lhes promover o sustento, não só providenciando a alimentação, mas também a proteção, não permitindo que elas morram, mas, bem ao contrário, até dando a sua vida por elas.
-O Bom Pastor mostra, portanto, ter amor pelas ovelhas, e o maior amor, pois ninguém tem maior amor do que o de dar a sua vida pelos seus amigos (Jo.15:13). É o amor de Jesus que fez com que Ele Se fizesse carne e morresse por nós na cruz do Calvário (Rm.5:8).
-O mercenário, entretanto, não tem amor pelas ovelhas, está tão somente interessado no salário que lhe ofereceram, nas vantagens decorrentes da função que lhe deram e, por isso, quando corre risco de vida, abandona as ovelhas, foge, permitindo que o lobo arrebate e disperse as ovelhas.
-O mercenário, por não amar as ovelhas, não as defende, não as protege do lobo e permite que o lobo não só mate algumas ovelhas, mas faça desaparecer o rebanho, dispersando as ovelhas que não forem mortas.
-Jesus, então, mostra que os líderes religiosos existentes em Israel, como também os que existiam entre as outras nações, eram mercenários, serviam como meros instrumentos para que o lobo arrebatasse e dispersasse as ovelhas, e o lobo aqui, indubitavelmente, é o diabo, homicida desde o princípio (Jo.8:44).
-Jesus apresenta-Se como o Bom Pastor e, como tal, conhece as Suas ovelhas e delas é conhecido. Ele dá Sua vida pelas ovelhas porque o Pai O conhecia e Ele conhecia o Pai. O Pai, que também ama as ovelhas (Jo.3:16), enviou o Filho, exatamente para que o Filho desse Sua vida pelas ovelhas. Era esta a vontade do Pai, como fica claro no registro da oração do Getsêmani (Mt.26:39,42,45; Mc.14:36,41; Lc.22:42).
-“…A análise das Suas palavras e das intenções que elas expressam evidencia que Seu Pai era real, que tinha uma existência própria, uma vontade definida. Talvez a vontade d’Ele e a do Pai coincidissem em quase tudo o que planejaram, mas nessa situação a vontade do Pai não ia encontro da Sua.
O Pai queria a cruz, e o Filho, na condição de homem, disse, ainda, que por um momento, que desejava evitá-la. Isso revela claramente que o martírio de Cristo não foi um teatro. Independentemente de Sua divindade, Ele sofreu como um ser que tem pele, fibras musculares, nervos, Submeteu-Se ao Seu Pai não por temor ou imposição d’Ele, mas por amor.
Um amor que excede o entendimento…” (CURY, Augusto Jorge. O mestre da sensibilidade: Jesus, o maior especialista no território da emoção (Análise da inteligência de Cristo, v.2). Rio de Janeiro: Sextante, 2006, pp.151-2).
-Jesus diz que daria Sua vida porque o Pai O amava e que tinha o poder tanto de dar a vida como de tornar a tomá-la (Jo.10:17,18). Esta palavra nos é confortadora, pois a ressurreição de Jesus mostra todo o Seu poder, poder que reafirmou ter recebido do Pai (Jo.10:18; Mt.28:18). Em sendo assim, jamais duvidemos do poder de Jesus!
-Jesus, ainda, revela que Suas ovelhas não eram apenas judias. Ele era o Salvador da humanidade, não só de Israel, e convinha que Ele agregasse, também, ovelhas de outras nações, ovelhas que igualmente ouviriam a Sua voz e que seriam agregadas às Suas ovelhas de Israel, formando, assim, um rebanho e um Pastor (Jo.10:16).
-Mais uma vez, Jesus dá notícia da Igreja que haveria de edificar, congregando em um povo tanto judeus quanto gentios, que se aproximariam de Deus, viriam a ter comunhão com o Senhor por causa do sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário (Ef.2:13-18).
-Ao término deste discurso, houve divisão entre os judeus. Aqui se tem o cumprimento daquilo que o próprio Senhor havia dito, qual seja, que vinha trazido divisão entre os homens (Mt.10:34-36; Lc.12:51-53), o que, aliás, havia sido profetizado por Miqueias (Mq.7:6).
-O discurso da “fraternidade universal”, de que “todos os caminhos levam a Deus” é enganoso e mentiroso. O Evangelho divide os homens entre os que creem em Jesus e os que não creem n’Ele, divisão inevitável e insuperável.
-Os que defendem este “diálogo interreligioso”, esta “fraternidade universal” são os mesmos que cruelmente perseguem e matam os cristãos em todo o mundo. Tomemos cuidado, amados irmãos!
-Parte dos que ouviram Jesus disseram que Ele tinha demônio, mas parte dizia que Ele não poderia ser uma pessoa endemoninhada, já que havia curado um cego de nascença (Jo.10:19-21).
-Os incrédulos rejeitam as palavras de Jesus, não dão lugar ao Espírito Santo e, nesta sua dureza de cerviz (At.7:51), acabam até chegando à blasfêmia, porquanto atribuíam a Jesus uma ação demoníaca, o que configura, inclusive, a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc.3:29,30).
-A incredulidade permaneceu. Pouco depois, vieram novamente até Jesus, que estava no alpendre de Salomão, no templo, e quiseram que Ele dissesse abertamente se era, ou não, o Cristo (Jo.10:22-24).
-Parece que este era do grupo daqueles que, embora reconhecessem que Jesus não era endemoninhado, não podiam crer que fosse o Cristo. Tinham sabido da cura do cego de nascença, o que, segundo eles, afastava a possibilidade de ser um endemoninhado, mas daí a crerem que se tratava do Cristo ainda era um bom caminho a percorrer.
-Os sinais são absolutamente necessários na pregação do Evangelho. Não tivesse havido a cura daquele cego de nascença, não se teria criado todo o alvoroço que permitiu a Jesus pregar o Evangelho, mas a salvação não vem pelos sinais, mas, sim, pela fé em Jesus.
-Tanto assim é que, desafiado por aqueles que estavam a ter uma certa simpatia pelo Senhor, Jesus vai direto ao ponto dizendo que já havia dito que era o Cristo e eles não haviam crido, de modo que era inútil falar abertamente que era o Messias.
Suas obras feitas em nome do Pai testemunhavam a Sua messianidade, mas isto não fora suficiente, porque eles não haviam crido.
-Eles tinham se recusado a entrar pela porta, não reconheciam que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo e, por isso mesmo, não eram ovelhas do Bom Pastor, não eram parte do rebanho do Senhor, não pertenciam ao povo de Deus.
-Vemos aqui claramente a mentira do discurso já mencionado da “fraternidade universal”. Não somos todos irmãos uns dos outros nem tampouco não somos todos filhos de Deus. Só é filho de Deus quem crê em Jesus (Jo.10:26), quem ouve a voz de Jesus e O segue (Jo.10:27).
-Quem assim age, recebe a vida eterna e ninguém poderá arrebatar das mãos de Jesus. Não é por outro motivo que, apesar de todas as perseguições, tem a Igreja sobrevivido sobre a face da Terra geração após geração, porque Jesus tem poder para guardá-la, pois as portas do inferno não prevalecem contra ela (Mt.16:18).
-Jesus estava a guardar as Suas ovelhas enquanto estava aqui na Terra (Jo.17:11) e, ao subir ao céu, pediu que o Pai enviasse o Espírito Santo, o outro Consolador, para que ficasse com Suas ovelhas e estivesse nelas (Jo.14:16-18).
-Jesus, então, abertamente disse que Ele e o Pai eram um (Jo.10:30), dizendo-Se Deus. Após esta fala aberta e clarividente, qual foi a reação daqueles que diziam querer que o Senhor falasse claramente? Pegaram em pedras para matar a Jesus, porque O consideraram um blasfemo, porque havia dito que era Deus (Jo.10:31- 33).
-Jesus mostrou, então, àqueles igualmente incrédulos que a própria Escritura havia chamado de deuses àqueles a quem a Palavra de Deus foi dirigida (Jo.10:34,35; Sl.82:6), por que não poderia Ele dizer que era o Filho de Deus, se para tanto havia sido santificado pelo Pai e o provava com as obras que fazia (Jo.10:36-38).
-Mesmo diante desta demonstração que desmentia a acusação de blasfêmia, os judeus não desistiram de querer prendê-l’O e o Senhor, então, escapou de Suas mãos, retirando-se da Judeia (Jo.10:39,40).
-Como se disse, havia um entendimento que, apesar de o Sinédrio não poder aplicar a pena de morte, nos delitos mais graves, aqueles em que a lei dizia que era necessário tirar o mal de Israel, a própria população poderia aplicá-la, se não houvesse oposição do Sinédrio, que agiria como um tribunal administrativo, e, lembremos, se estava no templo, onde ficava a sede do tribunal supremo judaico.
-Apesar desta reação, houve quem abriu seu coração ao Senhor, que, ante as palavras do Mestre, creram n’Ele e o fizeram não por causa dos sinais tão somente, mas, sim, pelo testemunho que fora dado por João Batista. Eram pessoas que tinham realmente ouvido ao Senhor (Jo.10:41,42). Também estamos entre estes?
-Notamos, portanto, que sempre é dada a oportunidade, ante a pregação do Evangelho, para que as pessoas creiam, façam a sua opção entre aceitar ou rejeitar a mensagem da salvação. Houve quem cresse em Jesus, não só ouvindo o que o Senhor disse naquela oportunidade, mas também relembrando aquilo que havia sido dito a respeito de Jesus por João Batista.
-Se todo aquele discurso era fruto de um sinal realizado por Jesus, vemos que a fé não se alicerçou apenas no sinal, mas teve nele um atrativo. A conversão se deu pela fé no que foi pregado, seja por Jesus, seja anteriormente por João Batista.
-O papel de João Batista é uma vez mais mencionado pelo evangelista. No introito deste evangelho, foi dito que João era um homem enviado de Deus que tinha vindo para testificar da luz para que todos cressem por ele, ele era a testemunha da luz (Jo.1:6-8).
-João Batista foi o último profeta da lei (Lc.16:16) e deu um testemunho eficaz mesmo assim. Assim como o Batista, nós também fomos enviados para testificar de Jesus (Jo.20:21) e também somos testemunhas de Jesus (At.1:8).
-João, embora tenha sido cheio do Espírito Santo ainda quando estava no ventre de sua mãe (Lc.1:41), não era habitação do Espírito Santo, pois Jesus ainda não tinha sido glorificado (Jo.7:38,39), nem tampouco fez qualquer sinal. Entretanto, seu testemunho levou pessoas a crer em Jesus.
-Como tem sido nosso testemunho de Jesus, nós que somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19), que fomos revestidos de poder pelo Espírito Santo (At.2:4) e que temos condição de realizar sinais porque cremos em Jesus (Mc.16:17,18)? Estamos realmente a exceder em justiça os que viviam sob a lei (Mt.5:20), que estamos a exceder o Batista (Mt.11:11)? Pensemos nisso!
-Em nossos dias, não é diferente. Existem aqueles que rejeitam peremptoriamente o Evangelho, cegos que estão pelo deus deste século, não querendo ver. Há, também, os que, atraídos pelos sinais, não creem, todavia, que Jesus seja o Deus feito homem para salvar o mundo e acabam se alinhando aos incrédulos.
Por fim, existem aqueles que creem na palavra da verdade e são, assim, feitos filhos de Deus. Que seja este último grupo aquele a que pertencemos. Amém!
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11437-licao-6-o-bom-pastor-e-suas-ovelhas-i