LIÇÃO Nº 9 – A PROMESSA PARA PAIS E FILHOS

A família, criada que foi por Deus, deve ser fonte de felicidade a seus integrantes.

INTRODUÇÃO

-Na sequência do estudo das principais promessas de Deus, analisaremos a promessa para pais e filhos, promessa que assume imenso valor em dias em que a desestruturação familiar é uma das principais características de toda e qualquer sociedade.

-A promessa de um lar feliz é dirigida a toda a humanidade, sendo, portanto, uma promessa geral, mas é condicional, depende da observância da Palavra de Deus nos relacionamentos familiares.

I.- CONCEITO E ATRIBUIÇÕES DA FAMÍLIA

O primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20).

-Os homens, mesmo, sem conhecer a Palavra de Deus, reconhecem o papel fundamental que a família exerce na vida de um homem.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma que “…a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.” (artigo XVI, nº 3), preceito que é repetido pela Constituição brasileira, que afirma que “…a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado…” (art.226).

-Entretanto, apesar dos preceitos normativos solenes, o adversário tem realizado um trabalho terrível de destruição contra a família, até porque seu trabalho é o de matar, roubar e destruir (Jo.10:10).

-Deus não só criou a família como estabeleceu quais as regras e as condutas que devem ser observadas pelos membros da família.

As Escrituras trazem quais os parâmetros do relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos e entre irmãos. O segredo da felicidade no relacionamento familiar está em ter uma conduta conforme a Bíblia Sagrada.

-Como a família foi criada por Deus, é Ele quem deve estabelecer as regras, as normas ao homem, a quem cabe, simplesmente, obedecer. A família não é nossa criação, nem pode ser estruturada segundo os nossos conceitos ou a nossa vontade.

-Existem princípios que devem ser seguidos. Muito se fala, hoje, a respeito da diversidade de culturas, dos diferentes modos de vida das várias raças, tribos e nações em volta do mundo, mas isto não é suficiente para que consideremos que os princípios estabelecidos por Deus não devam ser observados por todos os homens.

-Os homens, envolvidos em seus delitos e pecados, acabam distorcendo os princípios estabelecidos por Deus e cabe à igreja, como defensora destes princípios, imergir nas culturas dos povos de modo a que tais culturas sejam transformadas e voltem aos princípios estatuídos pelo Senhor.

Observemos que, entre os próprios judeus, a dureza de coração foi responsável pela existência de normas jurídicas sobre a família que estavam em desacordo com os princípios estabelecidos por Deus, como denunciou o próprio Senhor Jesus ao ser indagado sobre a norma do repúdio que vigorava, na época, em Israel (Mt.19:3-8).

-As Escrituras indicam que o homem não foi feito para viver solitariamente. Muito pelo contrário, a Bíblia é explícita ao dizer que, ao contemplar o homem, Deus afirmou que ” não é bom que o homem esteja só” (Gn.1:18), tendo, então, estabelecido a necessidade de criar a mulher, que serviria como uma adjutora, ou seja, como uma ajudadora, que estivesse diante do homem.

-Esta explicitação do texto bíblico, em que se dá a narrativa da criação da mulher, especifica algo que o próprio Deus já havia delineado no instante em que decidiu criar o ser humano, porquanto, ao nos ser informada a intenção divina, é-nos dito que, no plano divino, estava o de dotar o homem não só de domínio sobre a criação na terra, mas também, de capacidade de reprodução (Gn.1:28), o que exigia a formação da família, único ambiente em que se poderia concretizar o desejo de Deus para o homem.

-É, precisamente, dentro deste escopo que devemos observar a família. Ela é uma instituição que foi criada por Deus para que o homem pudesse cumprir tudo aquilo que Deus havia planejado para que o homem fizesse.

-Sem a família, seria impossível que o homem frutificasse e se multiplicasse sobre a face da Terra e, por conseguinte, que o homem pudesse dominar sobre a criação que estava na Terra. É interessante notar que, ao exercer a sua primeira função de dominador sobre o restante da natureza terrena, o homem percebeu que estava só, sentimento este que foi observado por Deus.

-Sem a providência divina de criação da mulher e, por conseguinte, da família, o homem não teria condições sequer de dominar o restante da natureza, pois, acometido que estava de um sentimento de solidão, de falta, não teria condições psicológicas e para se impor frente aos demais seres.

-Bem disse a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “… a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho (s) – quando houver, pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: ‘Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne’ (Gn.2:24) …” (DFAD XXIV, p.203).

-Alguns estudiosos costumam dizer que a mulher é uma criatura mais excelente que o homem, porque é o resultado do suprimento de uma carência do homem, sendo, portanto, por assim dizer, um aperfeiçoamento da criação divina.

-No entanto, se bem observarmos a narrativa bíblica, chegaremos à conclusão de que não é a mulher a criação mais excelente na humanidade, mas, sim, a criação da família, pois foi a criação desta instituição que significou a supressão da carência tanto do homem (que havia motivado a criação da mulher), como da própria mulher.

-O texto bíblico é claro ao indicar que a tão-só criação da mulher era uma condição necessária, porém não suficiente para que se tivesse a solução da questão da solidão.

Esta solução, diz-nos o texto sagrado, somente se deu a partir do instante que Deus estabeleceu que homem e mulher, doravante, se uniriam, formando famílias, de modo a permitir que o propósito divino de domínio e frutificação fosse realizado e concretizado pela humanidade. Assim, é a família a mais excelente criação divina para a humanidade, a “obra-prima de Deus”.

-Sem a família, pois, não pode o homem atingir o propósito estabelecido por Deus quando de sua criação. Não há como o homem atender ao que lhe é exigido pelo seu Criador sem que exista a família.

-Sem a família, o homem não pode sequer ser considerado um homem no sentido estrito da Palavra e as consequências que têm vindo à sociedade moderna em virtude do intenso e progressivo processo de desintegração familiar que temos contemplado é uma prova do que estamos a dizer.

-Via de regra, os criminosos mais hediondos que têm surgido, que nem sequer se portam como seres humanos, tamanha a sua bestialidade, verdadeiras bestas-feras em corpo humano, são pessoas que foram vítimas da ausência da instituição familiar no histórico de suas vidas.

A destruição da instituição familiar representa, assim, a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição.

Destrua-se a família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, toda a sociedade.

OBS: Uma das maiores demonstrações da dificuldade de nossos tempos está, precisamente, em observarmos que o adversário de nossas almas, o deus deste século, tem conseguido obnubilar a própria concepção de família no meio da humanidade, algo que, para não se dizer que se trata de implicância ou desvario dos crentes, é observado por diversas pessoas, inclusive o ex-chefe da Igreja Romana, que, em 1981, assim afirmou:

“…A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura.

Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar.

Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar. Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais.…” (JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Familiaris Consortio, nº 1. www.vatican .va Acesso em 01 mar.2004).

-Neste ponto, é importante esclarecermos que o objetivo da família é o de permitir o cumprimento do propósito divino estabelecido para o homem, qual seja, o domínio sobre a criação na Terra, bem como a frutificação e multiplicação na face da Terra e o suprimento da necessidade de companheirismo.

-A família, portanto, tem como finalidade o suprimento de necessidades relativas à vida sobre a face da Terra, ou seja, a família não tem qualquer finalidade no tocante à vida eterna, como bem explicou Jesus quando questionado pelos saduceus, a indicar que, na eternidade, não haverá a instituição familiar humana (Mc.12:25), pois a família humana terá sido substituída pela Igreja, que é a família de Deus (Ef.2:19), o povo de Deus que habitará para sempre com o Senhor (Ap.21:3).

-Isto não quer dizer que a promessa de um lar feliz não tenha um propósito espiritual, pois, como sabemos, toda promessa de Deus tem, em primeiro lugar, um propósito espiritual.

-Quando se mostra que a primeira finalidade da família é a frutificação, que não deve ser entendida como reprodução biológica, mas, sim, como a produção de frutos espirituais, tem-se evidente que a família é o ambiente propício para que o homem cresça e se desenvolva no aspecto espiritual, no seu relacionamento com Deus, o que é evidente propósito espiritual, portanto.

No entanto, este propósito espiritual da família tem a ver com a “vida debaixo do sol”, ou seja, a família tem o objetivo de fazer com que o homem possa ter uma vida espiritual abundante enquanto não é chamado para conviver com o Senhor na dimensão da eternidade.

-Tanto assim é que o Salmo 128, chamado por alguns de “o salmo da família”, é bem claro ao demonstrar que o lar feliz é resultado, primeiro, de uma vida de comunhão com Deus (“bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos”), mas tem como objetivo a “vida debaixo do sol”, visto que, em virtude desta obediência, come do trabalho das suas mãos, é feliz, próspero, tem a mulher como videira frutífera, os filhos como planta de oliveira, sendo abençoado desde Sião, vendo os bens de Jerusalém em todos os dias da sua vida e os filhos de seus filhos e a paz sobre Israel. Percebe-se, neste salmo, que não se sai da dimensão terrena. Há uma perspectiva da “vida debaixo do sol”, pois a promessa diz respeito aos “dias de sua vida”.

-O propósito só não termina com a morte, porque há uma promessa de continuidade de bem-estar, de permanência do exemplo, a promessa da posteridade para as gerações futuras, simbolizada pela oportunidade

de se verem, nos seus dias, os netos (“os filhos de seus filhos”). Neste passo, aliás, de se mencionar outro Salmo, desta feita o de número 78, onde a importância do ensino da Palavra para as gerações futuras é, também, anunciada (Sl.78:4-8).

-Entendida a finalidade da família e sua circunscrição a esta dimensão terrena de nossa vida, podemos, então, estabelecer quais seriam as funções da família, qual o seu papel diante da sociedade e de cada ser humano, segundo o propósito estabelecido por Deus.

-A primeira função da família é, conforme observamos na própria Palavra de Deus, a de propiciar a perpetuação da espécie humana. A Bíblia diz que o ser humano foi feito macho e fêmea (Gn.1:27), para que houvesse a frutificação e multiplicação do gênero humano (Gn.1:28).

-Assim, a primeira função da família é permitir a reprodução da espécie, para que se cumpra o propósito divino para o homem.

Tal afirmação bíblica é acolhida, sem restrições pela sociologia. Como afirmam os renomados sociólogos norte-americanos Paulo Horton e Chester Hunt, “…cada sociedade depende principalmente da família para a produção de filhos.

Teoricamente, são possíveis outros arranjos, e muitas sociedades têm sistemas para a aceitação de crianças produzidas fora de um relacionamento matrimonial. Porém, nenhuma estabeleceu um conjunto de normas para o suprimento de filhos, exceto como parte de uma família.” (Sociologia, p.170-1).

-Em dias de profundo desprezo pela instituição do casamento, que, é o meio legítimo para a constituição de uma família, tiveram os legisladores e juristas de estender o conceito de família, a fim de poder abrigar os filhos decorrentes de relacionamentos amorosos que têm surgido nestes nossos dias trabalhosos, tudo porque não se consegue conceber como se pode propagar a espécie senão num ambiente familiar.

OBS: Disto não escapou sequer o Brasil que, na Constituição de 1988, teve de criar duas novas espécies de família para que se impedisse a desproteção dos filhos.

Assim é que reconheceu como sendo família não só a oriunda da união estável entre homem e mulher, sem casamento, como também a comunidade formada por um dos pais e seus descendentes(artigo 226 da Constituição da República). Aliás, recentemente, na lei que criou a renda mínima, também se alargou o conceito de família.

-A segunda função da família é a de regrar o relacionamento íntimo e sexual entre homem e mulher. A frutificação e a multiplicação não se fariam desordenadamente, a exemplo do que ocorre com a maior parte das espécies animais irracionais, mas o homem e a mulher, para poder se reproduzir e cumprir o desígnio divino, teriam de constituir solenemente a família, através do casamento (Gn.2:23,24).

-Como afirmam os já mencionados sociólogos Horton e Hunt: “…a família é a principal instituição através da qual as sociedades organizam e regulam a satisfação dos desejos sexuais…todas as sociedades esperam que a maioria dos contatos sexuais ocorra entre pessoas que suas normas institucionais definem como tendo acesso legítima uma à outra…nenhuma sociedade é inteiramente promíscua.”(op.cit., p.170).

A história demonstra que onde a sociedade deixou de ter a família como o ambiente adequado para o relacionamento sexual, gerando, por conseguinte, a disseminação da imoralidade sexual e da prostituição, a civilização simplesmente desmoronou, a sociedade deixou de existir como tal.

São exemplos bíblicos do que estamos a dizer a geração dos dias de Noé, a geração dos dias de Ló nas chamadas cidades da planície (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), bem como o reino do norte, isto é, o reino de Israel nos dias do profeta Oséias.

-A terceira função da família é a chamada função de socialização, ou seja, a família é o meio pelo qual o ser humano é inserido na vida em sociedade. É na família que o homem aprende as regras e a forma de convivência com os seus semelhantes e com o próprio Deus.

-Ao estabelecer que o homem deveria frutificar e multiplicar-se sobre a face da Terra, Deus afirmou que isto deveria ser feito para que os homens pudessem sujeitar a criação terrena (Gn.1:28).

-Ora, ao dizer que a frutificação e a multiplicação antecederiam ao domínio, Deus, implicitamente, estava afirmando que os filhos, resultado desta frutificação e multiplicação, deveriam ser conscientizados de que o homem havia sido criado para dominar a criação na Terra.

-Esta informação, esta conscientização, que nada mais é senão a “educação” (palavra latina que significa orientação, direção, condução para um determinado lugar), é, portanto, uma das tarefas primordiais da família.

Esta função educadora da família, que, no ato da criação, foi apenas implicitamente indicada nas Escrituras, foi explicitamente considerada pelo Senhor na dispensação da lei, quando Moisés determinou que os pais nunca deixassem de instruir e de ensinar seus filhos os mandamentos dados por Deus a Israel (Dt.6:6-9), algo que, posteriormente, foi relembrado em forma poética pelo salmista (Sl.78:1-8).

-A quarta função da família é a chamada função afetiva, ou seja, a família é o local estabelecido por Deus para que o homem e a mulher não se sintam sós, mas possam se complementar, possam alcançar satisfação e prazer.

-Diz-nos as Escrituras que foi para retirar este sentimento de solidão que se abateu sobre Adão após a nomeação dos animais que Deus criou a mulher e, em seguida, a instituição familiar.

A família é o lugar em que o homem e a mulher se sentem realizados do ponto-de-vista humano, em que se satisfazem todos os sentimentos e emoções que vêm da própria alma.

-O homem é um ser social, não foi feito para viver sozinho e, somente na família, esta necessidade é suprida.

Como afirmou, com muita propriedade, a Constituição “Gaudium et Spes”, documento do Concílio Vaticano II, que foi a reunião que estabeleceu os atuais parâmetros da doutrina da Igreja Romana, …Deus não criou o homem solitário. Desde o início, ‘ Deus os criou varão e mulher’ (Gn.1,27).

-Esta união constituiu a primeira forma de comunhão de pessoas. O homem é, com efeito, por sua natureza íntima, um ser social. Sem relações com os outros, não pode nem viver nem desenvolver seus dores. Deus, portanto, como lemos novamente na Escritura Sagrada, viu ‘ serem muito boas todas as coisas que fizera’ (Gn.1,31).” (Gaudium et Spes, nº 12.In: Compêndio do Vaticano II. Ed. Vozes, p.154-5).

-Horton e Hunt afirmam que “…seja o que for que as pessoas precisam, uma delas é a resposta humana íntima. A opinião psiquiátrica sustenta que provavelmente a maior causa isolada de dificuldades emocionais, problemas de comportamento e até de moléstia física é a falta de amor, isto é, a falta de um relacionamento cálido e afetuoso com um pequeno círculo de pessoas íntimas…”(Sociologia, p.171).

-O conteúdo afetivo da família está demonstrado nas Escrituras quando se afirma que, na constituição da família, o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e se apegar à sua mulher (Gn.2:24).

São dois gestos de forte teor emocional e sentimental: deve-se deixar pai e mãe, ou seja, existe um vínculo, existe algo que prendia o homem à sua família, e, ao mesmo tempo, deve-se apegar à sua mulher, isto é, deve-se criar um vínculo, um “cordão de três dobras” no novo casal (Ec.4:12).

-A existência deste relacionamento afetivo na família é tão característico que, para figurar o Seu relacionamento amoroso com o homem, Deus não usará outro símbolo senão o da própria família, pondo-se como Pai e Seu Filho como Noivo da Igreja.

OBS: A presença do afeto na família é tão peculiar a este grupo social que, na atualidade, em meio à própria descaracterização da família frente aos princípios bíblicos, que os juristas têm, cada vez mais, considerado que o que identifica uma família nos nossos dias é, precisamente, a existência da “afeição” entre os integrantes de um núcleo familiar.

Neste sentido, aliás, vale a pena aqui reproduzir o pronunciamento do pastor batista Gilson Bifano na 84ª Assembléia da Convenção Batista Brasileira, realizada em 2003: “…Que é uma família?

Não podemos continuar aceitando a definição clássica de família como sendo tão somente quando vivem sob um mesmo teto um casal e um ou mais filhos. Temos, como igreja, de rever nosso conceito de família, ampliar nossa visão e pensar nos vários tipos de família.

Temos em nossas igrejas: – famílias conjugais. São aqueles casais sem filhos ainda ou que não tiveram filhos; temos famílias nucleares, compostas de pai, mãe e filhos;- temos famílias unipessoais (onde só uma pessoa mora numa casa, podendo ser um solteiro, uma viúva, ou uma divorciada). – temos as famílias monoparenterais quando há somente a presença de um dos pais e a família ampliada ou extensa.

Quando nós, como igrejas, pensarmos nessa amplitude, teremos melhores condições de ajudar as famílias a serem a realização do plano de Deus para a sociedade. Na Bíblia, encontramos exemplos de vários de tipos de família. – famílias monoparenterais, como é o caso de Agar e Ismael, depois de serem expulsos por Sara. – família de solteiros, como parece: Marta, Maria e Lázaro.

-Também em o Novo Testamento, encontramos a família nuclear formada por José, Maria, Jesus e seus irmãos.

-Temos exemplo de uma família conjugal, um casal que aparentemente não teve filhos, como é o caso de Áquila e Priscila.

-Vemos também no Novo Testamento o caso de Pedro, que possivelmente tinha a sua sogra por perto, e é exemplo de uma família ampliada. Uma pastoral ou um ministério com famílias não deve ter como alvo somente os casais da igreja.…” (Gilson BIFANO. A família e os desafios de um novo tempo. http://www.clickfamilia.org.br/familia/index_lista_resultado.asp?ID=620 Acesso em 05 mar.2004).

-A quinta função da família é a função protetora. Como ensinam Horton e Hunt, “…em todas as sociedades, a família oferece um certo grau de proteção física, econômica e psicológica a seus membros…” (op. cit., p.172).

-É na família que nós encontramos proteção, ou seja, na família, nós temos um “lar”, um local onde somos acolhidos e desfrutamos de liberdade, um lugar onde está a nossa privacidade e intimidade.

-Nos povos pagãos, era no ambiente familiar que se invocava a proteção das divindades dos antepassados, os chamados “deuses lares”.

Este ambiente de intimidade e de privacidade peculiares à família é a razão e fundamento de vários dispositivos legais adotados pelos povos civilizados, como as garantias da inviolabilidade do domicílio (ninguém pode penetrar na casa de alguém, mesmo que tenha ordem judicial para tanto, durante a noite) e do segredo de justiça que envolve as disputas forenses relativas a causas familiares.

-Deus sempre tratou a família com integral respeito relativo a esta intimidade, algo que, lamentavelmente, não tem sido observado em algumas igrejas locais.

-A família é inviolável, é o espaço criado por Deus para que as pessoas desfrutassem de sua intimidade e privacidade. E

m várias ocasiões, vemos o Senhor determinando este respeito, como, por exemplo, no episódio da Páscoa, em que as famílias deveriam ficar em suas residências, somente se permitindo que famílias pequenas se reunissem (Ex.12:3,4), ou, então, no milagre da ressurreição da filha de Jairo, quando se permitiu apenas que o núcleo familiar estivesse com Jesus e Seus discípulos mais íntimos (Lc.9:51).

-O lar é um ambiente de proteção, de intimidade, resultado da vida de afeto que se estabelece entre os cônjuges e entre os cônjuges e seus filhos. Mais uma vez, a família é usada como figura do relacionamento entre Deus e o homem, quando, no sermão do monte, Jesus afirma que devemos orar a Deus como nosso Pai e, portanto, num ambiente de intimidade (Mt.6:6).

-A sexta função da família é a função econômica. Horton e Hunt, com propriedade, afirmam que “…a família é a unidade econômica básica na maioria das sociedades primitivas…”(op.cit., p.172).

-Ainda que, na nossa sociedade atual, esta função econômica tenha perdido, consideravelmente, sua importância, vez que “.exceto na fazenda, a família já não é mais a unidade básica de produção econômica…tornou-se, na verdade, uma unidade de consumo econômico, fundada no companheirismo, afeição e recreação.…”(op.cit., p.176), o fato é que a subsistência da chamada “população economicamente inativa” (crianças, inválidos, idosos sem condições de trabalhar, desempregados crônicos etc.) continua sendo uma tarefa da instituição familiar, mormente em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, em que a infraestrutura de assistência social é , ainda, sofrível.

-Tanto assim é que a nossa Constituição comete, primordialmente, à família a tarefa de sustento das pessoas que não têm condições de trabalhar e de se sustentar (artigo 203 da Constituição da República: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social e tem por objetivos V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não ter meios de prover á própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” – grifo nosso).

-A função econômica da família foi estabelecida por Deus logo após a bênção que deu ao primeiro casal, ao determinar que a natureza estava à sua disposição para obterem o necessário mantimento (Gn.1:29,30), mantimento este que passou a ser obtido com dificuldade e de forma penosa, depois do pecado do homem (Gn.3:17-19).

O cuidado que se deve ter no sustento dos integrantes da família é algo que deve sempre estar na mente dos verdadeiros e autênticos crentes, porquanto foi o que se observou na vida de Jesus e de Sua família terrena (Mt.13:55; Mc.6:3).

-A sétima função da família é a função de “status”, ou seja, é através da família que o ser humano obtém a sua primeira posição na sociedade, posição esta que pode ser alterada, mas jamais alguém deixa de ocupar o lugar que lhe dá a estrutura social pelo fato de pertencer a uma determinada família.

Deus, ao estabelecer a família, determinou que seria através dela que o homem ocuparia a sua posição de dominador sobre a criação na Terra.

-Também, ao estabelecer as regras que regeriam o povo de Israel, teve o cuidado de nunca permitir que as famílias e, consequentemente, as tribos de Seu povo se descaracterizassem e se misturassem entre si (Nm.27:1- 11), tendo, também, sido proibido o aparentamento com os estrangeiros descompromissados com a lei do Senhor (Dt.7:1-4;Ed.9,10).

-A família deve manter a sua posição diante de Deus, temos de servir a Deus e levar nossa família a também fazê-lo, para que, em nossas vidas, seja uma realidade a afirmação de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.

II- AS CONDIÇÕES PARA A PROMESSA DE UM LAR FELIZ

-Nota-se, portanto, que o papel da família para o ser humano é fundamental para que o homem cumpra, em toda a sua plenitude, o papel que o Senhor lhe reservou na ordem do universo.

Não é por outro motivo, pois, que Deus prometeu ao ser humano que a família seria um ambiente de felicidade e de satisfação, tanto espiritual quanto emocional e material.

-Desde o início, a família está relacionada com a promessa de bênção da parte de Deus. Assim que Deus criou o primeiro casal é dito que Ele os abençoou (Gn.1:28) e esta bênção estava relacionada diretamente com a família, pois se tratava de uma tríplice bênção: frutificação, multiplicação e alcance da plenitude da terra, propósitos que o homem, de modo solitário, jamais poderia atingir.

-Não há como desvincular a família da satisfação, alegria e felicidade que Deus promete aos homens. Sem a família, o homem jamais poderá produzir o fruto esperado pelo Senhor (que é o fruto do Espírito Santo, pois o homem deve amar a Deus e ao próximo como a si mesmo e, portanto, jamais produzirá a integridade do fruto do Espírito se não estiver em sociedade, sociedade cuja base é a família), jamais poderá se multiplicar, como também não pode encher a terra, visto que a reprodução biológica e a manutenção da vida social e da comunhão com Deus nesta reprodução de gerações dependem da existência e formação contínua de famílias.

OBS: A propósito, vemos como o diabo trabalha sempre contra os propósitos divinos, na medida em que tenta, de todas as maneiras, através da destruição da família, criar obstáculos para que o homem atinja a bênção de Deus.

Assim, luta tenazmente para que não só o homem não produza o fruto do Espírito, escravizado que está pelo pecado, como alimenta e estimula práticas na sociedade que vão no sentido contrário à bênção divina, como, por exemplo, o ataque ao casamento, única forma legítima de constituição de famílias, o estímulo às “uniões homossexuais”, onde a reprodução é impossível ou, por exemplo, à “libertinagem sexual”, para criar homens e mulheres sem afeto e sem amor para com os bons.

-A promessa de um lar feliz, portanto, é dirigida a toda a humanidade, pois a bênção divina se deu quando da criação, alcançando, assim, tanto a Igreja, quanto aos judeus e aos gentios.

É por isso que se explica que, mesmo entre judeus e gentios, famílias bem estruturadas, ainda que não formadas por salvos, produzem êxito, sucesso e bem-estar não só a seus integrantes, quanto às sociedades onde elas se estabelecem.

Deus abençoou a humanidade e deu a vida familiar como um sustentáculo para se ter equilíbrio e condições para cumprimento das tarefas do homem junto à ordem cósmica.

-No entanto, esta promessa divina, embora seja geral, é uma promessa condicional, pois depende de o homem seguir os parâmetros estabelecidos por Deus para a vida em família. Como já dito supra, tendo sido

Deus o criador da instituição familiar, a Ele, e somente a Ele, cabe determinar como deve ser a vida em família. Assim, a bênção de Deus virá apenas se a família viver de acordo com estes princípios e regras estabelecidos pelo Senhor e que estão nas Sagradas Escrituras.

-Ao contemplarmos a Bíblia Sagrada, percebemos que a bênção de Deus sobre a humanidade estava condicionada à obediência ao Senhor.

Em Gn.2:16,17, vemos que Deus condicionou a comunhão com Ele à obediência. Quando o homem quebrou este compromisso, pecando, um dos primeiros pontos atingidos foi, precisamente, o da família, como se verifica de Gn.3:16, quando se mostra que o pecado trouxe problemas de relacionamento entre o homem e a mulher, bem como, em Gn.4, vemos como o pecado destruiu o relacionamento entre irmãos.

-Esta circunstância fica mais evidente quando analisamos a lei de Moisés. Embora a lei fosse circunscrita ao relacionamento entre Deus e Israel, tratou-se de um progresso na revelação de Deus aos homens e, se o pecado, entrando no mundo, trouxe problemas para a família, é na lei que vemos, em primeiro lugar nas Escrituras, como deveriam se moldar os relacionamentos familiares a fim de que se tivesse sobre eles a bênção divina.

A condicionalidade da promessa do lar feliz evidencia-se na lei, quando o Senhor mostra a Israel que a felicidade no lar dependia da observância de Sua Palavra.

-Em Dt.6:6-9 e 11:18-20, Moisés mostra ao povo de Israel que era fundamental que, em se tendo a observância individual da Palavra do Senhor, fosse esta mesma doutrina ensinada aos familiares, como condição “sine qua non” (ou seja, indispensável) para que se tivesse a felicidade no lar, para que se atingissem os propósitos de Deus para a família e para cada um de seus integrantes.

-A promessa de um lar feliz, portanto, exige a prévia observância dos mandamentos do Senhor, sem o que não se terá a bênção de Deus.

-A primeira regra prevista para um relacionamento familiar sadio é o que mesmo seja construído sob o amor e a divina orientação do Senhor.

Uma família não pode ter outro alicerce senão o amor, não um amor carnal, um mero instinto sexual, mas um amor verdadeiro, vindo dos céus, um amor que signifique disposição a, desinteressadamente, buscar o bem e o êxito do outro, um amor altruísta, portanto. É neste sentido que devemos entender os deveres impostos a maridos e mulheres na Bíblia Sagrada (Ef.5:22-29).

-O amor conjugal tem como finalidade a construção de um projeto de vida comum entre o marido e a mulher.

Quando Adão viu Eva, afirmou que ela era “osso dos seus ossos”, “carne da minha carne” (Gn.2:23), ou seja, havia uma unidade de propósitos, de fins, de objetivos, passavam, como diz o texto sagrado, a ser “uma só carne” (Gn.2:24).

Ser uma só carne não é apenas ter relações sexuais, mas é muito mais do que isto, é estabelecer um só projeto de vida. Uma família precisa ter um só plano de vida , um propósito de vida em comum, para o bem de todos em amor.

-Para que uma família seja bem construída, entretanto, faz-se preciso que ela seja nasça segundo a orientação divina, de acordo com a vontade de Deus. O primeiro casal foi criado por um ato divino (Gn.2:22) e assim deve ser a criação de toda e qualquer família. Devemos buscar intensamente a Deus para que construamos nossa família de acordo com a sua vontade.

-Neste ponto, aliás, realça aqui uma questão importante, que tem ganhado relevância, notadamente em nosso país, diante do reconhecimento como entidade familiar pela nossa lei da chamada “união estável entre homem e mulher”, o que é popularmente conhecido como “amasiamento”, “concubinato”, “amancebamento”, entre outras denominações.

-Embora a nossa Constituição tenha, para efeito de proteção do Estado, reconhecido este tipo de união como formadora de família(art.226, § 3º), o fato é que as pessoas que procuram este tipo de união, ao invés do casamento, cujas regras e deveres são sérios, solenes e explicitamente estabelecidos em lei, demonstram não querer assumir responsabilidades, não ter sinceridade e desejo de, realmente, formar “uma só carne” com o companheiro, comportamento que revela, desta forma, uma incompatibilidade com um caráter genuinamente cristão, onde deve imperar a santidade (I Pe.1:15), a verdade(Jo.17:17) e a transparência (Fp.4:5).

-Além do mais, diz a Bíblia, que, entre os cristãos verdadeiros, o casamento deve ser venerado, ou seja, respeitado e levado com a devida seriedade (Hb.13:4).

-O amor conjugal é uma comunhão de vida, é o desejo de construir com o outro uma nova vida, uma vida distinta da vivida até então, onde se levará em conta o outro e não a si mesmo (I Co.7:4).

-O jurista romano Modestino, que viveu antes de Cristo, já dizia que “o casamento é a comunhão de vida humana e divina entre um homem e uma mulher”, ou seja, até mesmo entre os pagãos havia o reconhecimento de que o casamento impõe uma unidade de vida material e espiritual, de modo a permitir a construção de uma nova vida.

É por isso que a Bíblia, ao apresentar a formação da família, diz que o casal deve deixar pai e mãe e se apegar a seu cônjuge, formando um novo grupo social, uma nova família, com objetivos, fins e “modus vivendi” próprio.

-É por este motivo que não pode o casal querer continuar na dependência de seus pais, fonte de um sem- número de problemas que, não raras vezes, acabam gerando a própria destruição do casamento.

-A Palavra de Deus manda que o casal deixe seus pais, que estes não venham a participar da constituição da nova família, pois sua interferência não está no propósito divino para a construção de lares sólidos e que sejam verdadeiros altares para a adoração do Senhor.

-Esta unidade de propósitos (Ez.37:19, parte final), também, revela que a família deve ter uma mesma direção espiritual, pois se trata de uma comunhão que se estabelece entre homem e mulher e essa comunhão deve ser, sobretudo, espiritual.

-É por este motivo que não pode o servo de Deus unir-se a um ímpio em casamento, pois se terá um jugo desigual, que gerará um conflito interno insuperável e que não poderá resultar senão em grandes problemas e tribulações, já que não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14; Jo.3:19-21).

-Um servo de Deus que, deliberadamente, desobedece às Escrituras e se une a uma pessoa ímpia, terá uma vida familiar extremamente difícil, porquanto as Escrituras consignam que a felicidade na vida conjugal depende da união e da existência do “cordão de três dobras”, ou seja, de uma perfeita comunhão entre Deus, o marido e a mulher (Ec.4:12). Como poderão andar dois juntos, se não estiverem de acordo? (Am.3:3).

-Desnecessário seria dizer, a esta altura do estudo, que o amor conjugal não se limita apenas a aspectos físicos. Um dos grandes enganos que o adversário tem propugnado, nos últimos tempos, é a ideia de que a vida a dois resume-se a aspectos sexuais.

-O sexo faz parte do amor conjugal, mas, além de a sexualidade não se circunscrever à genitalidade, como tem sido propagandeado nestes dias maus que vivemos, também não é o único aspecto do amor entre marido e mulher. Entretanto, como Jesus já havia profetizado, este desprezo ao casamento e à própria família é uma das características marcantes do período imediatamente anterior à volta de Jesus (Mt.24:37-39).

-Marido e mulher, como já vimos, devem viver em união, em unidade de propósitos, não querendo um dominar ao outro, mas sabendo que nem mesmo os próprios corpos estão sob seu domínio, mas, sim, sob o domínio do cônjuge.

Homem e mulher têm estruturas físicas, sentimentais e emocionais diversas e Deus, que os criou (Gn.1:27), sabe muito bem destas diferenças. Daí porque estabeleceu funções distintas para o marido e para a mulher na vida conjugal, o que não é senão a constatação de que eles são seres distintos, embora, diante de Deus, sejam iguais, pois para o Senhor não há acepção de pessoas (Dt.10:17).

-Uma das consequências do pecado do homem foi o término da situação original de equilíbrio e harmonia entre ambos os sexos (Gn.3:16).

O pecado trouxe ao mundo a injustiça, a iniquidade (I Jo.3:4), de forma que não é de se admirar que, desde então, o homem tenha estabelecido, nas relações sociais, a começar da relação familiar, uma injusta superioridade sobre a mulher.

-Como relataram as Nações Unidas, na década de 1990, na conferência sobre a situação da mulher, esta tem sido discriminada em todas as classes sociais, em todos os países do mundo, sem qualquer exceção, uma comprovação de que a Palavra de Deus é a verdade.

-Entretanto, no princípio não foi assim e o estatuto bíblico da família não pode, em absoluto, ser utilizado para confirmar ou aprovar algo que é fruto do pecado.

Uma família cristã está livre do poder do pecado, não tem qualquer compromisso com o mundo e, portanto, deve refletir o modelo bíblico original, que é o da igualdade de tratamento, o da igualdade de direitos, mas o da diversidade de funções e de atividades.

OBS: “…Essa cultura arcaica de diminuir a mulher não tem fundamento no espírito da Criação. (…). As mulheres não podem ser diminuídas diante dos homens em nada; o Senhor ordenou que fosse uma só carne, isto é, iguais.

Eles completam um ao outro para tornar possível a procriação e dar ao fruto nascido o privilégio de ser um indivíduo portador de um corpo físico, ama, espírito e, sobretudo, da imagem do Criador.(…)

O Senhor também não fez a mulher inferior ao homem em termos espirituais; ela também traz consigo a imagem do Criador e é possuída de um espírito imortal e assexuado como os homens. Quando o texto bíblico diz que o Senhor criou macho e fêmea à Sua imagem, Ele não determinou se um deles seria maior ou menor em autoridade…”( Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.2, p.63-4).

-O marido, diz a Palavra de Deus, deve ser a cabeça do casal (I Co.11:3), ou seja, a direção, o planejamento familiar, a estruturação dos projetos, dos fins a ser perseguidos deve ser de iniciativa e decisão do marido.

Isto, entretanto, não quer dizer, como têm entendido os homens brasileiros, típicos machistas latino- americanos, que o marido deva ser um ditador no lar, o único senhor, o dono absoluto da verdade, que pela ameaça, pela força física e pela brutalidade domine os demais membros da família.

-Em primeiro lugar, a Bíblia diz que, embora o marido seja a cabeça da mulher, Cristo é a sua cabeça (I Co.11:3).

Ora, toda e qualquer decisão, toda e qualquer autoridade do marido está submetida a Cristo e à Sua vontade. O marido é, assim, mero despenseiro de Cristo no lar e, como tal, deve ser achado fiel ao seu Senhor (I Co.4:1,2). Quão diferente é, pois, o modelo bíblico do que vemos, frequentemente, nos lares de crentes brasileiros!

-Em segundo lugar, ser a cabeça do casal importa em ter capacidade intelectual, em pensar, em ter condições de dirigir os demais membros da família.

Lamentavelmente, vemos, hoje em dia, famílias desorientadas, perdidas, em que a mulher é obrigada a tomar decisões e a dar as rédeas na sua casa, porque o marido não tem juízo, não pensa, não raciocina, não se comporta como um verdadeiro “macho”.

-Na Bíblia, o “macho” é aquele que pensa, que projeta, que planeja, não o que espanca, bate e usa da força bruta.

Um marido que não tem capacidade de planejamento, que não prever todas as hipóteses possíveis corre o risco de deixar sua família em situação difícil, ainda que seja santo, como é o caso do profeta cuja viúva teve de ter o socorro miraculoso de Eliseu para superar a dificuldade por ele deixada (I Rs.4:1-7).

-Em terceiro lugar, ser a cabeça do casal importa em capacidade de amar como Cristo amou a Igreja, ou seja, o marido precisa ter o amor divino (que os gregos denominavam de “agape”), um amor desinteressado, um amor disposto ao autossacrifício.

-Ser cabeça da família é estar disposto a se sacrificar pela mulher e pelos filhos, a se prejudicar para que a família tenha um mínimo de dignidade.

Muitos supostos crentes gostam de mandar, de exigir obediência, submissão, mas são preguiçosos, não buscam obter uma melhor e maior remuneração, não gostam de trabalhar, não querem servir mas ser apenas servidos. Não são maridos que estejam cumprindo a Palavra de Deus.

-Em quarto lugar, ser a cabeça do casal é tomar a decisão, mas não significa imposição da vontade sem a participação dos demais membros da família. A Bíblia informa-nos que Deus, que é Soberano, não impõe a Sua vontade ao homem, busca a sua anuência, convida para o Seu projeto.

-Ora, se Deus é assim, por que o marido seria diferente? Vejamos a forma de expressão de Jesus em Sua oração sacerdotal: ” tendo consumado a obra que me deste a fazer “(Jo.17:4b), ou seja, houve uma proposta do Pai ao Filho, que foi aceita e cumprida.

O marido, portanto, deve propor e obter a aceitação da mulher e dos demais integrantes da família para os propósitos assumidos, propósitos estes que, como vimos, têm de ter, primacialmente, a aprovação divina.

-A mulher, dizem as Escrituras, devem ser sujeitas a seus maridos (Ef.5:22). Ser sujeita significa estar debaixo de uma base, de um lançamento, de uma plataforma (do latim “sub jectum”).

A mulher, portanto, deve orientar suas sensações, emoções e intuições de acordo com os planos, projetos e finalidades traçados pelo marido. Não há, portanto, como se exigir sujeição da mulher quando não há tais planos, projetos ou finalidades.

-A mulher deve se unir ao marido nos planos e projetos assumidos, fazendo-o por amor e não por medo, conveniência ou qualquer outro sentimento. Diz o texto sagrado que a sujeição deve ser como ao Senhor, o que implica em sujeição por amor, com dedicação, confiança, humildade, fidelidade e lealdade.

-Nada mais antibíblico, portanto, do que a ideia que tem sido difundida de que o casamento ou a vida familiar tradicional seja algo contrário à dignidade da mulher ou à sua independência.

-A mulher, como o homem, não foi feita para serem “independentes”, pois dependem um do outro para se completarem, para que possam transformar em realidades todo o potencial humano. A chamada “liberação feminina” é mais uma das mentiras satânicas e resultado de uma postura antibíblica dos homens, inclusive de cristãos, que confundem a sujeição da mulher com opressão, escravidão ou algo semelhante.

-A mulher tem o direito (diríamos, mesmo, o dever) de opinar junto a seu marido sobre os planos, projetos e objetivos que devem ser buscados pela família, usando de sua capacidade intuitiva aguçada, de sua sensibilidade e emoção para que seja tomada a melhor decisão.

-Até pelo fato de ser mais sensível e intuitiva do que o homem, a mulher é um importante canal para que seja obtida e comunicada a vontade de Deus num determinado fim perseguido pela família.

Jesus deixou-nos claro que a mulher é a principal fonte de comunicação para a divulgação de Seus propósitos, como vemos nos exemplos da profetisa Ana (Lc.2:38) e das mulheres que foram ao túmulo vazio (Lc.24:9).

-A mulher é a principal responsável pela manutenção do afeto e da sensibilidade nas relações familiares, seja como mãe (Is.49:15), seja como mulher (Pv.31:11; Ct.3:1).

-A administração do cotidiano do lar, segundo os planos e diretrizes decididos pelo marido, deve ficar com a mulher, pois sua intuição e sensibilidade são fundamentais para que a família possa suprir todas as suas necessidades econômico-financeiras, de higiene e vestuário entre outras (Pv.31:13-27).

-A primeira regra sobre o relacionamento entre pais e filhos diz respeito à honra que os filhos devem devotar a seus pais. Um dos dez mandamentos, o único mandamento com promessa, afirma que os filhos devem honrar pai e mãe para que os seus dias fossem prolongados na terra (Ex.20:12; Dt.5:16; Ef.6:2,3).

-Os filhos devem, portanto, respeitar seus pais, ser-lhes obedientes e dar-lhes a devida dignidade. A honra envolve o reconhecimento dos filhos de que seus pais são um dos fatores primordiais da sua existência e não se resume apenas na obediência, que é um fator importante, mas não exclusivo.

-Honrar pai e mãe envolve, também, zelar pela imagem social dos genitores, evitando que os pais sejam alvo de calúnias, injúrias e difamações na sociedade onde vivemos.

Lamentavelmente, vemos que, nos nossos dias, há um grande incentivo para que os filhos critiquem e denigram a imagem de seus pais na sociedade.

Aliás, dentro da filosofia mundana hoje reinante, é imperioso que o jovem ou o adolescente xinguem, difamem e desprezem seus pais perante os seus amigos e companheiros de grupo. Isto tudo contraria o que ensina a Palavra do Senhor.

-A obediência aos pais é condicionada. Como bem explana o apóstolo Paulo, a obediência aos pais somente tem sentido enquanto estiver em consonância com a obediência ao Senhor (Ef.6:1).

-É a isto que a Bíblia denomina de obediência justa. Devemos obedecer a Deus, em primeiro lugar, depois aos homens (At.5:29).

Assim sendo, os filhos não devem obedecer a seus pais quando esta obediência significar pecado, ofensa a Deus.

Dizemos isto pois, há alguns anos atrás, tivemos a surpresa em saber que um crente chegou a se queixar dos professores da Escola Dominical de seu filho, porque, ao mandar seu filho mentir para um cobrador que lhe batia a porta, dizendo que não estava, o filho falou a verdade, “desobedecendo” ao Pai. A que ponto chegamos!

-Dar a devida honra aos pais significa, também, amparar-lhes na dificuldade e, primordialmente, quando em idade avançada.

Este princípio, aliás, além de ser bíblico, é até, no Brasil, um dever constitucional, como se observa no artigo 229 da Constituição da República, que afirma que “… os filhos maiores têm o dever de ajudar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

-É triste vermos que, hoje em dia, muitas pessoas que se dizem servas de Deus abandonam seus pais idosos à própria mercê, delas não cuidando, nem com elas se importando, numa atitude de ingratidão que põe em dúvida a sua suposta conversão ao Senhor.

OBS: O Corão, livro sagrado dos islâmicos, em diversas passagens, afirma este dever dos filhos para com os pais.

Assim, por exemplo: “… Dize (ainda mais):

Vinde, para que eu vos prescreva o que vosso Senhor vos vedou: Não Lhe atribuais parceiros; tratai com benevolência vossos pais; não sejais filicidas, por temor à miséria- Nós vos sustentaremos, tão bem quanto aos vossos filhos…” (6:151).

Os judeus, também, tinham este pensamento:

“… Quando atingiam a maturidade, os filhos e as filhas tinham a obrigação de sustentar os pais, da melhor maneira que pudessem, quando isto tornasse necessário.

Deveriam tomar conta deles com devoção na doença e na velhice. ‘Meu filho,’ escreveu Jesus Ben-Sira, o grande mestre de sabedoria de Jerusalém (c. do início do século II a.E.C.), ‘ajuda a teu pai na velhice, e não o aborreças enquanto ele for vivo, e tem paciência com ele se a mente dele fraquejar.

No entanto, nem todos os filhos e filhas judeus comportavam-se como modelos de devoção a seus pais nas horas das adversidades. Esses réprobos aparecem ilustrados no dito popular judaico, cheio de amargura:’ um pai pode sustentar dez filhos, e no entanto dez filhos não podem sustentar um pai.’…” (Nathan AUSUBEL. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: JUDAICA, v.6, p.712).

-A segunda regra constante da Bíblia Sagrada com respeito à relação entre pais e filhos é de que os pais devem ensinar a Palavra do Senhor a seus filhos (Dt.6:6-9).

Moisés é bem incisivo ao afirmar que os pais deveriam intimar a Palavra do Senhor a seus filhos. Intimar é mais do que ensinar, é mais do que orientar. Intimar é determinar, é falar com autoridade a doutrina. Tanto assim é que, hoje em dia, usamos a expressão “intimar” sempre que uma autoridade chama alguém para que compareça em algum lugar. É um chamado de quem tem autoridade.

-Dentro desta perspectiva, vemos que os pais somente se incumbirão deste dever se forem verdadeiros imitadores de Jesus.

O Senhor, ao proferir o sermão do monte, fê-lo com autoridade (Mt.7:29). Assim, os pais, ao ministrarem a Palavra do Senhor, devem não apenas demonstrar conhecimento racional, mas, sobretudo, devem, com sua vida, mostrar aos filhos um verdadeiro testemunho cristão.

A multidão ficou admirada com Jesus não pelo que Ele dissera, pois muito do que disse já tinha sido dito pelos escribas e pelos fariseus. Entretanto, os escribas e fariseus ensinavam uma coisa mas viviam outra totalmente diversa. Como será que nossos filhos têm nos visto? Como escribas ou fariseus ou como Jesus?

OBS: ” …Se a felicidade da família judaica girava em torno de uma relação harmoniosa entre marido e mulher, o objetivo principal era o de educar filhos retos e devotos(…).

Esse relacionamento entre a educação de filhos dignos, o estudo da Torah (no entender dos devotos, essa era a estrada principal para a virtude) e a recompensa final da vida eterna, formaram uma venerada tradição da religião judaica.(…).

Constitui um fato singular o de que em nenhuma outra religião se considera obrigação categórica dos pais assumir a responsabilidade primeira, como educadores, dos próprios filhos. Entre os judeus, em tempos antigos, essa tarefa era considerada uma missão precípua e sagrada.

‘Abençoado é o filho que estudou Torah com o pai, e abençoado o pai que instruiu o filho !’, regozijava-se um antigo Sábio…” (Nathan AUSUBEL. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: JUDAICA,v.6, p.708-9).

-Está aqui um dos maiores problemas que temos enfrentado nas famílias de crentes nos nossos dias. Os pais não têm um bom testemunho.

Assim, não se sentem à vontade para ensinarem seus filhos a Palavra do Senhor ou, quando o fazem, criam um ambiente de total falta de autoridade, já que não podem ensinar com autoridade.

Como dizer aos filhos que se deve orar e ler a Bíblia diariamente, se os pais não o fazem? Como ensinar seus filhos que devem ir à igreja assiduamente, se não o fazem?

Como querer que os filhos tenham intimidade com o Senhor, se não lhes ensinam as passagens bíblicas? Instruir o menino no caminho em que deve andar, eis o que manda dizer a Bíblia Sagrada.

-Devemos dedicar parte de nosso dia à devoção individual, mas também devemos dedicar parte de nosso dia para a devoção familiar. Como poderemos ser responsáveis diante de Deus com os nossos filhos, se não nos preocupamos em seu crescimento espiritual?

-Há muitos crentes que, numa forma absurda, defendem que os filhos devem, primeiro, atingir a maturidade para que decidam se servirão a Deus, ou não. Este pensamento é um conceito antibíblico e que não pode ser compartilhado por um verdadeiro crente.

-O crente ama o próximo como a si mesmo e como poderá deixar ao léu o seu próprio filho? Como considerar como possível que um filho seu, que nasceu num lar de um crente, possa ser mantido à margem da Palavra de Deus, à margem de um contacto mais íntimo com o Senhor? Evidentemente trata-se de uma astuta mentira satânica, a que muitos crentes têm dado crédito.

-Se quisermos ser valorosos instrumentos na mão do Senhor, temos de começar em nossas próprias famílias, junto a nossos filhos. Não é por acaso que Deus inicia o ministério de muitos escolhidos Seus, na Bíblia Sagrada, com determinação para que este ou aquele nome fosse dado a um filho do vaso escolhido.

O gesto de dar nome a um filho é a primeira relação que se estabelece entre pai e filho e é neste primeiro ato da relação entre pai e filho que começa o ministério do homem de Deus (cfr. Gn.5:21; Is.8:3,4; Os.1:4-11).

-Em o Novo Testamento, um dos requisitos para que sejam escolhidos ministros na casa de Deus é o seu comportamento junto aos filhos (I Tm.3:4,5), pois, como diz o texto sagrado, como alguém que não cuida bem de seus filhos, poderá cuidar bem da igreja de Deus?

-Mas, para que haja a instrução na Palavra do Senhor, é mister que se tenha comunicação entre pais e filhos.

-Um dos grandes problemas que temos, nos nossos dias, é a falta de diálogo entre pais e filhos. Pais não se comunicam com os filhos, não há sequer uma conversa um pouco mais longa entre pais e filhos durante vários dias na semana.

O corre-corre do cotidiano agitado de nossas cidades, não raras vezes, faz com que pais e filhos não estejam em casa na maior parte dos dias e até não se vejam durante dias. Entretanto, este estado de coisas deve ser driblado pelos pais, pois a falta de comunicação entre pais e filhos é uma brecha que impedirá que se erga um muro contra o pecado e o mal em volta de nossos filhos.

-Devemos cuidar para que, pelo menos durante um período, a família possa conversar diariamente e dialogar, momento em que, senão diariamente, com uma frequência no mínimo semanal, seja realizado também um culto doméstico.

-É preciso que cuidemos da estrutura espiritual de nossos filhos, mas devemos dialogar e ficar sabendo dos sentimentos, das preocupações, das lutas de cada um.

Esta falta de convívio no lar é uma necessidade indispensável para os filhos e, se em casa eles não conseguirem ter esta atenção e cuidado, começarão a procurá-lo fora de casa e, sem dúvida, encontrarão quem se disponha a dar-lhes afeto entre os agentes de Belial (más companhias, narcotraficantes, pessoas prostituídas e prostituidoras etc.).

-Mesmo dentro de casa, temos a possibilidade de vermos ser erodido o pouco tempo que teríamos para desfrutar de um convívio familiar.

-Os meios de comunicação têm sido responsáveis diretos pela ausência de diálogo e comunicação entre pais e filhos.

Em vez de conversarem, de ensinarem a Palavra de Deus, muitos pais preferem dar atenção a programas de televisão ou a navegações na internet, de modo que a orientação bíblica e afetiva acaba sendo substituída pelas mensagens explícitas ou subliminares das programações destes meios de comunicação, mensagens estas que, via de regra, divulgam e estimulam condutas totalmente contrárias à Palavra do Senhor.

-Sobre os meios de comunicação, devemos aqui enfocar que este tempo não pode ser desperdiçado. Que os pais possam seguir os conselhos de Paulo e remir o tempo, porque os dias são maus (se já o eram no tempo de Paulo, que dirá hoje, em que sentimos que a vinda do Senhor se aproxima) (Ef.5:15,16; Cl.4:5).

-O culto doméstico deve ser uma reunião simples, com reverência, em que, numa mensagem que possa ser compreendida por todos, a família louve ao Senhor, ore e compartilhe de suas ansiedades e expectativas, agradecendo a Deus pela salvação e livramentos e pedindo a intervenção divina para a supressão das necessidades existentes.

-Com a participação de todos, ouça uma mensagem do Senhor através de algum de seus membros e, depois, seja o culto encerrado.

Parece algo muito simples, mas sua frequência trará resultados que só no futuro os pais saberão. Temos a certeza de que o adversário procurará sempre impedir a realização deste culto, mas, com fé no Senhor e discernimento, poderemos restaurar esta grande arma que temos à nossa disposição para a boa educação e formação de nossos filhos.

-A terceira regra que vemos no relacionamento dos pais com os filhos é a que os pais não devem provocar a ira a seus filhos (Ef.6:4). Aqui temos um mandamento que inclui a questão da correção dos filhos pelos pais, questão importante e que deve ser analisada dentro de seus parâmetros bíblicos.

-Os gentios possuíam regras extremamente duras no que respeita à correção dos pais pelos filhos. Até mesmo os romanos, que foram o povo que mais avançou na Antiguidade em termos de direito, reconheciam ao pai o direito de vida e de morte sobre os filhos, ou seja, o pai era o senhor absoluto do filho.

-A própria palavra “família” contém a ideia de posse e de propriedade, pois “famulus” era o escravo, o servo. Assim, o filho não tinha melhor condição, em certo aspecto, do que o próprio escravo. Esta ideia acabou sendo herdada pela cultura originária de Roma, onde se incluem os povos latinos, como o nosso.

-Entretanto, a Bíblia Sagrada trazia um outro conceito quanto a este assunto. Os pais foram considerados, como já vimos supra, como pessoas que tinham deveres em relação aos filhos, algo que era impensável no ambiente gentílico.

-Assim, embora tivessem autoridade sobre os filhos, os pais são concebidos, na Palavra de Deus, como alguém que age com autorização divina, a Quem incumbe, com exclusividade, todo o senhorio.

Em sendo assim, os pais devem atuar com respeito a Deus e debaixo dos princípios divinos.

-Não podem os pais decidir sobre a vida e a morte de seus filhos, portanto, nem tampouco atingir-lhes a integridade física, moral e psíquica.

-Falamos isto pois, há alguns anos atrás, ficamos constrangidos ao sermos interpelados por uma assistente social forense que nos pediu esclarecimentos sobre os ensinamentos das Assembleias de Deus com relação à educação de filhos, pois os últimos três casos graves de maus-tratos naquela cidade tinham sido praticados por pais que se diziam membros assíduos e participantes de nossa denominação.

OBS: “…O controle e a disciplina das crianças eram cuidadosamente moderados pelos suaves preceitos que os Sábios Rabínicos haviam ensinado.

Eles fornecem um estudo curioso em contraste com os regulamentos legais e os costumes dos pais em voga entre os romanos e seus contemporâneos. Segundo a lei romana, o pai, enquanto estivesse vivo, continuava sendo o senhor absoluto das ações e dos destinos dos filhos.

Entre os judeus, entretanto, o filho, depois de casado, ficava livre para levar uma vida independente, e, contanto que se conduzisse honestamente e não fosse culpado de desrespeito filial, não era responsável por seus atos perante o pai.

Desde os primeiros anos da Era Rabínica, os pais eram advertidos para que não fossem desmedidamente rigorosos com os filhos, especialmente ao impor disciplina aos filhos e às filhas mais velhos.

Era-lhes apontado que o castigo muitas vezes faz com que a criança fique amargurada e ressentida, e poderia provocar nela um comportamento agressivo, prejudicando assim a sua atitude e afetando-a para toda a vida.

Ao contrário, os pais eram aconselhados a demonstrar tolerância e a agir suave e pacientemente com uma criança rebelde ou desobediente, usando com ela da razão ao invés da força (…).

Tornou-se uma prática tradicional e bastante generalizada entre os judeus o corrigir os filhos não violentamente, com a vara, mas suavemente, com amor, e com a argumentação.

Duas máximas do Talmud tornaram-se linhas mestras para os pais: ‘ Não ameaces a uma criança; castiga-a ou perdoa-lhe… Se tens que bater em teu filho, faze-o com um cordão de sapatos’…” (Nathan AUSUBEL. Relações familiares, esquemas tradicionais de.In: JUDAICA, v.6, p.710)

-Não ter o direito de ofender a integridade física, moral e psíquica dos filhos não significa, em absoluto, que o pai não tenha o direito de corrigir seu filho, direito, aliás, que é, antes de tudo, um dever. A correção do filho é uma demonstração de amor do pai pelo filho (Hb.12:9).

-Não corrigir o filho, deixá-lo à própria sorte, como têm defendido muitos psicólogos e apologistas da libertinagem nos nossos dias, é algo impensável para quem tem responsabilidade com os filhos que trouxe ao mundo, como também compromisso com Deus.

-É preciso corrigir o filho, inclusive com uso moderado da força física, se necessário for, pois, como diz Salomão, ” não retires a disciplina da criança; porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá” (Pv.23:13).

-Observe bem o que diz o texto sagrado: devemos fustigar a criança com a vara, ou seja, podemos corrigir a criança com uso de força física, mas desde que o façamos com moderação, com equilíbrio. Fustigar significa bater com alguma coisa flexível, levemente, sem causar traumas, hematomas ou ferimentos.

-A nossa lei civil, inclusive, diz que somente perde o poder familiar (ou seja, a autoridade sobre os filhos), o pai (ou mãe) que castigar imoderadamente o filho (artigo 1638, I do Código Civil), numa prova de que a ideia que tem sido divulgada (em especial pela mídia) de que não se pode sequer encostar num filho para fins de correção é uma mentira e mais um movimento em prol da desordem e da destruição da família.

O castigo equilibrado é possível e não constitui em qualquer ilegalidade perante os homens, bem como diante de Deus.

-Agora, para que um pai possa corrigir, é preciso que, antes, ele tenha ensinado seu filho. O que temos visto é que muitos pais têm corrigido seus filhos, têm castigado sem que, antes, tivessem ensinado seus filhos.

Os pais devem agir conforme os ensinamentos da Bíblia Sagrada e as próprias Escrituras indicam quais são os níveis que devem ser seguidos pelos pais, os mesmos níveis com os quais Deus nos ensina a seguir Sua vontade (cfr. II Tm.3:16).

-Em primeiro lugar, os pais devem ensinar seus filhos. Ninguém nasce sabendo e precisamos ensinar nossos filhos o certo e o errado, o que agrada a Deus e o que não Lhe agrada.

-Em segundo lugar, devemos redarguir nossos filhos, ou seja, caso não tenham compreendido o ensinamento dado, devemos repeti-lo, mormente nos dias em que vivemos em que o bem virou mal e o mal, bem (Is.5:20).

-Embora ensinemos nossos filhos a Palavra de Deus, é certo que sofrerão eles a influência dos ambientes que estão a frequentar, o que os levará a tomar atitudes contrárias aos nossos ensinos. Devemos, então, redargui- los, ou seja, repetir os ensinamentos.

-O terceiro nível é o da correção. Se houver, após a repetição dos ensinos, a repetição da atitude errônea, chega o momento do castigo, o momento da correção, com a utilização de medida que seja suficiente para a correção.

OBS: “…é responsabilidade dos pais dar aos filhos criação que os prepare para uma vida do agrado do Senhor. É a família, e não a igreja ou a Escola Dominical, que tem a principal responsabilidade do ensino bíblico e espiritual dos filhos. A igreja e a Escola Dominical apenas ajudam os pais no ensino dos filhos.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos.p.1839).

-Quando corrigirmos nossos filhos, não podemos, em hipótese alguma, demonstrarmos revolta, ódio, raiva ou ira. Se o pai estiver com este sentimento, não deve disciplinar seu filho naquele instante.

-Deixe para um instante em que estes sentimentos e emoções deploráveis tenham passado, pois o objetivo da correção não é a vingança contra o filho, nem criar revolta, ódio ou amargura entre pai e filho. É preciso que tudo seja feito com a finalidade de ensinar a virtude e o valor para o filho.

-Verdade é que a correção gera uma tristeza momentânea no filho (Hb.12:11), mas jamais podemos permitir que esta tristeza se torne em amargura e, muito menos, em raiz de amargura (Hb.12:15).

Tudo deve ser feito debaixo da orientação divina e com temperança, ou seja, domínio próprio, que é uma das qualidades do fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

OBS: ” … Na criação dos filhos, os pais não devem ter favoritismo; devem ajudar, como também corrigir e castigar somente faltas intencionais, e dedicar sua vida aos filhos, com amor compassivo, bondade, humildade, mansidão e paciência (Cl.3.12-41,21).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos.p.1839).

-É este o sentido da expressão bíblica “não provocar a ira aos filhos” que se encontra em Ef.6:4. Devemos agir de tal maneira que o nosso amor seja sentido pelo filho, ainda que inconscientemente.

-Um dos grandes erros da educação dos antigos, movidos ainda pelo traço cultural remanescente da ideia de senhorio absoluto sobre o filho, era o de desconsiderar totalmente o filho, quase que desumanizá-lo, considerando-o como um saco de pancadas, como um local de descarga de frustrações.

-Isto somente gera ódio e revolta e, com tristeza, vemos que o comportamento de muitos crentes tem sido este, a afastar seus filhos da igreja.

Sem dúvida, este tem sido um dos principais fatores para explicar porque, sendo apenas 20% (vinte por cento) da população brasileira formada de evangélicos, os filhos de evangélicos representem praticamente 40% (quarenta por cento) da população carcerária ou de unidades de adolescentes infratores, uma triste estatística a demonstrar quanto temos de nos movimentar para cuidar de nossas famílias.

OBS: ” Os pais são responsáveis pela educação dos filhos. Deus tem os pais como responsáveis por educar os filhos – não os avós, nem escolas, nem o Estado, nem grupos para jovens, nem colegas ou amigos.

Embora cada um desses grupos possa influenciar as crianças, o dever final continua com os pais, e especialmente com o pai, a quem Deus nomeou como ‘chefe’ para comandar e servir a família.

São necessárias duas coisas para se ensinar: uma atitude correta e uma base sólida. Uma atmosfera permeada de críticas destrutivas, condenação, expectativas irreais, sarcasmo, intimidação e medo ‘provocarão a ira de uma criança’. Em tal atmosfera, não pode ocorrer um ensinamento profundo.

A alternativa positiva seria uma atmosfera cheia de estímulo, ternura, paciência, escuta, afeição e amor. Em tal atmosfera, os pais podem construir nas vidas dos filhos a preciosa base do conhecimento de Deus.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Dinâmica do Reino. Ordem familiar. Ef.6.4, p.1331).

Este mesmo princípio encontra-se reproduzido na Constituição brasileira, no artigo 229, que diz que “Os pais têm o dever de assistir, criar, educar os filhos menores…”, como também no Código Civil, que coloca como primeiro dever dos pais ” dirigir-lhes a criação e educação” (artigo 1634, inciso I).

-Outra regra do relacionamento entre pais e filhos é a que determina que os pais criem seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor (Ef.6:4b). Já falamos supra sobre a necessidade de os pais ensinarem a seus filhos os valores e os princípios estabelecidos por Deus nas Escrituras.

-Mas, além de ensiná-los a Palavra de Deus (e só pode ensinar quem já aprendeu), é necessário que estejamos sempre prontos a guiar nossa conduta educativa na Palavra do Senhor. Devemos ensinar e corrigir conforme a Bíblia nos ensina.

-Todas as nossas decisões em relação aos nossos filhos devem levar em conta, em primeiro lugar, o efeito que terá sobre a vida espiritual de nossos filhos aquela decisão.

-Lamentavelmente, muitos têm feito enormes planos e se sacrificado sobremodo para dar a seus filhos o melhor que puderem em várias áreas de sua vida, mas estão totalmente despreocupados com a vida espiritual de seus filhos.

-Sacrificam-se para saciar desejos consumistas de seus filhos, para deixá-los “na moda”, com os brinquedos de última geração, atualizados com os diversos modismos que surgem a cada instante, de estudarem nas melhores escolas, de terem os principais modos de lazer, mas não se preocupam com a vida espiritual de seus filhos.

-Não buscam o reino de Deus e a sua justiça para seus filhos, em primeiro lugar (Mt.6:33), e o resultado é um grande fracasso espiritual que atrairá outros fracassos nos outros campos da vida. É preciso que ponhamos Deus em primeiro lugar nas vidas de nossos filhos, para que eles possam optar por mantê-l’O nesta posição quando alcançarem a maturidade.

OBS: ” É obrigação solene dos pais (gr. pateres) dar aos filhos a instrução e a disciplina condizente com a formação cristã.

Os pais devem ser exemplos de vida e conduta cristãs, e se importar mais com a salvação dos filhos do que com seu emprego, profissão, trabalho na igreja ou posição social (cf. Sl.127.3).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos. p.1839)

-Por fim, temos o relacionamento entre os irmãos. Este relacionamento deve ser extremamente sadio, guiado pelo amor. Jesus fez-se nosso irmão (Hb.2:11,17) e, portanto, Sua conduta é o exemplo que devemos seguir quando nos relacionarmos com nossos irmãos carnais.

-Diz a Bíblia que os irmãos devem viver em união e que, nesta união, o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre (Sl.133).

-Costumamos espiritualizar os textos bíblicos que se referem aos irmãos, mas nunca devemos nos esquecer de que a figura bíblica nasce de uma relação material que é a de irmãos de sangue. Se somos irmãos em Cristo é porque este relacionamento espiritual retrata o relacionamento carnal ideal que deve haver entre os irmãos.

Quando os irmãos não se entendem, a tragédia sobrevém sobre a família como um todo, como vemos nos casos da família de Isaque ou de Davi.

Os irmãos devem ser companheiros, ajudar-se mutuamente, respeitar as diferenças de temperamento e de vocações, serem confidentes e prontos a auxiliar o seu irmão naquilo que for necessário.

Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11039-licao-9-promessas-para-pais-e-filhos-i

Glória a Deus!!!!!!!