INTRODUÇÃO
-Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, começaremos a analisar as chamadas “últimas instruções” de Jesus aos discípulos.
-Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
I – AS ÚLTIMAS INSTRUÇÕES DE JESUS AOS DISCÍPULOS
-Na sequência do estudo do Evangelho segundo João, começaremos a analisar as chamadas “últimas instruções” de Jesus aos Seus discípulos, como ficou conhecido o sermão registrado por João entre Jo.13:31-16:33.
-É assim denominado porque são as últimas palavras que Jesus profere a Seus discípulos antes de ir para o monte das Oliveiras, onde faz a chamada oração sacerdotal e começa o processo de Sua paixão, com a agonia no jardim do Getsêmani, agonia que termina com a Sua prisão.
-Estes momentos finais do ministério de Jesus Cristo não foram registrados por nenhum dos chamados “evangelhos sinópticos”, mas João, o mais íntimo dos discípulos do Mestre, resolveu registrá-lo, pois se trata de um momento riquíssimo, onde Jesus “abre o Seu coração” aos discípulos e lhes explica, com pormenores, como se daria a continuidade de Sua obra através do colégio apostólico.
-Estamos como que numa regressão de círculo neste término do ano da oposição. Ao entrar em Jerusalém pela última vez, Jesus recebe um inédito reconhecimento coletivo de que era o Messias, o Filho de Davi. Foi a única vez em que uma multidão O proclama como o “Filho de Davi”, ou, como diz João, o “Rei de Israel” (Jo.12:13).
-Sabemos todos que esta data é o término da sexagésima nona semana da revelação dada ao profeta Daniel (Dn.9:24-26).
Bem por isso, após esta entrada triunfal, Jesus, sabendo que seria rejeitado pelos judeus (Jo.1:12) e que, por isso mesmo, haveria uma interrupção do calendário para a redenção de Israel, Jesus, ao ir para o monte das Oliveiras, onde pernoitava a partir de então, chora sobre a cidade (Lc.19:41-44).
-Além de chorar sobre Jerusalém, Jesus profere um verdadeiro discurso onde fala da Sua rejeição por Israel (Jo.12:44-50).
-Assim, é deixado pelos judeus, para quem havia vindo. Os judeus O rejeitariam.
-Mas, além dos judeus, os próprios discípulos O abandonariam. Jesus revela isto aos próprios discípulos (Jo.16:32). Já no Getsêmani, Jesus não teve sequer a companhia dos discípulos mais íntimos que não oraram com Ele como o Mestre havia pedido (Mc.14:34,37), tendo ficado só a partir de Sua prisão (Mc.14:50).
-Completamente só enfrenta todo o julgamento, a condenação e a própria execução da pena e, já na cruz, fica completamente sozinho, desamparado pelo Pai (Mt.27:46; Mc.15:34), quando os pecados da humanidade caem sobre Ele.
E, nesta solidão, consuma a salvação da humanidade. Por isso, é Ele o único e suficiente Salvador de cada um dos seres humanos!
-Assim, após a entrada triunfal de Jerusalém, Jesus começa a agir para um círculo cada vez menor. Ensinava no templo durante o dia e, com o anoitecer, ia para o monte das Oliveiras, onde falava em particular para os Seus discípulos.
-Com a Páscoa, então, passou a ministrar tão somente para os discípulos, no cenáculo, e é neste contexto de ensino tão somente aos Seus discípulos que se desenvolve o chamado “sermão das últimas instruções”, um diálogo aberto com o colégio apostólico, onde o Senhor “abre o Seu coração”, onde fala abertamente com os Seus apóstolos (Jo.16:25-30).
-Advém daí a riqueza deste sermão: Jesus fala abertamente aos Seus discípulos, como que conclui o Seu ensino a eles, e, deste modo, seu registro por João, num período em que a Igreja sofria com heresias e só ele remanescera do colégio apostólico, é extremamente importante, pois dá um quadro claro do que Jesus disse aos discípulos e como eles deveriam dar continuidade à obra salvífica.
-Fato importante que João nos relata é que o sermão somente começa a ser proferido depois que Judas saiu do cenáculo, para tratar de consumar a traição (Jo.13:31).
Jesus somente iniciou Suas últimas instruções depois da saída de Judas, para nos mostrar como o sermão era dirigido exclusivamente aos Seus servos, àqueles que já estavam limpos pela Palavra (Jo.13:18).
-Temos aqui uma importante lição de Jesus que, seguida rigorosamente nos primeiros anos das Assembleias de Deus, hoje tem sido desconsiderada e com reflexos altamente negativos para a vida espiritual da Igreja.
-Tempo houve, nas Assembleias de Deus, em que alguns cultos e reuniões eram de acesso restrito, apenas aos irmãos que fossem membros em comunhão da igreja local, a começar dos cultos de oração e doutrina, como também os cultos de ceia do Senhor.
-Esta prática encontra respaldo bíblico precisamente neste gesto de Jesus que somente passou a proferir as Suas últimas instruções depois da saída de Judas, o único que não estava em comunhão com o Senhor, cujo coração já seguia a Satanás (Jo.13:2).
-Há reuniões que devem ser privativas da membresia em comunhão, reuniões em que haja um aprofundamento do conhecimento das Escrituras e do poder de Deus (Mt.22:29; Mc.12:24), em que haja a ministração de ensino que seja o sólido mantimento (Hb.5:12-14).
-Jesus mostra-nos que há temas que não devem ser tratados em público, nem mesmo com quem ainda for neófito, sob pena de gerarmos escândalos, conflitos e mal-entendidos que podem prejudicar a obra de Deus.
Como se não bastasse isso, há, ainda, a transmissão das reuniões pela internet, alcançando um auditório imenso e não identificado que tem servido para fomento de escândalos e desgastes. Aprendamos com Jesus!
-No início do discurso, o Senhor diz que era chegado o momento da glorificação do Filho do homem e que Deus seria glorificado n’Ele (Jo.13:31).
-Todo o processo de paixão e morte de Jesus tinha por objetivo a Sua ressurreição, quando Jesus seria glorificado (Jo.7:39). Jesus tudo padeceu porque tinha em vista o gozo que Lhe estava proposto (Hb.12:2,3).
-A obra de Deus somente é realizada se tivermos em mira a glorificação. Assim como Jesus foi glorificado, também o seremos, se perseverarmos até o fim. O último estágio do processo da salvação é a glorificação (Rm.8:30).
-Devemos estar dispostos a passar por todas as adversidades, por todo o sofrimento, até mesmo pela morte física, se necessário for, para que alcancemos a glorificação e, portanto, a vida eterna.
-O Filho do homem seria glorificado e Deus seria glorificado n’Ele. Se Deus seria glorificado n’Ele, Deus O glorificado em Si mesmo e logo o haveria de glorificar (Jo.13:32).
-A glorificação de Deus em cada um de nós é a missão da Igreja, como bem afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus:
“… Entendemos que a função primordial da igreja é glorificar a Deus: ‘quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus’ (I Co.10:31). Isso é feito por meio da adoração, da evangelização, da edificação de seus membros e do trabalho social.…” (DFAD XI.6, p.122).
-Como cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), Jesus foi o primeiro a glorificar o Pai, consumando a obra que Lhe havia sido dado a fazer (Jo.17:4). Como Seus discípulos, devemos seguir-Lhe as pisadas, igualmente glorificando na Terra tanto o Pai quanto o Filho (I Pe.2:21).
-A glorificação dos discípulos de Jesus dar-se-ia num momento posterior à glorificação do Filho do homem. Por isso, Jesus disse que para onde Ele iria, os discípulos não poderiam segui-l’O de imediato (Jo.13:33).
-Na sequência do discurso, Jesus dirá que iria preparar lugar para os Seus discípulos, lugar este que Ele denomina de “casa de Meu Pai”, ou seja, são os céus, pois eles são a santa habitação de Deus (I Rs.8:30,39,43,49; II Cr.6:2,21,30,33,39; 30:27).
-Jesus prometeu que, se fosse para os céus e preparasse lugar, viria outra vez para levar os discípulos para que onde Ele estivesse, eles ali estivessem também (Jo.14:1-3).
-Temos, pois, demonstrado claramente que, em sermão dirigido única e exclusivamente aos discípulos, Jesus promete vir buscar os discípulos para levá-los aos céus, promessa que passou a ser a esperança da Igreja, lembrada em cada celebração da ceia do Senhor (I Co.11:26).
-Esta leva é, portanto, exclusiva da Igreja e se trata de um evento peculiar à Igreja, que, assim como foi anunciada em ambiente privado, ocorrerá igualmente sem conhecimento do restante do mundo.
-Esta tem sido sempre a esperança da Igreja desde então. Paulo diz que esperava a cidade que está nos céus (Fp.3:20); o próprio João diz que, sendo agora filhos de Deus, aguardamos a manifestação de Jesus para ver o que haveremos de ser e vermos a Jesus como Ele é (I Jo.3:2) e Pedro dizia estar a aguardar a herança incorruptível, incontaminável e imarcescível guardada nos céus para nós (I Pe.1:4).
-Diferentemente, aos judeus a esperança era outra, qual seja, a vinda de Jesus dos céus para a terra, para que ocorresse os tempos da restauração de tudo, conforme as profecias messiânicas (At.3:20,21).
-Não resta dúvida, portanto, amados irmãos, que a doutrina do arrebatamento da Igreja não é “invenção” do dispensacionalismo ou do pentecostalismo, como dizem alguns, mas exatamente o que Jesus ensinou no início do sermão das últimas instruções.
-Além de trazer a esperança que deveria animar toda a vida espiritual dos Seus discípulos enquanto estivessem em sua peregrinação terrena, algo que já fora vivido pelos patriarcas, como revelaria posteriormente o escritor aos hebreus (Hb.11:9-16), o Senhor também deixa aos discípulos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros; como Eu vos amei, que também vós uns aos outros vos ameis” (Jo.13:34).
-Jesus, no cenáculo, passou a demonstrar exteriormente o amor aos Seus discípulos, e não somente aos Seus discípulos, mas a todos os homens (Jo.13:1).
-Há quem diga que, quando o texto sagrado diz que Jesus havia amado os Seus, isto se referia aos discípulos, aos salvos, o que, inclusive, serviria de base para os defensores da chamada “doutrina da expiação limitada”, um dos desdobramentos da doutrina da predestinação incondicional.
-Sem razão, porém, tal pensamento. Quando João fala em “Seus”, não está se dirigindo aos discípulos. Muito pelo contrário, a expressão é utilizada para se referir aos judeus, como se verifica em Jo.1:12. Ademais, o contexto está a falar precisamente sobre a rejeição de Jesus por Israel (Jo.12:44-50).
-Este amor, portanto, é amor a todo o Israel, tanto os que haviam crido como os que não haviam crido em Jesus.
Ora, como Jesus tinha vindo para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.15:24) e como fazia parte de Sua obra salvífica também salvar os gentios (Jo.,10:16), tem-se, por conseguinte, que o amor de Jesus abrangia a toda humanidade, tanto aos que creriam como os que não creriam n’Ele.
-Prova disso é que chama a Judas Iscariotes, o “filho da perdição” (Jo.17:12) como “amigo” (Mt.26:50), mesmo sendo ele um diabo (Jo.6:70,71) e com o coração totalmente dominado por Satanás (Jo.13:2). Jesus amou a todos os homens e morreu por todos eles (I Jo.2:2).
-Este amor demonstrado por Jesus deveria ser o comportamento de cada um de Seus discípulos. Eles deveriam amar uns aos outros, assim como o Senhor os havia amado.
-Este é o novo mandamento, o mandamento dado à Igreja e que superior à lei e aos profetas.
-A lei e os profetas se resumiam a dois mandamentos, os chamados “dois grandes mandamentos”: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt.22:37-39).
-Bem se vê, portanto, que não há fundamento algum para o pensamento segundo o qual os maiores mandamentos são os que constavam das tábuas de pedra, que seriam a “lei moral”, a “lei de Deus”, como defendem os sabatistas.
Jesus disse que os dois maiores mandamentos eram mandamentos que nem sequer estavam nas mencionadas tábuas…
-Estes dois grandes mandamentos, entretanto, haviam sido sintetizados e aperfeiçoados pelo Senhor Jesus, que é o legislador e não somente o legislador mas o único que cumpriu a lei (Mt.5:17,18).
-Dali por diante, o mandamento seria amar uns aos outros como o próprio Jesus havia amado.
Deveríamos amar o próximo e ter como exemplo a ser seguido, como parâmetro o Senhor Jesus. Amando o próximo como Jesus amou, estaríamos, a um só tempo, amando a Deus, porque Jesus é amou o Pai fazendo-Lhe a vontade, nunca tendo pecado, bem como amando ao próximo, porque Jesus demonstrou o maior amor para com o homem, dando a Sua vida pelos Seus amigos (Jo.15:13).
-Jesus, o Deus feito homem, é o amor encarnado, porquanto Deus é amor (I Jo.5:8 “in fine”) e, portanto, olhando para Cristo e o tendo por exemplo, cumpriremos este novo mandamento que se nos deu.
-Este novo mandamento não era novo em essência, mas novo em demonstração, em revelação. Já na lei, o amor era o maior mandamento e, bem por isso, o apóstolo João dirá que se tratava do “mandamento antigo, que desde o princípio tivestes”, “a palavra que desde o princípio ouvistes” (I Jo.2:7).
-Este novo mandamento era um novo mandamento, porque só agora este amor se apresentava visivelmente aos homens, por intermédio de Jesus Cristo, “a verdadeira luz que alumia”, que tornou o mandamento verdadeiro n’Ele e em Seus discípulos (I Jo.2:8).
-Assim como Jesus demonstrou ser o Deus feito homem para salvar a humanidade por meio de Seu amor, Seus discípulos seriam reconhecidos como tal tanto por Deus quanto pelos homens se se amassem uns aos outros como Jesus nos amou (Jo.13:35).
-Esta é a verdadeira identidade dos discípulos de Jesus: o amor de Deus. Quando cremos em Jesus, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos é dado (Rm.5:5) e este amor se desdobra nas qualidades do fruto do Espírito Santo (Gl.5:22) e assim, pelo fruto, somos conhecidos (Mt.7:16- 20).
-Pedro, sempre o impetuoso Pedro, perguntou para Jesus para onde Ele iria e o Senhor repetiu que, para onde Ele iria, Pedro não poderia segui-l’O, mas depois O seguiria (Jo.13:36).
-Pedro, então, uma vez mais fora da vontade divina, não se conformou que não pudesse seguir Jesus, dizendo que por Cristo daria a sua vida, tendo o Senhor, diante de tal afirmação, dito ao discípulo que, antes que o galo cantasse, Simão haveria de negar o Mestre por três vezes (Jo.13:38).
-Jesus notava a intranquilidade dos discípulos ante a perspectiva de perderem a companhia do Senhor. Por isso, disse a eles que não turbassem seus corações, mas que, como criam em Deus, cressem também n’Ele (Jo.14:1).
II – JESUS: O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA
-Na continuidade deste sermão das últimas instruções, o Senhor Jesus disse aos discípulos que eles sabiam para onde Ele ia e que conheciam o caminho (Jo.14:4).
-Tomé, entretanto, tomou a palavra e disse que não sabiam para onde Jesus ia nem tampouco o caminho (Jo.14:5).
-Esta afirmação de Tomé, para qualquer outro mestre, seria como “uma ducha de água fria”, um fator de imenso desânimo.
Depois de mais de três anos de formação, concluindo este curso, o Senhor, Mestre como era, diz para os discípulos que eles sabiam para onde Ele iria e qual o caminho a seguir e Tomé, certamente tendo tido a coragem de externar a ignorância de que os demais também compartilhavam, praticamente dizia que nada sabia, como a dar a entender que todo o esforço de Cristo tinha sido em vão.
-Por primeiro, devemos aqui elogiar a atitude de Tomé. Não era ele apenas quem não sabia, todos os demais também tinham a mesma ignorância, mas Ele teve a coragem de externar isto a Cristo e, graças a ele, aliás, é que hoje sabemos que o Senhor Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
-Assim como Tomé, devemos ter a liberdade de perguntar a Jesus as coisas, de querer saber d’Ele para onde estamos a ir, o que Ele quer de nós e o que devemos fazer. Não podemos ter qualquer receio de chegarmos até a presença do Senhor e tirarmos as nossas dúvidas, de fazermos os nossos questionamentos.
-Somos filhos de Deus e o Senhor nos abriu um novo e vivo caminho, de modo que podemos chegar com confiança ao trono da graça para que possamos achar misericórdia e achar graça a fim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hb.4:16), bem como entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, para reter firme a confissão da nossa esperança (Hb.10:19,23).
-Muitos, infelizmente, ao contrário de Tomé, têm se calado, mantido as suas dúvidas e questionamentos e o resultado disto é funesto, porquanto somos atingidos em nossa fé e esperança e acabamos por sucumbir na carreira espiritual.
-Jesus já havia ensinado para onde ia. No diálogo com Nicodemos, disse que o Filho do homem havia descido do céu e voltaria para o céu (Jo.3:13).
-Quando do Seu discurso sobre a Sua missão, proferido depois do episódio da mulher adúltera, o Senhor havia dito que era de cima, ou seja, do céu e que tinha vindo de lá e para lá iria (Jo.8:14,23).
-De qualquer maneira, respondendo a Tomé, disse que Ele era o caminho, a verdade e a vida e que ninguém viria ao Pai a não ser por Ele (Jo.14:6).
-Jesus disse ser o caminho. Assim, para chegar até o Pai, para chegar até a casa do Seu Pai, que é o céu, não haveria outro caminho senão o próprio Jesus.
-Era preciso seguir a Jesus, vir após Ele para se chegar ao céu, para alcançar a salvação, a vida eterna.
Por isso, dissera o Senhor, há pouco, que Seus discípulos, para assim serem reconhecidos, deveriam amar uns aos outros como Ele havia amado, ou seja, não há como ser salvo se não se seguir a Jesus, se Ele não for o Caminho.
-Esta lição de Jesus foi tão forte, marcou tanto os discípulos que os cristãos foram conhecidos entre os judeus como sendo “os do Caminho” (At.19:9,23; 22:4; 24:14,22).
-A pregação do Evangelho era chamada de “anúncio do caminho da salvação”, mesmo entre os gentios (At.16:17) e o ensino doutrinário como sendo “a declaração mais pontual do caminho de Deus” (At.18:26).
-Jesus deixava bem claro aos discípulos que Ele era o único e suficiente Salvador e que toda a Sua vida terrena era o meio pelo qual se poderia obter a vida eterna. Na oração sacerdotal, aliás, haveria de dizer que a vida eterna nada mais era que conhecer ao Pai como único Deus verdadeiro e a Ele próprio como o Enviado do Pai (Jo.17:3).
-Cristo mostra que não há outro meio de se chegar ao Pai a não ser por Ele e que se deveria, pois, tê-l’O como exemplo, “andar como Ele andou” sobre a face da Terra (I Jo.2:6).
-A resposta de Jesus põe por terra toda proposta ecumênica ou interreligiosa, que tanto apoio e aceitação têm encontrado ultimamente no ambiente das religiões, inclusive entre os sedizentes cristãos e, pasmem todos, até mesmo cristãos pentecostais e das Assembleias de Deus!
-Enquanto Jesus diz que é O Caminho, que não há outro que leve ao Pai, à vida eterna, o mundo está a dizer que “todos os caminhos levam a Deus”, que cada religião é tão somente uma interpretação da mesma verdade e que se deve defender “a fraternidade universal”. Isto, porém, é mentira de Satanás.
-Somente um desceu do céu e subiu ao céu; Jesus, o Filho do homem que está no céu. Só Ele é Deus feito homem, só Ele teve uma vida sem pecado e, por isso, pôde tornar-se o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, tendo oferecido um sacrifício único e perfeito que pagou o preço dos pecados de toda a humanidade.
-Todas as demais religiões, por primeiro, partiram dos homens e os homens não podem alcançar a Deus por si próprios (Is.55:8,9).
-Todas as demais religiões, por segundo, não puderam compreender quem é Deus nem a Ele se chegar, tendo apenas seguido imaginações humanas, que, por recusarem a glorificar a Deus (e Deus só é glorificado em Cristo – Jo.13:31,32), geram tão somente discursos que se desvanecem e que são verdadeira loucura espiritual (Rm.1:21,22)
-Todas as demais religiões, por terceiro, não puderam sair das trevas espirituais em que se encontram os homens e, desta forma, mantêm-se espiritualmente cegas e sob o controle do deus deste século (II Co.4:4), que é o pai da mentira e homicida desde o princípio (Jo.8:44).
-Por conseguinte, todas as demais religiões fracassam no seu objetivo de religar o homem a Deus e o que fazem é tão somente fazer seus adeptos filhos do inferno duas vezes mais que os propagadores destes credos (Mt.23:15).
-Jesus é o caminho, a via que nos leva até os céus. É caminho apertado, porque nele não há espaço para a prática do pecado nem para a prevalência do ego, mas leva à vida (Mt.7:14).
-Como diz o poeta sacro traduzido/adaptado pelo pastor Paulo Leivas Macalão (1903-1982):” “Por um caminho brilhante vou, de majestosa luz, pelo caminho que já trilhou Nosso Senhor Jesus. Sem me lembrar do que se passou, bem feliz canto, sim, pois filho do Rei dos reis eu sou, Cristo é meu, por fim” (primeira estrofe do hino 146 da Harpa Cristã).
-Mas Jesus também disse que Ele era a verdade. Sendo o caminho, a religião que tem origem em Deus, que é a verdade (Jr.10:10), Jesus não poderia deixar de ser a verdade, visto que é o líder da religião verdadeira.
-Todas as demais religiões são mentirosas, porquanto estão sob o comando do pai da mentira, que é o diabo, mas o príncipe deste mundo nada tem em Jesus (Jo.14:30) e, portanto, o que vem de Jesus é verdadeiro, é a verdade.
-Jesus iria dizer, poucas horas depois deste sermão das últimas instruções, ao presidente da Judeia, Pôncio Pilatos, que Ele viera a este mundo para dar testemunho da verdade e que todo aquele que é da verdade ouvia a Sua voz (Jo.18:37).
-O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) definiu a verdade como sendo “a adequação das palavras às coisas”, a “correspondência com a realidade” e Jesus é exatamente isto.
Ele é Deus, o “Eu sou”, o “Autoexistente” que Se fez carne, habitou entre nós e, sendo o verdadeiro homem, porquanto, durante toda a Sua peregrinação terrena, foi o que o ser humano deveria ser, ou seja, a expressa imagem de Deus (Gn.1:26; Hb.1:3).
-Tanto assim é que, quando Jesus disse ser o caminho, a verdade e a vida e que ninguém viria ao Pai senão por Cristo, o apóstolo Filipe, mais do que depressa, pediu a Cristo que Lhes mostrasse o Pai, pois, dentro do racionalismo que era próprio de Filipe, bastava ver o Pai para que se dirigisse até Ele.
-Jesus, então, mostrando ser a verdade, o verdadeiro homem, disse ao Seu discípulo que há tanto tempo estava com ele e que ainda não pudera Filipe conhecer quem era Jesus, pois quem via a Ele, via ao Pai, pois era o Paio, que n’Ele estava, que fazia as obras.
Se não podia Filipe crer que o Pai estava em Jesus e Jesus no Pai, que pelo menos Filipe cresse por causa das obras que realizara ao longo do Seu ministério (Jo.14:8-11).
-Jesus era a imagem e semelhança de Deus e, como tal, constituía-se no verdadeiro homem, no homem criado pelo Senhor e, até então, nunca havia surgido um ser humano assim.
-Alguém poderia objetar, dizendo que o primeiro casal, Adão e Eva, haviam sido criados retos e que se constituíam em imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26,27).
-Não resta dúvida de que o primeiro casal foi criado reto (Ec.7:29), mas eles buscaram muitas invenções, aprenderam a desobedecer e, assim, degradaram-se a ponto de que foram destituídos da glória de Deus (Gn.3:22-24), não só eles mas também seus descendentes (Rm.3:23) e, como resultado disto, os homens passaram a ser imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3), gerados em pecado (Sl.51:5).
-Jesus é a verdade, tanto que o próprio Pilatos, quando indagou de Jesus que era a verdade, não esperou que Cristo lhe respondesse, deu-Lhe as costas e disse aos judeus que não havia encontrado crime algum no Senhor Jesus (Jo.18:38), dizendo a verdade, mas tendo perdido a oportunidade de encontrá-la.
-Jesus é a verdade e, quando conhecemos a verdade, somos libertos do engano e da mentira (Jo.8:32), ou seja, não somos enganados pelo diabo (Ap.12:9), o que nos permite chegar até os céus, pois servir a Cristo, seguir- Lhe nada mais é que andar na verdade (II Jo.4; III Jo.4).
-Jesus é a verdade e, por isso, temos de ter as Escrituras, a Bíblia Sagrada como a única revelação que mostra a verdade sobre Jesus, porque o próprio Cristo disse que são elas que d’Ele testificam (Jo.5:39), como também que é ela a verdade (Jo.17:17).
-Ademais, o Espírito Santo, que inspirou os autores dos livros da Bíblia (II Pe.1:20,21) é o Espírito da verdade (Jo.16:13), Espírito que nos faz lembrar o que Jesus disse (Jo.14:26) e que glorifica o Filho (Jo.14:14).
-Jesus é a vida, pois é Ele quem nos põe novamente em comunhão com o Pai e a união com Deus é vida, enquanto a separação de Deus é morte. Por ter tirado o pecado do mundo, Jesus retirou aquilo que fazia divisão entre Deus e o homem (Is.59:2).
-João, no introito de seu evangelho, já apresenta Jesus como a vida, pois a vida n’Ele está e a vida era a luz dos homens (Jo.1:4).
-A Nicodemos, Jesus disse que quem n’Ele crer tem a vida eterna (Jo.3:15,16,36), bem como à mulher samaritana que quem bebesse da água que Ele desse, faria na pessoa uma fonte que jorraria para a vida eterna, pois é Ele o fornecedor de água viva (Jo.4:14)
-Jesus também afirmou que quem crê n’Ele passa da morte para a vida, porque Ele tem a vida em Si mesmo assim como o Pai (Jo.5:24-26).
-Jesus disse ser o pão que desceu do céu e dá vida ao mundo (Jo.6:33), ser o pão da vida (Jo.6:35,48).
-Pedro reconheceu que só Jesus tem as palavras da vida eterna (Jo.6:68) e o próprio Jesus disse que Suas palavras são espírito e vida (Jo.6:63).
-Jesus, quando ressuscitou Lázaro, disse ser a ressurreição e a vida (Jo.11:25).
-Não há como deixar de reconhecer que Jesus é a vida, Aquele que nos faz entrar em comunhão com Deus e só Deus feito homem pode fazer isto, e por ter dado a Sua vida pela humanidade.
-Esta vida mostra-se pelas obras que se realizam. A comunhão com Deus faz com que o Senhor esteja em nós (Jo.14:20), assim como o Pai estava n’Ele e por isso Cristo fazia as obras que fazia (Jo.14:10).
-Por isso, Jesus Cristo disse que, por termos vida, faríamos obras maiores que as que Ele fizera durante Seu ministério terreno (Jo.14:12). A realização de sinais, prodígios e maravilhas é, portanto, uma autenticação de que temos vida e que o Senhor está em nós.
-Por isso, devemos buscar o poder de Deus, pedindo, em nome de Jesus, que se façam sinais, prodígios e maravilhas, mas, para tanto, mister se faz que guardemos Seus mandamentos, que cumpramos a Sua Palavra, que andemos na verdade, provando, assim, que O amamos (Jo.14:15).
-Ao Se apresentar como o caminho, a verdade e a vida, o Senhor Jesus mostra que Seus discípulos necessariamente precisam ter uma continuidade enquanto estiverem sobre a face da Terra.
-Dia após dia, dia e noite, a todo tempo, devemos estar em jornada para os céus, assim como os filhos de Israel, dia após dia, dia e noite caminhavam para a Terra Prometida (Ex.40:36-38).
-Precisamos seguir a Jesus (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23) e seguir, consoante o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa “ir atrás ou na companhia de, marchar ou caminhar após”. Portanto, devemos ir atrás de Jesus, aproximando-nos a cada dia dos céus, onde Ele já está e de onde virá nos buscar.
-Seguindo a Jesus, naturalmente iremos trilhar o mesmo caminho que Ele trilhou, o caminho apertado, o caminho da obediência, o caminho da constante oração, o caminho do cumprimento da Palavra de Deus, da realização da obra que Lhe foi confiada.
-Seguindo a Jesus, iremos cumprir a Palavra de Deus, que é a verdade, não se desviando nem para a direita, nem para a esquerda, produzindo o fruto do Espírito, até porque, seguindo a Jesus, cumprindo a Sua Palavra, haveremos de amar uns aos outros como Ele nos amou.
-Seguindo a Jesus, faremos obras maiores que Ele fez durante Seu ministério terreno, demonstrando por sinais, prodígios e maravilhas que somos morada de Deus no Espírito (Ef.2:22), não só exteriorizando esta comunhão que temos com o Senhor, mas também fazendo com que haja um chamariz para que as pessoas saibam que Jesus é o Salvador, o Enviado do Pai (Jo.17:21).
-Seguindo a Jesus, mostraremos que Ele é a vida e que pode dar a vida a quem quer que n’Ele creia, como nós também temos crido.
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/11485-licao-9-o-caminho-a-verdade-e-a-vida-i