O evangelista é aquele que foi escolhido pelo Senhor para dirigir a busca de almas para o reino de Deus.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo dos dons ministeriais, hoje estudaremos o ministério de evangelista.
– O evangelista é aquele que foi escolhido pelo Senhor para dirigir a busca de almas para o reino de Deus.
I – EVANGELIZAÇÃO – A TAREFA PRIMORDIAL DA IGREJA
– Na continuidade do estudo dos dons ministeriais, estudaremos hoje o ministério de evangelista, que é o terceiro a ser indicado pelo apóstolo Paulo na relação de Ef.4:11.
– A sequência que Paulo apresenta em Ef.4:11 não é casual, mas reflete a própria ordem em que se dá a edificação da Igreja.
Como vimos em lição anterior, Jesus, por primeiro, instituiu os apóstolos, que complementassem a base da Igreja, que servissem como fundamentos deste edifício de Deus (I Co.3:9), que tem a Cristo como pedra fundamental (Ef.2:20).
Por isso, o apóstolo, em I Co.12:28, diz que Deus pôs “primeiramente” os apóstolos.
– Mesmo no sentido de “desbravadores”, de “pioneiros”, os apóstolos também vêm em primeiro lugar, visto que a eles incumbe a implantação de igrejas locais em lugares ainda não evangelizados.
– Em seguida, o Senhor instituiu na Igreja os profetas (I Co.12:28), que foram postos “em segundo lugar”, como um complemento do fundamento, que é o fundamento dos “apóstolos e profetas” (Ef.2:20),
porquanto os profetas, como vimos na lição passada, são aqueles que fazem recordar os ensinos do Senhor, que aplicam as Escrituras, testemunha fiel do Salvador (Jo.5:39), à realidade de cada membro em particular do corpo de Cristo.
– Após ter instituído apóstolos e profetas, o Senhor, então, escolhe dentre os Seus servos, o evangelista, que é aquele que é usado para pregar a Palavra no intuito de ganhar almas para o reino de Deus.
Como bem afirma o autor do artigo “Dons ministeriais – cargos hierárquicos ou funções carismáticas?”, os evangelistas são “…homens e mulheres que fazem parte do corpo, mas que têm suas vidas e sua mente voltada para fora da igreja local.
Seu único interesse é acrescentar de forma estratégica, mais almas ao corpo de Cristo que precisa terminar de ser completo. São os que vão em hospitais, presídios, praças, favelas, sua vida é totalmente voltada para o campo missionário.…” (Disponível em: http://umnovoodre.blogspot.com.br/2012/06/ministerio-quintuplo-efesios-411-13-pra.html Acesso em 12 mar. 2014).
– O evangelista é, portanto, alguém que é posto pelo Senhor para se dedicar ao crescimento quantitativo do reino de Deus, mediante a pregação do Evangelho, com o fim de buscar almas para o reino de Deus.
É alguém que é escolhido para se voltar para o mundo sem Deus e sem salvação, visando trazer novas vidas para a comunhão com Cristo Jesus.
– A instituição deste ministério em terceiro lugar revela-nos, com muita clareza, que a prioridade da Igreja é atingir o mundo, levar as boas-novas da salvação.
A Igreja deve estar voltada para o mundo, deve abrir-se para aqueles que estão fora da salvação.
A Igreja foi criada para ir em busca das almas perdidas, não podendo fechar-se em si mesma, como, lamentavelmente, temos percebido ocorrer cada vez mais em nossos dias.
OBS: Esta realidade, aliás, tem sido um dos pontos em que mais tem insistido o atual chefe da Igreja Romana.
Por sua biblicidade, reproduzimos aqui uma de suas muitas falas a este respeito: “…O bem tende sempre a comunicar-se.
Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros.
E, uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se. Por isso, quem deseja viver com dignidade e em plenitude, não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem.
Assim, não nos deveriam surpreender frases de São Paulo como estas: «O amor de Cristo nos absorve completamente» (2 Cor 5, 14); «ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16).…” (FRANCISCO. Exortação apostólica Egangelli Gaudium, n.9. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium_po.html Acesso em 12 mar. 2014).
– No entanto, é importante verificarmos que, embora o Senhor escolha pessoas específicas para dirigir, impulsionar esta tarefa de evangelização, é esta a própria razão de ser da Igreja, que foi constituída para pregar o Evangelho a toda a criatura. É o que se denomina de “grande comissão”.
– Chama-se de “a grande comissão” ao que se encontra em Mateus 28:19-20: “…’Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos’.
Jesus deu esse comando aos Apóstolos logo depois de ascender aos céus. Esse comando praticamente resume o que Jesus esperava que os Apóstolos, e os Seus seguidores depois dos Apóstolos, fizessem em Sua ausência.
É interessante notar que no grego original, os únicos comandos específicos em Mateus 28:19-20 são: ‘ide’ e ‘fazei discípulos’.
A Grande Comissão nos instrui a fazer discípulos enquanto viajamos pelo mundo e enquanto realizamos nossas atividades diárias. Como devemos fazer discípulos?
Ao batizá-los e ensiná-los tudo que Jesus comandou. ‘Ide’ e ‘fazei discípulos’ são os comandos da Grande Comissão.
‘Batizando’ e ‘ensinando’ são a forma que devemos usar para executar o aspecto de ‘fazer discípulos’ da Grande Comissão.…” (O que é a Grande Comissão? Disponível em: http://www.gotquestions.org/portugues/Grande-Comissao.html Acesso em 07 jun. 2011).
– Após ter vencido a morte e o pecado, Jesus Se apresentou aos Seus discípulos por espaço de quarenta dias, falando-lhes a respeito do reino de Deus (At.1:3) e um dos principais assuntos concernentes ao reino de Deus foi, sem dúvida, “a grande comissão”, ou seja, a tarefa primordial que deixava para os discípulos, que eram mantidos na face da Terra para dar continuidade à Sua obra redentora, qual seja, a de ir e fazer discípulos de todas as nações.
– É “a grande comissão” porque foi a grande tarefa que Jesus deixou para os Seus discípulos. Eles deveriam levar a todas as nações a Palavra de Deus, as boas novas de salvação. Eles deveriam testificar de Jesus e dizer às nações de que havia agora um meio de obter o perdão dos pecados e de se restaurar a comunhão perdida com Deus por intermédio da fé em Cristo Jesus.
– Jesus mandou que Seus discípulos pregassem o Evangelho por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15). É esta “a tarefa” deixada à Igreja, é esta a responsabilidade que o Senhor nos deixou: “ir” e “fazer discípulos de todas as nações”.
– Os discípulos de Jesus, tendo alcançado a salvação, devem ir, agora, a todas as nações, levando esta mensagem de que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará, esta mensagem que é o Evangelho, o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego (Rm.1:16).
– Para cumprir esta tarefa, também precisamos de estar em comunhão com o Senhor, pois, como Ele mesmo disse, sem Ele nada podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”).
Antes de mais nada, para pregar o Evangelho, precisamos ser varas que estejam na videira verdadeira (Jo.15:1-5). Somente estando na videira, podemos ir e dar fruto, e fruto permanente (Jo.15:16).
– Não é por outro motivo que os que se dispõem a pregar o Evangelho sem que estejam na videira verdadeira serão inevitavelmente envergonhados e vencidos pelo maligno, seja ainda neste mundo, como aconteceu com os filhos de Ceva em Éfeso (At.19:13-16), seja no mundo vindouro, como acontecerá com tantos quantos se fizeram de evangelistas mas que eram hipócritas e praticantes da iniquidade (Mt.7:21-23).
– “A grande comissão” é uma tarefa destinada à Igreja, este novo povo de Deus surgido com a obra redentora do Calvário.
– Trata-se, pois, de uma grande honraria, de um grande privilégio deixado por Jesus aos que n’Ele creram como único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas e, por isso mesmo, por se tratar de grande honra e grande privilégio, é algo que traz grande responsabilidade, pois
“…a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.…” (Lc.19:26).
– “A grande comissão” é uma comissão e, como tal, é uma relação vertical, i.e., “de cima para baixo” e, deste modo, não se trata de um conselho, de uma recomendação, mas de uma ordem, de uma obrigação que o Senhor deixou à Sua Igreja: “ide” e “fazei discípulos”.
– “A grande comissão” foi deixada a toda a Igreja e não apenas aos apóstolos. Muitos, quando falam da “grande comissão”, fazem questão de se reportar ao texto de Marcos, onde há um diálogo entre Jesus e os onze apóstolos.
Assim, raciocinam, quem deveria pregar o Evangelho era apenas os apóstolos. E, portanto, ao falarem da “grande comissão”, diz ser esta uma obrigação imposta apenas aos ministros, “àqueles que são chamados para pregar”, “in casu”, os evangelistas, de que estamos a tratar.
– Entretanto, é interessante notar que “a grande comissão” encontra-se pormenorizada em Mateus, onde não há uma explicitação de que Jesus estivesse a falar apenas com os onze apóstolos.
Também vemos em Atos que Jesus Se dirigiu a um grupo que Paulo diz, em I Coríntios, que era de mais de quinhentos irmãos (I Co.15:6), ou seja, a toda a Igreja então existente, dizendo que todos deveriam ser Suas testemunhas tanto em Jerusalém, quanto em toda a Judeia e Samaria e até os confins da Terra (At.1:8).
– Notamos, assim, que “a grande comissão” não foi deixada apenas aos apóstolos ou aos evangelistas, mas a toda a Igreja, como é prova a história da igreja primitiva, que nos mostra que todos os crentes,
dispersos que foram de Jerusalém, passaram a pregar por todas as partes (At.8:4; 11:19-21), levando-nos à conclusão de que as pessoas mencionadas em Mc.16:20 não eram apenas os apóstolos ou os evangelistas, mas os crentes em geral.
OBS: “…A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –, tomam a iniciativa!
A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos.
Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva.
Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe «envolver-se». Jesus lavou os pés aos seus discípulos.
O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis felizes se o puserdes em prática» (Jo 13, 17).
Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo.
Os evangelizadores contraem assim o «cheiro das ovelhas», e estas escutam a sua voz. Em seguida, a comunidade evangelizadora dispõe-se a «acompanhar». Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam.
Conhece as longas esperas e a suportação apostólica. A evangelização patenteia muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao dom do Senhor, sabe também «frutificar».
A comunidade evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio.
O semeador, quando vê surgir o joio no meio do trigo, não tem reações lastimosas ou alarmistas. Encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de serem aparentemente imperfeitos ou defeituosos.
O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio como testemunho de Jesus Cristo, mas o seu sonho não é estar cheio de inimigos, mas antes que a Palavra seja acolhida e manifeste a sua força libertadora e renovadora.
Por fim, a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre «festejar»: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia.
A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que é também celebração da atividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar.” (FRANCISCO. Exortação apostólica Evangelii gaudium, n.24. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium_po.html Acesso em 12 mar. 2014).
– O cumprimento da tarefa de “a grande comissão” é indispensável, pois, para que se tenha a salvação da humanidade.
O Senhor Jesus quis que os homens fossem salvos pela “loucura da pregação” (I Co.1:21) e, por isso, é indispensável que haja pregação do Evangelho para que as pessoas se salvem (Rm.10:14), realidade que o próprio Jesus revelou em Seu ministério terreno (Mc.1:38).
OBS: “…A Igreja jamais poderá se descuidar do trabalho de evangelização, porque é dever de cada cristão.
Se há alguma impossibilidade de se realizar algum trabalho durante a semana, porque os membros da igreja trabalham, pelo menos aos domingos a oportunidade não pode ser perdida.
Precisamos mobilizar a igreja para espalhar a mensagem de Deus.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem-sucedido, pp.160-1).
– Vemos isto bem ilustrado no episódio da salvação de Cornélio. Deus mandou um anjo até aquele centurião romano para que lhe falasse da necessidade de trazer Pedro para lhe pregar o Evangelho.
Deus não permitiu que o anjo pregasse nem tampouco Jesus Se apresentou diretamente a Cornélio para lhe pregar, mas mandou que procurasse Pedro para que este lhe dissesse o que era necessário fazer para ser salvo (At.10:3-6).
Deus escolheu a loucura da pregação para a salvação dos homens e, por isso, “a grande comissão” é absolutamente indispensável para a salvação da humanidade.
– Cada salvo tem esta obrigação de cumprir “a grande comissão”. Não estamos a dizer que todo salvo deve sair por todas as partes pregando o Evangelho.
Cada um de nós tem esta obrigação na medida, na forma e no lugar que Deus nos determinar.
Assim como Pedro foi chamado para pregar aos judeus e Paulo, aos gentios (Gl.2:8); assim como a Pedro foi permitido para falar de Cristo na Bitínia (I Pe.1:1) e a Paulo e seus companheiros foi proibido de fazê-lo (At.16:7), cada um tem um determinado campo, lugar e modo de cumprir “a grande comissão”, segundo a soberana vontade de Deus.
– O certo, porém, é que, se quisermos entrar no reino de Deus, não podemos, dentro da capacidade que nos deu o Senhor, recusarmo-nos a cumprir esta tarefa, pois, quem pode fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg.4:17) e quem está em pecado, ou seja, quem está em iniquidade, em injustiça não poderá herdar o reino de Deus (I Co.6:9), porque não é nascido de Deus (I Jo.3:9).
– Mas além de um dever, a evangelização é uma alegria para os salvos em Cristo. Se estamos em comunhão com o Senhor, também, como Ele (I Tm.2:4), queremos que todos os homens se salvem, e isto somente ocorrerá se houver pregação (Rm.10:14,15).
Portanto, quem é salvo, quem tem a alegria da salvação (Sl.51:12), não só tem prazer em pregar o Evangelho, como também em enviar pregadores para pregarem onde ele não pode ir.
OBS: “…Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43).
A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio.
A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus.
Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.…( Documento de Aparecida, n.29. Disponível em: http://kolping.org.br/site/Formacao/documento_de_aparecida.pdf Acesso em 18 mar. 2014). Este foi o documento final da V Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe, realizado em 2007 em Aparecida/SP, documento que teve como um dos redatores o então cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, que viria a se tornar o Papa Francisco em 2013.
– “A grande comissão” tem como primeira ordem o “ide”. Jesus disse que fomos nomeados para ir (Jo.15:16). “Ir” indica movimento. “Ir” é “deslocar-se de um lugar a outro”, “seguir ou atirar-se com ímpeto, investir”.
– Jesus mandou “ir por todo o mundo”. O salvo, tendo visto o reino de Deus e passado a caminhar em direção a ele (por isso, a fé em Jesus era chamada de “Caminho” – At.19:9,23; 22:4; 24:14,22),
tem de “ir por todo o mundo”, ou seja, não pode se separar das demais pessoas que não estão seguindo o Caminho, mas deve ir ao encontro delas, no mundo, independentemente de nacionalidade, credo, sexo, raça, a fim de que, em contato com elas, venha a falar da salvação em Cristo Jesus.
– Indo por todo o mundo, o salvo deve mostrar aos homens Cristo Jesus, e Este crucificado (I Co.1:23; 2:2), pois a cruz é a prova do amor de Deus para conosco, levando, assim, o Evangelho, Evangelho que pode iluminar a mente dos incrédulos e fazê-los ver o reino de Deus (II Co.4:4).
– “Ir por todo o mundo”, pois, exige de cada salvo, em primeiro lugar, a disposição de entrar em contato com o mundo, mundo que deixou com a sua salvação.
“Ir por todo o mundo” significa entrar em contato com os incrédulos mas não viver como eles, nem tampouco se misturar com o seu modo de vida, modo de vida que foi abandonado quando de nossa salvação.
O salvo passou da morte para a vida, das trevas para a luz e, portanto, não pode, de forma alguma, sob a justificativa de evangelização, voltar a ter uma vida mundana.
– Ele está indo ao mundo, ou seja, ele comparece ao mundo como um estrangeiro, como um estranho, como um embaixador do reino de Deus (II Co.5:20).
É interessante notar que quando Paulo fala que somos embaixadores da parte de Cristo, fala isto no contexto em que mostra que o salvo é uma “nova criatura”, que deixou as coisas velhas, que não mais se deixar guiar pela “carne”, ou seja, pela natureza pecaminosa (II Co.5:16,17).
Assim, o fato de irmos ao encontro dos pecadores em hipótese alguma pode significar que devamos voltar às práticas pecaminosas, como, lamentavelmente, muitos “evangelizadores” estão a defender nos dias hodiernos.
– “Ir por todo o mundo”, em segundo lugar, indica que o salvo deve tomar a iniciativa de ir ao encontro dos perdidos.
É o salvo que deve entrar em contato com os perdidos, pois eles não veem a luz do evangelho de Cristo, estão cegos à realidade espiritual. Nós, os salvos, somos a luz do mundo (Mt.5:14) e somos nós que temos de levar esta iluminação a quem está nas trevas.
Como nos mostra claramente John Bunyan em sua alegoria do Peregrino, Cristão teve de ser orientado por Evangelista para poder abandonar a Cidade da Destruição e ir em direção à Cidade de Deus.
OBS: “…Certo dia, em que ele andava passeando pelos campos, notei que se achava muito abatido de espírito, lendo, como de costume, e ouvindo-o exclamar novamente:
“Que hei de fazer para ser salvo?”
O seu olhar desvairado volvia-se para um e outro lado, como em busca de um caminho para fugir; mas, não o encontrando de pronto, permanecia imóvel, sem saber para onde se dirigir.
Vi, então, aproximar-se dele um homem chamado Evangelista (Atos 16:30-31; Jó 33:23) que lhe dirigiu a palavra, travando-se entre ambos o seguinte diálogo:
Evangelista – Por que choras?
Cristão – (Assim se chamava ele). – Porque este livro me diz que eu estou condenado à morte, e que depois de morrer, serei julgado (Hebreus 9:27), e eu não quero morrer (Jó 16:21-22), nem estou preparado para comparecer em juízo! (Ezequiel 22:14).
Evangelista – E por que não queres morrer, se a tua vida é cheia de tantos males?
Cristão – Porque temo que este pesado fardo que tenho sobre os ombros, me faça enterrar ainda mais do que o sepulcro, e eu venha a cair em Tofete (Isaías 30:33).
E, se não estou disposto a ir para este tremendo cárcere, muito menos para comparecer em juízo ou para esse suplício. Eis a razão do meu pranto.
Evangelista – Então, por que esperas, agora que chegaste a esse estado?
Cristão – Nem sei para onde me dirigir.
Evangelista – Toma e lê. (E apresentou-lhe um pergaminho no qual estavam escritas estas palavras: “Fugi da ira vindoura”). (Mateus 3:7).
Cristão – (Depois de ter lido). E para onde hei de fugir?
Evangelista – (Indicando-lhe um campo muito vasto). Vês aquela porta estreita? (Mateus 7:13-14).
Cristão – Não vejo.
Evangelista – Não avistas além brilhar uma luz? (Salmo 119:105; II Pedro 1:19).
Cristão – Parece-me avistá-la.
Evangelista – Pois não a percas de vista; vai direito a ela, e encontrarás uma porta; bate, e lá te dirão o que hás de fazer.…” (BUNYAN, John. O Peregrino. Digitalizado por Carlos Boas, p.3. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/16749017/Bunyan-John-O-Peregrino Acesso em 07 jun. 2011).
– Nesta ilustração da “luz do mundo”, uma vez mais, vemos que, como luz do mundo, não pode o salvo ter um comportamento igual ao do mundo.
Pelo contrário, por ser “luz do mundo”, os salvos têm de se comportar de modo diferente, pois devem ser “…irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo…” (Fp.2:15).
– A segunda ordem constante de “a grande comissão” é a de “fazer discípulos de todas as nações” ou, em outras versões da Bíblia, “ensinar todas as nações”.
Além de “ir por todo o mundo”, é preciso, também, “fazer discípulos”, ou seja, a ida até o mundo não é um “passeio despropositado” mas, sim, uma ida com o objetivo de ganhar almas para o reino de Deus, novos discípulos do Senhor Jesus.
Por isso, além de indicar ao incrédulo o Caminho, torna-se necessário acompanhá-lo, ensiná-lo a servir a Jesus, ensiná-lo a aprender de Jesus.
– “Fazer discípulos de Jesus” é a outra tarefa de “a grande comissão”. Devemos mostrar Jesus aos perdidos e, quando eles creem n’Ele como Senhor e Salvador, torna-se necessário fazê-los aprender de Jesus, ou seja, não podemos mostrar aos novos convertidos ninguém senão a Jesus. Jesus deve ser o exemplo a ser seguido, Jesus deve ser o Mestre de cada um dos que creram n’Ele.
– Fazer alguém aprender de Jesus é, em primeiro lugar, levá-lo a ter contato com a Bíblia Sagrada, pois são as Escrituras que testificam de Jesus (Jo.5:39). O discipulado apresenta-se, pois, como parte de “a grande comissão”.
– Ao nos dar “o mandamento”, Jesus bem mostrou como é fundamental esta segunda ordem de “a grande comissão”. “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, disse o Senhor Jesus (Jo.15:12).
Ora, somente podemos cumprir este mandamento se aprendermos com Jesus, se tivermos a Jesus como exemplo.
– Com efeito, Jesus foi um grande evangelista, tendo sido como tal que o evangelsita Marcos apresentou o ministério de Cristo.
Com efeito, em Mc.1:14-15, é dito que, após a prisão de João Batista, Jesus veio para a Galileia, pregando o Evangelho do reino de Deus e dizendo: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”.
– Jesus, portanto, foi o primeiro a pregar o Evangelho, as boas-novas da salvação, e, portanto, tendo começado a fazê-lo (At.1:1), determinou que a Igreja prosseguisse este tão importante e fundamental trabalho.
– A Igreja foi constituída para pregar o Evangelho, é sua tarefa primordial, é sua razão de ser e uma Igreja que não o faz é, como disse recentemente o atual chefe da Igreja Romana, uma simples “organização não-governamental”, um “clube social”, mas jamais será parcela do corpo de Cristo.
OBS: “…A missionariedade da Igreja não é proselitismo, mas sim testemunho de vida que ilumina o caminho, que leva esperança e amor.
A Igreja – repito mais uma vez – não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas é uma comunidade de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que têm vivido e vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo e desejam partilhar esta experiência de profunda alegria, partilhar esta Mensagem de salvação que o Senhor nos trouxe.
É propriamente o Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho. Gostaria de encorajar todos a fazerem-se portadores da boa notícia de Cristo…” (FRANCISCO. Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Missões 2013. Disponível em: http://papa.cancaonova.com/mensagem-do-papa-para-dia-mundial-das-missoes-2013/ Acesso em 12 mar. 2014).
– “…Com o crescimento da Igreja, até certo ponto inesperado, houve também um volume considerável de atividades administrativas que, em regra geral, consomem a maior parte do tempo do pastor.
Com isso, a administração dos números assumiu posição de prioridade, enquanto que a evangelização passou a ser tarefa de um grupo isolado da igreja local, geralmente chamado de ‘Departamento de Evangelismo’.
Esse ‘departamento’ é que planeja e executa o evangelismo nos fins de semana, uma vez no mês, e, pasmem, algumas igrejas só tratam desse assunto durante os congressos de mocidade, anualmente (!).
O que deveria ser tarefa diária de todos os crentes sob a liderança do pastor, passou a ser feita periodicamente, por uns poucos. Evidentemente, tratamos de exceções que, todavia, tendem a crescer.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem-sucedido, pp.181-2).
Infelizmente, o que era exceção, virou regra, 15 anos depois deste escrito, o que precisa ser urgentemente modificado, sob pena de decretarmos para nós o mesmo fim que estão experimentando as igrejas na Europa e nos Estados Unidos. Acordemos, amados irmãos!
II – O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA
– Embora toda a Igreja seja chamada a evangelizar e seja esta a sua razão de ser, o Senhor Jesus dá à Igreja pessoas específicas que dirigem esta tarefa de evangelização, que são como “lanças”, “setas” que são lançadas ao mundo para ganhar almas ao reino de Deus.
– Como temos estudado ao longo deste segundo bloco deste trimestre, os dons ministeriais são postos na Igreja para promover o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo (Ef.4:12).
Assim, o evangelista é um elemento que o Senhor põe no corpo de Cristo a fim de impulsionar, levar os demais crentes ao trabalho da evangelização.
Ele é posto à frente da “grande comissão”, servindo de precursor, daquele que primeiro caminha em encontro dos perdidos, animando, assim, os demais crentes a fazê-lo.
– Portanto, não tem qualquer respaldo bíblico a ideia, muito em voga em nossos dias, de que somente os “evangelistas”, somente os “pregadores” devam ser responsáveis pela evangelização e pela pregação do Evangelho.
Esta é, como vimos supra, uma tarefa de todo e qualquer salvo, embora a frente deste trabalho seja ocupada pelos que são aquinhoados pelo dom ministerial de evangelista.
– Como bem aduz o ilustre comentarista, a necessidade deste tipo de ministro, o evangelista, foi bem demonstrada pelo comissionamento que Jesus fez a setenta de Seus discípulos, que não eram dos doze apóstolos, para que fossem pregar entre as ovelhas perdidas da casa de Israel, como nos dá conta Lucas em seu evangelho (Lc.10:1-24).
– O texto de Lc.10 já começa mostrando que Jesus comissionou “outros” setenta, ou seja, como a palavra grega mencionada é “heteros”, temos que se trata de pessoas “diferentes” dos doze, que são mencionados no início do capítulo 9.
Assim, estes setenta teriam uma missão “diferente”, que era o de pregar nas cidades e lugares aonde ele havia de ir (Lc.10:1).
– O evangelista, portanto, é alguém que prepara o caminho do Senhor, que vai antes do próprio Cristo, ou seja, que chega antes do próprio corpo de Cristo, da própria Igreja. Daí porque ser comparado ao dedo médio da mão, que o mais comprido, aquele que atinge algo antes dos demais.
É, por isso, que costumamos dizer que os “apóstolos desbravadores” nada mais são que “evangelistas pioneiros”, aqueles que primeiro vão a lugares até então não alcançados pela mensagem do Evangelho, pelas boas-novas da salvação.
– O Senhor, ao comissionar estes primeiros evangelistas, que ainda trabalhavam sob o Seu ministério terreno, impõe um dever a cada um de Seus servos: o de rogar ao Senhor da seara que envie obreiros para a Sua seara (Lc.10:2).
– Ficamos a saber, portanto, que os evangelistas não são numerosos, pelo contrário, são poucos, diante da extrema necessidade do mundo.
Temos sempre de rogar ao Senhor que envie evangelistas, pois o trabalho é realmente grande. Quando verificamos que apenas um terço do mundo na atualidade se encontra evangelizado, vemos como é grande a necessidade, ainda mais quando vivemos um período de descristianização do Ocidente,
onde nações que, outrora, foram baluartes da evangelização mundial, como é o caso, por exemplo, da Inglaterra ou dos Estados Unidos, estão vivendo em franca decadência espiritual, com uma gritante “apostasia silenciosa”, para se utilizar de uma frase do ex-chefe da Igreja Romana, João Paulo II (1978-2005).
– O evangelista é alguém que deve ter extremo amor pelas almas e, neste particular, seu ardente amor pelos perdidos o faz semelhante a Jesus Cristo, que tanto amou os homens que Se despiu da Sua glória para vir pregar o Evangelho entre nós.
Seu amor pelos perdidos é diversas vezes demonstrado nas Escrituras, sentindo compaixão ao ver os judeus como ovelhas desgarradas que não tinham pastor (Mt.9:36; Mc.6:34);
chorando sobre Jerusalém ao contemplar que seria recusado como Messias pelos israelitas (Lc.19:41-44) e amando os Seus discípulos até o fim, mesmo sabendo que seria traído por um e abandonado por outros dez (Jo.13:1).
– Este amor ardente pelas almas perdidas é uma das características do evangelista, e somente com este amor, que é dado nesta intensidade pelo próprio Deus, o evangelista pode exercer o seu ministério, porquanto ele é mandado pelo Senhor como cordeiro ao meio de lobos (Lc.10:3).
– O evangelista precisa ser acompanhado pelas orações dos demais crentes, porque vai atuar em território inimigo, vai ser alvo das hostes espirituais da maldade como ninguém, visto que vai ao encontro daqueles que se encontram escravizados pelo pecado, mas o seu amor pelos perdidos é tanto que ele enfrenta todas estas situações sem medo, até porque o amor lança fora o temor (I Jo.4:18).
– Outra característica do evangelista é o desprendimento das coisas materiais. O Senhor, ao comissionar os setenta, disse-lhes para que não levassem bolsa, alforje nem alparcas, ou seja, que não se preocupassem com o sustento material, pois o Senhor os haveria de suster, sustento este era digno (Lc.10:4-7).
OBS: “…A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf. Mt 9,35-36).
Ele, sendo o Senhor, se fez servidor e obediente até à morte de cruz (cf. Fl 2,8); sendo rico, escolheu ser pobre por nós (cf. 2 Cor 8,9), ensinando-nos o caminho de nossa vocação de discípulos e missionários.
No Evangelho aprendemos a sublime lição de ser pobres seguindo a Jesus pobre (cf. Lc 6,20; 9,58), e a de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar nossa confiança no dinheiro nem no poder deste mundo (cf. Lc 10,4 ss).
Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho.…” (Documento de Aparecida, n.31. end.cit.).
– Vemos, aqui, portanto, que o evangelista não pode atrelar o seu ministério ao seu sustento material, mas que deve, sim, ser sustentado, pois é digno de seu salário.
O evangelista não pode ter seu coração no dinheiro, não deve preocupar-se com o seu sustento como prioridade, mas a Igreja deve saber que é necessário sustentar este obreiro, que avança sobre o reino de Satanás, dando-lhe condições dignas para que leve a mensagem da salvação.
– É muito triste sabermos que, na atualidade, existam dois extremos que têm trazido grande prejuízo à obra da evangelização.
O primeiro é o surgimento de mercenários, de pessoas que, se dizendo evangelistas, buscam enriquecer e ter uma vida regalada à custa de “eventos evangelísticos”.
São pessoas que se dispõem a “pregar o Evangelho”, desde que sejam bem remuneradas. Ficam, assim, andando de igreja em igreja, retirando polpudos recursos econômico-financeiros de igrejas locais, dizendo que, com isto, estão “evangelizando” e “ganhando almas para o reino de Deus”.
– Tais pessoas, no entanto, não passam de espertalhões, mercenários, mercadores da fé, que, não raras vezes, além de prejuízos materiais também promovem perdas espirituais, pois trazem mensagens completamente distorcidas e que não têm qualquer respaldo bíblico.
O genuíno e autêntico evangelista é desprendido das coisas materiais e jamais visa o lucro.
– O segundo extremo é o comportamento da Igreja em não sustentar os evangelistas, crendo que “Deus proverá”, já que os comissionou.
O Senhor Jesus foi bem claro, quando chamou os setenta, ao dizer que eles deveriam “comer e beber na mesma casa em que ficassem” (Lc.10:7). Ora, esta “mesma casa” é a igreja local que envia e que deve sustentar o evangelista, pois “digno é o obreiro do seu salário”.
– O ministério de evangelista exige uma dedicação especial, que, muitas vezes, deve ser integral, pois não se prega o Evangelho apenas para multidões ou em reuniões, mas, também, e principalmente, individualmente, como fez Jesus com a mulher samaritana (Jo.4), máxime em nossos dias onde o desenvolvimento tecnológico tem criado verdadeiros abismos entre as pessoas, que, como nunca, se sentem sós, mesmo em meio a multidões.
– Além do mais, o evangelista não se limita a apenas levar a mensagem da salvação e obter o arrependimento do pecador, mas deve, também, acompanhá-lo nos primeiros passos de sua vida cristã, dando-lhe o discipulado, o conhecimento dos rudimentos de Cristo, como vemos a fazer Filipe (At.8:5-13) e o próprio apóstolo Paulo (At.11:26; 13:48,49), de modo que isto também requer tempo e, por vezes, necessidade de um sustento material, já que o crescimento do trabalho muitas vezes impede o obreiro de se dedicar a um trabalho secular.
– Não podemos nos esquecer que este trabalho do discipulado é árduo, a exigir muito tempo do evangelista. “…A primeira observação é que discipular é um trabalho árduo.
Ao mesmo tempo em que não nos cabe salvar o mundo, nos cabe fazer de tudo para ganhar os que estão de fora. Daí a propriedade do termo κοπιω (kopioo), cujo sentido é o de um trabalho que conduz á exaustão.
Tanto que a mesma palavra pode ser traduzida por cansaço.…” (MEDEIROS, Marcelo. Discipulado, objetivo, conteúdo e metodologia. Disponível em: http://blogdoprmedeiros.blogspot.com.br/2014/03/discipulado-objetivo-conteudo-e.html Acesso em 14 mar. 2014).
– Entretanto, são pouquíssimas as igrejas locais que sustentam evangelistas ou, o que é pior, são numerosas as igrejas que, comprometendo-se a sustentar evangelistas e missionários, depois de algum tempo deixam de fazê-lo, criando inúmeras situações aflitivas para estes que foram escolhidos pelo Senhor para dirigir e impulsionar o ganho de almas para o Senhor.
Os relatos das secretarias de missões de várias igrejas comprovam esta triste e lamentável realidade.
– Tem-se, ainda, uma cultura, em muitas igrejas locais, de que alguém, para ser sustentado pela igreja, tem de ser um “pastor”, ou seja, tem de dirigir uma igreja, cuidar de um “rebanho”, cultura esta que não tem qualquer respaldo bíblico, já que nem todos são pastores no corpo de Cristo (I Co.12:29).
Deste modo, acabam por “entregar igrejas” para pessoas que são nitidamente evangelistas, apenas para justificar o seu sustento, causando grande prejuízo à obra do Senhor, já que tais pessoas não têm qualquer dom para apascentar o rebanho de Deus, já que foram chamadas para serem evangelistas, o que, temos sido nós testemunhas oculares disto, têm causado enormes transtornos.
– É tempo de aprendermos com as Escrituras e observarmos que a igreja deve, sim, sustentar aqueles que o Senhor tem chamado para ser evangelistas, deixando-os em condições dignas de sobrevivência para que possam, então, dedicar-se a ganhar almas para o reino de Deus.
– Outra característica do evangelista é que deve ser ele um mensageiro da paz de Cristo. Aonde Jesus chega, Ele traz a paz, pois é o Príncipe da Paz (Is.9:6), tendo sido a paz a primeira dádiva que deu aos Seus discípulos após a Sua ressurreição (Jo.20:19), como, aliás, prometera fazer (Jo.14:27).
– O Senhor comissionou os setenta para que por primeiro dissessem que estavam a trazer a paz aonde chegassem, paz que seria recebida pelos “filhos de paz” e que retornaria ao evangelista se não se tratasse de um “filho de paz” aquele que fosse saudado.
Ou seja: o evangelista deve ser sempre um mensageiro de paz, alguém que leva paz aos corações, a paz de Cristo, a paz que representa a comunhão com o Senhor.
– Neste ponto, devemos também observar que muitos “evangelistas” assim não se credenciam, visto que levam contendas e animam contendas entre as pessoas ou entre instituições quando estão a pregar o Evangelho.
O evangelista não deve trazer contendas no meio onde se encontra, nem tampouco ser instrumentos de escândalo, mas ser alguém que leve a paz de Deus, a paz de Cristo, alguém que leve a mensagem de reconciliação com o Senhor.
– É certo que o evangelista deve pregar a Cristo, e Este crucificado, e que, por isso mesmo, deve pregar o arrependimento dos pecados, mas, em tal pregação, não deve atacar o pecador, mas tão somente o pecado; deve levar uma mensagem positiva, de esperança, mostrando que Deus estava em Cristo reconciliando conSigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados e pôs em nós a palavra da reconciliação (II Co.5:18,19).
– O evangelista deve ter uma postura de acolhida, que é fruto do amor que tem pelas almas perdidas, procurando antes mostrar o Salvador ao pecador do que dar ênfase aos erros cometidos pelo incrédulo.
Mostrar a dura realidade da escravidão do pecado e a oportunidade que se tem de mudar-se esta triste situação, mas não proferir juízos ou julgamentos, não raras vezes ofendendo o próprio ouvinte.
– Mesmo quando for necessário, máxime na tarefa do discipulado, usar de repreensão, e, às vezes, severa, o evangelista nunca deve deixar de demonstrar que tal severidade é animada pelo amor que tem pela alma que se encaminha para a salvação e, como tal, ajudá-la a superar as dificuldades, fazendo-a retomar o caminho rumo ao céu. É, aliás, o que vemos na personagem “Evangelista” de “O Peregrino” de John Bunyan.
OBS: Reproduzimos, uma vez mais, trecho desta grande obra de Bunyan, quando Evangelista encontra Cristão extraviado do caminho, por ter crido nas palavras de Sábio-segundo-o-Mundo:
“…Cristão mudou imediatamente de resolução, para dirigir-se à casa do Sr. Legalidade, em busca do remédio apetecido.
Quando chegou às abas da montanha, pareceu-lhe esta tão elevada, e tanto a prumo no sítio por onde tinha de passar, que teve medo de prosseguir, temendo que ela se despenhasse sobre sua cabeça.
Parou sem saber que partido toma. Sentiu, então, mais do que nunca, o peso do seu fardo, vendo sair da montanha relâmpagos e chamas que ameaçavam devorá-lo (Êxodo 19:16-18). Assaltaram-no grandes temores e estremeceu de terror (Hebreus 12:21).
Ai de mim! Exclamava ele, para que havia eu de fazer caso dos conselhos de Sábio-Segundo-o-Mundo?
E, quando estava possuído destes temores e remorsos, viu Evangelista que se aproximava. Que vergonha! Que estremecimentos senti ao encontrar o olhar severo de Evangelista!
Evangelista – Que fazes por aqui?
Cristão não achou palavras para responder. A vergonha paralisara-lhe a língua.
Evangelista – Não foi a ti que eu encontrei a chorar fora dos muros da cidade da Destruição?
Cristão – Foi a mim, sim, senhor.
Evangelista – Então, como te perdeste tão depressa do caminho que te ensinei?
Cristão – Assim que passei o Pântano da Desconfiança, encontrei um homem que me persuadiu de que na aldeia vizinha encontraria um sujeito que me livraria do meu fardo.
Pareceu-me excelente pessoa, e tantas coisas me disse que eu cedi e vim até este lugar; mas quando me aproximei do sopé da montanha, e a vi tão alta e tão a prumo sobre a estrada, parei subitamente, temendo que ela desabasse sobre mim.
Este sujeito perguntou-me para onde eu ia, ao que lhe respondi com a maior sinceridade. Quis também saber se eu tinha família, e eu o afirmei, acrescentando, porém, que este fardo pesado me impedia de encontrar nela a satisfação que outrora me proporcionava.
Pois – disse-me ele – é preciso que, quanto antes, te livres desse tormento, e, em vez de te dirigires a essa porta estreita onde esperas que te indiquem a maneira de conseguires esse árduo desejo, seguirás por uma estrada mais direita e melhor, onde não encontrarás tropeços, a cada passo, com menos dificuldades que no outro caminho se encontram, como o sabes por experiência.
Se marchares nesta direção, chegarás em pouco tempo à casa de um homem que é muito entendido em tirar pesados fardos. Acreditei.
E, de pronto, abandonei a estrada que tu me havias indicado, e segui por esta, mas quando cheguei a este lugar em que nos achamos, tive medo, estou indeciso e sem saber o que hei de fazer.
Evangelista – Espera um momento e ouve as palavras do Senhor (Cristão escutava-o, de pé, e tremendo):
“Olhai, não desprezeis ao que fala; porque se não escaparam aqueles que desprezavam ao que lhes falava sobre a Terra, muito menos nós outros, se desprezarmos ao que nos fala do céu.” (Hebreus 12:25).
“O justo viverá da fé; mas se ele se apartar, não agradará à minha alma.” (Hebreus 10:38). E aplicando estas palavras a Cristão, disse: Esse homem que se ia precipitando na ruína eras tu. Começaste a pôr à parte o conselho do Altíssimo, e a retirar o teu pé do caminho da paz, a ponto de te expores a perder-te.
Cristão caiu-lhe aos pés, quase desfalecido, exclamando: Ai de mim, que estou morto!
A estas palavras Evangelista estendeu-lhe a mão, dizendo-lhe: “Todo o pecado e blasfêmias serão perdoados aos homens.” (Mateus 12:31). “Não sejas incrédulo, mas crente.” (João 20:27).
Algum tanto mais animado, Cristão levantou-se, mas sempre envergonhado e trêmulo.
Evangelista prosseguiu: Presta atenção ao que vou dizer-te: vais saber quem foi que te enganou, e para quem te ias dirigindo.
O primeiro era Sábio-Segundo-o-Mundo, nome que muito apropriadamente usa: antes de tudo, porque só gosta das doutrinas deste mundo (I João 4:5), pelo que vai sempre à igreja da cidade da Moralidade, e gosta dessa doutrina, porque ela o livra da cruz (Gálatas 6:2);
em segundo lugar, porque sendo carnal o seu temperamento, procura perverter os meus retos desígnios. Por isso há três coisas nos conselhos que esse homem te deu, as quais devem ser execrandas para ti:
1.ª – Haver-te desviado do caminho;
2.ª – Haver-te tentado fazer com que aborreças a cruz;
3.ª – Haver-te encaminhado por essa vereda que conduz à morte.
Deves, portanto:
1.º – Repudiar a quem te desviou do caminho, erro em que caíste, e que equivale a desprezar o conselho de Deus para seguir o do homem. O Senhor disse: “Porfiai em entrar pela porta estreita.” (Lucas 13:24).
Para essa porta é que te dirigias. “Porque estreita é porta que conduz à vida, e poucos são os que acertam com ela.” (Mateus 7:13-14).
Esse malvado desviou-te daquela porta, e do caminho que a ela vai ter, para lançar-te na perdição. Odeia, pois, o seu procedimento, odiando-te também a ti mesmo por lhe haveres prestado ouvidos.
2.º – Detestar aquele que diligenciou que a Cruz te repugnasse, porque deves preferi-la a
todos os tesouros do Egito (Hebreus 11:25-26). Além do que, o Rei da Glória disse-te que “aquele que salvar a sua vida perdê-la-á” e “se alguém vem após mim e não aborrece seu pai e sua mãe, filhos, irmãos e mulher e irmãs, e a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Marcos 8:35; Lucas 14:26-27; João 12:25; Mateus 10:37-39).
Por isso te digo que uma doutrina que busca persuadir-te de que é morte aquilo que a Verdade disse que é indispensável para se obter a vida eterna, é uma doutrina abominável e que deves detestar.
3.º – Aborrecer aquele que te encaminhou para a senda que conduz ao mistério da morte.
Agora podes calcular se a pessoa a quem te dirigias, seria capaz de te livrar do teu fardo.
Essa pessoa chama-se Legalidade, e é um dos filhos da escrava, que ainda está na escravidão, assim como seus filhos (Gálatas 4:21-27), misteriosamente representada pelo monte Sinai, que tu receaste iria cair sobre ti.
Ora, se ele e seus filhos estão na escravidão, como poderias tu esperar que te dessem a liberdade? Oh! Nunca! Não seria capaz Legalidade de te libertar, de livrar-te do fardo. Nunca livrou pessoa alguma, nem poderá jamais fazê-lo.
Não podes ser justificado pelas obras da lei, porque por elas nenhum vivente pode ser aliviado da sua carga.
Fica, pois, sabendo que Sábio-Segundo-o-Mundo é um embusteiro e Legalidade, apesar do seu sorriso afetado, não passa de um hipócrita, sem préstimo para coisa alguma. Crê que tudo quanto ouviste a esses insensatos não foi mais do que uma tentativa para te afastar da salvação, desviando-te do caminho que te havia indicado.
Assim falou Evangelista, e, erguendo a voz, pediu aos céus que confirmassem quanto havia dito.
No mesmo instante saíram palavras de fogo da montanha de que se aproximara Cristão, cujos cabelos se eriçaram. As palavras que ele ouviu eram estas: “Porque todos quantos são das obras da
lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo o que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gálatas 3:10).
Ao ver e ouvir isto, Cristão não esperava senão a morte. Começou a lamentar-se em altos gritos, e a maldizer a hora em que encontrara Sábio-Segundo-o-Mundo, chamando-se mesmo de néscio por ter dado ouvido aos seus conselhos destruidores e perversos.
Era imensa a sua vergonha ao lembrar-se que os conselhos daquele insensato, sendo nascidos da carne, tinham podido prevalecer sobre o seu modo de pensar, a ponto de se ter resolvido a abandonar o caminho do Bem. Voltando então para Evangelista, falou-lhe nos seguintes termos:
Cristão – Senhor, haverá alguma esperança para mim? Não poderei voltar para trás e tomar de novo o caminho da porta estreita?
Não serei abandonado e expulso dali com infâmia? Pesa-me, sobretudo, haver escutado as palavras desse homem. Poderei, todavia, obter perdão para o meu pecado?
Evangelista – Na verdade que o teu pecado é bem grande. Levou-te a praticar duas ações más: apartaste-te do caminho do bem, e entraste nas veredas proibidas. Não obstante, o homem que está à porta, receber-te-á, porque há nele boa vontade para com os homens.
Uma só coisa advirto: toma cuidado em não te extraviares outra vez, para que não suceda pereceres no meio do caminho (Salmo 2:12).
Cristão dispôs-se a partir e, tendo beijado Evangelista, despediu-se dele com um sorriso de felicidade, dizendo: Deus seja contigo.…” (BUNYAN, John. O Peregrino. Digitalizado por Carlos Boas, pp.11-3. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/16749017/Bunyan-John-O-Peregrino Acesso em 12 mar. 2014).
– Esta ternura, mesmo quando se tem situação de severidade, é bem exposta pelo Senhor Jesus quando determinou aos setenta que, caso fossem rejeitados em algum lugar, deveriam sacudir o pó, como que a indicar que a rejeição importaria em juízo da parte de Deus, mas suas últimas palavras antes da partida deveriam ser:
“Sabei, contudo isto, que já o reino de Deus é chegado a vós” (Lc.10:10,11), a fim de que não se deixasse a porta fechada para uma posterior mudança de posição por parte dos que haviam rejeitado a mensagem da salvação, pois o evangelista deve sempre deixar claro que a misericórdia de Deus triunfa sobre o juízo (Tg.2:13 “in fine”). Foi, aliás, o que fez Estêvão, cujas últimas palavras foram de intercessão para que seus algozes fossem perdoados (At.7:59,60).
– Além do mais, o evangelista deve ter a consciência de que a rejeição que eventualmente ocorra não é uma rejeição à sua pessoa, mas ao próprio Cristo, ao próprio Deus (Lc.10:16), e Deus jamais deixa a porta fechada para o homem, de sorte que o evangelista não pode manifestar qualquer rancor, ressentimento ou sentimento de vingança diante da rejeição da mensagem do Evangelho.
– O evangelista, também, segundo o comissionamento feito por Nosso Senhor, deveria realizar sinais e maravilhas, estando aí um ponto de contato com o ministério de apóstolo.
O Senhor foi enfático ao dizer que os setenta deveriam curar os enfermos e dizer às pessoas que lhes era chegado o reino de Deus (Lc.10:9), expressão que também nos revela que o evangelista também deve ter poder para expulsar demônios, pois este é um sinal de que o reino de Deus é chegado (Lc.11:20), como, aliás, ocorreu segundo o relato dos setenta ao Senhor quando retornaram (Lc.10:17).
– É o que vemos ocorrendo tanto com Estêvão (At.6:8) quanto com Filipe (At.8:6,7), dois grandes evangelistas que o Senhor levantou na igreja de Jerusalém.
Isto nos mostra, ademais, que a mensagem do Evangelho completo impõe a realização de sinais e maravilhas, pois assim como o Senhor agiu na igreja primitiva, age ainda hoje, pois Deus não muda (Ml.3:6) nem n’Ele há qualquer sombra de variação (Tg.1:17).
– Ainda sobre o ministério de evangelista, vemos, no relato das atividades tanto de Estêvão quanto de Filipe, algumas outras preciosas lições a respeito de como se deve exercer este ministério.
– A primeira é de que o evangelista deve aproveitar toda e qualquer oportunidade para levar a mensagem da salvação.
Filipe tanto pregava o Evangelho para multidões em Samaria, como também para o eunuco, na estrada deserta de Jerusalém para Gaza (At.8:26-40). O segredo do evangelista é estar na direção do Espírito Santo, estar em comunhão com o Senhor para saber por que caminho deve percorrer.
– Desconfiemos dos evangelistas que, para pregar o Evangelho, queiram saber quantas pessoas o ouvirão, qual o tamanho da igreja local ou o porte do evento evangelístico.
O evangelista sabe que uma alma vale mais do que o mundo inteiro (Sl.49:7,8) e que, portanto, pregar para uma só pessoa é valiosíssimo e que para isto ele também foi chamado.
– Filipe, ademais, aproveitou que o eunuco lia em voz alta um trecho das Escrituras que havia adquirido em Jerusalém para daí pregar a Cristo Jesus. O evangelista deve sempre se aproveitar da situação para falar do Evangelho.
– Com Estêvão não foi diferente. Este grande evangelista não deixava de anunciar o Evangelho nas disputas que lhes vinham fazer judeus de várias sinagogas em Jerusalém (At.6:9,10), nem deixou de fazê-lo quando foi levado pelos seus inimigos à presença do Sinédrio, ocasião em que proferiu um dos mais contundentes sermões evangelísticos de todas as Escrituras (At.7).
OBS: “…O obreiro precisa, cada vez mais, usar a inteligência que Deus lhe deu. Não podemos ficar presos entre quatro paredes.
O Diabo continua mais sagaz do que nunca. Está cada vez mais difícil ganhar um pecador para Jesus. Se ele trabalha, precisamos trabalhar mais do que ele, em dobro. Temos que estar cientes das necessidades das pessoas; temos que buscar em Deus poder para curar as enfermidades, expulsar demônios, evangelizar, ensinar etc.
Isto significa que precisamos trabalhar mais. É necessário invadir o reino de Satanás e arrebatar as almas que ele mantém sob cativeiro.…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. op.cit., p.167).
– A segunda lição que aprendemos com os ministérios de Estêvão e de Filipe é que o evangelista não tem outro assunto senão Cristo, e Este crucificado.
Estêvão pregava sobre Cristo, tanto que foi esta a acusação que dele fizeram perante o Sinédrio (At.6:14), não destoando disso Filipe (At.8:5,35).
– Hoje há muitos “evangelistas” que somente trazem para o povo mensagens de autoajuda, fábulas. fantasias, vãs filosofias, que deixam de lado a Cristo Jesus, o que é lamentável e prova que são pessoas completamente desqualificadas para o exercício do nobre ministério de evangelista. Fujamos destes, amados irmãos, não permitamos que estes embusteiros ocupem nossos púlpitos!
– O apóstolo Paulo é claríssimo ao dizer que devemos rejeitar estas mensagens (I Tm.4:7), pois as mesmas trazem mais questões do que edificação de Deus (I Tm.1:4), provenientes de pessoas que, infelizmente, se desviaram da fé e querem nos fazer seguir este caminho de apostasia (II Tm.4:4; Tt.1:14).
– O verdadeiro, genuíno e autêntico evangelista prega a Cristo, não necessita de fábulas artificialmente compostas, pois, por sua comunhão com o Senhor, ele, a exemplo de Pedro, também tem contemplado a majestade divina (II Pe.1:16) e, por isso, tem grande alegria em anunciar Aquele com quem se encontrou.
OBS: Por sua biblicidade, reproduzimos palavras do atual chefe da Igreja Romana: “…Não me cansarei de repetir estas palavras de Bento XVI que nos levam ao centro do Evangelho:
«Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo».
Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autorreferencialidade.
Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro.
Aqui está a fonte da ação evangelizadora. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?…” (FRANCISCO. Exortação apostólica Evangelii Gaudium, nn.7-8. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium_po.html Acesso em 12 mar. 2014).
– Por fim, cabe ao evangelista a tarefa do discipulado daqueles que se convertem a Cristo Jesus. Como vimos supra, ao falarmos da “grande comissão”, ela tem duas partes: a pregação e o discipulado. E este discipulado é tarefa primeira do evangelista.
– Paulo, que fez questão de dizer aos coríntios que era um evangelista e não um pastor (I Co.1:17), nunca deixou de ensinar os novos crentes das igrejas que fundava (I Co.11:23) e, quando não o pôde fazer, como em Tessalônica, tratou não só de escrever cartas para suprir esta deficiência ocorrida por causa das circunstâncias, como também enviar Timóteo para que se desse o devido discipulado (I Ts.2:17-3:2).
– O evangelista ama as almas perdidas e, por isso, quando as traz para o redil do Senhor, não sossega enquanto não vê a semente da Palavra superar os muitos obstáculos e, assim, ter condições de crescer e dar fruto (Mt.13:1-23), fazendo de tudo para que os pedregais e os espinhos não venham a matar a mensagem do Evangelho que germinou nos corações.
– Evangelista que não se preocupa com o crescimento da fé do neoconverso não é evangelista, é apenas um fanfarrão, alguém que não tem responsabilidade com a pregação do Evangelho e que tem em vista apenas o seu sustento pessoal, a sua projeção e não tem em vista o reino de Deus. Fujamos dos tais, amados irmãos!
– “…Ora, fazer discípulos é exatamente o tema da Grande Comissão. Fazer discípulos não é simplesmente evangelizar como está sendo feito.
É conduzir pessoas a um compromisso total com Deus e acompanhá-las no processo de amadurecimento espiritual, até que estejam preparadas para repassar o que aprenderam.
Se um novo discípulo não pode discipular outro, então o processo de discipulado estará incompleto…” (COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem sucedido, p.183).
– Que o Senhor levante evangelistas no meio de Seu povo e que os demais, seguindo o caminho aberto pelo evangelista, possam anunciar Cristo e ganhar muitas almas para o Senhor Jesus.
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6436-licao-8-o-ministerio-de-evangelista-i